Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 6
Dica 06 - Aprendendo a confiar, NÃO FAÇA!


Notas iniciais do capítulo

Bem, como eu conheço o pessoal daqui no Nyah e sei que é difícil alguém ler capítulos com muitas palavras, tentei resumir ao máximo esse! Por isso a continuação do desafio ficou para o próximo...
Agora uma coisa é certa, amei o novo apelido dela kkkkk "Jóquei de lagartixa" kkkkkkkkkkk



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Sexta dica: Aprendendo a confiar, NÃO FAÇA!

Minha primeira atividade no acampamento pode ser descrita com uma palavra: Memorável. E vou logo avisando que são comuns exercícios de confiança! O único problema é que eu acho que o Sr. Turner tem um lado meio sádico oculto, nunca vi tamanho sofrimento eclodido nos olhos de jovens que deveriam ser sedentários e jogar vídeo-game...

.

Aquele primeiro dia começou de uma maneira estranha. Eu estava reunida com todos os integrantes do grupo Azul. Para falar a verdade, nem todos eram melequentos como eu pensava que eram, só não eram exatamente “corretos”. Tinha uma garota estranha com o aparelho saltando da boca, outro com as orelhas que mais pareciam dois morceguinhos de cada lado. Tinha também um menino que não devia ter mais de 12 anos! Um garotinho de 12 anos ali!

– Então, hoje temos a nossa primeira tarefa. E, como de praxe, é o teste de confiança... – disse Charlotte um tanto desanimada.

Todos começaram a resmungar, olhar para os lados e fazer cara de desgosto. Tive, então, a leve e rápida impressão de que odiaria aquilo.

– Ei, Eric... Como é esse “Teste de Confiança”? – perguntei num murmúrio quase sem voz.

Então ele fez um tipo de sorriso. Aquilo não foi um sorriso exato, foi mais uma demonstração de pena nos olhos.

– Lucy, Chris e Denis, vocês são novatos e por isso vou explicar mais ou menos o que acontece aqui no acampamento. – ela continuava falando. Chris era um garoto moreno que tinha um cabeção, além de ser baixinho (PONTO PARA LUCY). Já Denis era loiro e tinha no mínimo dois metros de altura (OK, esquece o ponto). – Todo início de verão temos um tipo de gincana que se chama “Teste de Confiança”, mas alguns mais antigos chamam de “Bem-vindo à terra do diabo”...

– Ok, eu comecei a gostar do nome. – dei um risinho bobo para tentar descontrair. Ninguém riu. A coisa era séria mesmo.

–... Tudo se resume numa mistura de habilidades físicas e mentais que nos desafiam das mais diversas maneiras. É muito difícil completar todo o circuito, por isso aqueles que vencem não são os que chegam ao fim, mas sim aqueles que se destacam.

– Espera só um segundo – disse Chris – quer dizer que se nós chegarmos ao fim do circuito ainda assim podemos perder?

Charlotte apenas assentiu com um balançar de cabeça.

Ela e Matt passaram todo o intervalo do café da manhã mandando em nós. Digo, mandando que comêssemos bem, pois não seria legal passar mal durante o teste. Juro que fiquei assustada com aquilo tudo, pois devia ser algo com um preparo físico exigido... Oh, céus.

– Bom dia a todos! – dizia o Sr. Turner no microfone no mesmo palanque do dia anterior – Como ontem eu disse, espero que tenham tido uma ótima noite de sono, tendo um lembrete em especial para a Srta. Lucia Farrell que teve problemas de saúde durante o almoço. – oi, minha atenção foi chamada, enquanto eu enrolava o garfo num espaguete imaginário, rangendo no prato – E, como os líderes de grupo de vocês já devem ter mencionado, hoje teremos nossa primeira atividade, envolvendo todos os grupos! O famoso , soem os tambores – todos começaram a bater nas mesas com olhares animados e eu só fui capaz de pensar em “Como vim parar aqui mesmo?” – O TESTE DE CONFIANÇA! Espero que todos tenham comido bastante no café, pois os preparativos já estão sendo feitos por seus monitores do lado de fora. Dispensado, pessoal!

Fomos dispensados como se fizéssemos parte de um grupamento do exército, todos levantaram de uma vez e saíram se espremendo na saída. Eu não pensei duas vezes e praticamente arranquei o braço do coitado do Eric para mim, ficando apoiada nele até podermos respirar ar puro e não nos melarmos no suor dos melequentos.

Do lado de fora, pouco antes das placas de indicação de direção, tinham várias faixas com as cores dos grupos estendidas sobre a areia. Como já era conhecido para mim, fui na direção dos Azuis, lógico.

– Pessoal, concentrem-se aqui!

De repente eu vi os anjos assobiarem nos meus ouvidos com aquela voz dócil de um deus grego que desceu apenas para demonstrar sua melodia para nós, meros mortais de vida passageira e fática.

Quentin Ranger, nosso monitor, estava bem à frente com um megafone nos chamando para nos aproximarmos do início da faixa, onde Jean, a irmã de Charlotte, distribuía pequenas faixas azuis para amarrarmos nos pulsos.

– Quentin, vamos rápido, não temos o dia todo. – ela berrava com ele freneticamente.

De repente meu coração ia saltando para fora da boca – junto com todas as minhas vísceras, estômago e intestinos. Ele estava vindo na minha direção.

– Você é a Lucy, certo? – Quentin Ranger disse, chegando perto de mim com um sorriso incrivelmente belo.

Ele não era velho, devia ter no máximo 25 anos e olhe lá! Mas era alto e tinha os músculos do braço definidos como se fosse modelo de um catálogo de moda que as menininhas fúteis comprariam apenas para recortar suas fotos e colocar em seus cadernos e paredes de quartos.

Senti a futilidade feminina corroer minha alma. Oh, céus.

– Sou sim. – respondi como uma retardada.

Ele sorriu. Eu derreti.

– Espero que não ache muito pesada a “brincadeira”, os novatos não costumam se dar muito bem no teste de confiança, por isso não se esforce muito...

Meu monitor lindo me subestimava.

– Ah, não é problema. Sabe, eu sou forte. – eu ri sozinha, como se quisesse mostrar um pouco de confiança em mim mesma.

– Bem, eu te carreguei para a enfermaria e você é muito leve. Cuidado para não ser levada pelo vento e boa sorte... – ele respondeu, dando de costas. E QUE COSTAS ERAM AQUELAS?! MEU ZEUS!

“Lucy! Controle-se! Você é bem melhor do que isso!”. Ah, também pudera! Eu estava debilitada e minha carência acabara de explodir desesperadamente.

Bati rapidamente na minha cabeça e a sacudi como uma louca, indo até o lado de Charlotte.

– Lucy, vou ter que colocar você com alguém mais experiente no teste, tudo bem? – ela disse, colocando um tipo de algema de ferro no meu pulso sem esperar sequer a minha resposta. E vou dizer, aquela alguma pesava feito desgraçada.

– Como assim? Para quê isso, Charlotte? – praticamente pulei.

Não escutei sua resposta, pois, pelo contrário, escutei um crack, indicando que o outro lado da algema tinha sido fechado.

Assim, o pesadelo começou.

– Você vai ficar com o Matt, mas relaxe porque a corrente tem extensão. – disse Charlotte com um risinho amarelo quase irônico. Pela primeira vez, tive vontade de bater numa garota que não era Bette Larsen. – Você viu o Eric? ERIC!

Olhei para a algema e levantei o rosto em seguida, vendo a cara enojada que Matt tinha ao me olhar, principalmente com suas olheiras do tamanho de uma baleia.

– Ela quer se livrar de você, sabia? – eu disse lentamente – Colocando nós dois juntos só ode ter sido com o propósito de matar um.

Ele riu.

– Relaxe, franguinha, prometo não pegar pesado com você.

Então ele saiu me puxando, enquanto eu o puxava para o lado contrário como se fosse um tipo de disputa entre nós dois. Quando nos postamos bem atrás de Charlotte e Eric, todos os outros membros do grupo Azul nos seguiram, enfileirados dois a dois com suas algemas e as caras de tacho.

Todos os outros grupos fizeram o mesmo. Olhei para meu lado direito e vi Bette mandando sua língua enorme para Matt, enquanto Jeffrey, seu irmão, apenas sorria ao vê-la daquela maneira. Atrás dos dois, estava Jonathan e Jeon, também acorrentados, e atrás deles tinha Jenna cabisbaixa e desanimada, ao contrário do resto dos grupos.

– Cada grupo seguirá atrás das pistas das próximas atividades, indo até seus envelopes o mais rápido possível e desvendando as pistas, que estarão mais difíceis cada vez que chegarem mais perto do final. – berrava o Sr. Turner no megafone – É estritamente proibido se distanciar do grupo, ou seja, o grupo não pode seguir para a próxima pista com algum integrante faltando. Entretanto, é possível se apoderar da pista do inimigo. Tudo bem, meus cães! Vamos todos começar com nossa atividade?!

Olhei para Matt e perguntei:

– Como assim “cães”?

Matt riu-se um pouco e me respondeu rapidamente, ainda mantendo os olhos no Sr. Turner que passava na frente dos grupos.

– O velho é fã do Quentin Tarantino, o diretor. Um dos filmes “cães de aluguel” é seu favorito, por isso ele nos chama de cães... Vai aprendendo, pequeno alienígena...

Quando ele falou em Quentin eu só pensei o deus grego do acampamento (e isso ficou com muita cara de Percy Jackson), mas ele não estava em lugar algum.

Todos nos enfileiramos de uma vez por todas e o Sr. Turner passou por nós como um general fiscalizando seu exército. No final ele foi até o centro, entre os Azuis e os Vermelhos e gritou:

– PREPARAR! – todos se agacharam como verdadeiros corredores. Eu, lenta, não me dei conta e só fui abaixar porque Matt me puxou violentamente para o chão. – APONTAR! – olhei para o lado e Jonathan me olhava com um sorrisinho pretencioso no rosto de quem me menospreza. Ah, ele ia ver! Ao contrário dele, na sua frente, Jeffrey deu um leve sorriso... Um sorriso que, naquele rápido instante, foi extremamente confortável e dócil... – FOGO!!!

A gincana tinha começado e eu estava, infelizmente, atada com três centímetros de grossura em puro ferro, nas minhas mãos e nas mãos de um cara chamado Matt. Ele me olhou com um jeito meio nojento, eu tinha completa repulsão por aquele cara!

Nosso grupo Azul foi o primeiro a correr como um raio de luz, chegando até o ponto inicial de nossa "jornada", se é que posso chamá-la assim, com o fôlego já esquentando. Charlotte, com líder, se encaminhou com Eric até o coqueiro com uma pressa enorme, quase deixando que o coitado do garoto caísse, então pegou o papel da dica azul e começou a ler para nós.

– “Se houver solução para estes pequenos quebra-cabeças, ela estará por perto, algures dentro da mala, possivelmente dentro de cada um...”

Ahnm? Pode repetir? Não entendi? Tem alguma mensagem por detrás disso?!

– Fácil, só procurar nas malas de todos. – disse uma garota com a língua enrolada e um sotaque de estrangeira.

– Lógico que não, isso demoraria tempos e estamos todos acorrentados. – Charlotte respondeu – Pensem em algo que utilizaria de um trabalho grupal, não ações individuais.

Ok, daquela maneira ela já tinha melhorado meu ponto de vista da situação, mas nem assim eu conseguia pensar em algo com mais “clareza”.

– Assim não dá, já começamos com uma questão difícil... – resmungava outro garoto.

De repente, um raio veio na minha mente.

– Charlotte... – eu a chamei com um leve cutucado no ombro – Pode parecer bobagem, mas... “Por perto” e “dentro de cada um” não se refere à Grande Casa? Acabamos de sair dela, acabamos de comer nela...

Os olhos dela brilharam com um tom forte. Eu tinha acertado?! Será mesmo?!

– Acho que ela está certa. – disse Eric me apoiando.

– Então vamos! TODOS PARA DENTRO! Marlene, Chris e Belle vão com seus parceiros para os fundos, Rider, Baltazar e Denis vão vir comigo e suas duplas para as mesas, enquanto Matt e Sabrina levam suas duplas para a cozinha!

Corremos feito loucos para dentro da Grande Casa, ao contrário da maioria dos outros grupos que continuaram parados. Tive a impressão de que eles preferiam pensar mais seriamente nas opções do que arriscar em alguma possibilidade. E isso podia ser bom e ao mesmo tempo ruim para nós, que arriscávamos.

Todas as panelas estavam sujas, mas em nenhuma eu conseguia ver alguma coisa que servisse como pista. Na verdade, não soube o que estava procurando, entretanto qualquer coisa podia ser considerada dica para a próxima pergunta.

Olhei pela fresta da porta, que dava para o portão aberto do salão da Grande Casa... Os grupos começavam a correr para os lados, estavam se movimentando rapidamente. Comecei a mexer mais violentamente pelas panelas, antes de ser interrompida com a mão de Matt segurar a minha com certa violência.

– PARA! – ele disse seriamente.

– O que foi? Perdeu o canudo da cocaína?

– Jóquei de lagartixa, presta atenção no que você ta fazendo! – então se virou para a porta, me arrastando junto – CHARLOTTE! EU ENCONTREI A PISTA!

Encontrou? Onde?!

Foi aí que eu olhei para as panelas que eu estava mexendo e que não tinha me dado conta que seus sujos estavam mostrando algo realmente. Eram letras feitas com as manchas dos bolo de carne de daquilo que se assemelhava a vômito de Trolls... Trolls velhos e fedorentos...

– O que você encontrou? – Charlotte perguntou, adentrando na cozinha com um olhar curioso, seguida de Eric e de vários outros membros dos Azuis.

– Temos as letras E, E, P, O, R, D, S, E e S. – ele lia as manchas nas panelas, sendo elas as pequenas ou as grandonas de sopa.

– Anagrama. – falou Rider, se posicionando ao lado de Charlotte.

– Desespero. – desta vez quem falou foi Eric extremamente rápido. Como aquele garoto conseguia raciocinar assim, tão rápido?! – Só pode ser a Trilha do Desespero.

– TRILHA DO DESESPERO, GALERA!

Para chegar na “trilha do desespero”, voltamos para o ponto de encontro e seguimos na direção nordeste. Todos os grupos já tinham se dissipado, então foi mais fácil “sair correndo”, digamos assim.

Tudo no caminho era arborizado e era realmente bonito de se ver, mas a nossa corrida foi prejudicada principalmente pela minha presença com as minhas lindas e maravilhosas pernas curtas. Matt praticamente me arrastou no caminho.

Sabe aquelas cenas de filmes em que estamos numa floresta tranqüila com uma bifurcação estranha. De um lado, um paraíso com borboletas e som de fundo calmo... Do outro, galhos de árvore secos e caídos no chão, zunido aterrorizante e olhinhos vermelhos e amarelos brilhando na escuridão dos arbustos em plena luz do dia. Bem, essa era a “trilha do desespero”. Uma caracterização perfeita da estrada para o inferno.

– SEJAM BEM-VINDOS!

De repente, com a voz em berros, um corpo grande surgiu pulando na frente do grupo. Percebi que a maioria das pessoas ali tinham levado um belo de um susto. Eu não. Eu fiquei foi feliz!

– Quentin? – indagou uma garota ao meu lado.

– Devo dizer meus parabéns por terem sido o segundo grupo a chegar aqui! – ele disse, dando um longo sorriso. Estava claro apenas para mim que o primeiro grupo tinha sido dos Vermelhos? Enfim... – Agora vocês terão de escolher uma formação de suas duplas. Lembrando que o teste leva em conta a resistência de cada um, o raciocínio rápido, a força, a agilidade e a paciência. Vocês tem quarenta segundos...

Céus...

– Certo. – Charlotte começou – Ainda que só lembre do que o pessoal do ano passado é capaz, tentarei dividir da melhor maneira possível. Matt e Rider lembram como foi o esquema, certo? Os dois vão para a linha de frente, eu e o pessoal da destreza ficamos ao centro, Marlene, os novatos e o pessoal da soberania ficam na retaguarda. A partir de agora teremos um tipo de teste de exército...

OBS: Perguntar o que era “soberania” e “destreza”.

– Vinte segundos...

– Temos que ser rápidos e valorizar o tempo. Faremos igual nos filmes, enquanto alguns estiverem em provas, os outros passam correndo. Encontramos-nos todos ao final da trilha.

Todos juntaram as mãos num círculo e, automaticamente, percebi que se tratava do ritual de times escolares.

– AZUIS! – todos gritaram, jogando as mãos para o alto.

...

O caminho “tenebroso” daquela trilha era realmente tenso. Fazia um bom tempo que eu não sentia aquele frio na espinha começar a corroer a partir da ponta do pé e ir subindo. Eu e Matt estávamos bem a frente do “grupamento” e por isso eu tinha uma apreensão ainda maior. Não conhecia aquele lugar.

DE REPENTE, um vulto caiu sobre mim com um peso desconhecidamente ENORME. Eu fui ao chão, sentindo apenas o levar das algemas carregar Matt comigo, enfiando as pernas entre pedras e terra molhada...

Aquilo doeu e alguém ia, certamente pagar pelo que fez...


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Notas finais do capítulo

*-* próximo capítulo teremos os grandes desafios. Temos uma cena um tanto.. Engraçada do Matt com ela... Agora uma coisa é quase certa, eu quero que vocês se apaixonem pelo Jeffrey kkkkk NARIGUDO LINDO o/



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