Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 28
Dica 28 - O silêncio é uma arma poderosa


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, serei apedrejada por minha querida leitora LollyPop kk no instante em que ela ler essa afirmação, vai ter noção do que se trata.
Enfim, preparem seus pâncreas, uma pequena dose de doçura esperada está chegando com muita lindeza hahahahaha.
Gostaria de oferecê-lo à leitora Jujubas Azuis que fez uma recomendação liiiiiinda *-* agradeçam a ela kk se não fosse a recomendação e minha vontade de agradar aos leitores, teríamos mais novela mexicana (e prováveis pedras de todo mundo, menos da LollyPop kkk).
Boa leitura a todos!



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Vigésima Oitava Dica: O silêncio é uma arma poderosa.

Eu não sei exatamente o que falar dessa vez. Geralmente, tenho um discurso pronto, cheio de insultos relacionados ao acampamento ou aos seus membros. Isso geralmente! Desta vez, tenho uma confusão maluca que preciso clarear... Dizem que raciocinamos melhor quando escrevemos e relemos. Dizem, certo?

Quanto à dica, o silêncio é realmente um forte aliado, uma arma poderosa. Em silêncio, ninguém tem noção do que você pensa (a não ser que tudo já esteja escrito e outra pessoa tenha acesso, mesmo que forçado, aos escritos).

.

A primeira vez que ouvi Eric tocando, acho que caí de paraquedas em um mar de penas brancas. Se existe céu, Eric toca lá nas sextas a noite (já que provavelmente não vai existir uma balada, álcool ou um show de rock). Fiquei arrepiada, boquiaberta e ensaiando lágrimas de emoção. Naquele instante, eu decidi.

– Eric, eu vou casar com você. – murmurei.

A música de repente parou, e todos começaram a me olhar como se eu fosse louca. Tudo bem que eu balançava de um lado para o outro como Ray Charles, mas... POXA! Eric tocava violino!

Os Azuis estavam reunidos após o jantar para ensaio e planejamento. Após selada minha paz com Charlotte, tudo deveria estar nas nuvens. Seria inocência demais pensar que aquele seria meu último problema do dia. Ahhh, não! Matt não apareceu para jantar, o que causou um alvoroço na minha mesa de amigos.

Jonathan disse “Ele está deitado na cama. Disse que está sem fome. Para mim, está planejando alguma coisa.”

Eric disse “E se ele estiver triste com alguma coisa?”

Jeon riu, como sempre fazia, e falou “Concordo com o Jonathan, ele está planejando algo.”

Eu concordei com o Eric. Não acho que Jonathan e Jeon saberiam da discussão que Matt e Charlotte tiveram mais cedo. Se ele estava tão mal, era bem lógico para mim que Matt ainda tinha sentimentos por Charlotte! E a cada instante, aquilo tinha mais sentido! Esther era insuportável e magoava Matt, ele deveria continuar atrás dela por causa da aparência parecida com Charlotte.

Além de delinquente, Matt acabou se tornando um psicopata perseguidor na minha imaginação fértil.

O ensaio/planejamento começou e ele sequer apareceu. De início, ninguém mencionou nada. Até que Charlotte se aproximou enquanto os outros membros do time conversavam sobre a chuva de tinta.

– Acha que eu magoei o Matt? – ela disse, medindo as palavras com cautela.

– Sinceramente, acho que ele está fazendo drama demais. – murmurei, dando de ombros. Tentei fazer o papel da pessoa calma que cuida da amiga nervosa, mas por dentro estava uma pilha de nervos.

Pensava que Matt poderia conversar com Jeffrey em algum momento e... Uma lembrança me surgiu de imediato! Na noite em que eu perdi meu caderno nas barracas masculinas e teve o incidente da corrida nos braços de Matt, ele escreveu sobre me ver com Jeffrey e nos achar bonitinhos! No momento, lembrei que ele havia caracterizado algo sobre um romance entre eu e Jeffrey! O que não faria sentido já que ele sabia que Jeffrey gostava da Charlotte, não era?

“O que diabos ele escreveu?” pensei e me levantei com pressa.

– Para onde vai? – Charlotte sibilou.

– Charlotte, você tem que me desculpar, mas eu tenho algo para resolver... – falei e zarpei correndo para as barracas femininas.

Eu precisava confirmar o que Matt tinha dito! Eu precisava olhar outra vez e entender esse triângulo amoroso maluco que eles estavam criando. Na minha cabeça, Matt gostava da Charlotte, e o Jeffrey gostava da Charlotte. Só que a Charlotte não sabia de quem gostava! E pior, eu me importava com aquilo! Eu me importava de verdade!

Fiquei com falta de ar, parecia que alguém havia me socado ou que espremia meus pulmões. Minha cabeça delirava. Eu imaginei que estava ficando doente com tudo aquilo.

Acalmei o passo, passando para minha barraca. Todo o dormitório estava quieto demais, praticamente todas as campistas estavam perto da Grande Casa depois do jantar. Suspirei com calma, tranquilidade e sossego. Provavelmente, nenhuma garota estava na barraca, então eu conseguiria ler o diário de dicas sem chamar atenção para ele.

Devo admitir que é uma tarefa árdua manter esse diário de dicas atualizado! Eu me escondo no banheiro, acordo mais cedo e ás vezes vou dormir muito tarde para escrever com detalhes tudo que acontece.

Enfim, eu errei em pensar que estaria sozinha.

No momento que pisei no piso de madeira da entrada da barraca, causei um barulho de madeira rangendo. De repente, um estrondo veio de dentro da barraca. Imaginei que alguém tivesse se machucado ou que outro Jack havia entrado na minha vida! Entretanto, ao abrir a porta com rapidez, eu dei de cara com duas pernas para cima e um corpo escondido atrás da cama de Bette Larsen!

– Puta que pariu...

A voz do dono das pernas soou. Eu já tinha gravado aquele timbre na minha cabeça! E eu tenho certeza que você já sabe quem era o invasor da barraca.

– Matt? O que você está fazendo aqui? – murmurei, dando um risinho e andando na sua direção.

Ao me aproximar, eu o vi derrotado e estendido no chão ainda com as pernas em cima da cama. Aparentemente, ele havia andado para trás e tropeçado na cama, caindo do outro lado dela. O problema era o que havia ao lado dele.

– Pequena, eu...

Arregalei meus olhos e vi o caderno com “Como sobreviver num acampamento de nerds” grande e chamativo!

Instantaneamente, eu virei o Hulk de raiva! O QUE ELE ESTAVA FAZENDO LENDO MEU CADERNO?! Outra vez?! Uma não foi suficiente?!

– O que você está fazendo, droga?! – berrei! Minha voz saiu fina e agoniada o suficiente para que a expressão de derrota dele se tornasse desesperadora. Ele se levantou com tudo e me encarou nos olhos – Porra, Matt! Eu já disse que isso aqui é pessoal! Você não tinha nada o que ler aqui! Porra!

Arranquei o caderno da mão dele e dei meia volta para ir alertar Valentina que ele estava no dormitório feminino! Apesar do meu berro, ele segurou meu pulso e me obrigou a encará-lo.

– Entenda, eu precisava saber o que estava acontecendo aqui! – Matt falou seriamente, sem brincadeiras nem nada. Ele me olhava com firmeza, largando meu pulso gradativamente – Vocês mulheres não conseguem se comunicar direito, droga.

– A sua confusão com a Charlotte não é desculpa para você vir olhar as minhas coisas! Você ultrapassou a linha da amizade e entrou na zona “sou um maluco psicótico”!

Ele abriu a boca para falar algo, mas parou e travou, rindo em seguida.

– Maluco psicótico? É isso mesmo? – ele riu.

Soltei fogo pelas narinas e gritei mais uma vez:

– SAI DAQUI, CACETE!

Ele levantou as mãos para cima rapidez, insinuando-se inocente.

– Escuta! Escuta! Eu precisava saber, preciso saber! – disse Matt ainda mais inquieto, como se começasse a se estressar comigo. Mas eu queria estar furiosa e arrancar seus olhos! Eu queria, mas não estava! Era lógico eu estar brava, só que eu não estava tão louca de raiva assim. Parei de falar e respirei fundo, fazendo uma careta para deixar clara minha reprovação. – Lucy, você escreve tudo aí. Você sabe que escreve. Eu sei que não deveria estar aqui, mas eu precisava saber o que estava acontecendo! A Charlotte me falou absurdos sobre estar com ciúmes, coisas bem embasadas sobre eu e você! Maluquices e mais maluquices!

Pisquei meus cílios rapidamente, interrompendo o discurso com:

– Ei ei ei, para tudo. Fala devagar e em ordem entendível.

– Lucy. – ele começou já com tom fúnebre – Ontem, quando eu apareci aqui, rolou um clima entre nós dois, mas não aconteceu nada. A Charlotte veio me falar qu-

Quando ele começou a falar “rolou um clima”, eu meio que concordei. O problema era que se eu não negasse, ele poderia entender algo errado. O silêncio fala mais do que queremos. Tive que interrompê-lo.

– Não rolou nada entre nós. – eu disse, sacudindo os ombros.

Matt imediatamente cerrou os olhos e arrancou o caderno de mim, folheando com rapidez e citando:

– Dica 22: “Matt estava tentando me seduzir com essa de me fazer ficar pensando e pensando e pensando! Quanto mais silêncio nós fazíamos, mais eu pensava na situação, na noite que esfriava, na luz fraca perto de nós, nas pessoas que não passariam e nas possibilidades de tirarmos a prova de que não merecemos um ao outro!”

Meu queixo caiu. Tentei arrancar o caderno dele, mas ele o levantou numa altura que nem subindo uma escada eu conseguiria pegar.

– Isso não é um clima! – resmunguei, desta vez realmente vermelha e nervosa.

– Calma, tem mais: “MATT ME SEDUZIU! Todo aquele tempo que passamos sentados escondidos... FOI ELE JOGANDO SEU CHARME BARATO PARA MIM!”. E, algumas linhas depois você diz: “Senti o cheiro de algo estranho no ar, algo suspeito e até incômodo. Perdi o ar do pulmão por um longo instante antes de voltar com passos pequenos para minha barraca.”. – ele terminou, fechou o caderno e o entregou a mim – E aí, posso continuar sem ser interrompido?

A noite começou a esquentar, e eu sentia que algo daria muito errado.

– Continua. – disse de uma vez com falta de ar. Aquilo estava se tornando comum.

– A Charlotte veio falar comigo hoje. Uma parte maluca dela acha que gosta de mim e do Jeffrey ao mesmo tempo. – ele disse pausadamente, ao mesmo tempo que estava revoltado – Acontece que ela criou um ciúme com você que eu não entendi na hora. Antes de ler seu caderno idiota outra vez, eu concordaria que não houve clima entre nós dois. Essa sua grosseria te fez ignorar totalmente como eu estava tentando dar em cima de você, e acabou cortando totalmente o clima.

Subitamente, Matt deu um passo na minha direção. Meu subconsciente processou um futuro estupro labial, fazendo-me dar um passo para trás.

– Dê mais um passo que eu te trucido. – balbuciei cada vez mais sem ar. Cada vez mais vermelha. Eu queria sair correndo dali.

– Você está vermelha como o cabelo do Blanka, sabia? - Matt brincou, rindo e interrompendo meu raciocínio aloprado.

Eu ri por ele me comparar a um personagem do Street Fighter.

– Parecida com o Blanka é sacanagem.

No momento, meus olhos encaravam o rosto de Matt conturbadoramente. Eu definitivamente não gostava daquela versão séria que me pressionava. O início do meu esôfago se apertava assim como meus pulmões se contraíam.

– Eu gostava da Charlotte. Gostava de verdade. – ele falou mais baixo, ainda me encarando nos olhos – Eu quero de verdade que ela goste do Jeffrey. Já me apaixonei pela irmã dela, você sabe que eu idolatro a Esther. E agora...

Por um momento, meu coração parou e explodiu em seguida juntamente com meus olhos. Não era meu pulmão que tinha problemas, era meu coração ou meu esôfago. Levei as mãos para o ouvido, andando em círculos pelo quarto.

LALALALALA eu não te escuto LALALALALA!

Eu estava de olhos fechados, andando como uma maluca pelo quarto e imaginando que ele iria declarar seu amor eterno por mim, pirar na batatinha e me transformar em um cadáver por não corresponde-lo. Eu não queria sentimento! Eu não queria flores por todos os lados, campos maravilhosos, piqueniques nem cinemas ao ar livre com nossos pais conversando juntos. Eu nem mesmo tinha ideia de como eram os pais dele!

De repente, Matt agarrou meu ombro com força e me puxou para sua frente, fuzilando meus olhos com os seus.

– Não vou dizer que sou apaixonado por você, eu já falei que isso não tem nada com sentimentos. – ele disse, ponderando as palavras. As palavras da noite anterior soaram na minha cabeça “estou querendo te beijar já tem um tempinho”. Aquela era a hora! Naquele momento, eu tinha absoluta certeza que Matt aproximaria o rosto e me agarraria. Eu piscava tanto que estava quase fechando os olhos! E ELE SIM-PLES-MEN-TE murmurou algo inesperado! – Agora... Eu quero o seu pulso.

– O meu o que?

Sim, o meu pulso. Ele poderia pedir, sei lá, minha coleção de HQs do Connan, o Bárbaro, ou até mesmo meus textos inéditos do Neil Gaiman. Ele poderia pedir meu corpo nu, como um cara normal! PODERIA! Mas não pediu. Ele pediu meu pulso.

– É, eu quero seu pulso. – Matt repetiu, olhando para meu ombro que ele segurava.

Lentamente, a mão áspera passou por toda extensão do meu braço, enquanto ele enrijecia o rosto. E eu simplesmente não consegui tirar os olhos dele e da sua expressão, vendo uma fixação terna. Dava para notar que havia alguma enganação no seu olhar, algo que ele queria que eu acreditasse.

No momento que sua mão tocou meu pulso, ele suavizou a expressão, sorrindo e permanecendo em silêncio.

Suspirei, enquanto Matt tocava meu pulso com a ponta dos dedos. Fiquei sem ar outra vez, enquanto meu estômago se remoía. Nossa quietude não deve ter aguentado mais que dois minutos.

– E então, vai me explicar o motivo de ser maluco? – falei. Tinha que falar. Meu silêncio me denunciaria acomodada. Minha garganta estava seca, o que era uma péssima observação. Matt realmente havia me pressionado ao extremo.

Ele simplesmente sorriu e retirou a mão, dando um passo para trás. Soltou uma risadinha e coçou a nuca, dando um passo para frente. Pulou no próprio lugar e deu outro passo para trás. Girou no próprio eixo, socou o ar e deu um passo para frente.

– Maluca. – finalmente falou depois da dança maluca de “vai e volta”. – Você é maluca.

Minhas entranhas se mexiam, e meu cérebro tentava pular para fora da minha cabeça.

– Ta certo, vai falar algo com sentido ou não?

Devagar, ele abaixou-se um pouco para que seu rosto ficasse na altura do meu, murmurando e me torturando:

– Não.

Seus olhos estavam abertos, vivos e acesos para mim, mas eu não me movia. Senti-me mecânica e travada, enquanto ele aumentava ainda mais o sorriso.

– Então não vou perguntar mais. – falei devagar e baixo, olhando para todos os lados, pensando em alguma maneira de sair dali o quanto antes.

Matt se afastou outra vez e espreguiçou-se, rindo de alguma piada que havia feito na própria cabeça.

Satisfeito com alguma coisa, ele ajeitou a camisa e a calça, deixando-me ainda mais na dúvida com a situação inteira. Eu esqueci de sentir raiva por ele ter pego meu caderno! Simplesmente esqueci porque não estava entendendo a alegria monstruosa e incontida dele.

– Vou indo. Até amanhã, piolho de pulga.

Sua voz saiu como se estivesse cantando!

Então, abraçou-me em um rápido milésimo de segundo, correndo para a porta da barraca! Meu queixo estava caído, minha dignidade conturbada e meu peito estufado e bloqueado para respirações normais.

Um turbilhão de pensamentos começou a me acometer insatisfação e nervura. Eu não me movia, não queria nem conseguiria. Retorci a boca por ser praticamente a única expressão viável do que sentia: desagrado. Minha paranoia me fazia relembrar em flashs dos olhos de Matt.

NÃO! NÃO E NÃO! Eu não queria aquilo para mim! Eu queria algo normal, fora da confusão sentimental. Eu queria que ele saísse de mim, mas o pensamento estava tão impregnado que eu teria de decapitar minha cabeça para que ele saísse.

Matthew Peter Simons tinha conseguido seu objetivo de tanto tempo: por um breve momento, ele me seduziu e me fez pensar em beijá-lo. Que garota era femininamente capaz de evitar pensar em um cara de olhos cintilantes se insinuando daquela forma. Poxa! Os dentes dele eram brancos e arrumados, seu porte era até aceitável, e sua personalidade insuportável se escondeu por um momento. Eu devia estar com problemas de memória recente! Eu era a DORY! Eu estava seduzida carnalmente, o que não envolvia sentimentos!

E então, a porta se abriu outra vez, rangendo como num filme de terror.

– Tem uma coisa que você precisa deixar clara no seu diário! – Matt falou, surgindo como um relâmpago barraca adentro.

Eu o olhei de cima a baixo dando passos extensos na minha direção, se aproximando, se aproximando e atacando minha boca com a sua. Antes que eu pudesse respirar, antes mesmo de entender o que estava acontecendo... Lá estava Matt segurando meu rosto e beijando meus lábios com os olhos fechados.

Eu fiquei estátua com olhos arregalados com a cara de uma boneca Tarasca! Aquelas que parecem demônios que tem na França.

Não demorou mais que cinco segundos (e eu esqueci de mordê-lo) até ele separar nossos rostos e sorrir. Deu vários passos para trás e zarpou acampamento afora, pulando de satisfação. Assim, sem mais nem menos! Ele simplesmente fugiu.

Novamente, eu fiquei estática e travada como uma boneca que teve um estupro labial... Eu sorri por aquilo, achando graça que ele tinha feito aquela maluquice de me arrancar um beijo repentino. Outro, na verdade.

Lembrei-me da primeira vez que nos beijamos, então não evitei rir novamente. Era impossível não achar graça da combinação dos fatos! Comecei a pensar em como havia sido o terceiro estupro labial... Não tão ruim, sabe? Não foi um poço de romantismo a ponto de me dar problemas pancreáticos, mas foi... aceitável. Os lábios dele tinham um gosto diferente que eu não soube ao certo descrever, passou rápido demais.

Agora, meu caderno será trancado a sete chaves para impedir que ele leia outra vez e me encha a paciência.

Eu estava rindo, pela fúria de Zeus! Estava fazendo piadas mentalmente que deveria ter feito no momento que Matt avançou sobre mim. Ah, Matt, ele não perdia por esperar minhas bobagens! Eu devia ter feito comentários sarcásticos, ter dito que meus lábios iam cair e que estava para vomitar. Iria guardar esses comentários caso alguém soubesse.

“E se alguém souber?” A frase me atormentou. Se soubessem, eu jamais teria sossego.

Decidi depois de muita meditação que aquilo era carma... Cheguei a reler todas as minhas anotações desse cadernos. Engraçado sobre as pessoas: elas sempre procuram uma maneira de se martirizarem mais.

Eu e Matt somos gato e rato. Nossos momentos de paz foram tão raros que me fizeram concordar com algo que Matt disse: Eu tinha algo muito forte por ele. Toda aquela tensão vista e remoída nos quinze minutos em que ele esteve na barraca tinham sido suficientes para desencadear milhões de pensamentos maníacos na minha cabeça!

Eu odiava Matt por sua presunção e por sua inconveniência. Eu não odiava Matt por sua gentileza e por sua companhia divertida. Eu sinceramente não odiava Matt, mas não deixava de sentir vontade de trucidá-lo às vezes. Ele realmente sabia ser irritante! Ao mesmo tempo que fazia o que queria comigo e se divertia. E me divertia.

Minha mente estava uma bagunça... Eu não queria ter escrito tudo isso, não sinto qualquer sentimento agradável em despejar o que penso aqui. Entretanto, o silêncio é uma arma que temos, sabe? Ficando em silêncio, talvez, eu não seria atormentada por mudar de opinião. Sinto-me agora quase obrigada a mostrar repúdio por Matt.

Ele me beijou... E naquele meio instante, uma onda chocou-se ao meu corpo e arrastou todas as células mortas da minha epiderme para longe. Agora que posso pensar com calma, começo a achar que estou vendo mais coisas do que realmente existem.

Quero outro momento assim. Definitivamente, quero outro momento para tirar a prova certa! No nível: tem que tocar "Waiting for a girl like you" no fundo. Toda garota quer ter algo de especial - o que fica difícil, já que a Charlotte ta aí para nos ofuscar. Charlotte realmente merecia Jeffrey.

Não que eu já tivesse muita chance com Jeffrey antes. Na verdade, sinto que eu o acho absurdamente divertido, além de mais bem humorado e de mais fácil convivência, diferente de Matt que complicava tudo... Tenho que parar de mencionar o nome dele.

Só mais uma vez e irei dormir!

Logo logo vai amanhecer, e eu já perdi o gosto da boca de Matt. Da boca de Matt. Da boca dele... Ele.

Eca.


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Notas finais do capítulo

(enquanto me escondo da LollyPop)
E entãããããão? O que acharam? Suspeitam de algum motivo específico para essa vontaaade de pegar no pulso dela? hahahaha. E quanto a Lucy e sua paranoia dramática? hahaha.
Espero que tenham amado demais e que estejam se segurando para não vomitar kkk. Um enorme beijão no coração de tooooodos!
E LEEEEEH! BEM VINDA DE VOLTA SUA LINDA *-*



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