Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 22
Dica 22 - Os amigos estão onde menos se espera...


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, gostaria de agradecer pela recomendação lindaaa da LollyPop! Sua linda! Hahahaha ela inclusive deu a ideia magnífica de trocar "Esther Esterco" por apenas "Estherco" kkkk como não pensei nisso antes? kkk. Boooa leitura, meus queridos doces de banana caramelados!



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Vigésima Segunda Dica: Os amigos estão onde (menos) se espera

Não fomos pegos (ao que pareceu) pelo Sr. Turner – que, recaptulando, era um maníaco controlador – ou por seus monitores. Essa dica de hoje é importante porque fiquei sentimental e comovida com a situação que realmente precisei de amigos. Bem, eu descobri que eles são meus amigos! Alguns até um pouco inesperados, pessoas com quem mal se conversa e blá blá blá, mas que retribuem coisas boas para nós.

É, estou muuuito sentimental! A dica é basicamente essaa. Cultive suas amizades. Os amigos estão onde (menos) se espera.

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Não consegui pregar os olhos por meia hora durante a noite porque Bette Larsen, Anna Piece e Louise Morgan NÃO CALAVAM A BOCA! As três estavam fazendo mimimis de mulherzinha para saber o resultado dos testes para a peça de Romeu e Julieta como se aquilo fosse decidir seus destinos! Ah, por favor!

Para mim estava bem claro que Jeffrey seria Romeu, isso estava bem na cara, afinal o Jeffrey é a única pessoa naquele acampamento de nerds melequentos que tem realmente cara de príncipe (fora o jeito! Seria completamente natural!). Quanto a Julieta, eu não fazia ideia das possibilidades. Imaginei seriamente que Charlotte fosse desbancar todo mundo. Depois da performace memorável da Esther cof cof esterco cof cof todos do acampamento depositaram suas esperanças na perfeitinha Charlotte Devosso. Bem, éramos amigas agora, não éramos?

Resultado da noite não dormida: olheiras com tamanho de baleias (iguais as do Matt). Por falar em Matt, ele não me odiava na noite anterior...

Bem, quando a notícia tenebrosa da lista começou a sair, estávamos todos tomando café da manhã, enquanto o Sr. Turner anunciava:

– Sei que estão muito ansiosos com o resultado dos testes, mas peço que se acalmem enquanto eu falo os nomes. – apesar de ele dizer isso, todos começaram a se revirar e remexer em suas próprias cadeiras. Eu, como sempre, estava com meus coleguinhas azuis e vermelhos de sempre. Apesar de todo reboliço geral do acampamento, nenhum deles estava animado com o anúncio... Pelo menos não pareciam.

– Que saco... – Jeon resmungou, coçando a cabeça – Pra que essas peças se vamos apresentar para os próprios campistas? Só para dar trabalho. Tem elenco, equipe técnica e ainda figurino. Isso tudo é chato...

Retorci a boca. Eu até gostava de peças de teatro. Não que eu já tenha feito alguma, mas achava que seria algo inovador para meu currículo de acampamento – que já tinha amazona de avestruz, atiradora de elite e perturbadora de delinquentes no nível avançado.

–... Por mais que não existam papéis suficientes, existem outras atribuições na peça. Além do que, a equipe que qualquer participante não assistir à peça, terá pontos retirados. – o Sr. Turner falou como se fizesse uma ameaça, dando uma pausa dramática antes de começar a ler sua listinha. – Aqueles que eu chamar, por favor levantem-se e venham até o palco.

– Vai começar... – murmurei, me esforçando para mostrar indiferença.

– Vai começar! – Bette Larsen quase berrou na mesa ao lado de tanta emoção.

– Vai começar. – Jenna falou friamente na nossa mesa.

– Vai começar... – Esther esterco falou.

Enfim, a frase se repetiu em todo o refeitório por pessoas aleatórias até que o Sr. Turner começasse:

– O Narrador será Gabriel Franz, dos Verdes! – ele anunciou e o rapaz alto e magro que entrou no acampamento comigo e veio no mesmo ônibus que eu há... Quantos dias mesmo? 8 dias... Nossa, como o tempo passa devagar! Para mim, foi como uma eternidade... Enfim... Ele se levantou e foi até o Sr. Turner.

Comecei a me retorcer naquele instante. Eu tinha um péssimo pressentimento e só ficava imaginando o que Jean havia falado na noite anterior: você vai gostar do resultado.

– E eu achando que você era uma menina-homem. – Matt falou como se resmungasse. – Está morta de curiosa, querendo ser Julieta, não está?

– Lógico que não. – respondi o mais rápido possível, dando entre ombros.

Voltamos as atenções para o Sr. Turner, que dava o papel do Frei João para um cara dos Brancos e o de “Empregado dos Capuleto” para um Verde. Sinceramente, eu preferia não participar a ser um figurante assim.

– O Boticário será Kyle Watson, dos Verdes. – O Sr. Turner continuou. Contamos 3 Verdes até ali! Eles iriam disparar na frente! – Rosalina será Louise Morgan, dos Vermelhos. Frei Lourenço será interpretado por Julian Marcus, dos Amarelos.

Louise foi cheia de pompa para a frente. Tecnicamente, ela seria a personagem mais bonita depois de Julieta, então estava cheia de emoção ao ter o nome chamado.

– Está vendo que ela está se empinando toda? – Jeon brincou e eu ri com ele.

– O pai e a mãe de Julieta serão interpretados por Fernando alguma coisa (eu realmente não lembro o nome dele) e por Marla Marion (a líder dos Laranjas), ambos pertencentes aos Laranjas. Enquanto o pai e a mãe de Romeu serão interpretados por fulano (eu realmente parei de decorar os nomes das pessoas) dos Verdes e Vanessa alguma coisa, dos Amarelos.

– Agora já era, vamos voltar para o final da lista. – resmunguei quando ouvi o quarto nome Verde.

Jeon me cutucou com o cotovelo e sorriu, falando:

– Ainda não chamaram os personagens principais.

Revirei os olhos e me voltei outra vez para o Sr. Turner.

– A Velha Ama será Marlene Von Hammersmark dos Azuis. – ele disse e eu quase pulei de alegria! FINALMENTE CHAMARAM UM AZUL! Se bem que Marlene ficou revoltada ao se levantar por ter sido a Velha Ama. Eu realmente queria que a “Estherco” fossa essa personagem. – Paris e Teobaldo serão interpretados por Thales alguma coisa e Lucky Aldrien, ambos dos Brancos.

Lucky levantou-se, soltando piscadelas para algumas garotas dos Brancos que estavam sentadas com ele na mesa do café. Eu não li direito Romeu e Julieta, só sabia o que todos sabem – romance proibido e eles acabam morrendo – mas o papel de filho da p* cabia muito bem Lucky. Sério, MUITO BEM!

– Sério, eu quero ser Romeu para chutar a bunda desse molenga. – brinquei. Eric e Jeon acharam graça.

– Eu não descartaria essa opção. – Eric murmurou. – Se eu for Romeu, prometo acabar por ele por você.

O Sr. Turner continuou e acabou com a ideia maravilhosa de Eric, dizendo:

– Benvólio será Eric Harmon, dos Azuis.

Ele se levantou, dando entre ombros, enquanto eu batia nas suas costas e falava:

– Vai nessa, Romeu!

Então eu raciocinei melhor... A lista de personagens estava acabando! Jeffrey não havia sido chamado, o que poderia significar que ele era Romeu! Poderia... Mas não foi.

– Mercúcio e Príncipe Escalo serão, respectivamente, Jonathan Turner e Jeffrey Larsen, ambos dos Vermelhos. – o Sr. Turner falou alto e claro, fazendo com que os dois se levantassem calmamente. – Restando apenas nossos personagens principais.

Foi nesse momento que eu pirei. Jeffrey foi o Príncipe (logicamente) e não Romeu! Só podia ser brincadeira! Eu estava sentindo em minhas veias que colocariam Matt como Romeu e eu como Julieta por brincadeira! UMA BRINCADEIRA MUITO SEM GRAÇA!

– Não não não não não... Isso não pode estar acontecendo... – eu balbuciei, apertando minha cabeça com as mãos. Olhei para a cara tediosa de Matt fazendo careta e sem me dar atenção. Só podia ser brincadeira.

– Nosso Romeu é... – o Sr. Turner falou calmamente, enquanto as orelhas de todos os nerds melequentos e não melequentos do acampamento triplicavam de tamanho. Estavam todos absurdamente ligados na situação cômica e tenebrosa que havia se tornado. Mais tenebrosa que cômica, afinal... – Matthew Peter Simons, dos Azuis.

Um minuto de silêncio.

– Puts... – eu e Matt falamos em uníssono, nos entreolhando no mesmo instante. Eu tenho certeza que ele viu a brincadeira do destino assim como eu bem ali.

Ele se levantou e começou a andar mais assustado que eu ou que qualquer outra pessoa que havia sido chamada.

– Matt como Romeu! Hahaha essa eu quero ver. – Charlotte riu-se, cutucando Jenna em seu silêncio usual. – Lucy, vai ser muito engraçado se você for Julieta.

– Charlotte, eu não posso ser Julieta. – sibilei com o queixo tremendo e os olhos arregalados.

Matt subiu no palco e ficou ao lado de Eric e Jonathan que achavam a maior graça ele ter sido escolhido.

– Agora, a hora mais esperada da nossa manhã! Julieta será interpretada por... – o Sr. Turner falou ainda mais animado, olhando diretamente para a minha mesa ao invés de olhar para seu papel. Foi como um tiro certeiro em meu coração fraco prestes a ter um piripaque! Então eu baixei a cabeça e aceitei, quando ele começou a falar...

Não escutei mais nada, estava tão vermelha de vergonha que apenas levantei-me de cabeça baixa. Percebi alguns “Eu não acredito” vindos de um lado, além de “Ela? Não pode ser verdade”.

– Ah, Lucy, acho melhor você sentar. – Charlotte murmurou, puxando minha calça.

Virei-me para ela e vi que logo atrás de sua cara bonitinha e perfeita, Jenna estava em pé.

Sim, Julieta foi Jenna Summers.

– O QUE?! – Estherco quase berrou do outro lado do refeitório.

Jenna não tinha mais a expressão mórbida de sempre. Muito pelo contrário, ela estava com os olhos brilhando de tão maravilhada que estava com a situação. Eu, do contrário, sentei-me com tudo ainda mais envergonhada, enquanto a emo pequena e magra andava como se flutuasse na direção do Sr. Turner.

É, eu não acreditei por um longo momento, mas escutei muitos risos de Jeon e Charlotte em nossa mesa por conta da minha “aceitação da brincadeira do destino”.

Outras garotas em meio aos campistas também pareciam estar abismadas e surpresas. Começou um alvoroço no refeitório! Muita gente conversando e berrando, enquanto os futuros atores se reuniam num canto com Jean Devosso e outros monitores. Imaginei que todas as garotas estavam loucas pelo papel de Julieta (o que é natural, já que estamos aparentemente em uma comédia romântica). Foi aí que eu percebi que não era a personagem principal! Se eu fosse a principal, eu teria sido escolhida como Julieta, certo? Ou pelo menos teria entrado na lista de atores.

– Ah! Eu não poderia esquecer de dois personagens extremamente importantes para a peça! – o Sr. Turner voltou a falar, fazendo com que o refeitório ficassem em silêncio. – Por conta de eventos recentes, resolvi dar a Esther Devosso, dos Vermelhos, e Lucia Belle Farrell, dos Azuis, papéis na peça também como personagens alternativos criados excepcionalmente para esta amostra: Árvore I e Árvore II. Agora, podem dispersar. A atividade de hoje começará logo logo.

ÁRVORE?! ELE FALOU SÉRIO?! O Sr. Turner disse que faria algo com Esther, mas COMIGO TAMBÉM?!

– O QUE?! – Esther berrou outra vez antes de o alvoroço voltar.

Todos saíram da Grande Casa. Jeon ficou engasgado com a própria risada, enquanto Charlotte foi mais discreta com suas risadinhas. Eu e Esther fomos impedidas de nos retirar. Ao que parecia, era sério aquela história de “árvores”.

– Culpa sua. – eu resmunguei, coçando a cabeça freneticamente. – Vamos ser humilhadas.

– Minha? Se você e aquele quatro olhos nojento não tivessem feito o que fizeram ontem, isso não estaria acontecendo!

Tecnicamente, ela estava correta, mas isso eu não aceitaria nem morta. Fomos juntas, rapidamente e enraivecidas até onde os “atores” estavam concentrados com os monitores. Só pegamos o final dos berros de Matt:

– ... E eu não quero de jeito nenhum!

Jean fez uma careta desapontada para ele e assentiu com a cabeça, falando:

– Mil rapazes iriam querer ser Romeu para ser adorado pelas garotas, mas você não. Matt, eu vou liberar para você trocar com o Jonathan.

Ele sorriu vitorioso e se voltou para mim e Esther.

– Olha só, o par de árvores. Boa sorte para vocês, eu vou cair fora. – ele falou animado, tentando passar por nós. Entretanto, Esther segurou a gola da sua camisa e o puxou de volta.

– Para onde você pensa que vai? Trate de dar um jeito no meu papel para essa peça ridícula. – a cobra soltou um pouco de veneno.

Achei graça, mas ignorei o fato de a coleira que ela colocava em Matt ter sido encurtada.

Escutamos um monte de baboseiras antes de sermos liberados para a atividade do dia. Jonathan acabou trocando de papel com Matt, tornando-se Romeu. Fiquei brincando com eles dois e com Eric, esquecendo totalmente de uma outra presença importante naquela roda de pessoas... Jeffrey.

Só depois que eu, Eric, Matt e Madalene estávamos no caminho para o Campo Oeste, que eu percebi que não havia falado com ele nem mesmo cumprimentado. Aquilo me incomodou pra caramba.

– OH, MEU ZEUS! – berrei quando me deparei com a cena no Campo.

Estávamos no meio de um campo gigante de futebol de gramado, onde o time Azul e o time Amarelo guerreariam na tal chamada “Guerra de Futebol”. Matt, Madalene e Eric foram calmamente para o cento do campo, enquanto eu admirava estática a situação: 10 pessoas de cada time estavam vestidas com bolas gigantes de plástico até a cintura! Os respectivos goleiros não vestiam nada, eram goleiros normais, mas CARAMBA!

– Ei, Lucy! – Charlotte berrou, acenando para mim do centro do campo – Você vai querer...

– EU QUERO JOGAR! – berrei com força e andei rapidamente, quase saltitando, para onde ela estava.

O objetivo do jogo era fazer gols, obviamente, mas no meio de um bate-bate de bolhas humanas. Não haveria contato físico propriamente dito, além de ser um jogo misto! Eu estava muito animada para aquilo!

Infelizmente, Charlotte me traiu e me colocou no banco por ter chegado atrasada, juntamente com Eric e os outros dois. Cruzei os braços e fiz cara de raiva o máximo que pude para que Charlotte percebesse, mas algo me incomodou. Matt não fez nenhuma brincadeira.

– Por que você está me encarando com essa cara horrorosa, catatau? – ele resmungou quando me percebeu encarando.

– Eu estava imaginando se existe alguém tão feio quanto você na face da Terra. – respondi, mas ele não me deu muita atenção, o que fez Eric rir.

– Liga não, ele deve estar emburrado porque a Esther não foi Julieta por causa do nosso plano. – Eric falou e eu arqueei as sobrancelhas.

– Ah, fala sério! – falei alto – Que paixão maluca é essa que você tem pela Esther? Não acredito que seja de verdade.

Ele revirou os olhos e apenas falou:

– Esses seus peitos minúsculos que não são de verdade.

Calmamente, eu me levantei e sorri para ele, causando um tipo de pânico instantâneo que o fez levantar, subindo os braços e se dando por inocente e desarmado. Continuei com o sorriso até anunciar meu golpe como em um desenho animado:

Yop tchagui!

Eu me posicionei como em uma luta subindo lentamente minha perna direita ante de abrí-la por completo num golpe deferido no peito de Matt, lançando-o para trás, fazendo-o tropeçar no banco em que estávamos sentados e o derrubando de ver.

– Não acredito que você fez isso. – Eric murmurou, batendo a mão na própria testa.

Matt se levantou com os olhos fulminando de raiva.

– Foi a gota d’água. – ele falou, andando na minha direção e agarrando minhas pernas. Eu caí com tudo no chão, enquanto ele continuava segurando minhas pernas – Não se meta com quem é maior que você. Ah, desculpa, esqueci que só formigas conseguem ser menores que você.

Cerrei o punho na terra e sacudi minhas pernas para que ele as soltasse. Então, ele estendeu a mão para mim, fazendo com que eu soltasse uma risada e me levantasse sem usar sua ajuda.

– É bom ver que você não guarda rancor.

– É coisa de amigo. – ele murmurou e coçou a nuca.

A palavra “amigo” ficou na minha cabeça o resto do dia de bate-bate futebolístico. Devo admitir que me sobressai por conta da minha altura (eu derrubei várias pessoas altas de propósito e levei um cartão amarelo, quase levando um segundo por besteira). Eu, inclusive, fiz uma menina novata chorar por ter caído quatro vezes seguidas quando veio de encontro a mim, mas isso são apenas detalhes.

Demos uma surra nos Amarelos de 13x5. Voltamos comemorando e berrando como se fosse o primeiro dia de acampamento! Os Azuis precisavam daquela vitória para reerguer o sentimento derrotado que acumulava desde que Esther acabou conosco. Devo admitir que tive até um pouco de medo de ser pega desde a travessura com ela na noite anterior, poderíamos perder mais e mais pontos.

No caminho de volta para a Grande Casa, imaginei se deveria ou não perguntar a algum dos rapazes ou até mesmo para Charlotte se eles teriam medo de algo. Fiquei calada o resto do dia.

Charlotte foi chamada para a equipe técnica de organização da peça juntamente com outros líderes. Jenna ficou enfurnada em nossa cabana tentando decorar seu texto, então foi inútil tentar perguntar algo. Eu não tinha texto para decorar de jeito nenhum, além do que a peça será amanhã, então os “atores” foram liberados de atividades para decorar seus papéis. Logo após o jantar seria o ajuste dos figurinos (costurados na feira cultural por Bette Larsen, eca).

Na hora do jantar, eu, Eric e Matt entramos juntos na fila para pegar a comida andante de Valentina. Aproveitei e cutuquei Eric, murmurando:

– Você não tem medo que alguém nos pegue pelo que aconteceu ontem? Digo, foi fácil demais.

Ele deu entre ombros e passou a mão no meu ombro.

– Lucy, ainda que alguém tivesse nos pego, iria agradecer o que fizemos com a Esther se soubesse o que ela fez com a Charlotte. Por mais que muitos gostem da Eshter, todos gostam muito mais da Charlotte.

– Até mesmo o Matt? – falei um pouco relutante. Ele sorriu.

– O Matt era-

Antes que pudesse continuar, Matt o interrompeu, puxando seu ombro com força para trás e se colocando ao meu lado.

– Eu respeito a Charlotte mais do que todos nesse acampamento. – ele falou seriamente – No meu primeiro acampamento, só entrei nos Azuis por causa dela.

– Matt, você era apaixonado pela Charlotte? – indaguei.

O rosto do delinquente começou a ficar vermelho gradativamente. Ele endireitou a camisa e respondeu:

– Até ela me dar um fora. Desde então, ficamos amigos e eu me apaixonei perdidamente pela Esther.

Então um flashback veio na minha cabeça!

“Baby, loucox (loucos) xão (são) aquelessssss carassss que se matam pra te pegar. Pronto! Falei! Matty vai axchar tãããão ruim eu falar essssssasssss coisasssss pra vocês... E o Jeff?! O Jeff não... Mas o Eriquí (Eric) vai apoiar mais que o Matty. Matty é fofinho... É fofinho falar Matty... Tenho que falar com elê (ele). Liga pra elê (ele) por mim? Já quebrei o coração, não posssssso lhigar (ligar)”.

– Ahhh! – berrei, apontando para o peito do “moranguinho do acampamento” – Então era disso que ela estava falando quando disse que quebrou o coração! Era o seu coração! A Charlotte te deu um fora! Matty...

Matt voou para cima de mim, colocando uma mão na minha boca e a outra atrás da minha cabeça, quase me abraçando.

– Quer calar a boca, Minion? – ele bufou, tentando não rir – Quando eu te matar, vou separar um caixão só para a sua língua, e uma caixa de sapato pro resto do teu corpo.

Eu o empurrei para me soltar, mas ele não deixou. Ficou me encarando nos olhos com a cara vermelha e as mãos ásperas esmagando minha cabeça. Eu havia esquecido que os olhos de Matt eram verdes. Geralmente não olhava diretamente para os olhos.

– EI! LUCY! – alguém berrou, fazendo com que ele me soltasse. Olhamos em volta e vimos que Quentin andava em nossa direção com passos fortes. As pessoas que estavam a nossa volta apenas observaram a cena que ele provavelmente faria. Minha espinha se retorceu com aquilo. – Venha aqui comigo, agora.

Bem, em meus sonhos Quentin me chamava daquela forma para poder me beijar e não me largar. Entretanto, a situação era beeem diferente! Saí da fila e fui ao seu encontro.

– O que houve? – falei baixinho.

Foi aí que vi que atrás dele estava nossa não tão querida Estherco. Revirei os olhos de imediato.

– Esther veio me procurar e me dizer que você foi responsável por um ataque a ela ontem a noite.

– Isso é mentira. – falei com um sorriso, apesar de ter sido uma das únicas verdades que ela falou.

Eshter bufou e passou por Quentin, enfiando o dedo na minha clavícula. Por que diabos todos gostavam de apontar o dedo ali? (fala aquela que já fez isso várias vezes).

– Olha aqui, toco de gente!

– Não! – berrei – Olha aqui você, peçonhenta!

– Parem as duas! – Quentin brigou e nos calou. – Lucy! Onde você estava ontem enquanto a Esther fazia o teste para a peça?

Meu queixo tremeu.

– Isso é sério?!

– Seríssimo. – ele confirmou com a cabeça e cruzou os braços, mostrando seu músculos belíssimos que eu não evitei olhar. Demorei uns cinco segundos para voltar à realidade. – Lucy? Onde você estava ontem?!

– Eu estava... E-eu... Estava...

Então, quando eu me encontrei naquela sinuca de bico, alguém surgiu.

– Ela estava comigo.

Olhei para trás e vi Jenna se aproximar juntamente a Charlotte. Elas foram ao meu socorro. Entretanto, Quentin não pareceu convencido.

– E o que as duas estavam fazendo? – ele falou mais ríspido.

Outra pessoa surgiu ao meu lado. Era Jonathan, falando:

– Eu estava perturbando as duas. Sabe, não conseguia encarar o fato de a Lucy não cair na minha lábia.

– E eu fui rir deles. – Jeon falou com sua animação asiática descomunal. – Foi engraçado o jeito que a Lucy meteu, literalmente, o pé na bunda do Jonathan.

Eu ri, mas Quentin apenas ergueu as sobrancelhas.

– Isso é tudo mentira! – Esther brigou, quase se debatendo. – Não vê que eles estão mentindo?!

– E quem mais estava nessa festa de vocês? – Quentin falou de deboche.

Cruzei os braços e tive a intenção falar que éramos apenas nós, mas Eric se meteu.

– Eu estava também. Eu estou sempre com a Lucy. – ele falou por debaixo dos óculos.

E chegou mais cavaleiro para me salvar: Meu tão odiado Matt.

– Eu fui o primeiro a chegar na festinha. – ele falou, batendo no ombro de Quentin e logo depois encarando Esther. – Charlotte só chegou depois porque não queria deixar que eu e Lucy começássemos a nos beijar, enquanto minha adorada Esther estava fazendo um teste tão importante para sua carreira de atriz. Jenna veio logo em seguida.

Meus olhos brilharam para todos eles ali. Eram todos cúmplices, mas poderiam ter ficado de fora, eu sei me cuidar sozinha, mas se colocaram a disposição tão rápido que me surpreenderam.

– Por que será que eu não acredito em nenhum de vocês? – Quentin riu.

Foi aí que a última presença surgiu, pois havia ouvido a história inteira, e resolveu se meter sem um motivo concreto. Sua mão tocou meu ombro e o ombro de Charlotte, enquanto seu corpo ficava entre os nossos. Ela olhou para a pessoa com a boca meio aberta meio fechada, enquanto eu apenas escutei sua voz falar:

– Eu estava com a Charlotte desde o início, quando vimos Matt perturbar a Lucy e fomos ao resgate. Como o Matt disse, Jenna veio logo em seguida.

Virei-me para o dono da voz e dei de cara com Jeffrey e seu semblante sereno. Ele sorriu e retirou devagar a mão do meu ombro.

– Acho que não tenho mais nada a perguntar. – Quentin falou e deu-se por vencido, encarando Esther de volta. – Acharemos culpados pelo que lhe aconteceu, não se preocupe.

Ela ficou desolada e boquiaberta, sem saber onde enfiar a cara. Logo, para o golpe de misericórdia, eu dei um passo para frente e falei:

– Não se meta mais com a Charlotte. O próximo tiro pode quebrar essa sua cara de pau.

– Faça-me um favor e exploda! – Esther resmungou e se virou para Matt. – Acabou tudo entre nós.

Quando ela deu de costas e começou a andar, Matt soltou um suspiro. Ele até mesmo deu um passo na direção dela, esticando o braço, mas começou a se segurar.

– Sinto muito. – eu falei com uma risadinha, em seguida encarando todos de uma vez. – Muito obrigada pelo apoio.

Charlotte sorriu e me abraçou. Fiquei surpresa, não havia recebido carinhos daquela forma em momento algum naqueles dias todos de acampamento! Além de ser a It Girl do lugar, Charlotte tinha também o melhor abraço do mundo! E eu não sou lésbica!

– É isso que fazemos pelos amigos. – ela falou -Não se preocupe, faríamos isso outra vez sem pensar duas vezes. Faríamos até mais.

Jonathan sorria, Jeon quase pulava de animação pelo que havíamos feito com Esther, Eric se encolhia entre os ombros, Jenna continuava séria, Jeffrey coçava a cabeça (provavelmente com peso na consciência pela mentira) e Matt soltava muxoxos agonizantes.

Não demorou para que todos dispersassem e fossem atrás das jantas. Entretanto, eu não falava com Jeffrey direito já tinha um tempo, achei estranho que ele veio até mim e murmurou algo discretamente que pareceu um:

– Gosto muito da sua amizade com a Charlotte.

– É, eu também gosto. - falei baixinho também, assentindo com a cabeça - E pensar que por minha causa a Esther fez o que fez com ela.

Jeffrey negou com um movimento de mão.

– Mas você correu atrás dela o quanto pode. Isso foi o mais legal. Fiquei muito feliz de te ver correndo para ajudá-la.

Ele soltou um olhar e um suspiro para o horizonte. Algo me estalou quase instantaneamente... Jeffrey desde o início era carinhoso com Charlotte, falava com ela sempre. Ela foi a primeira a chamá-lo de Jeff na minha frente (dica 12). Matt falou, na "dica" que escrever, que achava que eles tinham algo (dica 17). Quando ele viu Eric abraçar Charlotte ficou encarando (e eu achei que ele estivesse me encarando) (dica 18). A cara mais bonita que ele fez durante todo o acampamento foi para ela (dica 19). Charlotte bêbada falou "o Jeff não" enquanto falava de homens que davam em cima de mim (dica 20), e ele ficou ULTRA preocupado com ela! (ainda dica 20). E, por fim, Charlotte me perguntou se teria algum problema se ela fosse Julieta e Jeffrey Romeu (dica 21)...

– Jeffrey... - eu o cutuquei, tirando-o de seu transe mental. - Você gosta da Charlotte?

Ele apenas sorriu e enrubesceu, dando entre ombros ao falar:

– Ela é perfeita demais para mim. Se souber de alguma coisa, você me fala?

BANG! Tiro certeiro no peito.


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Notas finais do capítulo

Surpresos? kkk Nosso queridinho é apaixonadinho por nossa queridinha kkk juro que tentei fazer isso o mais discreto possível a fanfic toda e enganar todo mundo kk mas ele e a Lucy também pareciam tão lindos juntos hahaha. Espero que tenham gostado. Beijos nos corações de todos