Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 16
Dica 16 - A vingança nunca é plena


Notas iniciais do capítulo

Como sobreviver num acampamento de nerds está tão novinho do forno que está com cheiro de queimado kkk piada horrível kkk espero que tenham gostado da nova capa que eu fiz e desse capítulo GIGA ENORME! Fiquei com medo de separar e ficar chato, ele só tem graça se for lido de uma vez hahaha.



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Décima Sexta Dica: A vingança nunca é plena

Um sábio uma vez disse “A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena”, mas eu, teimosa como sou, só aprendi na pele que vingança é uma desgraça. Por isso, não procurem vingança! Nem mesmo quando existe possibilidade de você ter contraído alguma doença venérea ou coisa do tipo. O lado negro da força é sedutor, parece fácil e bonito, mas acaba nos destruindo e arrombando nossos tornozelos.

Então foque nessa dica! A vingança nunca é plena!

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Seriam doze participantes ao todo (dois para cada time) e três fases para que fosse decidido o vencedor. A primeira fase consistia em seis partidas, elegendo seis vencedores para disputar a segunda fase em três partidas. Fizemos um esboço de como aconteceria a competição para o melhor entendimento do doente mental chamado Matt.

– Repete só mais uma vez. – Matt falou, rindo e gozando da minha cara.

– Tu é burro ou o que? Retardado mental... – murmurei e joguei nele o pedaço de papel que tinha feito com as explicações. Acabou que o peguei de volta para deixar junto ao caderno, como forma de recordação mesmo.

Eu seria a primeira a competir contra uma garota dos brancos. Já Matt era o quinto competir. A primeira fase tinha duas baterias, tendo em cada bateria uma pessoa década grupo. Logo, eu só poderia enfrentar Matt na final, assim como Lucky, que era o quarto e estava na bateria de Matt. Por conta disso, eu me diverti! Eu tinha que pegar Lucky na final e ainda assistiria Matt levar uma surra.

Caminhamos juntos para perto da arena logo após o almoço, como nos foi ordenado por Jean Devosso. Não éramos permitidos a participar de mais nenhuma atração, pois o duelo de sabres de luz era o principal do dia. Havia torcida e várias pessoas comentando sobre como seria, especulando coisas como “do que serão os sabres de luz?” ou “eu aposto no Matt”. Coitados.

– Matt! Lucy! Venham se vestir! – Jean nos chamou para uma tenta ao lado da estrutura da batalha de lasertag.

Quando entramos na tenda, vimos todos os outros já vestidos. Tinha gente de preto Sith* e também gente com roupas mais Jedi*. Quentin estava vestido como o Imperador* para ser o juiz geral da batalha, enquanto o monitor dos verdes estava igual o Yoda.

– Tu que devia ser o Yoda, pequena. – Matt brincou e eu até achei graça. Realmente, eu acabaria com ele com minha força de mestre Jedi.

Jean nos entregou nossas roupas e nossos sabres (apenas os cabos), falando:

– Vocês dois foram escolhidos como Jedi e tem sabres de luz azuis por conta da cor do grupo de vocês. Os sabres tem um botão que os abre e fecha, são feitos de alumínio, então cuidado.

Peguei meu sabre e vi logo um botão vermelho. Quando o apertei, as camadas de alumínio saltaram para fora do cabo rapidamente, mostrando a beleza de um sabre. Meus olhos e os de Matt brilharam.

Fui rapidamente trocar de roupa! Não podia esperar! Então corri para o trocador e fui logo tirando minha camisa grande da Starbucks quando... DE REPENTE! Eu me viro e dou de cara com o rosto de Jeon e de Lucky no meio do pano que fazia o trocador FEMININO. Meu queixo caiu quando eu, em pleno sutiã de yoshi, dei de cara com os dois me espiando.

– Por favor, não pare. – Lucky falou.

– É, Lucy. Já pode trocar a parte debaixo também.

Eu não podia acreditar que eles tinham chegado àquele nível.

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

Berrei e BOOM! Dei uma cotovelada no nariz de Jeon e os dois pularam para fora, rindo. Aquilo não podia estar acontecendo comigo! Por que essas coisas SEMPRE aconteciam comigo?! Vesti o mais rápido que pude minha roupa de Jedi e saltei para fora do trocador, vendo Lucky rindo e Jeon caído no chão com o nariz ensanguentado. Todos ali nos olhavam.

– Jeon, você passou dos limites! – rosnei, estralando os dedos e o pescoço – Agora eu vou dar uma surra em vocês dois.

– Caaalma, Lucy! – Jeon falou, secando o sangue e quase engasgando na risada – Podemos nos resolver pacificamente.

–É, minha linda, você tem bastante corpo para guardar nessa pequenez. – Lucky zombou.

Tenho certeza que saiu um tipo de vapor das minhas narinas naquele instante que eu quase pulei em cima deles. Na verdade, eu pulei! Mas fui segurada no ar pelos braços de um anjo... Aquele anjo maldito chamado Quentin Ranger.

– Caaalma, Lucy. Você sempre quer bater em todo mundo. – ele falou, passando a mão nos meus ombros.

Olhei para seus olhos maravilhosamente claros e para sua boca deliciosamente desejada pelos meus beijos, antes de esfriar o sangue. Ah, fala sério, era covardia por aquele homem pra me segurar!

– Eles estavam me espiando no trocador, vou ter que mata-los. – falei devagar e com naturalidade.

– Eu sei que o Matt tem ciúmes, mas...

O MATT O QUE?!

– EU NÃO ESTOU COM O MATT! – berrei.

Jeon se levantou e chegou do nosso lado com sua menstruação nasal.

– É, o Matt falava tanto do corpo da pequena que nós ficamos curiosos. É um casal fofo, né, Quentin? – ele disse e meu olhar pegou fogo.

– Eu vou matar o Matt. – recitei devagar.

O asiático desgraçado fungou sangue (eca) e levantou o dedinho em seguida para falar:

– O nome completo dele é Matthew Peter Simons, se interessa a sua ameaça de morte.

– Eu vou MATAR Matthew Peter Simons! – gritei e pisei como um elefante por todo o caminho para fora da tenda, a caminho da arena.

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Eu estava bufando como um animal, enquanto a monitora dos Amarelos ditava as regras. Peguei poucas no ar como “não é permitido bater na cabeça do coleguinha” ou “antes de um golpe certeiro, pense que seu adversário pode ter problemas nos órgãos ou que ainda quer ter filhos”. Poxa, eles nos dão sabres de luz de alumínio e ainda dão essas regras?!

– E mais importante, - ela disse – se você for acertado na perna, você “perde a perna”. O que significa, você não pode mais utilizá-la. O mesmo acontece com qualquer outro membro.

Olhei com o canto do olho para Matt e o eletrifiquei com meus orbes saltados. Ele morreria... Ele iria morrer...

– As primeiras competidoras! Do lado Jedi, pesando menos de 50kg, com menos de um metro e meio: Lucia Belle Farrell! Do lado Sith, a Hunter Branca e poderosa: Rachel Winchester! Para a arena! – Quentin fez a chamada e nós subimos rapidamente.

– Por que alguém sempre tem que mencionar minha altura? – murmurei, antes de ser interrompida pela aura intensa de Rachel.

Rachel era uma garota grande e rechonchuda, rude com o olhar.

– Saiba que eu sou parente de Sam e Dean Winchester, não perderei de você, Jedi. – ela falou e eu revirei os olhos.

Sacamos nossos sabres de luz de imediato e os nerds do acampamento gritaram de emoção.

– Meninas, - Quentin disse para nós duas – quero uma batalha limpa. Façam uma reverência e comecem a batalha quando eu mandar.

Afastamos e fizemos a reverência rapidamente, não desviando o olhar uma da outra por nenhum instante.

– Vai lá, Lucy! – Charlotte berrou.

– LUCY! – Eric também se animou.

– Vai perder, anã! – Esther urrava de longe.

– Que a Força esteja com vocês. Comecem! – Quentin fez um sinal com o braço.

Rachel me encarava, andando ao redor da arena. Eu a encarei, conhecia bem técnicas de combate, então ela era apenas uma novata na minha arena. Estralei o ombro e me movimentei para o centro da arena, pulando e rindo.

– Morra, Jedi! – ela berrou, atacando de frente como uma maluca.

Eu ri mais ainda e dei um passo para o lado, passando meu sabre bem rápido no tornozelo dela.

– Rachel perdeu a perna! – o monitor dos verdes, nosso Yoda, berrou de um lado da arena.

Ela fez uma careta e levantou a perna que eu havia acertado, se equilibrando em apenas uma, enquanto pulava.

– Vamos, me ataque!

Foi como tirar bala de criança...

– Ta certo. – falei e driblei a grandona como mestre! Fingi que ia atacar pela direita e BANG girei atrás dela e acertei meu sabre nas suas costas.

– VITÓRIA JEDI! PRÓXIMA BATALHA!

Eric e Charlotte comemoraram! Jeon também berrou do lado dos competidores da segunda bateria. Eu gostava realmente de Jeon, mas o faria sofrer por ser um tarado asiático. Ou seja, era um tarado nível brutal.

Desci da arena sem um pingo de suor e apontei meu sabre para Matt, falando com toda convicção:

– Você vai apanhar na sua hora. Espero que sofra.

Quando procurei Lucky para ver sua reação espantada, dei de cara com ele logo atrás de mim, segurando o próprio peito.

– Meu coração é seu, jovem padawan*. – ele falou e me entregou seu coração imaginário. Eu quis vomitar.

As outras batalhas passaram rapidamente, até que Lucky fosse lutar contra Jeon. Eu realmente não sabia que eles iriam batalhar, então fiquei numa dúvida cruel! Para quem torcer? Para o Lucky arrancar o você-sabe-o-que do Matt, ou para Jeon ficar rindo com ele no meio da arena? Eu gostava de Jeon, mas não podia torcer para ele. A dúvida então me corrompeu.

– Vai me dar um beijo de boa sorte, querida? – Lucky falou para mim, de cima da arena.

Cerrei o olhar e contorci a boca.

– Quem sabe em outra vida?

Ele me deu uma piscadela e subiu na arena... Imaginei que fosse demorar um ano a partida, mas fui surpreendida, infelizmente.

– Que a Força esteja com vocês. Comecem!

Em um minuto e meio, todos os membros de Jeon foram cortados e ele estava caído no chão com o sabre de luz na boca, murmurando “piedade”.

– VITÓRIA SITH!

Foi aí que meu queixo e um enorme calafrio me contorceu o corpo. Lucky era REALMENTE muito bom... Então eu ri.

– Lucy, ta tudo bem? – Eric murmurou ao meu lado, vendo que eu ria como uma maníaca.

– Finalmente, Eric. – eu falei com os olhos em chamas outra vez – Eu tenho um adversário a minha altura! E melhor! Ele vai cortar as bolas do Matt!

– Okay, você me dá medo. Então vou sair de perto de fininho.

Ele realmente saiu, mas eu não parei de brilhar os olhos, até lembrar-me de Jeon. O pobre coitado apanhou de verdade naquele minuto e meio e foi levado, fora a cotovelada que eu dei, então foi levado para a tenda que estávamos na hora de nos trocar. Corri até ele.

– JEON! PRECISO DE DICAS! – berrei, me jogando dentro da tenda.

Ele estava deitado sozinho num sofá pequeno e aparentemente desconfortável.

– Querida, Lucy! – ele disse, animado ao me ver. – Quer terminar de quebrar meu nariz? Hahaha.

– Não não não, meu querido rapaz de olhos puxados. – falei numa pretensão descomunal, o que o fez gargalhar. – Quero dicas sobre como é o Lucky na arena. Ele é, atualmente, um membro da minha lista negra.

– Ahh, faz sentido então. Cara, tu vai perder dele SE vocês batalharem.

Torci o nariz e me aproximei dele, beliscando sua pele e escutando seus “ai ai ai ai” repetitivos.

– Como assim perder? E como assim SE? Ele te deu uma surra, com certeza vai para a final.

– Ele não vai chegar na final.

Foi quando nós dois escutamos urros do lado de fora da tenda, vindos da arena. E um berro no microfone de Quentin: “VITÓRIA JEDI!”.

– Quem estava na batalha agora? – perguntei rapidamente, olhando para fora.

– Dentista de Barbie, o Matt batalhou e o Matt vai acabar com o Lucky hahaha.

Minha espinha retorceu e eu deixei Jeon sozinho na tenda sem falar nada. Aí vi Matt descer da arena sem uma gota de suor e com os dentes amostra de orelha a orelha.

O topo da minha lista de assassinatos ficava alternando entre Lucky e Matt constantemente. Eu tinha que me decidir até o fim da tarde. Tarde esta que durou uma eternidade até minha outra batalha, quando eu derrotei um menino magrelo como Eric dos amarelos. Lucky também derrotou seu oponente, e Matt também.

Foi então que eu, Matt e Lucky fomos chamados ao centro da arena. Nós três éramos os finalistas!

– Meus parabéns, jovens padawans. – Quentin recitou com um sorriso – Vocês três são os finalistas da batalha. Como podem ver, temos dois Jedi e um Sith (Lucky). E, por coincidência, os dois Jedi são Azuis. Façamos o seguinte: Um de vocês vai representar a final contra Lucky. Escolham quem será.

Os raios dos meus olhos voaram na cabeça de Matt, enquanto eu falava alto e claro:

– Eu vou!

– Nada disso, piolho de pulga. Eu vou, Quentin. – Matt me desafiou, firmemente.

Quentin revirou os olhos e pediu uma moeda para o Yoda.

– Cara é o Matt, e coroa é a Lucy. Vão rezando aí para os deuses que vocês acreditam.

Subitamente, a moeda foi lançada e com ela a minha chance de vingança... Foi por água abaixo.

– NOOOOOO! – choraminguei quando a moeda deu cara e fui forçada a deixar a arena.

O destino havia decidido e não havia nada que eu pudesse fazer, apenas assistir meus dois odiados gladiarem... O que eu rezei para acontecer, já que eram ambos membros do fã club “Atormente Lucy Farrell”.

– Essa vai ser por roubar um beijo da minha futura garota. – Lucky disse, girando o próprio sabre de luz e se pondo em posição.

– Arranca as bolas dele! – eu gritei na torcida e Charlotte me encarou.

Matt levantou as sobrancelhas e falou ligeiro:

– E essa vai ser por ter roubado o beijo da Esther. Ele era meu.

– Faça ele sangrar! – gritei outra vez antes de me tocar do que Matt havia acabado de falar. – Ei, espera. Como assim o Lucky roubou o beijo da Esther?

Charlotte riu.

– Para quem você está torcendo, Lucy?

– Para que eles se matem. Charlotte, o que o Matt quis dizer com o beijo da Esther? – perguntei, agoniando.

– Sabe, o Lucky ficou com a Esther esses dias. – ela respondeu, calmamente – Pelo menos, essa é a fofoca que está rolando. Parece que enquanto as meninas pregaram aquela peça com você na cabana do pescador, a Esther e o Lucky estavam dando amassos e foram vistos por alguém do grupo Verde.

Pisquei violentamente os olhos e algo fez sentido. Ele estava se vingando de Esther e Lucky quando me beijou... O que me deu ainda mais ódio no coração!

– Eu não sou um objeto a ser usado em vinganças! Eu que me vingo! – rosnei e me levantei na torcida – LUCKY, SOU SUA SE VOCÊ FIZER O MATT SANGRAR!

Charlotte caiu na gargalhada, mas os dois rapazes sequer me escutaram.

– Que a Força esteja com vocês. Comecem!

Lucky praticamente saltou em cima de Matt com muita força no ataque! O delinquente quase não teve tempo de desviar, batendo o sabre no outro e nos fazendo escutar TIIIIM alto e forte. Subitamente, uma série de ataques rápida e forte de Lucky, principalmente de frente, foi lançando Matt para trás com passos firmes. Ele sabia o que estava fazendo.

Matt lançou-se para o lado, tentando fugir do sabre inimigo, e caiu numa cambalhota. Os Brancos urraram, animados! Já eu, comecei a ficar nervosa, Lucky não estava para brincadeira... Entrei num conflito interno medonho, imaginando quão ruim seria se Lucky vencesse também.

– Já cansou? – Lucky zombou e me olhou de dentro da arena, dando uma piscadela.

– Vamos, eu quero algo interessante. – Matt riu e começou a passar o sabre de luz de um lado para o outro, rodopiando-o em diagonais. – “Um Jedi usa a Força para sabedoria e defesa, nunca para o ataque”.

– É por isso que eu agradeço ser um Sith o tempo inteiro...

Lucky tentou um ataque de baixo para cima, batendo os sabres. Outra vez, Matt esquivou. Ele estava esquivando demais! De repente, Matt se fez suficientemente perto para atacar, achando uma brecha e se postando na diagonal desprotegida de Lucky! Ali foi a chance perfeita para acabar de vez e rápido, mas o idiota delinquente só foi capaz de rir e assoprar nos olhos de Lucky, que se jogou para trás.

– Sith, é? – Matt continuou rindo, enquanto coçava a cabeça – Com a guarda baixa assim, não chega nem a ser um clone.

Os Azuis gritaram de emoção! E os Vermelhos! E os Laranjas! E os Verdes! E os Amarelos! Aquele movimento de Matt aqueceu a luta num quase fim. Eu realmente não esperava que ele tivesse fôlego para aquele movimento.

O Branco e o Azul começaram a se golpear, como se lutassem com espadas medievais. O som dos sabres era terrivelmente ensurdecedor, piores que nas outras lutas. Parecia que a força deles era maior em cada golpe. E eu que pensava que eram amigos por conta da caça aos sutiãs...

E quando eu achava que Matt começava a encurralar Lucky, ele sempre hesitava para trás ou para os lados. Ele realmente tinha incorporado o personagem Jedi naquela dinâmica, o que deixava o outro pervertido ainda mais inquieto e nervoso. Aquela era a estratégia dele.

– Eu disse que Matt ia vencer. – Jeon disse, em pé perto de mim.

Os movimentos ficaram mais claros cada vez eu piscava. Um terror, aquele aspirante a traficante era um terror.

Foi quando Lucky tentou um ataque lateral, imitando o estilo do maluco do meu grupo, e se atrapalhou quando o alvo desviou e bateu levemente o sabre seu braço. Ele perdeu o braço esquerdo, o que usava para manejar a arma. Nós comemoramos (sim, eu também comemorei).

Matt então bateu em outra perna e Lucky perdeu mais um membro. Por trás, também foi atingida a outra perna, sendo seguida pelo braço direito.

A vitória foi aquela, quando Lucky caiu de joelhos na arena e olhou surpreso para seu inimigo Jedi. Matt havia ganho, surpreendendo a mim e não surpreendendo a Jeon.

– Foi divertido, Lucky. – Matt disse, sorrindo e tocando de leve a ponta do próprio sabre no peito de Lucky, que caiu morto no chão da arena.

Quentin e o monitor Yoda se aproximaram de Matt e ergueram seu braço, elegendo-o vencedor. Todos que assistiam a batalha berraram de emoção e entusiasmo! Ele havia humilhado Lucky com facilidade e pés leves de moça. Eu não consegui acreditar por um longo instante.

Foi então que uma idéia me veio a cabeça, uma idéia que eu não fazia noção de quanto me arrependeria. Ali estava a hora perfeita para surgir minha vingança e ainda completar minha fantasia de Star Wars! Levantei-me com um sorriso de ponta a ponta, aproximando-me da escada da arena enquanto Quentin recitava:

– Os vencedores são os Jed-

– Esperem um pouco! – berrei, interrompendo o som de toda a feira cultura e chamando atenção de todos. Pude ver que Charlotte franzia as sobrancelhas e que Eric crescia os olhos com medo do que eu fosse fazer. Subi para a arena e apertei o botão do cabo do meu sabre, liberando-o e apontando-o para Matt. – Eu te desafio, Jedi.

Matt retorceu a boca e balbuciou:

– Como é, Oompa Loompa?

Quentin abaixou o braço de Matt e abriu o maior sorriso que já tinha visto dele.

– Que a Força esteja com vocês!

– Como assim? Eu já venci! – o nojento não entendeu direito meu desafio integrado a Star Wars.

– Cara, - Quentin continuou sorrindo enquanto falava – ela quer se vingar de você, ela virou Sith!

O queixo de todos caiu e uma onda de urros começou a clamar por mim:

– VAI LUCY!

– ACABA COM ELE!

– AZUL CONTRA AZUL! CARAMBA!

Matt retraiu seu sabre no cabo e resmungou:

– Eu não vou lutar contra esse projeto de gente.

– Ah, vai sim! – resmunguei.

Minha mão foi para o fim do cabo do sabre, enquanto eu deferia um golpe de baixo para cima, mirando no você-sabe-o-que de Matt. Infelizmente, ele saltou para trás como uma gazela, continuando a ter bolas.

– Sua maluca!

Muitos aplaudiram e outros riram da situação. Nem mesmo Matt poderia deixar quieta aquela situação. Ele revirou os olhos e apertou o botão para abrir o sabre, girando-o nas laterais como fez com Lucky.

– Comecem!

Encaramos-nos no fundo dos olhos. Ele deve ter percebido que não podia agir como fez com Lucky, sempre esquivando, então foi o primeiro a atacar, lançando o sabre na direção do meu abdômen. Felizmente, sou pequena! Meu abdômen era baixo demais, o que fez a guarda dele baixar e eu girar para o lado, mirando atingi-lo no ombro. O que não aconteceu, já que ele também desviou de mim.

“Você subestima o meu poder.” – falei a citação de Skywalker.

– Então ataque, pigmeu. – ele me enfrentou.

Mordi o lábio e bati, furiosamente, meu sabre de luz no dele. Começamos a nos golpear mutuamente. Ele estava pegando leve comigo, o que me deixou furiosa e me fez perder o controle da força que eu colocava no sabre e nos golpes. Atingi o braço dele (o que não manejava o sabre) com mais dureza que eu pretendia (e podia).

– Ai, droga! Quer quebrar meu braço?! – ele resmungou, parando de me atacar.

– Então me ataca direito, droga! Eu to me vingando de você, aqui!

– Eu não to nem aí! Eu nem quero lutar contigo! Olha o teu tamanho. – ele falou e eu bati novamente no mesmo braço – Ai, droga! Esse braço já era, não precisa bater de novo!

Revirei os olhos e ele riu, surgindo com um ataque próximo. Até que eu tentei escapar, mas ele não mirava em mim especificamente. Ele lançou o corpo contra o meu, me empurrando e me fazendo cair de imediato.

Quando percebi, outro ataque veio de cima! Rolei no chão da arena, mas... Ao me levantar, pisei de mal jeito. Meu pé entortou e gemi de dor.

– Ai, droga!

Entretanto, Matt estava ocupado demais com seu ego inabalável que não me viu com dor e me empurrou novamente com seu corpo grande e cheio de ossos pesados... E eu caí por cima do pé que havia entortado. Como resultado: TORCI O TORNOZELO.

– E aí, quer que eu pegue leve? – ele deu uma risadinha e se aproximou de mim enquanto fechava o próprio sabre de luz, que estava caída entre gemidos agonizantes. Meu tornozelo realmente doía!

Olhei para ele com sua pinta de valentão ridículo e seu olhar de desprezo para mim – saiu do personagem Jedi bonzinho com passos leves que tinha contra Lucky e entrou naquele demônio de bigode de porteiro. Minha raiva dele só aumentou. Lentamente, percebi o quando ele se aproximava do meu corpo. Achei então a brecha perfeita...

Enrosquei minhas coxas numa das pernas dele e girei, fazendo-o cair e me fazendo ficar em cima dele. Peguei meu sabre de luz e o apontei para o peito de Matt, quase encostando e vendo seu olhar de susto.

– Últimas palavras?! – falei, arrastando olhares surpresos de todos ao nosso redor. Vi também o piscar de olhos que Matt fez, violentamente. Seus olhos eram verdes e só ali eu os tinha percebido em cima das olheiras do tamanho de baleias. – E aí, frangote?

Ele sorriu.

Tomei um soco na barriga que na verdade não foi um soco... Matt abriu o próprio sabre e me atingiu na barriga.

– Você morreu. – Matt falou algo que eu demorei a perceber.

Caí ao seu lado, morta, enquanto todos comemoravam ou achavam maravilhosa a partida. Quentin veio logo em seguida para levantá-lo e exibi-lo a todos, mas eu continuei caída no meio dos meus cabelos ruivos (que para mim, simbolizavam meu sangue jorrado e minha dignidade esparramada no chão).

Fiquei estendida no chão, absorvendo minha dor e minha derrota por um longo tempo. Tempo suficiente para Quentin e a maioria dos campistas dispersarem. Com exceção daquele que foi esfregar a vitória na minha cara.

– Não quero ouvir nada. – falei quando Matt se agachou ao meu lado. Ele riu.

– Levanta daí. Teu orgulho é maior que a tua altura?

Revirei os olhos e o observei também. Já era meu plano de vingança e já era minha moral naquele acampamento depois da humilhação. Então me lembrei da conversa que ele e Lucky tiveram bem no início da final que travaram.

– Eu não sabia que o Lucky tinha ficado com a Esther. – falei e Matt suspirou, sentando-se no chão da arena. – Foi por isso que você me beijou na frente dos dois?

– Para uma nerd, você é bem lerdinha. Devo admitir que foi uma vingança muito interessante com os dois. – ele falou e rapidamente pôs as mãos em defesa própria, esperando que eu fosse matá-lo. – Não vai me bater?

Suspirei com o peso da derrota, ainda deitada.

– O fracasso me corrói.

– Então me desculpa pelo beijo. – Matt disse, rindo. O que me surpreendeu... Ele pediu realmente desculpa. – É bem divertido te atormentar, mas eu só insultei com Lucky e o fiz te perseguir. Juro que não beijaria outra vez se soubesse que levaria as mordidas e faria Lucky ser muito pervertido contigo.

Ele parecia estar sendo sincero. Lembrei-me das mordidas e ri também.

– É, a culpa é sua se o louco inventou de me assediar... – parei por um instante, calada. Aquele deve ter sido o primeiro momento em todos os dias de acampamento que eu e Matt ficamos calados ao mesmo tempo.

Matt era uma pessoa odiosa, mas não esqueceu de mim quando venceu. Foi realmente legal da parte dele até o pedido de desculpas por algo que eu tinha odiado demais! Precisei ler outra vez o que havia escrito no início da dica para lembrar porque o odiava... Dessa vez, e dessa única vez, eu não tinha muito motivo para querer matá-lo. Lucky subiu para o topo da lista daqueles que morreriam.

– Que tal uma trégua temporária entre nós dois? – Matt falou, estendendo a mão para apertar a minha. E eu ainda estava deitada, vale lembrar. – Eu sei que você me odeia e tudo mais, mas depois de hoje acho que já podemos respirar fundo, certo?

Eu pensei três vezes antes de aceitar a trégua entre nós dois. Pensei nas vantagens que poderia ter. Provavelmente, ele pararia de me atormentar e deixaria isso apenas para Jeon e Lucky, o que já diminuía bastante o clube. Também pensei no meu tornozelo torcido. Ele me deixaria ali estendida se não fosse a trégua, possivelmente.

– Está certo. Estamos de trégua.

Apertamos as mãos e puft. A briga acabou.

– Então levanta daí, já está quase na hora do jantar. – Matt resmungou e levantou, mas eu não me mexi. – Vamos, senão eu te deixo aí. Quero sentar com a Esther hoje e me redimir do beijo que te dei.

Mordi meu lábio e suspirei, ainda mais humilhada.

– Não posso levantar, gênio. Quando você me derrubou, eu torci meu tornozelo direito.

Matt soltou uma risadinha, mas eu não o acompanhei.

– Espera, ta falando sério? – ele se abaixou e pegou no meu tornozelo. – Dói aqui?

Doeu... E muito...

– Vai doer mais em você se não largar. Lógico que ta doendo, eu torci o tornozelo!

Foi quando Charlotte surgiu na arena, jogando seus cabelos loiros de um lado para o outro e piscando seus olhos perfeitos e curiosos para nós.

– O que aconteceu que vocês dois não saíram ainda? – ela perguntou.

– A Lucy torceu o tornozelo. – Matt falou sério. – Vamos ter que levá-la para a enfermaria. Quer que eu chame o Quentin, Char?

“Char” ele disse numa intimidade meiga e adorável... Adorável demais e íntimo demais.

– Não, ele já foi encaminhar os Azuis para o banho antes do jantar. – Charlotte falou e coçou a sobrancelha – Tem como você levá-la, Matt?

– Eu posso ir mancando. – falei, sentando.

– Relaxa, nós estamos de trégua. Só não pode falar para a Esther que eu fiz isso. – Matt riu antes de passar um braço embaixo da minha perna e o outro pelas minhas costas. Eu estava nos braços dele, quase o dobro da minha altura do chão.

A pessoa de quem eu ia me vingar acabou me levando nos braços para a enfermaria, desejando tanto quanto eu que ninguém nos visse ali. Esperamos de coração que Charlotte ficasse de bico calado.


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Notas finais do capítulo

Eu SÓ amo o Matt kkk ele é tão fofo que tem que ficar sozinho no final da história



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