Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 11
Dica 11 - Memorize o caminho do banheiro


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo gigaenorme é um tanto dramático e tem várias coisas acontecendo, principalmente o "Dia de Caça aos Sutiãs" kkk. Espero que gostem, acabou de ficar pronto e eu nem revisei (como se eu revisasse os meus capítulos kkk).



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Décima Primeira Dica: Memorize o caminho do banheiro na calada da noite.

Isso é crucial, sempre tenham essa dica em mente! Muitos acampamentos costumam apagar todas as luzes durante a noite, o que significa que se você ficar apertada na madrugada talvez não tenha para onde fugir. Mas se você souber o caminho, tudo é facilitado, entende? Desse jeito você não é surpreendida por coisas da noite ou visitas inesperadas. E quando eu falo de visitas inesperadas, estou falando sério! MUITO SÉRIO!

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Nossa alegria foi parcialmente acabada... Eu acho...

Naquela noite, depois de um longo jantar animado entre os Azuis, afinal nós tínhamos ganhado a competição contra os Vermelhos no viveiro das aves, fomos surpreendidos pelo anúncio do Senhor Turner:

- Depois da contagem dos pontos dessa tarde, temos a colocação seguinte: Em primeiro lugar os Brancos com 120 pontos! – todos os Brancos aplaudiram, mas sem muito entusiasmo (só lembrando, eles eram os estranhos de QI alto que não se misturavam). Aparentemente eles tinham vencido os Verdes no Pântano... Mas foi aí que eu me surpreendi mais ainda, afinal eu achava que NÓS estaríamos em segundo lugar! – Seguidos dos Laranjas com 85 pontos! Azuis com 80 pontos! Vermelhos com 70 pontos! Amarelos com 60 pontos! Verdes com 55 pontos!

Meu queixo caiu e um pensamento apenas rodou minha cabeça.

- Eu não acredito que eu quase morri com aquelas malditas avestruzes por causa de míseros vinte pontos. – bufei sem querer alto e Matt soltou um muxoxo. Como ele poderia ficar tão calmo com aquela baixaria?! – E os Laranjas ainda estão na nossa frente.

- A atividade dos Laranjas deve ter sido maior que a nossa. – Charlotte explicou com calma. – Cada atividade ou desafio tem uma certa pontuação para o vencedor e para o perdedor, fora os pontos a mais que alguns monitores dão. Assim, todos ganham alguma coisa. O pântano deu 50 pontos para os Brancos e 35 pontos para os Verdes. O “Decatlo Acadêmico do Acampamento” foi o que os Laranjas ganharam, então subiram 65 pontos.

- Eu montei um avestruz, poxa! – falei e estrangulei um pescoço imaginário. Infelizmente, nada havia de ser feito senão lamentar e lamentar. E, lógico, ouvir as risadas incessante de Matt... QUE NOVIDADE!

- Devo lembrar mais uma vez que amanhã teremos a apresentação da fogueira dos Amarelos! – o Sr. Turner falou e alguns membros do grupo Amarelo vibraram. Mas só alguns... Eles eram extremamente apáticos!                                                         

O meu “eu” normal ia querer se esquivar das risadas ou do assunto sobre o nosso desafio desastroso, mas naquele momento (durante a nossa ida para a Grande Casa, durante o jantar, durante o bate-papo depois, durante a sobremesa, durante QUALQUER INSTANTE EM QUE EU ESTIVESSE RESPIRANDO) meu olhar se arrastava para a mesa em que Jeffrey estava. Bette tinha feito questão de sentar com ele bem longe de mim por causa daquela especulação de eu estar afim dele.

Eu não tinha ficado parada encarando o nariz dele porque estava afim dele! Não, longe disso! O problema é que ele encarava a minha mesa de volta! Eu tinha que ficar vigiando para saber se ele olharia outra vez. Estaria ele olhando para mim? Ou para Jenna com as olheiras de abismo? Ou para a Charlotte rindo como uma modelo? Ou para o Matt enfiando macarrão pelo nariz? Ou para o Jeon brincando com os próprios mamilos?

Sou eu ou as pessoas com quem eu ando nesse acampamento não batem bem da cabeça?

Mas o mais interessante da noite não foi nada disso! O mais interessante foi o que aconteceu na seqüência! Depois que comemos e conversamos na Grande Casa, tinha chegado a hora do toque de recolher, então eu, Charlotte e Jenna andamos tranquilamente para a saída comigo olhando sem parar para os lados à espreita de dar de cara com Jeffrey e ter algo para dizer...

Jeon pigarreou nas nossas costas e nos viramos para ele.

- Já vão dormir, meninas? – ele falou de maneira pretensiosa e assombrosa. Estava tramando algo.

- E isso interessa, asiático? – Jenna cortou com a voz rouca.

Eu estremeci, Jenna realmente era sinistra.

- Só vim desejar boa noite. – Jeon riu e eu pisquei ferozmente.

- Tem alguma coisa para dizer, Jeon? – Charlotte falou com calma, ela também tinha percebido que algo estava errado.

Ele deu entre ombros e eu falei devagar, arqueando as sobrancelhas:

- Então nós já vamos... Boa noite e até amanhã, eu acho...

- Até mais tarde, pequinez.

Até mais tarde? ATÉ MAIS TARDE? Ele realmente estava planejando alguma coisa, não estava com um olhar normal! E de início eu achei que fosse apenas paranóia minha, então ignorei ao máximo até podermos chegar nas cabanas e vestirmos os pijamas.

Nosso banheiro era separado dos dormitórios. Era um tipo de casa perto das cabanas repleta de boxes para que todas as meninas do acampamento usassem. Mal cheguei com minhas coisas e já dei de cara com Charlotte na pia escovando seus dentes. Ela sempre ficava na primeira pia e Bette SEMPRE implicava com isso...

- Charlotte, notou alguma coisa estranha em... alguém, hoje? – perguntei com um pé para trás. Ela estava escovando os dentes então simplesmente deu entre ombros com a minha pergunta. – Alguém do grupo vermelho que estava hoje agindo estranho...

Eu estava falando de JEON! JEON! Mas a irritante da Bette Larsen chegou ao meu lado e contraiu aqueles olhos feios por detrás dos óculos.

- Jeffrey não é o cara pra você!

Eu abri a boca de uma vez e Charlotte cuspiu a pasta de dente num susto.

- Do que você está falando, garota?! – balbuciei eletrizada.

- Espera um pouco! Jeffrey e Lucy?! – Charlotte ficou mais surpresa que EU! – É brincadeira, não é?!

Bette revirou os olhos e disse:

- Brincadeira?! Essa garota fica toda de conversinha para cima do meu irmão só para tirar a atenção dele. Mas eu sei qual o jogo de vocês, Azuis! Estou de olho!

Estapeei minha própria cara, enquanto ela ia embora.

- Essa garota tem problemas mentais.

- É, ela é exagerada. – Charlotte disse e voltou a escovar os dentes. Por um momento pensei que ela realmente tivesse acreditado na bobagem de Bette, considerando que ela tem certa aversão àquela garota.

Pensei em ir ao banheiro, mas todos os boxes estavam cheios então deixei para lá. Caminhei devagar para a cabana, e finalmente escrevi a dica sobre avestruzes. Mas o dia hoje recebeu OUTRA DICA!

Acordei no meio da noite morrendo de vontade de ir ao banheiro! Olhei para o relógio e já tinha passado de uma hora da madrugada, então todo mundo estaria dormindo. Olhei do lado de fora da barraca e tudo estava no breu! A única coisa que veio na minha mente foi:

“Onde diabos está o banheiro?!”

Comecei a andar sem saber para onde estava indo! Não tinha uma luz sequer!!! Mas com o tempo minha visão foi se acostumando e eu fiquei ainda mais perdida. Estava no meio de várias cabanas sem saber o caminho certo. A calça do meu pijama arrastava na areia, então minha agonia foi ainda maior. Era meu pijama favorito...

Quando finalmente enxerguei alguma coisa que parecia um ponto de luz, corri na direção e tropecei num desnível, caindo de cara na areia. Levantei só o rosto, querendo choramingar para alguém o maldizer os deuses, mas só consegui ver o brilho se aproximando... e aproximando...

- Pintora de rodapé? – Jonathan Turner falou com uma lanterna nas mãos – O que você está fazendo acordada?

Levantei-me e franzi as sobrancelhas. Ele estava ali no meio do nosso campo feminino com uma lanterna. Olhei novamente e vi que segurava uma tampa de panela também.

- O que eu to fazendo acordada? O que você está fazendo aqui? – balbuciei.

Outros passos chegaram perto, era Jeon e outro garoto dos Vermelhos.

- O que aconteceu, por que parou? – o garoto cochichou.

- Lucy? Por que está aqui? – Jeon também falou baixo. – Jonathan, por que ela está aqui?

Então várias luzes se acenderam de pouco em pouco, como se várias lanternas a gás fossem ligadas no meio das árvores que rodeavam a clareira das barracas femininas.

- Vai começar. – Jeon sorriu malicioso. Eu ODEIE aquele sorriso!

Os três tinham máscaras macabras de porcos, cavalos e homem ensangüentados e subitamente as colocaram no rosto. Pegaram também as tampas das panelas e passaram direto por mim.

Muitos rapazes surgiram de repente e começaram a passar por mim e andar em silêncio na direção das cabanas, todos com máscaras, sujos de ketchup ou com alguma coisa que lembrasse filmes de terror, tampas de panela e chocalhos. Eu fiquei parada e boquiaberta, estava surtando na minha mente, mas completamente imóvel para todos que passavam por mim e simplesmente ignoravam.

Foi então que escutei um grande barulho de sino vindo detrás de mim. Virei e lá estava Matt em cima do telhado do banheiro, sendo iluminado por várias lanternas e chacoalhando um sino estridente.

- QUE COMECE A NOITE DOS HOMENS! – ele berrou e todos gritaram de uma vez. – ESTÁ ABERTA A TEMPORADA DE CAÇA AOS SUTIÃS!

Os caras de todo o acampamento estavam ali! Eles entraram nos dormitórios berrando e fazendo barulho e eu só fui capaz de escutar os gritos das meninas de susto.

Eu tinha que fazer alguma coisa! Não podia deixar que essa tortura de homens VS. Mulheres começasse! Ah, não!

Quando todas as meninas começaram a correr para fora das barracas, eles berraram ainda mais alto, piscando as lanternas e as deixando confusas. Eu mesma mal consegui distinguir o que estava acontecendo quando todas as luzes acendiam e apagavam e as garotas corriam e tropeçavam por todos os lados. Cheguei a ver Bette Larsen passar por mim com uma máscara verde em prantos.

“Só há uma maneira de parar a confusão” eu pensei e procurei novamente pela casa do banheiro. Corri para lá assim que pude e entrei com tudo pela porta, ligando as luzes e vendo que algumas garotas estavam escondidas debaixo da pia.

- Esther? – engasguei quando a vi agachada.

- Cala a boca e desliga essa luz, sua burra. – Esther Devosso rosnou e se encolheu ainda mais.

- Esther, temos que ajudar as meninas. – falei como se fosse a heroína da história.

- Eles fazem isso todo ano, logo vão começar a enfileirar as meninas e pegar os sutiãs das barracas! Agora saia daqui e encontre seu próprio esconderijo!

Revirei os olhos e fui direto para o buraco que estava a mangueira de incêndio. Aquela era a melhor maneira de tirar os imbecis do dormitório feminino, eu pensei.

- Ei, o que ela está fazendo? – Anna Pierce murmurou quando me viu desenrolar a mangueira e passar direto por elas.

- Vou tirar os idiotas daqui...

Mas antes que eu cruzasse a saída do banheiro, Charlotte entrou correndo e bateu com toda a força a porta.

- Lucy?! – ela falou ofegando e viu que eu estava com a mangueira em mãos – O que vai fazer?

Cocei a cabeça e falei:

- Vou dar um jeito nos rapazes.

Foi então que Charlotte deu um sorriso de lado e parou de ofegar. Algo estava saindo de sua mente diabolicamente brilhante!

- Se vai fazer isso, tem que esperar a hora certa...

A “hora certa” que ela disse, foi a mesma que Esther dera de dica.

Todos os rapazes tinham enfileirado as garotas na frente do banheiro, cada um segurava um sutiã diferente e de cor diferente. O plano deles era usar e berrar para as meninas, como se fossem humilhá-las depois de terem acordado as pobres coitadas com barulhos e sustos, mas o nosso plano era surpreendê-los e dar-lhes um banho.

Eu, sinceramente, sugeri à Charlotte que fizéssemos Matt engolir o máximo de água possível (quem sabe poderíamos matá-lo afogado), mas ela não deixou...

Foi então que o ritual deles começou, e eu e Charlotte começamos a espiar por uma fresta na porta. Tudo estava escuro e os caras apontavam as lanternas apenas para os próprios rostos.

- Todos os anos, os rapazes do Acampamento Turner tem a temporada de caça. – Matt falava, marchando na frente da fileira dos rapazes mascarados e arrancando “mimimi’s” das meninas. – Este ano, tentaram acabar com a brincadeira, fechando todas as luzes... Mal sabem eles que tudo no escuro é melhor!

Eles riram e eu senti vontade de vomitar com aquela cantada barata.

Jonathan passou a frente e apontou sua lanterna para uma garota qualquer.

- Sabe o que nós viemos fazer, não sabe? – ele disse com sua pinta de bad boy.

- CAÇA ÀS LINGERIES! – todos gritaram e algumas meninas ainda se assustaram.

- Sabe o que nós já temos, não sabe? – Jonathan apontou para outra garota, mas foi direto para Jenna (que manteve a cara inexpressiva).

- Todos são virgens sonhando com lingeries femininos, que dó.

Alguns riram e Jonathan simplesmente enriqueceu o rosto.

- E como final para o ritual da caça... – Matt berrou, batendo suas panelas e rindo – TRAGAM OS BALDES!

Alguns garotos surgiram enfileirados, dentre eles estava Eric, carregando baldes cheios d’água.

- Agora eles vão jogar nas meninas, é a nossa hora. – Charlotte sibilou com um sorriso.

Abrimos lentamente a porta e tudo passou como se estivesse em câmera lenta. Os rapazes estavam se posicionando para jogar a água quando nos viram e começaram a berrar. Matt, Jonathan e o líder dos Brancos se voltaram de imediato para nós e abriram a boca com o susto...

- Hasta la vista, baby. – citei a célebre frase de Schwarzenegger como se quisesse algum crédito naquilo. Achei que tudo fosse ficar bem e que nós só daríamos um susto neles...

Abri a maldita tranca da mangueira e o maior jato de água que já vi na minha vida saiu de repente e bateu bem na cara de Matt, derrubando-o. Em seguida, Jonathan e Jeon entre outros garotos!

O único problema foi que a água era tão forte e eu sou TÃO PEQUENA que comecei a perder o controle e gritar desesperadamente quando a mangueira começou a dançar loucamente. Todo mundo estava gritando e dispersando, enquanto eu simplesmente tentava controlar o incontrolável! Charlotte inclusive tentou me ajudar a segurar aquele monstro desenfreado, mas a boca da mangueira rodopiava e sempre ameaçava bater na minha cara ou na cara de alguém.

Só consegui controlar a situação quando pulei em cima do bico de ferro e fiquei deitada com ele no chão, enquanto a água jorrava na areia.

- O que está acontecendo aqui?! – alguém com voz grossa berrou antes que eu sentisse a água diminuir e os gritos pararem.

As luzes dos postes de iluminação se acenderam e consegui ver tudo bem melhor. O chão estava completamente alagado, algumas meninas saiam devagar das barracas e ou rapazes tentavam esconder os sutiãs roubados (muitas vezes dentro das próprias calças). Foi então que eu mesma me levantei devagar e dei de cara com Quentin andando na minha direção... E a sua expressão era furiosa e assustadora...

- Lucy! Explique o que estava fazendo com a mangueira de incêndio! – ele bufou e me deixou paralisada. Quentin tinha acabado de perder a posição de herói de contos de fada para monstro devorador de corações.

- Eu estava tentando parar os meninos... – eu disse entre pausas. – Eles chegaram berrando e iam molhar as meninas de pijamas no meio do escuro.

Ele revirou os olhos e passou a mão nas sobrancelhas.

- Matt! Lucky! Jonathan! Venham agora aqui! – ele berrou, retirando a mangueira do chão e me afastando só com o olhar fulminante.

Ele era ainda mais sexy quando estava com raiva, puta que...

Enfim, quando Matt, o líder dos Brancos e Jonathan chegaram perto, estavam acuados entre os ombros, prontos para uma bronca daquelas!

- Quentin, cara, você sabe que é tradição o Dia da Caça. – Lucky falou, balançando os cabelos loiros.

- É, deixa passar. A miúda também fez um estrago! A gente devolve os sutiãs todos... – Jonathan tentou se explicar ao mesmo tempo.

- Dia de Caça, Quentin! Você era mestre nisso na minha primeira vez no acampamento! – Matt falou.

Então meu queixo caiu! Quentin-Perfeito-Deus-Grego CAÇAVA SUTIÃS?!

- Mas vocês são muito idiotas, não sabem nem fazer o Dia da Caça direito. – Quentin brigou e suspirou pesadamente em seguida quando alguns monitores chegaram ao seu lado, entre eles Jean Devosso. – Não vou reportar o ocorrido pro Sr. Turner, mas vou retirar pontos de vocês. Jean, anote aí: Menos vinte pontos para todos os grupos por causa da bagunça! E, de quebra, menos dez para os Brancos, Azuis e Vermelhos, os cabeças idiotas que foram pegos.

- O QUEEEEE?! – todo mundo gritou, principalmente quem fazia parte dos três benditos grupos que perderiam NÃO VINTE, MAS TRINTA PONTOS!

- Mas, espera um pouco, Quentin! Tudo teria saído bem se a pequinês não tivesse se metido! – Lucky ainda insistiu, mas só conseguiu fazer com que o olhar severo dele se arrastasse para mim.

- Tudo bem, por causa do desperdício de água, menos cinco pontos por causa da Lucy. – ele resmungou.

Foi quando Jean Devosso chegou ao lado dele com um risinho.

- Eu dou quinze pontos para os Azuis por causa da fibra de Lucy. – ela falou, rindo e fazendo com que Quentin soltasse um muxoxo de graça. Ele deu entre ombros e saiu de perto de nós, caminhando para onde todos os outros monitores estavam – MUITO BEM, PESSOAL, A FESTA ACABOU! VOLTEM PARA SUAS BARRACAS! VAMOS APAGAR AS LUZES!

Se minhas contas estavam certas, os Brancos estavam com 90 pontos, os Laranjas com 65 pontos, os Azuis com 55 pontos, os Vermelhos com 40 pontos, os Amarelos com 40 pontos e os Verdes com 35 pontos. Todos saíram dali rangendo os dentes de ódio, molhados ou sujos de terra. O “Dia de Caça aos Sutiãs” tinha acabado num desastre por minha causa? Não, era para ser um desastre de qualquer maneira, mas eu só fiz chamar atenção e receber os sutiãs de volta sem nenhum trauma para as meninas.

Achei que todas ficariam com raiva de mim por causa dos pontos, mas me enganei.

- Você foi corajosa, Lucy. – uma menina qualquer falou para mim quando eu passei. E, mais impossível que eu achava que fosse, ela estava sorrindo.

- É, Lucy, acho que eles vão começar a parar com a tradição do Dia de Caça. Obrigada mesmo. – outra falou.

Até mesmo a líder dos Laranjas chegou perto de mim com os braços cruzados e os cabelos ruivos assanhados.

- Garota, apesar de termos perdido os pontos, estou feliz por você ter feito o que fez. Valeu mesmo...

- Ah, eu fiz o que me pareceu certo por um momento. – eu disse sem entender direto o que estava acontecendo. Eu estava sendo parabenizada por ter expulsado os meninos dali?!

Entre na minha barraca depois de receber vários tapinhas inusitados nas costas e uma chuva de pétalas de rosa. Ok, sem chuva de rosas, mas várias carícias e sorrisos foram dadas de presente à garota que ensopou os idiotas. Então senti vontade de rir com apenas um pensamento em mente:

- Perdi a vontade de ir ao banheiro. – falei sozinha como uma louca, enquanto olhava para o teto. Eu estava deitada na cama de cima do beliche então me pendurei para falar com Charlotte quando ela entrava – Está zangada por causa dos pontos, Charlotte?

Ela riu e arrumou o próprio travesseiro na cama em baixo da minha.

- Nada disso, estou feliz por causa do fim da tradição. Duvido que eles continuem com isso na próxima temporada. – Charlotte falou devagar enquanto as outras garotas entravam na barraca também.

- Eu vou matar o Jonathan! Ele tinha que fazer a gente perder mais dez pontos?! – Bette resmungou. – Vocês também deveriam esganar o Matt pelos pontos.

Jenna esbarrou nela, falando:

- Para que brigar com Matt se a Lucy já ganhou dez pontos de volta?

- Garotos idiotas, odeio quando fazem essa brincadeira. – Anna Pierce brigou, andando na direção de sua mala – Da última vez eles entraram nas barracas enquanto a gente dormia e estenderam os sutiãs de todas na frente da Grande Casa...

Eles eram maníacos tarados, céus!

- Quando eu for líder dos Vermelhos, - Bette falou, agachando para pegar algo em baixo de sua própria cama – quero ver quem deles vai ter coragem d- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH

Todas nós pulamos de repente por causa do grito intenso que Bette deu. Eu principalmente, já que estava em cima do beliche e bati a cabeça no teto. E aquilo doeu, e como doeu! Mas a própria Bette surtou e foi pra cima do outro beliche como uma desesperada.

- O que aconteceu?! – as meninas berraram de uma vez.

- Tem um lagarto gigante em baixo da minha cama! – Bette falou tremendo.

Anna Pierce e Louise Morgan gritaram e pularam na cama com Bette. Charlotte, Jenna e eu apenas arqueamos as sobrancelhas. Fui praticamente obrigada a descer e olhar devagar o que havia debaixo da cama.

“Um lagarto, grande coisa...” foi o que eu pensei. Depois de levar um banho de gelatina, ser acorrentada ao delinqüente, levar tinta na cara, pular num lago e começar a nadar ainda acorrentada ao imbecil, dirigir uma lancha desgovernada, ver os países baixos do desgraçado do Matt, quase ser morta por um avestruz, quase perder meu sutiã para um bando de tarados e perder o controle de uma mangueira de incêndio... Um lagarto?! Não me faça rir!

O único problema era que não era um lagarto!

- Charlotte, você tem aí alguma liga? – eu falei depois que pus os olhos na criatura debaixo da cama.

Ela frisou as sobrancelhas e olhou também, em seguida arregalando os olhos para mim.

- Um filhote de jacaré?! – Charlotte balbuciou e eu assenti com um balançar de cabeça. De imediato, ela retirou a liga do cabelo e me entregou. – O que vai fazer?

Era um pequerrucho e magrinho filhote de jacaré com olhos finos e pele sequinha. Era a coisa mais fofa do mundo! Principalmente depois que eu peguei a liga de Charlotte e prendi sua boca. As meninas ainda gritaram um pouco, mas logo em seguida se acalmaram quando eu o pus no braço e disse:

- Que menino bonzinho...

Ele não tinha nem o comprimento do meu braço e era meio amarelado. Não sei ainda o motivo, mas aquele filhotinho estava sozinho na nossa barraca, assustado (coitadinho) entre os berros e gritos. Senti uma forte vontade de cuidar dele... Apenas um filhotinho desamparado.


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Notas finais do capítulo

O lado mãe da Lucy aflorou kkkk vocês vão adorar o Jack, ele é o melhor jacaré filhote de estimação do mundo! Espero que tenham gostado do capítulo ((: até o próximo! Teremos a revelação do novo bichinho das meninas haha.



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