LENALEE

        Assim que aquele enorme poder terminou, revelando um imenso buraco no lugar onde anteriormente estivera uma cidade, eu e quase todos exorcistas corremos para dentro do buraco.

            Ao longe eu vi duas pessoas de pé, um garoto de cabelos albinos, parecia seriamente ferido, sua camisa tinha ido pelos ares e a calça estava em trapos, e a sua frente, um homem em estado igual ao dele, apenas alguns passos na frente.

            O homem encostou dois dedos na cabeça de Allen e ele caiu no chão, logo após isso o homem começou a se desintegrar aos poucos. Chegamos no momento em que só restava os restos do que um dia foi um lindo terno.

            Me agachei até Allen no chão.

-ALLEN-KUN! – gritei em desespero, ele estava gelado, não sentia sua respiração e muito menos seu coração batendo – NII-SAN! VENHA AQUI! VOCÊ PRECISA FAZER ALGUMA COISA!

            Chamei meu irmão, que é um médico, ele passou algum tempo fazendo injeções e tirando sangue, fui me reunir a meus amigos, que no momento eram apenas Lavi e Sarah.

-Ele vai ficar bem? – Sarah perguntou preocupada

-E-Eu não sei... – desabafei

-Mas que golpe incrível esse – Lavi acrescentou – Eu nunca vi um ataque com uma magnitude tão grande quanto esse, fez uma cidade toda sumir do mapa... O quão forte o Allen ficou?

-Eu não tinha idéia nem do nível final da Crown-Clown, quanto mais desse ataque arrasador... No fim ele não me mostrou tudo que tinha durante o treinamento – falei

-Isso talvez seja por que você não conseguiria acompanhar o ritmo dele – Lavi disse

-O que quer dizer? – perguntei confusa

-Você viu a força dele... Mesmo que você tenha ficado mais forte, admitiu que não conseguiria fazer nada na luta entre o Allen, o Décimo Quarto e o Conde, então imagina se ele treinasse nesse nível antes de você ter essa força? – Lavi questionou

-E-Eu não tinha pensado nisso... – falei com a mão na testa – Resumindo, a única que ficou mais forte nessa uma semana foi eu?

-Não exatamente... Ele ganhou experiência com você, ele talvez tenha ficado mais forte, isso é algo que só saberemos se perguntarmos diretamente a ele.

            Meu irmão veio até nós.

-Nii-san! Como ele está? – perguntei

-Não sei, não consigo tirar uma conclusão do estado dele aqui. Seu corpo está morto ao que aparenta, mas quem sabe seja algum veneno ou uma estado de morte temporária

-Morte temporária? – perguntei estranhando

-Sim, é como o coma, mas nesse caso, a pessoa fica literalmente morta por algum tempo, mas depois o cérebro e os demais órgãos voltam a funcionar.

-Entendi...

-Então estamos levando ele para a ordem agora, depois eu te falo os resultados – ele respondeu e foi até onde alguns Finders ajuntavam Allen do chão e o transportavam para um veículo. Logo após isso, Lavi se levantou e foi atrás do nii-san, eu e Sarah ficamos ali conversando mais um tempo.

LAVI

        Fui até o Komui antes do veículo partir, o peguei antes de entrar nele e disse

-Por que mentiu pra Lenalee? – questionei

-Do que está falando Lavi-kun? – ele perguntou sem nem mesmo olhar pra mim

-Não se faça de bobo comigo Komui. Eu sei muito bem que esse “estado de morte temporária” não existe. Ele morreu mesmo? – questionei de novo

-Sim... Allen-kun está morto – ele respondeu, de novo sem nem olhar pra mim

-E por que não disse a verdade pra Lenalee?

-O que você acha que ela faria se soubesse disso aqui? – ele perguntou – Ela entraria em pânico, e poderia até mesmo tentar se matar. Se é pra escolher o lugar onde ela tem que saber dessa notícia, é bom que seja lá na ordem, onde todos podem apoiá-la.

ALLEN

        Eu estava parado em pé, logo após a explosão do meu ataque, o corpo de Neah se aproximava cada vez mais, mas seus olhos já não estavam mais distintos, eles estavam castanhos, talvez o Conde tenha morrido pra sempre dessa vez.

            Ele foi se aproximando cada vez mais, senti minhas pernas formigarem, eu morreria, a condição de executar esse golpe tão intenso, era por que a inocência se fundia com a energia vital, assim transformando em uma grande bomba.

            Ele se aproximou de mim, colocou os dois dedos na minha testa, que agora estavam rodeados com aquela aura negra.

-Você é mesmo incrível garoto... Mas eu realmente não vou te perdoar se você morrer logo depois de me derrotar... Viva Allen Walker, nunca pare de andar – ele disse

            Logo após isso eu caí no chão, e vi seu corpo começar a se dissolver, minhas pálpebras ficaram mais pesadas e eu perdi a consciência.

            Eu estava em um lugar totalmente escuro, não se via nada além de uma imensa porta prateada em minha frente, ela estava entreaberta e emanava uma luz quente e aconchegante.

            Eu estiquei a mão para abrir a porta, mas no mesmo instante alguém encostou no meu ombro, me virei e vi Neah.

-N-Neah? – perguntei assustado

-Allen. Você não pode morrer ainda. Se você abrir essa porta, será o fim. Essa é a porta do santuário, ou como vocês humanos chamam, paraíso.

-P-Paraíso? – perguntei

-Sim. Você me derrotou e derrotou o Conde. Mas essa guerra ainda não acabou – ele disse, então senti outra mão tocar o meu outro ombro, eu olho pra cima e vejo ele... Com o mesmo terno preto e a cartola grande, com seus olhos castanhos me observando.

-M-Mana? – perguntei assustado

-Allen. Nunca pare de andar Allen... Essa foi a nossa promessa. A sua hora ainda não chegou – ele disse e então ambos, Mana e Neah me viraram, mostrando uma porta esverdeada atrás de mim, esta estava fechada – Volte Allen. Viva e nunca pare de andar.

            Então ambos me empurraram pra porta que se abriu com o meu peso e no mesmo instante eu acordei. Estava em uma cama, provavelmente na ordem, não tinha ninguém por perto, então eu apenas me sentei na cama e refleti sobre esse sonho.

-Mana... Eu nunca vou parar de andar... Por que essa... É a nossa promessa – disse isso e me levantei caminhando rumo a porta do quarto.