Mulher Macho escrita por Lollichin


Capítulo 8
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Nada a declarar...



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Capítulo VII-

Vinícius POV: 

Na boa, aquilo estava muito divertido. Aquela garota corria que nem um cavalo, estava difícil conseguir me distânciar dela.

Acho que nós já tínhamos dado voltas e voltas pelo supermercado, as pessoas que estavam por lá nos olhavam assustadas. Provavelmente pensando que éramos assaltantes ou algo do tipo...

- Seu filho de uma mãe, me devolve meu açúcar! – Vociferou.

- O açúcar é meu. – Disse olhando para trás sem que parasse de correr.

A corrida só teve fim quando o gerente da loja nos parou, ai a coisa pegou.

- Se importariam de me dizerem o motivo para tanta algazarra no supermercado? – Sua voz não era nada amigável.

Bianca foi a primeira a falar.

- É tudo culpa dele, seu moço. Esse projeto de garoto delinquente roubou um açúcar do meu carrinho. – Falou apontando o dedo em minha direção.

Pigarreei.

- Nada disso, senhor, ela retirou o açúcar da cesta que minha amiga carregava. Eu apenas peguei-o de volta. – Menti descaradamente, o que fez Bianca me olhar mortalmente.

Prendi o riso.

- Isso é mentira, ele roubou o açúcar do meu carrinho! Faça alguma coisa, não fique nos olhando com essa cara de bunda, senhor moço. – Reclamou.

Certo com essa eu tossi para enganar o riso.

O gerente era um gordinho acima do peso, calvo e estava usando uma calça que aparentava ser alguns números menores do que o que ele de fato usava.

- Não há mais açúcar na prateleira? – Perguntou.

- Claro que tem, mas é que a gente fez questão de brigar por esse açúcar porque a embalagem dele é mais bonita que as outras. – Ironizou a garota TPM. Novamente prendi o riso. – É lógico que não tem mais açúcares na prateleira, isso chega a ser bastante óbvio, senhor moço, afinal, se houvessem mais açúcares eu não estaria correndo atrás desse furtador de carrinhos indefesos.

Senhor moço era tenso e mais tenso ainda era ela ter falado “furtador de carrinhos”. Garota louca, essa.

- E o que eu posso fazer por vocês, crianças? – Perguntou meio impaciente.

- Tirar das mãos desse projeto irritante de delinquente o meu açúcar! O que mais você poderia fazer? – Bianca definitivamente estava perdendo a paciência com a palermice do gerente bobão.

- Você não pode fazer isso, senhor gerente, é contra a lei, mas se quer mesmo nos ajudar, poderia ligar para o manicômio da cidade e dizer que essa garota fugiu de lá. – Falei.

- Tu vai ver do lugar que eu fugi quando meu soco te deixar inconsciente. – Resmungou.

- Uhh, morri de medo. – Debochei.

Ela tentou avançar pra cima de mim, mas o gerente ao menos serviu para alguma coisa e a freou antes que ela partisse pra cima de mim.

Nossa, com essa eu tive que respirar fundo, aquela garota era muito agressiva.

- Crianças acalmem-se, darei um jeito na situação de vocês. – Respondeu. – Esperem aqui.

Acenei positivamente e o vi saindo para algum lugar, minutos depois ele apareceu carregando um açúcar em sua mão.

- Pronto, problema resolvido. – Respondeu sorrindo.

- Não tem nenhum problema resolvido aqui não, esse açúcar não é de uma marca boa. – Reclamou Bianca.

- Minha jovem, isso não deixa de ser um açúcar. – O gerente tentou convencê-la de que ficasse com aquele açúcar.

O gerente estendeu o açúcar na direção de Bianca, com o intuito de que ela o pegasse e ficasse satisfeita, mas não foi isso o que aconteceu. Bianca o olhou com uma cara de desaprovação e então desatou a falar:

- Meu senhor moço, por um acaso se fosse comprar um refrigerante e você estivesse na mesma situação que nós, ai o gerente da loja onde está lhe entregasse uma Schin Cola, sendo que você quer uma Cola-Cola e ainda lhe dissesse que não deixa de ser refrigerante, qual seria sua reação?

O gerente acabou ficando sem fala.

- Eu posso ser uma “criança”. - Ela fez aspas no ar com a palavra criança e prosseguiu: - mas isso não quer dizer que eu seja burra, mereço meus direitos de consumidora.

- Af, garota, deixa de ser chata! Troca logo a merda desse açúcar e para de ficar dando uma de sabichona. – Resmunguei, puxando o açúcar da mão dela e colocando o que estava comigo no lugar.

Ouvi a suspirada de alívio que o gerente deu e então sorri.

- Desculpe-nos por qualquer inconveniente causado em sua loja senhor, e muito obrigado por ser prestativo e útil. – Falei educadamente, puxando Bianca, que estava perplexa, de volta para a sessão onde tínhamos deixado nossos acompanhantes.

E por falar em acompanhantes, quem será que era aquele cara que estava acompanhando-a? Seu namorado? Bem, ela tinha cara dessas garotas que ficavam com caras mais velhos, mas será que era mesmo? Como se eu ligasse para isso.

- Me larga seu delinquente de meia categoria. – Falou batendo na minha mão para soltá-la.

- Larga mão de ser problemática garota, só estou te fazendo um favor. – Respondi impaciente.

Depois dessa mínima conversa, chegamos até a sessão onde eu havia deixado Carol.

A primeira coisa que fiz foi guardar com segurança o açúcar na sexta que havia largado no chão quando sai correndo com o açúcar na mão.

- Onde arranjou mais açúcar, gatinha? – Perguntou o cara alto que estava acompanhando-a.

Que forma mais sem noção de chamar uma garota.

- Sem perguntas, você está na minha lista negra, então acho melhor calar essa sua boca e me seguir antes que eu esfole esse seu rosto.

Ui, se eu fosse esse cara, só de pirraça e também pela forma grossa como ela tinha falado, ficaria onde estava.

- É melhor eu ir, ou então a coisa fica feia pro meu lado. Falou mano, desculpa ai qualquer coisa que aquela diaba tenha feito contigo. – Ele chegou mais perto e sussurrou: - Ela é descontrolada.

Eu ri, aquilo não me era nenhum pouco novidade.

- Ursinho, o que você tinha na cabeça? Podia ter deixado a açúcar com a garota, eu nem precisava tanto assim dele. – Carol veio me repreender, revirei os olhos.

- Ah, fica quieta ai e vem comigo, me lembrei o que tinha que comprar. – Falei arrastando-a.

Quem diria que um dia de compras no supermercado daria nisso...

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Bianca POV:

Aquela tarde no supermercado foi horrível, só me ajudou a ter uma baita enxaqueca e ainda passar a tarde inteira ouvindo as piadinhas de Guilherme a respeito do acontecido.

Sinceramente, minha tarde se resumia em “um completo saco”.

Já era noite e eu estava na sala, deitada, com as pernas jogadas por cima de Guilherme, assistindo televisão, quando ouvi a campanhinha tocar.

- Vai lá atender. – Falei para meu irmão.

Nem a pau que eu levantaria do sofá só pra atender a campanhinha.

- Ah fala sério, vai você, Bi. – Ele falou.

Sabendo onde isso daria e não querendo me aborrecer mais do que já tinha me aborrecido hoje, levantei e fui até o portão ver quem era.

Quando abri o mesmo, meu coração deu uma acelerada inconsciente e um sorriso formou-se quase que imediatamente em meu rosto.

- Veja só se não é o sumido! – Brinquei.

- E ai, Bi. – Ele sorriu de volta, me cumprimentando que nem garotos se cumprimentam, com toques combinados de mão e tudo o mais.

Beijinho no rosto não colava comigo.

Mas enfim, quem estava parado na minha frente com um lindo sorriso no rosto era nada mais, nada menos, que Tiago. O garoto por quem ultimamente meu coração tem dado umas palpitadas incomuns.

- Quer entrar, Ti? – Perguntei abrindo espaço para que ele entrasse.

- Não, não, mas seria bom se você pudesse dar uma volta comigo. To precisando de uns conselhos seu. – Sorriu amarelo.

- Claro, vou avisar o chato do Gui e já volto. – Falei sorrindo.

Guilherme avisado, voltei até onde estava Tiago e nós dois começamos a caminhar vagarosamente pela rua. Ele olhando pro chão e chutando umas pedrinhas que via pela frente, e eu olhando pra frente, já imaginando sobre o que Tiago estaria querendo falar comigo.

- Então... – Incentivei-o para que começasse a falar.

- Ah sei lá, ela me deixa muito confuso, não sei o que fazer, isso está me sendo um grande problema. – Respondeu.

Esse ela tinha um nome, e se chamava Ariane. E o problema dele era complicado, complexo e meio simples...

Bem, Tiago havia conhecido Ariane numa dessas festas que costumamos ir. Até ai tudo bem, nada de muito “Óh”, até porque nós nos conhecemos da mesma forma, enfim...

Eles acabaram ficando a festa inteira conversando e tudo o mais. Até trocaram seus números de telefone e também suas redes sociais. Novamente até aqui, não aconteceu nada de mais, casos como esse acontecem constantemente, não é verdade? Bem, se fosse até aqui, seria sim. Mas não foi somente isso.

Pois é, Tiago acabou se apaixonando por ela e a garota não quer nada com ele a não ser fazê-lo ficar que nem um cachorrinho atrás dela, resumindo, ele faz papel de um trouxa apaixonado enquanto ela muito vadia se aproveita do coitado.

Sim, eu fico muito puta com as atitudes dessa garota. Não fui com a cara dela e muito menos com a de sua amiga, que é um entojo muito maior que ela.

Larissa, a tal amiga de Ariane, estava na minha lista negra de contas para acertar com socos e chutes. E o porquê dessa minha agressividade toda é bem simples:

A garota adorava me provocar e há muito eu tenho me controlado pra não voar no pescoço dela, isso porque tenho muita amizade com Bruno, que infelizmente acabou arranjando uma namorada desse tipinho.

- Na sinceridade Ti, eu acho que ela está te fazendo de trouxa. – Respondi.

- Eu sei, mas tipo, não consigo não me iludir com ela, sabe? – Ele me olhou com uma cara que deixava claro de que se sentia envergonhado por isso.

- Entendo perfeitamente isso. – E entendia mesmo, afinal, de uns tempos para cá eu vivia me iludindo dessa forma também e por mais que me fizesse cair na realidade, não conseguia.

- Tipo, Bi, ela vem com altos “flertes” pra cima de mim e depois pega e diz, “você sabe que nós somos ótimos amigos, não é?” É nessas horas que me da vontade de pegar e falar que eu não quero ser só o melhor amigo dela. Porra, a guria me fala uma coisa dessas depois de já ter me provocado. Ela só pode ta tirando com a minha cara. –Falou.

É, e é nessas horas também que eu pego e te falo: Para de falar dela, por favor. Você não sabe o quanto isso me despedaça por dentro, afinal, o amor que tu sente por ela é o mesmo que eu sinto por você... Exatamente, não é nenhum pouco correspondido e fica tudo a base de amizade.

É triste não é? Sim, eu sei que é, não tem como negar.

Sei exatamente o que você sente, mas ainda te agradeço porque ao menos você tem a decência de não me dar muitas esperanças, apesar de sempre jogar algumas palavras que fazem com que eu me iluda mais e mais, enfim...

Mas ao invés de falar isso simplesmente disse:

- Eu tenho pra mim que ela possa estar confusa. Já tentou saber qual é a dela? Sei lá, não sou boa com conselhos, mas se ela está te fazendo tanto mal assim, sai dessa, vai doer um pouco, mas o tempo é um ótimo curandeiro. Vai demorar? Claro que vai, mas um dia sara. – Lhe disse.

Era o que eu estava fazendo com relação a Tiago. Estava esperando que o tempo curasse os sentimentos platônicos que meu coração fazia questão de nutrir por ele.

- O foda é conseguir fazer isso. Eu tento me afastar, porém ela sempre aparece do nada. É complicado... Na hora que eu estou prestes a dizer “Ela é que se foda, não vou correr mais atrás”, a garota me aparece e eu acabo deixando de lado isso. É ridículo, me sinto como um brinquedo que só é usado quando a dona sente falta. A minha vida só pode ser zoada. – Falou soltando uma risada sem humor algum.

- Se ela está fazendo isso contigo, para de correr atrás, deixa de ser trouxa. Ariane não é a única garota que existe nesse mundo. Possa ser que tenha sido a única que te deixou desse jeito, mas quer um conselho, se vocês tiverem que ficar juntos ficarão e serão muito felizes. – Sorri, tentando transmitir-lhe uma felicidade que não sentia, tentando passar-lhe um pouco de esperança.

Um dia me disseram que as pessoas quando amam só desejam a felicidade da pessoa amada, mesmo que para isso ela tenha que se sacrificar.  O que eu fazia no momento era exatamente isso.

- Felizes? Não, acho que não rola algo assim com a gente, mas enfim, ainda tenho você, não é mesmo? Nós ainda iremos nos casar e então teremos um time de futebol feito com todos os nossos filhos. – Brincou.

Brincadeira essa que atiçou bastante as batidas do meu coração.

Sorri de volta um pouco mais feliz e com uma vontade gigantesca de querer acreditar que aquilo um dia se pudesse se tornar realidade. Claro que eu não queria ter uma penca de filhos assim, mas, enfim...

- Eita meu Deus, assim eu não vou aguentar. – Brinquei de volta.

Tiago riu e me puxou para um abraço de lado. Caminhamos assim por um bom tempo e nesse tempo passamos a conversar sobre coisas menos tensas, algo mais leve.

Estávamos próximos a um desses carrinhos de pastel, quando nos deparamos com a pessoa que eu menos queria encontrar. Não, não era o Vinícius, era a Ariane, para meu azar, pois se fosse o delinquente, ladrão de açúcar, eu até ficaria feliz, num momento como esse.

Olhei na direção de Tiago para ver se ele havia percebido a presença daquela garota e bem, acho que tinha sim, afinal, seu corpo enrijeceu na hora.

- Ti! – É, parece que ela também havia notado a presença dele.

Vi a garota correndo em nossa direção.

Tentei me desvencilhar do abraço de Tiago, mas ao tentar esse ato, ele me apertou para mais próximo de si.

Maravilha, tudo o que eu menos queria era presenciar a ceninha de um amor complexado entre eles.


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Notas finais do capítulo

Comentem... xD