Ela o avista sozinho, observando o céu na beira da praia de Olivine. Sua Roselia está ao seu lado, distraidamente chutando algumas pedras na areia. Ela sorri, chegando mais perto e notando como seus olhos parecem brilhar debaixo da luz do céu estrelado.

- Hey. – Ela fala, e ele não precisa desviar seu olhar para saber quem é.

- Hey. – Ele responde, suas mãos em seus bolsos. Ela olha para frente, vendo as ondas baterem contra a areia da praia.

- Não vai falar nada? – Ele pergunta, finalmente desviando seu olhar das estrelas. Parece um pouco mais sério do que o normal.

- O que eu falaria? – Ela o indaga, movendo algumas mechas do seu cabelo – solto e ondulado nas pontas, ainda do torneio que acabara de ganhar - , levemente curiosa.

- Você me venceu. Ganhou o torneio. Deveria estar feliz. – Ele fala, tomando um súbito interesse pelo horizonte.

- Eu estou. – Ela responde, quase que por instinto. – Estava me divertindo na festa de comemoração até perceber que você não estava lá.

- May, – Ele se vira completamente, sério. – Eu perdi. Não se preocupe comigo, vá e se divirta.

- Drew, - Ela o imita, sorrindo. – Não conseguiria me divertir sabendo que um cabeça de alface estaria sozinho lamentando sua derrota para minha Glaceon.

Ele consegue sorrir de volta, e ela se parabeniza internamente. A Roselia está sorrindo para os dois, parecendo já saber o que se passava.

- O que você quer que eu faça? – Ele pergunta, tirando as mãos dos bolsos e cruzando os braços. – Te elogie por sua performance? Diga que é melhor que eu? Pode pedir.

- Hmm... – Ela coloca a mão no queixo, fingindo estar pensando. Ele acha esse gesto adorável, mas não comenta. – Que tal uma dança?

- Dança? – Ele fica curioso. – Estou surpreso, May. Eu não perderia uma oportunidade de me fazer admitir uma coisa dessas. Se bem que eu nem faria isso se você me pedisse.

- Humph, idiota. – Ela comenta, bufando pelo último comentário. – Eu queria uma dança sim. Eu te venci, não é? Posso pedir o que eu quiser.

- Tudo bem então. – Ele fala, rindo um pouco e dando um de seus sorrisos irônicos. – Mas com que música? O máximo que eu ouço são as ondas batendo.

- É o suficiente. – Ela responde, estendendo uma mão. – E então, senhor Hayden, não vai fazer as honras?

- Claro, Maple. – Ele responde, e dá um leve beijo na mão da garota. Ela cora levemente, mas não a retira. Ele então coloca um braço na cintura da outra, e eles começam a dançar. É uma dança lenta, o ritmo leve e suave como a batida do mar na areia.

Ela encosta a cabeça de leve nos ombros dele, murmurando uma melodia baixinho enquanto se movia. Seu vestido azul claro que usara durante o torneio balança um pouco com a brisa marítima do lugar.

- Você foi muito bem hoje, May. – Drew murmura, suas mãos ainda na cintura da outra. – Melhorou muito desde nossa vinda à Johto.

- Obrigada. – Ela responde, e eles dão um giro. – Você também, sua Roselia resistiu muito mais do que esperado.

- Ah, quase me esqueci. – Ele fala de repente, e se separa dela.

Vai até seu Pokémon, e cochicha em seu ouvido. A Roselia dá um risinho, mas atende ao pedido de seu treinador. May tenta ver o que está acontecendo, mas não consegue ver nada por trás das costas de seu rival.

- Ei, o que você está fazendo? – Ela pergunta, tentando chegar mais perto. Ele, que tinha se agachado, se levanta. Em suas mãos estava uma familiar, mas ainda sim bela, rosa vermelha.

- É quase que uma tradição agora, não é? – Ele nota, olhando para a flor.

- É. – Ela responde, sorrindo e um pouco corada. Sua pele cor de pêssego parece mais luminosa com a luz noturna, evidenciando mais ainda o vermelho em suas bochechas. – Mas dessa vez eu não usei a Beautifly no concurso, lembra? Você não tem a quem dar isso.

- Na verdade, tenho sim. – Ele diz, e se aproxima. Ela o encara curiosa, mas fica surpresa quando a flor é depositada em seu cabelo. – Essa aqui é para você, May.

- Huh... Obrigada, eu acho. – Ela responde, corando mais. – Eu estou presumindo que é pelo meu desempenho também, não é?

Ele não responde. Ao invés disso, volta a olhar as estrelas. Parece estar decidindo sobre fazer ou não alguma coisa. Ele suspira, enfim, e se vira novamente.

Roselia solta outro risinho à distância.

- May, você conhece floriografia?

- Ah, a linguagem das flores? – Ela pergunta, sorrindo. – Minha mãe me falou disso quando eu era menor. Ela adora flores, sabe.

- Então você deve saber o que rosas vermelhas querem dizer. – Ele comenta, seus olhos fixos nos orbes azuis dela. O tempo parece correr mais devagar, e ela cora um pouco mais.

- Claro que eu sei. É o significado mais óbvio! – Ela responde, tentando não pensar no que aquilo queria dizer. Drew sorri outra vez, dessa vez algo mais verdadeiro.

- Então porque o meu motivo de te dar essa rosa ainda não é óbvio? – Ele pergunta, e ela praticamente vira um tomate ambulante. Ela tenta falar, conseguindo pronunciar algumas palavras.

- Huh, é, isso quer dizer que você...err... – Ele ri, se aproximando mais até que seus rostos estejam a centímetros de distância.

- É May, parece que você ainda tem a cabeça nas nuvens. – Ele murmura, e finalmente acaba com a distância entre os dois. Nada mais importa: a festa, a areia em seus sapatos, o fato de Roselia ter praticamente desmaiado de excitação.

Tudo se resume a eles. A eles, debaixo das estrelas, ouvindo a música da água abraçando a praia. E, para os dois, tudo não poderia estar melhor.

----------------------------------------- Fini. ---------------------------------