O Caminho Do Skinwalker escrita por Willian Picorelli


Capítulo 4
O Caminho do Desconhecido




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14 de Março de 2004 – Utah – Estados Unidos


Algum tempo se passou, mas ainda haviam marcas que não poderiam ser apagadas. Os caminhos traçados naquela fazenda ficaram na memória de muitas pessoas, a primeira á visitar, foi a senhora Hickman, esposa do falecido Donavan Hickman, vizinho dos Gorman no ano passado. Sua casa era simples, possuía detalhes em madeira esculpida, haviam vários gatos por lá, eles preenchiam a solidão daquele lugar tão vazio, depois que seu parecido faleceu, Christina Hickman se dedicou ao bordado, e desde então passa sua vida costurando e alimentando seus felinos, mas ainda se lembra de algumas coisas que lhe perturbaram no ano anterior.
Junior Hicks esperava na sala de Christine, enquanto a senhora trazia o café com um bolo de fubá bem quentinho, o homem preparava seu gravador, as cortinas da casa estavam todas fechadas, ainda havia certo trauma por parte da senhora Hickman, não poderia esquecer tão facilmente tudo que presenciou.
Tirando uma caneta de seu bolso do paletó, Junior anotara em uma caderneta tudo que a senhora lhe dizia. Eram tantas coisas, que já a colocara em um papel menos secundário no decorrer do contexto que dissertara sobre a fazenda dos Gorman. Hickman descreveu que durante todos os dias, durante a madrugada, conseguia ouvir gritos vindo do horizonte, no ruir das rochas gélidas do deserto da região, também ouvia som de maquinário pesado vindo da fazenda dos Gorman, ela e seu esposo nunca conseguiram enxergar nada, por mais que olhassem atentamente, sua casa ficara apenas 2 quilômetros da dos Gorman, mas o barulho parecia vir do vácuo, não havia explicação. Os dois procuraram até especialistas pensando estarem no auge da velhice, e a loucura atacando aos poucos, mas foi em uma visita aos Gorman que ignoraram tal hipótese.
Christina: Era apenas uma tarde qualquer, formos levar alguns queijos para os Gorman já que nossas famílias quase não se falavam, queria ter uma relação mais aprofundada. Mas ao chegar na entrada, eu e meu marido já começamos a perceber anomalias. Primeiro o motor do nosso carro quebrou sem explicação, tivemos que passar boa parte do tempo na casa dos Gorman esperando um mecânico, e foi  nesse tempo que vimos várias coisas.
Junior: Coisas?
Christina: Eu não sei explicar ao certo...vi bolas azuis flutuando sobre as vacas, os Gorman pareciam já nem se importarem, pensei que estivesse louca, mas meu marido também havia visto, achamos melhor não dizer nada aos Gorman, com medo de pensarem que somos um casal de velhos malucos. Também vi que objetos da casa caíam sozinhos, além é claro, das várias luzes que vimos no final do dia no céu alaranjado, não era comum aquilo, pelo menos da nossa casa.
Junior: Mas não viviam a 2 quilômetros deles?
Christina: Isso é o mais estranho, na nossa fazenda não acontecia nada, só na dos Gorman!
Conversei com todos os 7 vizinhos dos Gorman, fora um dia cansativo, mas no final, o resultado era o mesmo, todos constataram o que havia dito Christina Hickman, as esquicitisses que aconteciam por ali, só eram vistas da fazenda dos Gorman. Será que tudo que acontecia naquele misterioso lugar, tinha relação direta com os Gorman? Era o mais provável a se pensar.

02 de Fevereiro de 2003 – Fazenda os Gorman – Utah – Estados Unidos


Já se passaram alguns dias desde o aparecimento do lobo cinzento na fazenda dos Gorman. Teresa mal conseguia dormir as noites, os filhos eram proibidos de irem muito longe sozinhos, por precaução de John, que não lhes contava nada, Hilton por sua vez tinha o seu detector de mistérios aguçado, sabia que o comportamento dos pais estava diferente naqueles dias, porém, durante esse intervalo, nada de anormal havia acontecido, o que era motivo do garoto se lamentar.
- Hey, só porque é sábado não pense que vai ter descansado, hoje você vai me ajudar a carpir o terreno ao lado do poço, vamos fazer uma churrasqueira lá. – Dizia John enquanto carregava duas inchadas em seus ombros, era um homem trabalhador e forte, parecia não se cansar nunca.
- Em troca disso, vai me deixar ir pra cidade hoje a noite né? – Hilton tentara tirar algo em proveito do pedido de ajuda do pai.
- Faça como quiser, você sabe que se riscar minha pick up eu quebro seus vídeo-games. – Gorman parecia rígido se tratando de seu carro.
- E alguma vez já aconteceu algo? Estando comigo sua querida pick up estará em bons cuidados, haha. – Hilton pregava um riso irônico enquanto caminhava com seu pai em direção ao terreno. Era um lugar com uma vegetação densa, o capim já estava quase acima dos joelhos de John, haviam paineiras no local que o preenchiam com sombras, ambiente adequado para se passar tardes de domingo em família apreciando um bom churrasco.
- Será que os donos anteriores daqui eram tão preguiçosos assim? Olha esse mato... – Resmungava Hilton enquanto movimentava a inchada contra o chão. Apesar da idade, já sabia fazer serviços do campo, desde pequeno ajudara seu pai em quase tudo, era um bom garoto apesar da rebeldia.
- O sol ainda tá bem forte, já era pra dar uma amenizada, se não chover logo...- John se preocupara em entrar em uma nova crise de seca, mudara para esse lugar no intuito de não enfrentá-la novamente.
Pai e filho continuavam com seu trabalho, em poucos minutos, já haviam terminado, estavam suados e sujos, mas para Hilton, sua recompensa aconteceria logo mais, queria encontrar uma pessoa na cidade, e precisava ficar descansado para uma longa noite. Enquanto voltavam para a casa, ambos foram parados por fortes grunhidos que pareciam estar vindo do estábulo próximo do curral, lá haviam vários cavalos, alguns bem caros, John se lembrara do lobo, mas não havia tempo para pegar sua arma, e mesmo que a pegasse, se lembrara do acontecido dias atrás, suas mãos carregando a inchada começavam a tremer, porém Hilton, sem dizer nada, largava o instrumento de carpir no chão e corria em direção á confusão. Gorman não poderia deixa-lo ir sozinho, também deixava sua inchada por ali e seguia o rapaz, temendo o pior, John tentava gritar para impedir Hilton, mas este corria em uma velocidade extrema, e quando chegara até o estábulo,  via os cavalos agitados, observava por todos os cantos, e de longe, via um animal avermelhado e musculoso perfurando os músculos de um cavalo marrom, um dos preferidos de John.
- Mas que diabos é isso? PAI, PEGA LOGO A ESPINGARDA ELE VAI MATÁ-LO! – O garoto gritava mas John, observando enquanto seu cavalo era massacrado, apenas olhara sem reação, Hilton então perdia a calma:
- Pai sabe quanto aquele cavalo vale? – John por sua vez, segurava a gola da camisa do rapaz, e o alertava:
- E você, sabe o quão perigosa é aquela coisa? Isso parece ser mais amedrontador que o lobo...- John ficara calado e soltara o menino, apenas observando enquanto o que parecia ser uma hiena musculosa, acabar com as vísceras do pobre animal que já estará caído no chão apenas se contorcendo em seus últimos suspiros. Parecia uma fera selvagem com total sede de sangue, devorava todo intestino do cavalo, Hilton tentava chegar mais perto, mas seu pai o impedia, os outros cavalos se afastam do local e começavam a ficar agitados demais e a se espalharem.
- Então, afinal, você viu o lobo não é? – Hilton um pouco chateado com seu pai, o questionara em um tom de voz preocupante, parado metros distante da besta, via tal carnificina sem poder fazer nada.
- É hora de irmos, se chamarmos a guarda-florestal eles poderão dar um jeito, não podemos fazer nada contra isso, se ficarmos aqui só vamos correr perigo. – Hilton não aceitará a atitude do seu pai, apesar de não ser tão apegado a fazenda, o garoto não queria ver seu pai sofrer mais perdas, queria enfrentar o animal com suas mãos, mas sua aparência o fazia tremer e suar frio, nunca havia visto algo do tipo, John o pega pelo braço e começa a caminhar para longe dali, eis que a fera da um grande rugido, os dois olham para trás, e com um grande salto, ela desaparece no ar.
- Isso é impossível...- John permanecia com os olhos inertes ao acontecido, acabara de presenciar um de seus cavalos mais caros sendo morto por uma outra criatura que desconhecera, a situação se tornava cada vez mais grave, Hilton corria em direção ao cavalo massacrado, e se surpreendia com o que via, os ossos haviam sido todos comidos na parte do peitoral do cavalo, o que fez aquilo, com certeza não era nenhum animal desse planeta.
Em casa, horas depois, John se reunia com sua família para conversar a respeito das coisas que estavam os perturbando. Era uma assunto difícil a se tratar, todos estavam inquietos na sala, nem conseguiram jantar, muito menos Hilton, que ainda se sentira enjoado pela cena que não saía de sua cabeça, John tomava um pouco de rum enquanto Teresa tricotava sem dizer uma palavra, Mike parecia meio pálido, Hilton queria tomar ponta e agir:
- Temos que chamar a polícia, as coisas já saíram de controle. – O garoto não pudera sair essa noite, sua irritação era aparente, mas o que mais lhe preocupava, era a segurança de sua família.
- E do que adiantaria? Eles não poderiam fazer nada, e jamais acreditariam no que contarmos, provavelmente afirmaram que são animais selvagens da região... – No meio da fala de John, Teresa o interrompe:
- Mas é o mais provável mesmo. – A mulher fitava seu marido por um segundo, e logo continuara a costurar.
- Você mesma viu com seus próprios olhos! Aquilo parecia um animal comum? – Gorman já perdia sua educação com a esposa, estava de cabeça quente, não conseguia raciocinar, mas antes que dissera algo novamente, Mike acabara desmaiando, caindo duro no chão.
Teresa o leva para cama, todos preocupados, tentavam algo para acordá-lo, Hilton pegara um pouco de água, enquanto John afirmava que precisavam ir a um médico:
- Temos que leva-lo pro hospital agora, vamos Teresa! – Antes da mulher dar sua opnião, o garoto abrira os olhos repentinamente, assustado, ele se agarra a mãe:
- FILHO, o que foi? Tá se sentindo melhor? – Enquanto a mulher o abanava, o garoto se afastava, olhava para os 3 familiares, e com os olhos arregalados e seu coração disparado, dizia:
- Ele vai chegar, com certeza vai chegar, VAI CHEGAR! – O menino dava um forte berro, e logo depois, caía novamente desmaiado na cama. Aquilo era o início de um novo evento na vida dos Gorman.


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo: Preocupado com seu irmão, Hilton vai atrás de explicações para os acontecimentos em torno de sua fazenda, enquanto isso, mais animais estranhos aparecem para os Gorman, e uma peseguição é eminente.



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