Desejos Inconsequentes escrita por Bruno Silfer


Capítulo 21
Capítulo 21: Viagem


Notas iniciais do capítulo

Para surpresa de todos e todas venho postar um capítulo somente três dias depois de postar o último! Devo dizer que gostei muito deste capítulo, mais porque eu gosto do assunto em questão, hehehehehe.

Boa leitura!



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Nem bem terminou de falar Gaara estalou os dedos e logo que Ino abriu os olhos estava vendo o belo planeta Terra do espaço. A garota ficou maravilhada. Já havia visto fotos da Terra na televisão ou internet, mas não se comparava com a maravilhosa sensação de ver ao vivo. O azul dos oceanos, o branco das nuvens e das calotas polares, o amarelo avermelhado dos desertos, o verde-limão das imensas colônias de plâncton no meio do mar, o verde escuro das florestas era algo que estava acima de qualquer plano que Ino pudesse ter para o futuro.

– O que acha da sua casa a vendo daqui? – Gaara perguntou quando a viu tão encantada.

– É lindo. – respondeu Ino sem olhá-lo – É mais lindo vendo pessoalmente.

– Tenho que admitir. A Terra é um dos planetas mais bonitos que já vi.

– Quantos planetas você já visitou?

– Já perdi a conta, mas poucos têm a beleza daqui.

– Incrível!

– Olha para trás. Terá uma surpresa.

Ela não entendeu, mas virou para trás e teve mais uma bela visão. A lua estava maior do que qualquer vez que a viu da janela de casa e eles estavam ali, vendo a lua bem de perto, com o sol logo atrás do satélite dando uma beleza única àquela cena. Estavam próximos o suficiente para perceber os pequenos movimentos de ondulação que a mesma apresentava e seu movimento em torno da Terra. Ino estava maravilhada demais e só acordou quando Gaara a chamou.

– Para onde quer ir agora?

– Como?

– A viagem é sua Ino. Pode escolher qualquer lugar que nós visitaremos.

Ela pensou um pouco e decidiu:

– Quero ir para Vênus. É um planeta lindo! Sempre quis saber como ele é.

– Então vamos para lá, mas talvez se decepcione.

Ino não entendeu a última frase. Só o viu estalar os dedos e depois se verem em um lugar totalmente deserto. Pelo ambiente ser deserto não queria dizer que seria um lugar silencioso. Pelo contrário, as tempestades eram constantes e, mesmo não sentindo, ela via que o ambiente era muito quente já que o chão ondulava. Pedaços de rochas derretiam lentamente e tudo tinha aparência de morto.

– Aqui é Vênus?

– É. Eu disse que iria se decepcionar.

– Mas aqui é tudo tão...

– Morto? Tem razão. O que vocês veem lá da Terra são apenas as nuvens deste planeta.

A garota olhou para cima e viu as estranhas nuvens. Eram amareladas e ondulavam como se houvesse um vento forte ali. Elas eram tão densas que davam uma nítida impressão de que se poderiam pegá-las na mão. Eram delas que vinham os raios das tempestades.

– Aqui é um exemplo de efeito estufa levado ao extremo. – continuou Gaara – Aqui é o inferno do sistema solar. As nuvens são de ácido sulfúrico.

Ela arrepiou. Viu que sua concepção de Vênus estava toda errada. Viu que aquele era um planeta que só era bonito de longe. Decidiu sair dali.

– Gaara!

– O que foi?

– Eu quero sair daqui. Me leva para Netuno?

– O planeta azul? Grande escolha!

Estalou novamente os dedos e viram que estavam flutuando defronte a uma enorme esfera azul de gases. Aquele era Netuno e seus finos anéis, um dos mais belos planetas que se têm notícia. Ino sorria de um jeito que Gaara nunca tinha visto. Com certeza se pudesse, ela o abraçaria. O clima era ótimo e daria uma bela oportunidade de rolar algo a mais, mas ainda era impossível.

– Gostou?

– É... E lindo!!!

– É um dos meus planetas preferidos. Dá para ter uma bela visão daqui.

– O que é aquilo? – apontou ao longe.

O que ela apontava era uma esfera rochosa que circundava Netuno e passava pela vista deles. Gaara respondeu.

– É Tritão. O maior satélite de Netuno.

– Lindo!

– Ele é bem colorido. Pena que terá vida curta.

– Como assim?

– A órbita dele é muito fechada e ele passa cada vez mais perto do planeta. Em algumas centenas de milhões de anos Netuno irá destruí-lo completamente.

Ela ainda tinha coisas para perguntar, mas o tempo deles era pouco.

– Vamos continuar a viagem? – perguntou Gaara.

– Para onde vamos agora?

– Para lá. – disse apontando para o vazio atrás deles. – Para o espaço infinito.

A garota sentiu um arrepio ao ver aquele lugar escuro. No entanto confiava no semideus à sua frente.

– Vamos!

– Prepare-se! Vamos sair da galáxia!

Novamente estalou os dedos e se viram acima de uma gigantesca espiral iluminada. Seus dois braços deslizavam vagarosamente pelo espaço e faziam uma dança harmônica com toda aquela luz. Mesmo toda a galáxia não brilhava mais do que os olhos azuis da garota. Ela estava tão encantada com tudo o que via que ele poderia passar o resto da eternidade mostrando o universo para ela, só para que ela mantivesse aquele sorriso.

– Posso te perguntar uma coisa? – Ino o olhou curiosa.

– Pergunte.

– Como consegue viajar tão depressa?

– A velocidade máxima que os humanos podem viajar é à velocidade da luz, mas como eu tenho parte divina, as leis da Física não se aplicam a mim.

– Incrível!

– Isso que você está vendo é a sua galáxia, que vocês chamam de Via-Láctea. Ela é linda não é?

– Lindíssima!

– O seu planeta está ali. – afirmou enquanto apontava para o final de um dos braços, bem na borda da galáxia.

– Nossa... Nós estamos tão longe do centro dela...

– Acredite Ino. Quanto mais perto do centro, mais difícil seria para vocês.

– Por que ela está girando?

– Isso é meio complicado de explicar...

– Então vou mudar a pergunta. Em torno de que ela está girando?

– Em torno de um buraco negro. Cada galáxia tem um ou dois buracos negros em seu centro. Toda a galáxia gira em torno dele.

– Nossa! Ele deve ser bem forte para fazer algo tão grande assim girar.

– E ele é. Ele destrói qualquer estrela que passe perto demais dele.

– Incrível!

“Incrível” era a palavra que mais ouvia dela durante a viagem. Não que se importasse.

– Gosta de constelações?

– Adoro! Pena que não sei diferenciar quando eu olho para o céu...

– Vem que eu vou te mostrar três.

Ele estalou os dedos e logo estavam em um lugar vazio. Ele ao lado dela começou a explicar.

– Está vendo aquele trio de estrelas ali? – com a afirmativa dela, ele prosseguiu – Junte-as com os dois pares de estrelas que estão em cada lado dele que você encontrará os braços e pernas da constelação de Órion, o caçador.

Ela obedeceu e viu que ele estava certo. Imaginou um caçador antigo com um arco-e-flecha na mão. Surgiu uma dúvida.

– Por que aquela estrela ali é tão diferente?

– É que aquela é Betelgeuse, uma gigante vermelha. É a maior estrela que os humanos conhecem. Por ser uma gigante ela tem vida curta.

Depois da breve explanação, voltaram às constelações.

– Agora do mesmo trio trace uma linha imaginária para cima.

Ela fez o que ele disse e encontrou uma estrela grande em relação às outras.

– Você achou Aldebaran, a estrela alfa da constelação de Touro. E aquele monte de estrelas ali (que parecem um ninho), chamadas Plêiades, é a ponta da cauda do Touro. Ele está bem perto de Órion. Talvez estivessem lutando nos tempos antigos. – ele apontou as estrelas da constelação e ela conseguiu enxergar o Touro.

Ela ficava cada vez mais encantada, mas lembrou que ela mostraria três.

– Você disse que mostraria três. Falta uma. – lembrou-o com um sorriso.

– Então vamos resolver isso. – respondeu se aproximando ainda mais dela. – Do mesmo trio de estrelas de Órion agora trace uma linha para baixo.

Ela fez o que ele disse e encontrou uma estrela muito brilhante.

– Você encontrou Sírius. A estrela alfa da constelação do Cão Maior. – do mesmo modo ele apontou as estrelas e ela pôde imaginar o cão desenhado ali.

Ela estava muito feliz. E tudo graças ao ruivo ali presente. Em poucos meses fez a sua vida ser mais valiosa do que em todos os anos que vivera até ali. Foi interrompida de seus pensamentos pelo ruivo que lhe disse.

– Você vai acordar agora. Precisamos voltar.

– Mas já?

– Pois é. Quando acordar vai lembrar da nossa viagem como se fosse um sonho, mas não duvide que ele seja real.

– Não vou duvidar. Nunca.

– Boa garota.

Ele estalou os dedos e ela abriu os olhos. Ela viu que estava de volta ao hospital e que o ruivo estava ao seu lado como sempre. Olhou para o lado e viu que era observada pela amiga rosada que também havia acabado de acordar. Permitiu-se sorrir. Não se arrependia por tê-la salvo e, mesmo sem qualquer intenção, aquilo fortaleceria ainda mais os já fortes laços de amizade entre as duas.


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