Sol, mar, praia e uma paisagem exuberante. O cenário ideal para um belo passeio ou para umas boas férias. Mas o alto custo impedia que “reles mortais” pudessem algum dia visitar um lugar como esse. Tudo era bonito, requintado e, principalmente, caro, mas como dizem os milionários “é caro, mas vale a pena”.

A família Yamanaka não tinha problemas com dinheiro. Ela era sócia de uma grande montadora de veículos e começando com pouco capital conseguiram um patrimônio atualmente estimado em trezentos milhões de dólares. Ino Yamanaka, a filha caçula da família, iria começar seu último ano do ensino médio e como recompensa pelo seu ótimo desempenho no ano anterior ganhara uma viagem de duas semanas de férias nas ilhas Bahamas e estava aproveitando muito bem. Ela fez questão de levar duas amigas para passar as férias junto com ela alegando que se fosse sozinha estaria em um lugar muito bonito, mas se sentiria muito solitária. Seus pais concordaram e ela levou suas amigas Haruno Sakura, velha amiga de infância e que até pouco tempo disputavam quase tudo (incluindo namorados), e Hyuuga Hinata, que ela conhecera há alguns anos através da Sakura e que se mostrava muito fiel e, apesar do dinheiro que tinha, era muito humilde. Todas elas tinham uma situação financeira bem confortável (em resumo, elas eram ricas) e não abriam mão de desfrutar de tudo o que o dinheiro pudesse comprar. Elas adoravam tomar sol e nos últimos dias de férias não dispensaram uma praia ensolarada.

- Isso é que é vida...

Ino falou essa frase para si mesma e com os olhos fechados, mas como falou em voz alta, logo recebeu o olhar das amigas que estavam ao lado.

- Falando sozinha Ino? – perguntou Sakura virando o rosto em sua direção.

Ino tirou os óculos escuros e respondeu:

- Estou dizendo que isso sim é vida de verdade. Uma praia linda, um sol maravilhoso, comida de primeira e, principalmente, férias.

- Lembre-se que tudo isso é só por mais dois dias.

- Nem me lembre disso.

- Eu estou feliz que as aulas vão começar. – disse Hinata sorrindo.

Hinata era uma garota linda, de pele branca e olhos de um lilás muito claro se assemelhando a pérolas (coloração de íris raríssima no mundo). Quando a conheceram ela era muito tímida, mas com a ajuda da Sakura e da Ino já estava mais solta e segura de si. Tinha um belíssimo corpo, embora detestasse mostra-lo. Uma das raras vezes que se permitia fazê-lo era na praia como era o atual caso.

- Nós sabemos muito bem porque você está feliz. – disse Ino fechando levemente os olhos.

- É Ino. A nossa amiga não desiste.

- Não é por isso. – seu rosto ficou vermelho e não era por causa do sol.

- Sabe Ino. – disse Sakura – Esse chove não molha da Hinata já dura muito tempo. Deveríamos ajudá-la.

- Apoiado. Eu aceito a missão.

As três se olharam, não aguentaram e caíram na risada, risadas altas por sinal. Elas se davam muito bem e qualquer problema que uma delas tinha, as outras duas se prontificavam a ajudar. Era isso que faziam delas amigas de verdade.

“Eu não errei ao escolher você.”

Já se aproximava o meio dia e as garotas resolveram sair daquele sol forte e voltar para o hotel. Não perderam tempo ao tomar banho, almoçar e dormir um pouco. Ainda não haviam feito compras, ficou decidido que isso seria feito no último dia. Ao acordarem, não levantaram e ficaram conversando até a noite.

- Às vezes eu fico pensando. – disse Sakura com as mãos cruzadas sob a nuca.

- Pensando em que? – perguntou Hinata.

As três estavam em uma rodinha de modo que cada uma pudesse ver perfeitamente o rosto da outra.

- Bom... Algo como uma pergunta chave.

- Como assim?

Ela se acomodou melhor e prosseguiu:

- Eu vou perguntar algo a vocês duas e quero que, mesmo que não respondam, pelo menos pensem na resposta.

- Está bem. Pergunte.

Ela limpou a garganta com um pigarro antes de proferir a pergunta.

- O que vocês mais querem nessa vida que nunca conseguem ter?

Ino e Hinata se entreolharam confusas. Apesar de detestarem filosofias sem sentido aquela pergunta tinha relevância. O que elas mais queriam? Hinata só queria uma coisa: era grande amiga de um cara chamado Uzumaki Naruto, mas o que ela sentia por ele era muito mais que amizade. Queria muito contar para ele o que guardava no coração, mas nunca teve coragem suficiente para isso e, mesmo com a ajuda das amigas, não sabia se conseguiria. Ino tinha um desejo parecido. Ela queria um namorado de verdade. Todos os que tivera até agora só a queriam por sua beleza ou pelo seu dinheiro, nenhum deles conheceu ou quis conhecer o seu coração. Gostava muito de dinheiro, mas admitia que isso era um grande obstáculo quando o assunto era amor.

Diante das duas faces pensativas à sua frente Sakura perguntou:

- Todas nós temos nossos desejos secretos não é?

Elas responderam que sim com a cabeça.

- As pessoas que veem a gente pensam que nós já temos tudo, mas a verdade é bem diferente.

- Você está muito poética hoje hein?

- Eu sou poética meu amor. Você que nunca notou.

Novamente as três riram. Quase todas as vezes que conversavam o resultado era esse. Assim, trocaram de roupa e desceram para jantar. Depois resolveram dormir mais cedo, já que o dia seguinte seria longo.

“Eu sei o que você deseja Ino, mas será que terá coragem de pedir?”

No dia seguinte as garotas acordaram em polvorosa. Finalmente havia chegado o dia das compras e elas não estavam dispostas a economizar. Roupas compraram aos montes, algumas jóias, bolsas e acessórios. Elas nem sabiam se realmente iriam usar tudo aquilo que compraram, mas para elas isso não era importante. Cada uma delas comprou uma grande mala extra para levar o que haviam comprado e quando voltaram ao hotel puseram-se a arrumá-las, com certo desapontamento é claro, pois suas aulas começariam no dia seguinte.

- Ai, ai, vai começar tudo de novo...

- Deixa de ser resmungona Ino. – exclamou Hinata.

- Vão brigar mesmo? – interrompeu a “interventora” Sakura.

Depois de uma olhada rápida nas duas, Ino continuou:

- Não é que eu não goste. Pelo contrário, eu gosto de estudar. Só acho que a escola toma muito do nosso tempo.

- Bom, isso é verdade, mas não esqueça que é o último ano.

- Você sempre otimista não é Hinata?

- Eu só procuro ver o lado bom das coisas. – e sorriu.

Quando terminou de fazer as malas Ino deixou-se esparramar na cama e disse:

- Sabe de uma coisa? Não sei por que, mas eu sinto que esse ano vai ser muito especial, que algo vai mudar.

Elas não fizeram caso dessa última frase e se propuseram a ir logo ao aeroporto. Não precisaram esperar muito, pois o vôo saiu vinte minutos depois da chegada delas. Após algumas horas de uma tranquila viagem finalmente chegaram ao aeroporto da sua cidade e mais cerca de quarenta minutos de táxi foram necessários para chegar à sua casa.

Não foi surpresa verificar que seus pais não estavam em casa quando ela chegou. Pela hora eles deveriam estar no trabalho. Respirou fundo aspirando o cheiro da casa, disse a um dos empregados para levar suas malas até o seu quarto e foi para a cozinha.

- Que maravilha! – exclamou a loira ao abrir a geladeira – Eu adoro bolo de morango!

Ela pegou um pedaço generoso do bolo e o comeu lá na cozinha mesmo. Quando ficou satisfeita viu no relógio que ainda demoraria um certo tempo até seus pais voltarem. Assim ela decidiu que era melhor desfazer logo as malas enquanto não tinha nada para fazer, e subiu para o seu quarto. Logo ao abrir a porta ouviu uma voz nada conhecida.

- Boa tarde.

Ino olhou para o dono dessa voz com um susto. Ele era jovem e estava sentado em uma poltrona perto da janela com as mãos cruzadas sobre a barriga. Ela ameaçou gritar, mas quando ia fazê-lo sua boca não abria. Então ela viu que ele havia levantado o dedo indicador e ele lhe disse calmamente:

- Vamos conversar.

Ino gelou. Quem era esse que a impedia de falar só por levantar o dedo? O medo tomou conta do seu corpo como nunca e ela só pensava o pior. Ele levantou e aproximou-se dela lentamente com sua imutável tranquilidade contrastando com o crescente medo da garota à sua frente.