Eu já não agüentava mais aquela cena em minha cabeça, era como se toda hora dessem replay. ''como ela pode fazer isso comigo'' pensava comigo mesma. - Yulia, por favor, me perdoa? Foi ela quem me agarrou, eu juro... Crlh eu te amo! Não consegue ver, meu anjo?! – disse ela, quase gritando.

  Continuei em silencio, tentando inutilmente, segurar o choro. Sentia minha garganta queimar, estava nervosa também, e meu coração batia descompassado. Senti uma lagrima escorrendo pelo meu rosto... Queria tanto acreditar no que ela dizia, que a garota do bar era apenas mais uma vagabunda atirada... Mas simplesmente não conseguia.

  Ela tirou os olhos da estrada por alguns segundos e me olhou nos olhos, secou minhas lagrimas, que agora caiam descontroladamente. E por uns segundos ficamos ali nos olhando... Fomos interrompidas pelo som agudo de uma buzina de um caminhão que vinha em alta velocidade em nossa frente. Eu fechei os olhos, desejando desesperadamente acordar de um pesadelo, sem sucesso. - LEEENA! – Gritei e ela jogou violentamente nosso carro para o lado esquerdo da pista, tentando desviar do caminhão, atirando contra a ribanceira nosso carro, que capotou varias vezes, até cair num rio, que havia no final do abismo.

 Ouvi ao fundo uma voz me chamando... - Lena! - Lembrei. Com muito esforço abri meus olhos, e a vi, chorando e com sangue por todo o rosto. – Hey, fique comigo! Por favor, preciso de você... Está ouvindo meu amor?! – ela murmurou, enquanto tentava se soltar do cinto de segurança. Sentia como se eu fosse vomitar, estava sem ar, meu sangue corria devagar por minhas veias...

- Lee... – respirei – Eu te perdoou meu amor... Eu fui uma completa idiota por não acreditar em você, me desculpe... Eu te amo tanto, realmente não sou nada, nada sem você. É só que... Por favor, me perdoe. - Comecei a chorar descontroladamente pois eu sabia que iríamos morrer, a água já estava quase no teto e subia cada vez mais, até que ocupou todo o espaço.

 Olhei para ela, provavelmente seria minha ultima memória. E então ela me beijou, ao sentir seus lábios nos meus, suspirei e uma súbita alegria me dominou, ao mesmo tempo em que a tristeza, pois eu sabia que não tinha outra saida. Aquele era nosso ‘’final feliz’’. Ela fechou os olhos, e eu fiz o mesmo. Então senti um calafrio percorrer todo meu corpo e de repente não havia mais dor ou prazer, não havia mais alegria ou tristeza... Havíamos morrido.