POV ATENA:

Sabe, a maioria das pessoas quando escutam as palavras carro,avião, música, viagem e turismo, costumam pensar: “Nossa, que legal!Férias!” Mas no meu caso, a palavra férias é a última que passa pela minha cabeça.Afinal, como posso pensar em diversão quando estou casada com meu pior inimigo?Realmente seria uma tarefa difícil.

Meu tormento começou logo cedo no Olimpo.Meu querido pai Zeus, estava dando aquele discurso enorme sobre o quanto nossa missão seria complicada e espinhosa e que nós teríamos que ter cuidado, pois Gaya iria fazer de tudo para nos atrapalhar e atingir.

Claro, ninguém realmente estava ouvindo aquele discurso.Cada deus e deusa estava mais concentrado em seus próprios problemas, pois nenhum de nós imaginou ir dormir solteiro e acordar casado.O que tornava a situação mais desesperadora ainda.

Certo, nem todos estavam assim tão desesperados.Ares e Afrodite agiam como se o natal tivesse chegado mais cedo e ainda queriam nos obrigar a parecer feliz.Eu me pergunto: Em que planeta eles vivem?

Depois do melhor pai do mundo (Zeus) ter encerrado o discurso, todos nós fomos nos despedir uns dos outros.Abracei Héstia e Ártemis e disse que elas agüentassem firme,pois só seria 1 mês de tortura.Hera veio me abraçar e disse que eu iria gostar da surpresa que ela preparou para mim e o cabeça de peixe, lá na Grécia.

Fiquei nervosa, pois nada vindo dela para mim poderia ser bom.Afrodite veio correndo me abraçar e disse que colocou umas Lingeries perfeitas na minha mala.Fiquei vermelha e disse que JAMAIS quebraria meu juramento com aquele crápula do Poseidon.Ela sorriu, se afastando.Até que se virou e susurrou: “Veremos querida!”E deu uma gargalhada maligna.As vezes, Afrodite me assusta.

Quando fui me despedir de meu pai, ele me fez prometer que eu não quebraria o juramento.Lhe dei forte um abraço e confirmei a promessa de me manter pura.Estava me preparando para dar outro abraço no meu pai, quando o  Alga Mor veio me dizer que já devíamos ir embora.

Saímos do Olimpo e uma verdadeira tempestade desabava em N.Y.Me perguntei se isso era obra de Poseidon, pois pela sua expressão pude ver que ele estava furioso.

Pegamos um táxi para chegarmos até o Aeroporto.E no caminho, as brigas logo começaram.

-Não sei o que eu fiz para merecer estar aqui com uma Nerd como essa.A única explicação é que eu devo ter puxado o cabelo de uma Parca sem querer, só pode.-Resmungou  Poseidon, pensando que eu não ouviria.Mas para sua surpresa, rebati:

-Ora não fique bancando a vítima!Nós dois sabemos que Eu fui a mais prejudicada com essa conversa de casamento!-Respondi furiosa com ele, com o casamento, com tudo.

-Há!Não me faça rir!Seu pai me obrigou a casar com você!Se não fosse por algo importante eu estaria a milhares de quilômetros de você, como sempre fiz!-Ele estava gritando.Parecia muito nervoso e irritado.E eu não estava muito diferente, afinal nos odiávamos  e foi muito cruel o destino ter nos colocados juntos,mesmo que seja para salvar o Olimpo.

-Á claro!E o que você pensa?Que eu estou indo para uma colônia de férias?Não!Eu estou indo para o meu pior pesadelo, isso sim!!-Gritei também para ele, fazendo o motorista do táxi acelerar, embora a chuva não permitisse.

Depois dessa discussão, fomos calados até o Aeroporto, cada um se afastando o máximo que o pequeno carro permitia.Finalmente encontrei algo em comum com o Poseidon: A raiva que eu sinto dele é a mesma que ele sente de mim.Creio que isso já é um começo.

Quando o carro estacionou, o pobre motorista nos ajudou a descarregar as malas e nem esperou o troco.Assim que se viu livre de nós, arrancou e partiu.Ele parecia apavorado.

-Creio que o assustamos.-Resmunguei para mim, dando um risinho.Poseidon ignorou o comentário e apressou o passo para comprar as passagens.

Uma peculiaridade neste nosso casamento forçado é que, de acordo com Hera, Poseidon e eu somos um dos casais mais poderosos a serem formados e seremos nós que estaremos mais perto de Gaya.Por isso,nossos poderes divinos foram absurdamente reduzidos, para não chamar a atenção dos monstros.Portanto, teremos de usar meios mortais para nos locomover.

Quando ele voltou, percebi que o local onde iríamos ficar não era aquele que eu esperava.

-Por que não vamos ficar em Atenas?-Perguntei, já prevendo mais brigas.

- Por que nossa querida Hera construiu nossa “casa” temporária no litoral, perto do mar Egeu.E também, seria muito cara-de-pau do seu pai me obrigar a ficar numa cidade que eu perdi para você.-Respondeu ele de modo ríspido.

Aquela brutalidade de Poseidon me incomodava.Certo que eu o odiava, certo que a situação era terrível, mas ele também não precisava ser ignorante o tempo todo.

No avião, meus acentos eram bem confortáveis, mas infelizmente eram vizinhos aos de Poseidon.Tentei perguntar a aeromoça se podia mudar, mas ela disse que os lugares eram marcados.E também, disse ela, sei que você não quer ficar longe de seu marido.

Fuzilei a moça com o olhar e tentei responder que ele em hipótese alguma era meu marido.Mas ao olhar para minha mão, percebi a delicada aliança de prata que declarava o contrário.óbvio que a idéia da aliança havia sido de Hera.

Enquanto o avião sobrevoava o oceano (que parecia ainda estar em fúria), observei um folheto que Poseidon lia.Nele estava escrito:Mykonos;Uma beleza grega!

Arregalei os olhos, surpresa, pois foi na ilha de Mykonos onde ocorreu a batalha contra os gigantes de Gaya na primeira vez em que eles se rebelaram.

-Então é isso?Iremos ficar na ilha de Mykonos?-Perguntei só para ter certeza.Poseidon me olhou como se eu fosse louca e respondeu:

-Não, Atena.Estou olhando o folheto por que quero sentir a maciez do papel...Claro que vamos para Mikonos!Você nem parece ser a deusa da sabedoria, fazendo essas perguntas bobas!-Disse ele, com ignorância.Aquela grosseria não tem perdão!Voltando a ficar furiosa, respondi:

-A claro, tem razão, desculpe por ter sido tão impertinente.Mas é que eu fiquei tão surpresa pelo fato de você saber ler,que acabei me empolgando!Desculpe!-Disse de modo irônico, fingindo inocência.Ele faltou me insinerar com os olhos, mas o ignorei, retornando a minha agradável leitura.

Estava lendo Tormenta de espadas da série Guerra dos Tronos e admito que a inspiração que eu concedi para o autor causou um resultado muito bom.A leitura estava muito boa, mas acabei caindo no sono, vencida pelo cansaço.

Sempre que acordava, me lembrava da minha atual situação, então fechava os olhos e voltava a dormir.Afinal é melhor dormir do que ver a carranca de Poseidon.

Mas na terceira ou quarta vez que acordei, observei que sobre mim havia um confortável cobertor.Olhei para Poseidon e vi que ele também dormia, então olhei em volta e vi que a aeromoça  que nos indicara os acentos se encontrava por perto.Então decidi perguntar:

-Com licença, mas quem colocou este cobertor em mim?Foi a senhorita?-Falei com um pouco de sonolência e duvida na voz.

-Não.-Respondeu ela, docemente -Foi o seu marido que me pedira o cobertor.E Ele ainda passou 5 minutos afofando seu travesseiro.-Disse ela sorrindo e indo embora.

Desde quando Poseidon se incomoda comigo???Ou melhor, desde quando ele AFOFA meus travesseiros???Aquilo só podia ser um sonho!Isso realmente não tinha lógica nenhuma.Então, pensando que tantas horas no avião não me faziam bem, voltei a dormir.

Quando o avião pousou, já era noite na Europa.E quando as malas foram descarregadas e eu pude finalmente por os pés no chão,senti no ar um cheiro muito familiar, de um lugar que eu não visitava a muito tempo.

-Atenas??Isto aqui é meu antigo lar Atenas???-perguntei com indisfarsável alegria.Sim, eu estava em casa!Minha linda cidade, meu lar!O lugar que conquistei, onde fui tantas vezes cultuada!Há, era bom estar em casa!!Era bom estar de volta!

Todos os passageiros haviam descido para esticar as pernas.e quando menos esperei, lá estava Poseidon atrás de mim, cilencioso como uma sombra.Até que ele notou a minha alegria e disse:

-Não se anime muito, Isto aqui é só uma escala.Daqui a meia hora estaremos entrando em outro avião para chegarmos a ilha de Mykonos.-Falou ele, carrancudo, seguindo para o Aeroporto.Não importava o mau humor dele, nem o fato de ser pouco tempo, o que importava é que eu estava no meu lar novamente.

Novamente no avião, eu havia desistido de dormir e dessa vez estava lendo Coração de tinta.Poseidon me encarava como se eu fosse um E.T, até que decidiu perguntar:

-Você não se cansa de ler, não?-Interrogou ele, erguendo uma sobrancelha.

-Não.A leitura para mim é como água para os mortais.Indispensável.-Disse eu virando uma página, sem lhe dar atenção.

-Hum.-Foi a única coisa que ele respondeu.

Quando enfim chegamos na ilha, ao sair do Aeroporto, encontramos um pequeno carro, daqueles feitos para turistas, um  carro de aluguel.Nele havia um pequeno bilhete escrito num papel cinza, que dizia:

Olá casal!Aqui é seu querido maninho Hermes e este é meu presente para vocês!Desfrutem deste carro e lembrem-se de mmi, ao desfrutar as belezas deste lugar perfeito.A casa de vocês está do outro lado da ilha e ela tem um lindo píer para barcos.O carro os levará automáticamente.

Um Abraço.

Hermes.

Revirei os olhos ao ler aquilo.Só podia ser coisa do Hermes mesmo!”Olá casal” Humpf!Eles não entendem que o casamento é só no papel.

Depois de uma pequena discussão sobre quem colocaria as malas no banco de trás (a qual eu venci, e as malas de Poseidon foram para o bagageiro) Nós entramos no carro e seguimos para a tal casa com píer.

No caminho, o tédio se instalou de modo a deixar tudo no mais total cilêncio,Então usei um pouco dos meus mínimos poderes divinos para sintonizar em uma rádio decente.E para minha alegria, em uma delas tocava uma música que eu realmente gostava.Mine, Taylor Swift.Sem me importar com Poseidon, comecei a cantar:

““ Oh oh ooo o

Oh oh ooo o

You were in college working part time waiting tables
Left the small town never looked back
I was the flight risk with the fear of fallin
Wondered why we bothered with love if it never lasts

I say "Can you believe it?"
As we're lying on a couch
The moment I could see it
Yes yes I can see it now…”

…NOSSA, NOSSA, ASSIM VOCÊ ME MATA!!

AI SE EU TE PEGO...AI, AI, SE EU TE PEGO!!

DELICIA, DELICIA, ASSIM VOCÊ ME MATA..””

-QUE MÚSICA É ESSA POSEIDON???!!!-Berrei, vermelha de fúria!

-Ora.-Disse ele com simplicidade.-Essa é uma musiquinha brasileira que eu gosto de ouvir.Por quê?Algum problema Ateninha?-Perguntou ele tentando prender o riso.

-Sim, CLARO que tem problema!!Você é um mal educado grosseirão!!Não percebeu que eu estava ouvindo a outra música?Por que você mudou???-Perguntei, já roxa de raiva.

-Por que eu quis!!-Respondeu ele com uma gargalhada que beirava a maldade.

Tentei respirar e contar de um até dez, afinal era uma pessoa adulta e não ia responder as infantilidades do Poseidon.

Um...Dois...Três...CHEGA!!Agora aquele platelminto vai ver o que é bom pra tosse!.

 -VOLTA PRA OUTRA RÁDIO POSEIDON!!Berrei, tentando apertar os botões.

-NÃO VOLTO!!-Respondeu ele, impedindo meus dedos de chegarem ao painel.

-VOLTA SIM!!-

-NÃO VOLTO!!-

-VOLTA SIM!!-

-NÃO VOLTO...-

-CHEGA!!-Gritei já sem paciência.-Eu não vou ficar discutindo com você pelo controle do rádio!Pode ouvir as porcarias que quiser, eu não estou nem aí!!-Continuei gritando para ele.Então virei minha cabeça em direção a janela e o ignorei completamente.

O silêncio voltou a reinar no carro, exceto pela música brasileira que continuava tocando.Eu até conhecia o cantor, um tal de Michel Teló e havia enjoado daquela música, de tanto que o Apolo escutava.Quanto a Taylor Swift, Afrodite havia me feito ouvir o CD e eu acabei gostando da cantora.

Sem aviso, o carro parou e com certa violência, abri a porta e sai.E só então vim perceber o lindo lugar onde estávamos.

Era uma bela praia.E pelo cheiro antigo, pude perceber que era o Mar Egeu, o antigo lar de Poseidon.Nesta parte da praia, havia uma linda casa pequena e chamosa, embora ela tivesse dois andares.E é claro, havia ainda o píer, descrito por Hermes, onde repousava um pequeno Iate.

Depois de descarregar as malas, acabamos encontrando a chave da casa debaixo de um tapete, perto da porta.Entramos e eu acendi a luz.Ao fazer isso, sufoquei um grito de surpresa.

A casa era uma das mais lindas que eu já havia visto!E olhe que eu sou a deusa arquiteta!Seu estilo remontava ao Séc XVIII, misturado com a Grécia antiga.Possuia modernos aparelhos, embora os móveis parecessem antiquados.

 Ao andar pela casa, percebi que no andar de baixo havia uma sala, cozinha e um banheiro para visitas.Ao subir as lindas escadas, tive que sufocar outro grito.Um grito de horror.

-Mas essa casa só tem um quarto!!-Falei surpresa.Poseidon chegou atrás de mim e disse:

-É, parece que Hera levou ao pé da letra essa conversa de casamento.-Comentou ele,nem um pouco surpreso.

-Mas como vamos dividir uma cama???Não!Espera, já sei!Você dorme no sofá!!-Falei, feliz com a minha idéia.

--Mas é claro que não!!Eu vou dormir na cama, nem vem!!!-Disse Poseidon, de braços cruzados.

-A ta!Pode tirar o filhote de eqüino da precipitação pluviométrica!!Eu durmo na cama e fim!!-Disse eu, decidida.

-Não adianta me mandar tirar o cavalinho da chuva!!Se você não desistir da cama, vai sofrer as conseqüências!!-Ameaçou ele.

  -Aé?-Perguntei debochando.-E que ``conseqüências””seriam essas??-Perguntei, rindo da cara dele.

-Isso!!-Então ele me pegou como se eu fosse um saco de farinha, me botou pra fora do quarto e trancou-se lá!

Possessa de fúria, bati milhares de vezes na porta, dei socos, até tentei explodi-la, mas não surtiu efeito.Depois de me cansar, escorreguei para o chão e encontrei um bilhete amarelo.

“”Querido casal, aproveitem bem o quarto e a hidro.Beijos.

Hera!”

Ri de raiva, sem acreditar na cara-de-pau desse povo.Desci as escadas e tentei me instalar em um dos sofás.E antes de dormir, pensei apenas em duas coisas.

1)Essa noite seria longa.

2)Poseidon e Hera vão me pagar!!E muito caro!!!

Depois disso, o sono chegou.