V

Depois da quarta e quinta aula eu e a Hayley fomos pro nosso quarto. Eu tomei banho, e deitei na cama. Pus meu ipod no volume máximo. Ainda era 5 da tarde. A festa começava as 7, então resolvi dormir.

Acordei, sem sono nenhum. Olhei para o lado, a hayley não estava mais na cama. Aliás não tinha cama. Que coisa estranha. Peraí. Não tinha nada no quarto. Olhei em volta. Olhei pro meu corpo. Estava vestindo um vestido que nunca tinha visto na vida. Era realmente velho. Toquei no meu cabelo. Estava preso numa trança. Comecei a ouvir gritos abafados e desesperados. Gritos de dor. E ERA A VOZ DA HAYLEY! AI MEU DEUS. Abri a porta, e segui os gritos, que vinham do lado direito. Enquanto corria, percebi que não tinha ninguém no corredor. Não tinha armários, nem pessoas. Então os gritos pioraram. Vinha do lado esquerdo dessa vez. Corri desesperada. O que é que está acontecendo? E a direção dos gritos alternava cada vez mais rápido. Até que em um momento tão aguentei e pus as mãos no rosto, tentando parar de ouvir tudo isso. Ouvi os gritos e agora estavam tão altos que não conseguia ouvir nem o meu pensamento. Agora os gritos vinham da minha frente. Abri os olhos. Tinha uma porta alta e escura. Estava tão quente ali que quase não estava aguentando.

–SOCORRO!

Abri a maçaneta dourada, estava tão quente que queimei minhas mãos. Olhei pra elas. Estavam cheias de bolhas, eu não estava aguentando, mais insisti. Até que a porta caiu sobre mim.

E então eu finalmente acordei.

Olhei para as minhas mãos, ainda estavam com as bolhas, pisquei os olhos, não tinha mais bolha alguma. Esse foi um dos piores pesadelos que eu já tive em toda minha vida. Olhei para a minha roupa, e que alívio. Eu estava as minhas roupas normais. Olhei em volta, os moveis também estava lá. E a hayley também, pondo uma argola na orelha. Essa foi a melhor sensação da minha vida. Perceber que tudo aquilo era um sonho.

–Eu acho melhor você se arrumar, dorminhoca- ela riu.

Eu levantei ainda um pouco tonta. Me espreguicei e fui tomar banho. Lavei meu cabelo, ainda pensando no sonho.

Saí, pus uma roupa e sequei meu cabelo, enquanto a Hayley se maquiava.

–Cara, eu tive um sonho horrível. E você estava no meio!

–Eu? – ela riu – Nossa, conta aí – ela disse, enquanto passava lápis.

Falei o que tinha acontecido. Quanto mais eu falava mais a Hayley ficava branca. Assustada, boquiaberta. Como se eu tivesse descoberto um segredo dela. Cara, ela anda estranha.

–Horrível né? – perguntei

–É, nossa, horrível. Terrível. – ela falou pausadamente.

Um silêncio pairou entre nós.

–Quer minha maquiagem emprestada? – ela disse, tentando mudar de assunto.

–Só me empresta seu lápis de olho?

–Claro, pega aí.

Me maquiei enquanto ela ligava a TV para assistir alguns clipes.

–Vamos?

–Vamos.

A gente foi no auditório, eu não tinha entendido nada.

–Lembra que você me perguntou outro dia pra que servia essa porta? - confirmei com a cabeça. - Pois é, ela que nos leva pra nossa festa! – ela disse empolgada. – Poucos tem a chave daqui. E olha só! – ela me mostrou o molho de chaves, sorrindo, sorri empolgada.

Ela abriu a porta. E cara, aquilo tudo era demais.