Acordo sonolenta, o céu todo escuro e o tempo ainda frio. Ainda estou vestida coma blusa do ramones, e o casaco que Stefan me deu ainda está nos meus braços.

Me levanto cambaleando, ponho o agasalho na cadeira, tiro a roupa e entro no chuveiro. A agua quente praticamente queimava minha pele. Molho meu rosto na agua escaldante e abro os olhos. Com o vidro do Box embaçado pelo vapor, e começo a escrever.

Stefan + Valentina = ♥

Fico lá, olhando para o que eu escrevi num gesto automático. Fico lembrando da noite de ontem. Tudo o que ele me disse... o que ele me revelou...o que ele fez... Nesse momento eu pergunto a mim mesma até onde chegaríamos se Damon não tivesse interrompido. Estaria ele atrapalhando de proposito? Olho para meu braço marcado pelos pequenos cortes que o vidro do copo de Damon me proporcionou ontem. Suspiro. E se eu não tivesse interrompido Stefan ontem, quando ele enforcou o irmão? Stefan teria o matado? Ele seria capaz de fazer isso? Estremeci. Lembro do que ele me disse. ‘’Já matei pessoas todos os dias. ‘’ mesmo ele dizendo que matavam pessoas que precisavam morrer, meu coração gelou.

–Valentina! – A voz de Hayley do outro lado da porta. – anda, a gente vai se atrasar!

–Tá, to indo!

Pus uma roupa e saí ao lado dela.

–Por onde você andou ontem? – ele me pergunta

–Ah, ontem aconteceu tanta coisa ontem... AI MEU DEUS. – quase gritei quando lembrei o que descobri ontem. A Hayley quase caiu no chão de susto. Sem querer me escapou uma risada.

–Ei! – ela protestou indignada.

–Foi mal. – eu ri alto. – Enfim... eu descobri uma coisa ontem... e é meio... meio não, é muito surpreendente. E é sobre o Stefan.

–Stefan? – seu rosto empalideceu.

–É, mas eu tenho que contar com ele.

–Ah não Valentina! Agora me conta!

–Eu não posso cara! Só quando ele estiver presente.

Depois de pedidos indignados, nós seguimos para a aula.

Passei as três aulas com a Hayley me implorando para contar.

O sinal toca e saímos para almoçar.

Chegando ao refeitório muito barulho, principalmente de vozes femininas, um burburinho só. Toda aquela confusão em volta da minha mesa.

Olho para a Hayley e concordamos que devíamos ver o que estava acontecendo.

Sigo até a mesa. Garotas do 1º, 2º e até do 3° ano rodeando alguém que estava sentado. Empurrei algumas delas para ver quem era.

Tive que ouvir uns ‘’licença se pede’’ ou ‘’educação mandou lembrança’’ mas não tava nem aí.

Chego a borda da mesa, Hayley ao meu lado.

–Bom dia loira! – Damon. Era ele que aquelas garotas estavam rodeando. Ele sorriu pra mim encantadoramente.

Ele estava com uma garota de cabelo ruivo e curto na sua perna esquerda, e uma outra menina morena de cabelos escuros em sua perna direita. Elas alisavam o rosto dele e o beijavam. Do seu lado esquerdo, sentadas no mesmo banco que ele, 3 garotas, do outro lado mais três. Elas davam a ele varias coisas para comer (LITERALMENTE HAHA.) como uvas e pedaços de maçã. Ele era servido com um sorriso satisfeito no rosto.

Stefan estava no banco em frente ao irmão, sozinho e com cara de entediado, comendo uma lasanha que mais parecia vômito de gato.

–Que é que está acontecendo? – eu pergunto. O tom que eu usei parecia o tom de uma mãe ao ver seu filho praticando uma orgia.

Damon riu.

–Quem é essa amor? – a ruiva disse, olhando para mim apontando o dedo e arqueando a sobrancelha.

–Quem é você, sua vadia. E tira esse dedo fedido da minha cara se você não quiser apanhar aqui e agora. –eu disse apontando pra ela. Ela recolhe o dedo e se encolhe, envergonhada. Todos boquiabertos.

Reviro os olhos.

–Damon, manda elas saírem que eu quero sentar. - digo de braços cruzados.

–Quem você acha que é... – a morena já ia dizendo, alterando a voz, avancei em direção a ela sem pensar, quando Damon nos interrompe.

–Meninas. Por favor. Vocês podem... Me dar licença? Nós nos vemos mais tarde tudo bem? – ele morde os lábios e sorri. Algumas delas suspiram, mas a maioria me fuzila com os olhos.

Permaneço de braços cruzados, olhando diretamente em seus olhos..

Elas finalmente foram embora.

Suspirei e me sentei ao lado de Stefan e Hayley senta ao lado de Damon. Stefan beija minha testa e nos afastamos com um sorriso. Damon avança em direção a Hayley para beija-la também .

Ela dá um tapa na cara dele. Não consigo em segurar e começo a gargalhar junto a Stefan.

–Isso doeu!

–Pra você aprender, nem pense em me beijar! Você beija tanta garota que deve ter um monte de resíduo nojento nos seus lábios. – ela faz cara de nojo. Eu começo a rir mais alto ainda, chamando atenção das pessoas em volta.

–Eu tenho sentimentos sabia Hermione?? – ele estava com uma cara decepcionada. Não conseguia para de rir. Damon me ignorava.

–Uhum. Sei. Sentimentos. – ela revira os olhos. – E quer para de me chamar assim estúpido?

–Eu sei que você me trata desse jeito por que me ama. – Damon sorri e cheira o pescoço de Hayley.

Ela solta um grunhido de raiva, quase um grito, e puxa o cabelo dele com toda a força, o forçando a olha-la diretamente. Seus rostos estavam pertos um do outro, Hayley vermelha de ódio.

–Olha só. Se você não quiser que eu faça picadinho de Damon é melhor você não me tocar mais. – e largou a cabeça dele, empurrando-o pra trás. Puxou sua cabeça de novo e disse: –Ou pode continuar, se você quiser tomar um banho de verbena enquanto estiver dormindo.- e sorriu. Todo mundo estava de boca aberta, inclusive Damon. Os olhos dele brilhavam, de modo estranho... como se estivesse emocionado. Mas que porra é verbena?

–Isso... – ele disse, os olhos lacrimejando - foi a coisa mais sexy que um mulher já me disse. - ele sorriu maravilhado.
Hayley piscou, como se não estivesse acreditando.

–Você... – ela suspirou.- Eu desisto. Você é um demente.
Stefan e eu gargalhamos um pouco alto demais.

Os dois reviraram os olhos.
­

–Enfim! – eu finalmente digo, me recuperando do meu ataque de riso. Pigarreio. – Stefan... eu estava pensando, bem... – engulo em seco. Eu estava nervosa. Afinal, o segredo não era nem meu! –Estava pensando em contar a ela o que nós conversamos. – agora Stefan parecia estar nervoso. Me xinguei silenciosamente. Eu estava colocando-o numa situação complicada. Eu ia falar, tentar consertar tudo isso, contar outra história quando ele me interrompe:

–Ela já sabe.

Engulo sem seco. Meu rosto ardia de vergonha. Não em compreendia. Por estava envergonhada? Eles que esconderam de mim, por que estar envergonhada? Ao invés de xinga-los, apenas soltei um:

–Ah. – e baixei a cabeça.

–Vocês estão falando de quê? – Hayley pergunta franzindo o cenho. – Eu não to entendendo nada. – Stefan limpou a garganta.

–Contei a ela. Contei a ela o que Damon e eu somos.

–E ao invés de sentir medo dele, ela acaba na cama com Stefan! – Damon diz, bufando e me olhando indignado.

–EI! – encho a colher com purê de batata, pronta para joga-lo em sua cara.

–V. – Stefan me advertiu e eu desisti de tentar.

–Hm, se vocês contaram o que são, acho que eu também deveria contar o que sou. – Hayley disse, esfregando uma mão na outra, um sinal evidente de seu nervosismo.

Cerro os olhos e de repente fico boquiaberta.

–Você... você também é uma vampira?

Damon riu. Hayley e Stefan os fuzilou com os olhos.

–Que foi?

–Não V, eu não sou uma vampira.

–Mas é imortal. – disse Damon, comendo uma uva.
Hayley o olhou de modo tão assustador que me intimidou.

–O quê? Vai esconder tudo dela? – ele revirou os olhos.

–Damon... - ela respirava pela boca. Seus olhos revelavam puro ódio. Damon engoliu em seco.

–Ok. Eu to indo. – seu tom era com um pouco de medo. Ele beijou sua buchecha, saiu correndo, indo de encontro a umas garotas. Eles as abraçou por trás, e elas pro sua vez riram. Nós três reviramos os olhos.

–Então você é imortal?

–Bem... sou mais uma.. – ela tamborilava os dedos no queixo, em busca da expressão correta. – sou mais uma prisioneira da imortalidade.

–Mas como assim?

Stefan e Hayley se entreolharam. Stefan assentiu com a cabeça, incentivando-a a continuar.

–Eu vou começar. É uma longa história. Mas primeiro: me desculpe por ter ocultado tudo isso. – balanço a cabeça afirmativamente. – e segundo: tente acreditar no que eu digo, é meio surreal então... – ela suspira. – Tenho 121 anos. – meus olhos se arregalam. Mas como assim? Quer dizer que... perai, como assim? Hayley? – eu nasci em 27 de dezembro de 1890.fui mandada para cá aos meus 14 anos. Meus pais temiam por mim. Venho de uma linhagem de.. venho de uma linhagem de bruxas. – meu queixo caiu. Meus sonhos, o que eu pesquisei, tudo veio a tona. ‘’MORTE A BRUXA!’’ mas espere, oque isso tem a ver com o que ela está dizendo? Teria eu o dom de sonhar com o passado distante? Mas que tipo de dom é esse? E vai servir pra quê? – A ultima bruxa de toda a França sou eu. – mela engole em seco. Stefan apertava a minha mão, me dando força para ouvir tudo isso. – Antes de vir para cá, na vila onde eu morava acontecia coisas estranhas. Incêndios repentinos, colheitas fracassadas, doenças graves. Quando uma das moradoras descobriu o que eu sou de verdade associou todas as desgraças que aconteciam a mim. Por eu ser uma bruxa. Quando todos ficaram sabendo quiseram matar meus pais. Saquearam a minha casa, roubaram nossos pertences mais valiosos. Quiseram colocar fogo na nossa casa, e conseguiram. Meu pai morreu no incêndio. – ela baixa a cabeça - Tudo o que restou para eu e minha mãe foi um amuleto de bronze, herança da minha mãe – imagens invadiram minha cabeça. Sonhei com esse tal amuleto. Esse amuleto preso numa igreja abandonada, numa passagem secreta que levava a uma sala de mármore. Um calafrio percorreu meu corpo. – a minha mãe procurou ajuda. Mais pessoas se reuniam para me sacrificar. Então ela pediu um auxílio de minhas tias. Elas resolveram me colocar aqui, onde eu ficaria em segurança. Fiquei por 2 anos sem nenhum contato da minha família, e conheci Damon e Stefan nesse tempo. Só que os caçadores descobriram onde eu estava. Minha mãe e minhas tias tentaram impedi-los, mas eles a mataram. – seus olhos estavam cheio de lágrimas. – antes que elas morressem, fizeram de mim uma imortal, para os tais caçadores não conseguirem me matar. Elas pegaram o amuleto de bronze, pingaram algumas gotas do meu sangue nele, e fizeram um pacto: enquanto existisse o amuleto, e ficasse aqui dentro, seria imortal. Não poderia sair daqui, senão queimaria em cinzas. Aprisionaram uma parte de mim no amuleto, e o esconderam. Só que antes que elas pudessem me dizer onde ele estava, foram assassinadas. Sobre o amuleto, no começo foi bom. Vários caçadores tentaram me queimar, mas fracassaram. O tempo foi passando e os caçadores morreram, o segredo da bruxa morrendo com eles. Só que depois foi ficando difícil pra mim. Estava presa a esse internato para sempre. Já tentei buscas e mais buscas e nunca consegui encontra-lo. Toda a minha telepatia com a minha família está bloqueada. Se eu encontrar o amuleto, consigo ser libertada, consigo sair daqui. Só que se cair em mãos erradas... bem, estou morta. – minha respiração estava sem controle. – E é aí que você entra. Você é uma das escolhidas. Tem avisos em seus sonhos. Nunca te contei nada por medo,. O escolhido pode escolher entre salvar e matar. Provavelmente você deve ter tido sonhos sobre o amuleto. Algo dentro de você sabe onde está. Só o escolhido pode me libertar. Ou me matar. Se você conseguir achar o amuleto e quebra-lo, eu deixo de existir, e você e toda a sua família vira imortal. Agora se você fizer todo o ritual com o amuleto, sou libertada, e viro mortal novamente. Essa é toda história.

Tento respirar regularmente.

–Você... tem poderes? Você voa? Como você consegue ser tão normal? Sabe, você está amaldiçoada.

–Bem, não são poderes... eu consigo fazer feitiços. Tenho um livro da grossura da sua perna guardado. Consigo fazer de tudo. De... sei lá, fazer uma lasanha de um hora pra outra a curar pessoas. Só que eu não uso. Quero me sentir... normal. – ela riu. – e não, não voo. Tia Líbina tinha uma vassoura, mas acho que ela foi queimada. E sobre a maldição... – ela deu de ombros. – eu não posso ficar deprê o tempo todo. Afinal, nem eu aguentaria. Estou aqui a mais de 100 anos, eu tenho que... ah, eu tenho que curtir um pouco. Mas nunca paro de procura-lo. Mas sabe V, não é tão ruim assim. Eu já conheci pessoas fantásticas. Pessoas de todo o mundo. Descobri línguas novas, instrumentos novos, já perdi a contas de quantos livros já li, de quantos tipos de cabelo já tive. Eu procuro ver o lado bom da coisa. Sim, estou presa aqui, mas ainda posso curtir! Eu já tive uma banda de jazz, uma de um ritmo irlandês muito louco .- Stefan e ela se entreolharam e riram – uma banda de musica africana, já fiz até uma banda de samba! – eu ri com a careta que ela fez. – e todas com o mesmo nome: paramore. É um bom nome pra uma banda não é? Agora eu tenho uma banda de rock, com Jeremy – ela sorriu ao lembrar do cara que ela gosta- e com Taylor. Não é tão ruim quanto você pensa. É claro que eu preferia ser livre para viajar o mundo, conhecer os lugares que meus colegas já moraram, mas sabe V? Se eu não posso sair e conhecer o mundo, ele vem até a mim. – ela sorriu. – Enfim! Agora você já sabe de tudo. Espero que você não tenha ficado assustada.

–Espere. – eu digo. – então é por isso que Damon te chama de Hermione? A bruxa de Harry Potter?

Hayley revira os olhos.

–É, esse idiota tem muita criatividade quando o assunto é apelido.

Eu ri alto.

– Então... que tal um feitiço para fazer meu vestido do baile?

–Eu acho que você leu meus pensamentos! – ela disse, num tom de empolgação. Isso me deixou alegre, espero que fique bonito. Terminamos de comer e fomos para as ultimas aulas. Ainda é difícil de acreditar nisso tudo, mas Stefan me prometeu que com um tempo me acostumo. Espero.