Kyyneleet escrita por Lie-chan


Capítulo 5
Parte V


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem mais uma vez pela demora ;-;
Estava enrolada com a escola, mas agora, de férias, finalmente a última parte!



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Por Lie-chan:

 

 

 

Kyyneleet

 

 

 

Parte V

 

 

 

Tentei abaixar a cabeça, para impedi-lo de continuar me fitando, mas fui impedido por seus dedos, que agora tocavam delicadamente meu queixo. Reita havia se abaixado, estando agora quase da minha altura, e continuava parado, como se não soubesse por onde começar.

 

 

 

Como aquilo me inquietava! Por que ele não podia falar de uma vez o que tinha a me dizer e ir embora? Como ele podia não perceber o que sua presença causava em mim? Não... Reita me conhecia, ele percebia sim. Mas se percebia, por que continuava? Por que ele tinha que me deixar daquele jeito?

 

 

 

– Me desculpe... – Murmurou, por fim, num fio de voz que quase não podia ser ouvido.

 

 

 

E, nesse momento, algo dentro de mim pareceu explodir. Ele já invadiu meu apartamento, me encurralou num cômodo, me deixou mais confuso do que eu já estava e agora ainda enrola para se explicar? De repente a idéia de seu nariz sangrando sob meu punho fechado pareceu-me perigosamente tentadora.

 

 

 

No entanto, meus músculos – entorpecidos pelo chão frio e hipnotizados pelo olhar de Reita – não respondiam aos comandos de meu cérebro. A proximidade demasiada de nossos rostos fazia um calor estranho envolver meu corpo e esquentar minha face.

 

 

 

Maldito, desgraçado, filho de uma... Como conseguia ainda fazer meu coração bater tão rápido? E eu, idiota, gostava daquilo. Era como se... O mundo inteiro estivesse girando e nós continuássemos parados.

 

 

 

Mas era como se... O mundo pudesse parar também a qualquer momento.

 

 

 

E eu não queria que parasse.

 

 

 

– Eu te amo. – Falei pausadamente, com a voz humilhantemente embargada pelo choro. Seus olhos se arregalaram, ante minha locução repentina. – Mas isso não muda o que aconteceu. – Concluí, retirando sua mão de meu queixo.

 

 

 

Tomei um susto ao sentir seus braços circularem bruscamente meu abdome, seu pescoço encontrando um lugar confortável na curva de meu pescoço. Queria tanto poder dizer que meu primeiro impulso foi afastá-lo... Entretanto, a verdade é que não pensei duas vezes antes de começar a acariciar sua nuca.

 

 

 

– Eu também te amo. – Falou, praticamente num sussurro, me apertando com mais força. Poderia ser coisa da minha cabeça, mas... – Te amo tanto... – Ele parecia machucado, dolorido. – Por favor... – Sua voz foi cortada por uma fungada.

 

 

 

E a verdade é que eu não sabia o que fazer, como reagir. Tê-lo tão indefeso, tremendo entre meus braços, era algo inimaginável e até mesmo inconcebível perante minha concepção de sua identidade. Reita é... Aquele que me protege.

 

 

 

Ou pelo menos era.

 

 

 

No entanto, agora ele parecia mais uma criança de cinco anos pedindo colo à mãe depois de uma tentativa frustrada de fugir de casa levando consigo apenas um pacote de biscoitos e um bichinho de pelúcia. Isso se crianças de cinco anos tivessem braços tão fortes e apertassem a mãe até ela praticamente não conseguir respirar.

 

 

 

E com isso eu não conseguia deixar de achá-lo perigosamente fofo.

 

 

 

– Seu bastardo... – Murmurei, mais para mim mesmo do que para ele, continuando minhas carícias em seu cabelo. Podia sentir suas lágrimas fazendo uma trilha molhada pelo meu pescoço até atingirem minha camisa, aonde rapidamente eram absorvidas pelo tecido.

 

 

 

– Desculpa... Desculpa... – Ele disse baixo, com a voz abafada. Sua respiração ia de encontro à minha pele, causando-me arrepios. Era somente minha impressão ou ele estava mesmo tremendo? – Era mentira, era tudo mentira... – Reita continuou, dessa vez com os dedos presos à minha cintura nitidamente trêmulos.

 

 

 

– Calma, respira... O que é mentira? Fala devagar... – Tentei acalmá-lo, mesmo que minha vontade fosse a de sacudi-lo até falar alguma coisa com mais nexo.

 

 

 

Alguns instantes se passaram, enquanto Reita respirava pausadamente, naquele velho exercício de puxar o ar com a boca e soltar com o nariz. Desci minhas mãos para suas costas, abraçando-o com mais força. Era tão ridículo o quanto eu ansiava por mais contato!

 

 

 

– Eu nunca te trairia, pequeno... Nunca... Estava com raiva e acabei falando besteira... Aí você foi embora e eu fiquei sem saber o que fazer... E... Apesar de seus evidentes esforços para formar frases coerentes, era difícil entender o que Reita falava.

 

 

 

Aliás, por que foi que nós brigamos mesmo? Eu só sei dizer que tinha algo a ver com ciúmes... Mas motivo, motivo mesmo, nenhum. Coisa estranha, não?

 

 

 

E, aparentemente sem motivo, ele me fez sofrer.

 

 

 

Mas, o que eu podia fazer quanto a isso? Com ele ali, chorando no meu colo... Por mais que seja orgulhoso, eu nunca conseguiria resistir a essa nova oportunidade de concertar as coisas. Idiota seria é se não o perdoasse... Por mais que eu tenha prometido nunca chorar por um homem, eu já chorei, não é mesmo? E se eu já estou fadado a esse ridículo hábito típico dos humanos, melhor que chore por ter confiado demais do que por nunca ter dado outra chance.

 

 

 

Afinal, eu não estaria apenas o dando outra chance. Estaria dando outra chance a mim mesmo. Se chorar é mesmo algo humano – e uma hora ou outra eu teria de me sujeitar a isso – fico feliz que seja por ele. Nenhuma outra pessoa tão digna...

 

 

 

Depositei um leve beijo em sua testa, não conseguindo evitar um leve espirro por causa do forte cheiro de spray fixador. Na verdade foi apenas um leve roçar de lábios, porém o suficiente para transmitir meu recado.

 

 

 

Reita levantou a cabeça repentinamente, mordendo minha bochecha em um ato infantil. Antes que eu pudesse perceber já estava com seus lábios sobre os meus, num contato ao qual eu ansiava até mais do que poderia admitir – para o bem de minha sanidade mental.

 

 

 

Nossas bocas se moviam com lentidão, o gosto salgado de suas lágrimas se misturando à minha saliva. Meus joelhos começavam a formigar ante o atrito com o chão, mas a sensação incomoda foi rapidamente deixada de lado quando seus dedos começaram a percorrer minha pele por baixo da camisa.

 

 

 

Entretanto, me dei conta ainda estar com lágrimas escorrendo pelo rosto, numa trilha contínua que ia de encontro ao meu pescoço. Isso somado ao fato da língua de Reita estar começando a brincar com meus lábios fazia com que a tarefa de respirar se tornasse cada vez mais complicada.

 

 

 

Ao nos separarmos, ambos ofegantes, notei o quanto seu olhar continuava melancólico, como se estivesse com pena de mim.

 

 

 

Era por isso que eu não gostava de chorar. Muito menos na frente dos outros.

 

 

 

– Sabe... Naquele dia, eu estava errado. – Comecei, admirando o modo como seus olhos imediatamente se fixaram nos meus. – Eu não comecei a gostar de você porque achava que não me faria chorar... Foi porque, mesmo que eu chorasse, ainda ia valer a pena. – Concluí, só depois percebendo que talvez ele nem saiba de que dia eu estou falando. Tenho que parar de soltar essas frases desconexas...

 

 

 

– E valeu? – Ele perguntou, me sorrindo em resposta. Não sabia se deveria rir ou bater nele perante sua confiança em minha resposta.

 

 

 

Dessa vez optei por deixar passar. Afinal, ele estava mesmo com a razão.

 

 

 

– Sim. – Murmurei, antes de voltar a beijá-lo.

 

 

 

FIM


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Notas finais do capítulo

Acabou, é.
Na verdade já estava pronta a mais de uma semana sem eu ter coragem de postar, me desculpem por isso. Fiquei lendo e relendo procurando algo a acrescentar, mas no fim acabou ficando assim mesmo.
Espero que vocês tenham gostado da fic
E espero que os leitores voltem, porque os reviews estão sumindo ;w;
Enfim, é isso, obrigada a quem me acompanhou até aqui e espero que nos encontremos depois em outra fic n_n
Chuu~