Os Melhores Anos De Nossas Vidas escrita por Carol Bandeira


Capítulo 26
Aquecimento


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!

O título deste capítulo foi escolhido pois começaremos a entrar nos jogos escolares. Este aqui foi só uma prévia para mostrar como está o ânimo da escola com relação a este evento tão aguardado.

Boa leitura!



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O evento mais esperado pela maioria dos alunos do estado de Nevada estava para começar. As equipes em cada colégio participante treinavam com mais afinco, os atletas eram ovacionados em cada canto que passavam, a maioria com uma líder de torcida nos braços. Brass e o treinador estavam arrancando o couro dos atletas e Nick nunca se sentira tão fatigado.

Enquanto para alguns atletas aquele era um período de glórias, para outros as coisas não andavam tão bem. Esse era o caso dos alunos que não obtiveram um bom resultado nas provas de primeiro semestre. Como a escola só permitia aos jogadores participarem dos torneios se passassem na média em todas as disciplinas, alguns poucos atletas se viram obrigados a frequentarem as aulas de monitoria.

Muito a contragosto, Hank se viu obrigado a perder um fim de tarde tranquilo trancado em uma sala com um bando de gente burra ou nerd demais para entender como era bom passar a tarde fora daqueles muros das salas de aula. O garoto engoliu o orgulho e adentrou a sala reservada para as aulas de biologia, encontrando algumas poucas cabeças no aposento, espalhadas em pequenos grupos, cada um com um monitor de uma série tirando as dúvidas de seus colegas. Somente um monitor não parecia fazer seu trabalho, e Hank não poderia perder a oportunidade de implicar com ele.

–Ora, ora! Mas o que temos aqui! Vocês dois, tão aconchegados aí...quer dizer que os rumores são verdade?

Gilbert e Heather se assustaram com a intromissão, quase pulando da cadeira. Hank pensou que era uma pena não ter uma câmera quando se precisa dela. A cara de culpa de Gil era impagável. O que Sara pensaria quando visse esse chamego todo?

–Hank, oi! Eu já estava de saída, tenho certeza de que está ansioso para tirar suas dúvidas- Heather se levantou e foi andando em direção à porta da sala.

–Duvido muito- Gil sussurrou, sabendo que se pudesse Hank passaria longe dali- Então, Hank,vai se sentar ou prefere ficar perdendo nosso tempo com ironias?

O jovem atleta deu um sorriso amarelo para seu companheiro e se jogou na cadeira. Gil revirou os olhos e se acomodou.

–O que você quer saber?- o monitor perguntou

–O que ela viu em você?- foi a pergunta que saiu após Hank encarar Gil de cima a baixo.

Gil cerrou os punhos e respirou fundo. Precisaria de muita paciência para lidar com aquele ser a sua frente.

–Falando nisso, não sabia que era fominha.

–Não sei o que está querendo, Hank, mas se não veio aqui para tirar dúvidas então é melhor que saia.

–Só tô dizendo, cara! A Sara sabe que você está aqui com a Heather? Ou mesmo que já foram namorados?

Hank não conseguiu se conter, vendo que o outro menino estava ficando cada vez mais irritado. Só não contava que ele fosse explodir tão fácil. Gil deu um golpe com os punhos fechados na mesa em que Hank estava.

–Isso não é da sua conta!

Os alunos que se encontravam na sala pararam o que estavam fazendo para ver o que acontecia com aqueles dois, e um dos monitores veio apartar a briga.

–Senhores, se for para brigar que o façam lá fora. Há quem queira estudar aqui.

Gil e Hank olharam para Ecklie, mas somente Gil o respondeu

–Fica com esse para você!- Gil disse sem nenhuma paciência e se retirou para um outro canto da sala.

Ecklie acompanhou o colega com os olhos, imaginando o que Hank teria dito para Gil, já que ele mesmo nunca vira aquele garoto perder a compostura. Virando-se para Hank com um olhar inquisidor, Ecklie resolveu trocar de assunto.

–Então, qual é a sua dúvida?

Hank gostaria de saber o porquê de Ecklie ser tão idiota, mas preferiu não perguntar.

*~*~*~*~*~*~*OSMELHORESANOSDENOSSASVIDAS*~*~*~*~*~*~*

Sara estava deitada sob a sombra de uma das árvores do parque da escola. Apoiando a cabeça em sua mochila, a jovem lia o livro recomendado pelas aulas de Literatura daquele semestre. De vez em quando pausava a leitura para aproveitar o silêncio que reinava perto dela. Isso era algo muito raro de se acontecer quando se vivia em regime de internato. Sempre havia algum amigo para lhe tirar a concentração, seja nas aulas ou nas horas vagas. Por isso, ela aprendera a apreciar os momentos em que todos os seus amigos estavam ocupados em seus afazeres pela escola. Warrick, Nick e Jim treinavam com empenho para o torneio. Greg e Wendy se divertiam no clube de ciências, seu namorado dava as aulas de monitoria. E Cath, bem... a loira agora não se desgrudava de sua mais nova conquista.

A jovem descansou o livro em seu peito e deixou seus pensamentos vagarem. Sara nunca imaginou que a vida pudesse ser tão boa para com ela. Desde que se conhecia por gente ela nunca passara os dias com tanta calma. Sua vida familiar era muito conturbada, com um pai violento e uma mãe submissa. Sara vivia com medo de fazer qualquer coisa que desencadeasse uma briga, pois estas sempre acabavam em uma visita ao hospital. A situação em casa fazia com que Sara também se escondesse na sua relação com o resto do mundo. Ela não podia deixar que ninguém se aproximasse dela com medo de descobrirem a situação de sua família. Não era bem uma família, mas era a única que ela tinha. Mais tarde, quando sua mãe resolveu dar um basta naquilo, a solução encontrada fora a fuga, o que só resolveu em parte os problemas de Sara. Ela não tinha mais a presença do pai abusivo, mas formar laços fortes com pessoas da sua idade era difícil quando se vivia trocando de cidades.

O que realmente mudou a vida dela para a melhor fora o ingresso no IB. Aqui, longe de tudo e de todos, ela podia se reinventar, ser quem ela queria ser. Não mais a menina calada que vive trancada na biblioteca, não, agora ela tinha amigos, boas pessoas que a acolheram de braços abertos, como se já a conhecessem de uma vida toda. Ela podia ser também a nerd da turma pois não havia ninguém para implicar com ela quanto a isso. E ela ganhara também um namorado, quando no passado nenhum garoto olhava para ela duas vezes. Era incrível o bem que aquele colégio trazia para ela. Quando sua professora de matemática disse que seria uma ótima experiência, com certeza ela não sabia o quanto do que ela disse seria verdade.

Mas ainda assim, com toda essa felicidade, Sara não podia negar que sentia falta da mãe e do irmão. Não havia uma noite em que Sara não pensava, não se preocupava com os dois, com o que estava acontecendo na vida deles. A jovem frequentemente visitava a secretaria para fazer ligações, ou os laboratórios da escola para falar com os dois. Uma vez Gil dissera que admirava a ligação dela com a família. Sara só pode sorrir para ele, mas não com o sorriso verdadeiro. Gil deve ter imaginado que a dor daquele sorriso se devia a saudades, e não ao pesar que ela sentia por aquela “ligação” que ela tinha com a família advinha de um medo doentio de que um dia seu pai pudesse acha-los novamente.

Sara limpou uma lágrima que escorreu ao pensar em sua família, agradecendo aos céus que não havia ninguém ali para perguntar o que se passava com ela. Seria difícil de explicar e com certeza faria com que seus amigos a tratassem diferente. Afinal, ela seria novamente uma pobre coitada... Pensou que o melhor a fazer era voltar para o seu livro.

–Uma rosa por seus pensamentos...

Sara retirou o olhar do livro para dar de cara com uma linda rosa vermelha feita de origami. Segurando a rosa pelo caule estava Gil, com um sorriso ainda mais lindo nos lábios. A jovem aceitou a rosa e Gil se sentou a seu lado para ganhar um beijo. Era errado ele perder o ar sempre que os lábios deles se encontravam?

–Obrigada pela rosa. É linda.

–Nem tanto quanto uma de verdade, mas não consegui encontrar nenhuma aqui.

– Como foi a monitoria hoje?

–Vazia...

Foi o que Gil conseguiu dizer. Não se orgulhava de ter perdido o controle daquele jeito com Hank. Também pensou não haver nada demais em estar conversando com Heather. Sara nem a conhecia direito, então não teria porque dar satisfação a ela? Eram somente amigos, Heather e ele.

–Hoje o colégio parece estar vazio...acho que todos tinham algo importante a fazer...

–E você, o que tinha de importante?

–Nada... fiquei lendo- ela levantou o livro que estava em seu colo e Gil o pegou de sua mão, uma cópia de papel de “ A noite das Bruxas”

–Agatha Christie, não me lembro desse ser triste. Em que parte está?

–Bem no início, peguei hoje a tarde da biblioteca. Mas por que o comentário sobre o livro não ser triste?

Gil elevou os ombros e respondeu

–Não sei, você parecia triste...achei que fosse por causa da leitura.

Sara sentiu seu coração apertar ao ouvir a fala do namorado. Ela não pensava que ele fosse do tipo de entender do estado de espírito das outras pessoas...era tão desligado com isso. Sara não pode fazer nada a não ser dar em Gil um beijo demorado, e logo em seguida um abraço apertado.

–Ei!- o garoto riu- O que foi que fiz? Preciso repetir mais, só pra ganhar um beijo desses!

Sara não era uma garota dada a se agarrar em Gil, como ele vira outras meninas da idade dela fazer com os namorados. Isso não o incomodava nenhum pouco, já que ele mesmo não era tão afetuoso assim. Mas a bem da verdade, quem mais iniciava qualquer aspecto físico da relação deles até agora era Gil.

–Não é nada....só que você é um fofo!

–Shiii- ele colocou um dedo nos lábios dela, mas o sorriso não saia de seu rosto- Não fale isso alto, se não alguém escuta e eu serei chamado assim o resto da minha vida aqui!

E só porque podia ele tascou um beijo nela, e outro, e outro. Beijar Sara era tudo o que ele podia querer aquela tarde, ainda mais quando a garota começava a se entregar mesmo a ele. As duas mãos dela na nuca dele, uma língua que pedia passagem... o livro caiu esquecido no chão enquanto o casal trocava beijos intensos embaixo da árvore. O casal estava perdido em um mundo só deles, tão entretidos um no outro que não perceberam a aproximação de um dos inspetores do colégio. O inspetor limpou a garganta e chamou a atenção dos dois.

– Senhor Grissom, senhorita...

–Sara senhor, Sara Sidle- a jovem falou, totalmente ruborizada

–Muito bem, muito bem- o inspetor replicou, as mãos se juntando enquanto considerava o casal a sua frente- Não preciso fazer nenhum discurso sobre atividades inapropriadas para o âmbito escolar, não é?

–Não senhor- disse Gil, sem conseguir olhar nos olhos dele

–Então, ótimo. Vamos, meninos, aposto que tem coisas a fazerem não é?

Sem precisar ser dito duas vezes, o casal pegou seus pertences do chão e se mandou rapidinho, e só quando estavam a uma boa distancia que conseguiram parar. Sem folego, quando olharam um para o outro a única coisa que conseguiram fazer foi rir. Dobraram-se de rir, e a cada vez que um olhava para a cara do outro só aumentava a hilaridade do assunto.

Foi quando estavam quase sem folego e Sara já soluçava que Greg apareceu ao lado deles

–Nossa, dava pra ouvir vocês lá do fim do corredor!- o jovem exclamou quando estava mais perto- Posso saber o que de tão engraçado se passou aqui?

O casal somente trocou um olhar cúmplice e Gil respondeu

–Piada locacional, Greg, você tinha que estar aqui para entender.


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