POV Bonnie
“Tudo culpa de uma maldita aposta!”, eu pensava, irritada, enquanto caminhava com o resto do grupo ao meu lado. “Pior é que a aposta não é nem minha!”.

Deus sabe o quanto eu odeio apostas. São coisas simplesmente... idiotas! Não tem graça você ficar torcendo por algo que tem 50% de chances de dar certo, 50% de dar errado. É estúpido! Simplesmente é...

Bufei novamente, irritada. Era sempre assim: Stefan, Matt e Tyler aprontavam, eu e as garotas é que pagávamos o pato! =\ Revirei os olhos, impaciente. Se pelo menos eles fossem espertos o suficiente e entrassem numa aposta que sabiam que ganhariam... mas não! Nem pra isso eles serviam! Humpf... “Nem pra manipular resultado eles prestavam! Se bem que nem eu sei, essas coisas são estilo Meredith. Mas isso não diminui o que eles fizeram”, pensei, o sangue fervendo em meu corpo. “Droga, só comigo que isso acontece!”.

– Desculpa, meninas... – Matt pediu, sem jeito, fitando os próprios sapatos – Mas vocês eram as únicas pessoas pra quem podíamos pedir isso...

Fitei-o de soslaio, séria. Ainda não acreditava que eles haviam nos metido nisso...

– Nunca mais aposte! – Elena disse com um olhar mortal para Stefan.

–Principalmente: nunca mais aposte com o Damon! – Acrescentei começando a entrar em estado de desespero.

Stefan conhecia muito bem o irmão que tinha, por que diabos ele fez isso? As vezes ele sabia dar uma de burro. Matt e Tyler nem se fala. Cair no joguinho do Alaric é mais que burrice.

– Eles provocaram! – Stefan tentou se defender, como acontecera no dia anterior, quando nós soubemos da aposta – Além do mais, como íamos saber que a gente ia acabar perdendo uma partida de futebol pra ele e o Alaric??? Isso não é algo que acontece todo dia!

–Esqueceu um detalhe: ele e Alaric são mais velhos e repetiram de ano umas quinhentas vezes, então jogam há muito mais tempo que vocês. – Elena disse.

– Lei de Murphy- Meredith, que estava até então calada, disse seca.

– Quê??? – perguntamos, sem entender.

Ela crispou os lábios, sem um pingo de paciência.

–Lei de Murphy. – repetiu, emburrada – Quando algo tende a dar errado, acredite, dará errado. Sua aposta já começou assim. Desde quando vocês acreditam que uma aposta com Damon Salvatore e Alaric Saltzman pode terminar em boa coisa? Sinceramente, me diz! – e essa era a sempre calma Meredith perdendo a cabeça, e com razão.

Dessa vez foi o Tyler quem revirou os olhos.

– Não pensamos. – disse ele, firme – Eles estavam sacaneando o Matt. Stefan e eu só nos metemos pra ajudá-lo.

– Isso é verdade! – Matt assentiu, parando ao lado dele, cabisbaixo – Juro, garotas, que se pudesse, não teria metido vocês nessa!

– Não se preocupe, afinal, depois dessa aposta, nós três vamos fazer picadinho de vocês! – Elena reclamou, furiosa, andando ao lado de Stefan.

– Pode apostar que vamos. – eu completei, ironicamente, com um bico do tamanho do mundo, caminhando ao lado deles.

Os meninos desistiram de falar. Sabiam que estavam errados e que tínhamos todo o direito de estarmos zangadas com eles. Afinal, onde já se viu apostar com os bad-boys de Fells Church e pôr a prêmio a cabeça das amigas???

Andávamos sem nos falar. Elena, Meredith e eu estávamos muito, muito irritadas com nossos amigos. Era provável que, assim como na minha, diversas maneiras de assassinatos perpassavam também pela cabeça das meninas, uma pior do que a outra. Respirei fundo, tentando me acalmar, porém sem sucesso. A cena do Tyler me contando sobre a aposta voltou à minha mente como um filme de terror em preto e branco...

[Início do flashback]

– Tínhamos que fazer alguma coisa pra defender o Matt! – ele exclamou, os braços abertos – Não podíamos deixá-lo sozinho nessa!!!

– Ah é, aí ao invés de deixar o Matt “sofrer” sozinho, você resolveu me levar junto!!! – retruquei, furiosa – Grande amigo você é, sua besta!!!

– Ah, Bonnie, pega leve, vai! – ele pediu, já nervoso – Você não será a única. Alaric disse que cada um de nós tem que levar uma amiga e você e as meninas foram as únicas pessoas que pensamos na hora!

– Elena e Meredith já estão sabendo?! – perguntei, a cara amarrada.

– Stefan iria falar com a Elena e Matt com a Meredith. – ele me explicou, cabisbaixo – Bonnie, me desculpa, mas...

– “Mas” nada! – o cortei, impaciente – Vocês três agiram como completos idiotas! Sabe Deus agora o que o Damon e o Alaric vão querer conosco! E se eles nos humilharem na frente da escola toda?! Me diz, como eu fico?! Como nós ficamos?!

– Estaremos com vocês. – ele me disse, tentando parecer encorajador – Além do mais, Damon prometeu que...

– E desde quando você acredita no Damon?! – eu berrei, sem me conter – Que merda!

Ele se assustou. Sabia que eu só tinha o costume de falar palavrão quando estava realmente irritada, praticamente fora de mim.

– Preferia que agente fosse sozinhos? – me perguntou, sem jeito.

– Quer mesmo que eu responda?! – retruquei, quase cuspindo de raiva – Mas não tem jeito né?!

– Não. – ele assentiu, visivelmente chateado com aquela situação – Ou vocês vão conosco e fazem o que eles mandarem, ou nós três teremos que zerar a prova do Sr. Tanner.

– E se vocês não zerarem a prova? – questionei, um fio de esperança ainda em meu ser – Se vocês se recusarem a zerar a prova?

– Não tem como. – explicou-me, envergonhado – Eles disseram que se nos recusarmos a cumprir qualquer uma das opções, ele vai nos dedurar para o diretor e ele vai...

– ... expulsá-los. – completei, desgostosa – Ele proibiu qualquer aluno de fazer essas coisas desde o acontecido 3 anos atrás.

– Exato. – disse, firme – Então, em tese, ou vocês vão conosco, ou nós zeramos a prova e repetimos o ano, ou somos expulsos.

– Merda... – murmurei, desesperando-me. Não havia saída – Merda!

[Fim do flashback]

Andávamos há uns quinze minutos quando chegamos no subsolo do 4ª prédio da escola. E uma porta de ferro apareceu à nossa frente, revelando a entrada para o antigo esconderijo de algumas famílias durante a Guerra Civil em Fell’s Church.

Ninguém ousou se mexer, afinal, eu e as meninas não sabíamos o que nos aguardava lá dentro. Tyler estava assustado demais para dar o primeiro passo. Matt, por sua vez, estava nervoso com o meu olhar assassino, provavelmente achando que eu saltaria em seu pescoço assim que ele se movesse um centímetro. E era o que eu planejava.

– Vamos acabar logo com isso! – Stefan murmurou, um tanto impaciente, dando o primeiro passo. Parou, a mão na maçaneta e nos fitou, especificamente à Elena, Meredith e, por fim, a mim – Desculpem-nos... – pediu, completamente sem jeito, abrindo a porta e entrando em seguida.