Fairy Tales - Fairy Love escrita por Jereffer


Capítulo 75
Time Skip: Pain of Change


Notas iniciais do capítulo

Yoo, Leitoras maravilhosas! Aqui está mais um cap do mini-arco time-skip!
Seguindo a tradição, uma imagem fofa:
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Sem mais, Enjoy



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3 dias depois...


Ultear acordou, e como todos os dias, ainda descabelada e sonolenta, foi em busca de café da manhã, antes de lidar com outros assuntos supérfluos como se arrumar.


Depois de dar sua tradicional tropeçada nos degraus, ela adentrou na cozinha, encontrando Jereffer sentado a mesa, comendo uma tigela de cereal mergulhada em café. Ela resolveu nem perguntar.


– Bom dia Ul-chan, você está resplandecente essa manhã - disse ele com um largo sorriso zombeteiro - Você já está alugando seu cabelo para virar lar de roedores abandonados? É uma atitude muito ecológica.


– Calado - disse ela se sentando ao lado dele e pegando a caixa - Você é sempre tão irritante logo pela manhã?


– Só nas segundas-feiras - disse ele em um tom inocente, enquanto voltava a encher sua própria tigela, algo que pareceu engraçado para Ultear.


– Você come muito para alguém tão magro - disse ela surpresa, enquanto ele passava a caixa de cereal novamente. Ela recusou.


– E você come muito pouco para... - um tapa estalado lhe impediu de completar a piada - Ei, me deixe ao menos terminar!


– Eu já sei como ela termina - disse ela voltando a comer - Poupei sua saliva, você deveria ser grato.


– E você perdeu uma chance de aumentar o seu vocabulário, eu conheço vários adjetivos para gor... - disse vez ela lhe atirou a colher contra o rosto do mago, que quicou inofensivamente contra a placa metálica da sua bochecha.


Ela bufou irritada e foi apanhar uma outra colher.


– Você não tem um senso de humor muito apurado não é? - disse ele limpando a pele falsa com o polegar - Por que tanta agressão?


– Nenhum em especial, eu gosto de descontar qualquer frustração em um alvo definido, então isso é só um treino, uma homenagem ao seu retorno - brincou ela voltando a comer - Você sempre levanta tão cedo?


– Sim, mas também é porque eu gosto de conseguir comer algo sem acertar cotoveladas na minha sombra cor-de-rosa - riu ele enquanto tomava mais um gole de café.


Ultear assentiu, ela o entendia, apesar de não entender a maga em questão.


– Não se preocupe, uma hora ela vai desgrudar, é só passar a emoção do momento - O afeto de Meredy direcionado àquele zombeteiro mago lhe era incompreensível - Onde ela está agora?


– Dormindo, por sorte, ocasionalmente ela precisa fazer isso - disse ele sorrindo - Eu dormi por três anos e meio, não vou precisar fazer isso tão cedo, o que me dá 8 horas de abençoado silêncio.


– Não pegue pesado com a garota, ela só quer te deixar a par de cada segundo do seu tempo zumbificado - disse Ultear.


– Só estou sendo chato -disse ele dando os ombros - Estarei no lúgubre porão que me foi conferido como aposentos caso precise de mim.


– Isso é bem improvável - disse ela enquanto ele se levantava e removia os objetos usados no desjejum.


– Fere-me com suas palavras - disse ele de forma teatral.


– Prefere que eu use uma faca? - retrucou ela, fazendo-o rir enquanto saía da cozinha.




Curiosamente, ela precisou dele bastante rápido.


Depois de terminar seu café da manhã, ela foi dar uma olhada na rota em que eles estavam seguindo, e encontrou o sistema de navegação dando erro, como ele sempre fazia a cada 48 horas sem supervisão e reparos.


Ela até podia resolver aquilo,mas era muito mais fácil tirar vantagem do hóspede irritante, porém genial.


O porão lúgubre sobre o qual ele falara era um nível do piso mantido vazio devido ao barulho do enorme gerador mágico que dominava metade do espaço dele, mas o mago de encarnação parecia ser em parte bactéria, considerando a rápida adaptação dele ao ambiente.


Agora, dezenas de prateleiras hospedavam todos os livros que sobreviveram ao desmoronamento daquela feia casa que ele tinha nas montanhas, e o lugar tinha seu vazio preenchido por uma cama colossal, algumas poltronas, uma mesa e um piano.


No chão, a pele de um ser que devia ser o parente demoníaco de um urso polar abafava sons e dava uma sensação felpuda de se pisar.


Ela encontrou Jereffer sem camisa em uma cadeira em frente à mesa, envolvido em uma atividade repugnante. Na mesa, estava seu braço mecânico, desencaixado do ombro, enquanto ele abria o metal usando diferentes ferramentas. Sem camuflagem, seu ombro de metal terminava em um toco, onde projetavam alguns fios que pingavam um liquido pegajoso.


Ele nem tirou os olhos daquela coisa nojenta quando falou com ela.


– Precisa de algo? - perguntou ele enquanto inseria um tubo dentro do braço.


– Sim, mas você poderia me explicar primeiro o que você está falando antes que eu reveja meu café da manhã?


– Fazendo um upgrade no meu braço - disse ele, e pela primeira vez ela o viu sem tapa-olho desde que chegara na nave. O olho que estava faltando quando ela o encontrou morrendo em Tenroujima estava ali de novo, estranhamente mais claro que o outro - O Gelo fez sérios danos ao mecanismo. O frio trincou uma pequena parte no ombro, que interrompeu o fluxo do fluido hidráulico, que se acumulou e rompeu o duto, misturando sangue com o... se for vomitar, por favor, não mire no tapete.


Ela desviou os olhos, mas não respondeu.


– Certo, vá até lá em cima quando você sair do conserto - disse ela, enquanto seu café-da-manhã se revirava em seu estômago.


Ela já estava na porta quando se lembrou de algo.


– Por que você ainda usa o tapa-olho? - perguntou ela. Os olhos desiguais se levantaram em sincronismo.


– Eu descobri que meu olho redivivo é bem menos resistente a luz, provavelmente falta de uso - disse ele dando os ombros, fazendo com que óleo pingasse dos pequenos tubos e fios que se projetavam da junta de seu ombro - Feche a porta ao sair, esse fluido cheira muito mal depois de seco.



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– E agora eu só precisa carregar os pistões de plasma de... - murmurava Jereffer consigo mesmo, para não se esquecer de nada, um erro poderia causar diversas coisas desagradáveis, como um membro explodindo.


Sua concentração não foi quebrada quando a porta se abriu.


– Que cheiro é esse? - perguntou Meredy entrando, torcendo o nariz.


– Bom dia para você também - sorriu ele - Isso é o cheiro de óleo controlador de pressão e sangue coagulados a anos. Caso você tenha algum olfato, eu recomendaria ficar perto da janela.


– Você não quer ajuda? - perguntou ela inclinando a cabeça.


– Eu praticamente já terminei - disse ele enquanto encaixava novamente o braço no ombro. Veios brilhantes verdes correram pelo metal, e logo ele assumiu a aparência de pele que normalmente - Se não explodir quando eu for mover a mão, terei oficialmente terminado.


– Isso era algo urgente? - perguntou ela enquanto ele gesticulava em direção a porta.


– Não - disse ele dando os ombros - Por quê?


– Então você deveria ter feito mais lentamente - alertou ela - Não destruímos guildas todos os dias, o que torna o tempo aqui bastante entediante. Eu até comecei a fazer uma escultura com palitinhos de sorvete em um período de tédio muito longo.


– Eu sempre encontro uma maneira de me distrair - garantiu ele - Tudo depende dos padrões. Eu considero, por exemplo, uma agradável fonte de descontração ler por doze horas seguidas.


– Eu me referia à pessoas normais - brincou ela sorrindo, enquanto ele empurrava a porta da sala comum.


-Tem alguma nessa nave? Ainda não me apresentaram a ela - inquiriu ele com a sobrancelha levantada.



Jellal, sentado em frente a uma máquina, lia alguma espécie de relatório. Ele se virou com o som da porta.


– Que bom, vocês já estão aqui - disse ele enquanto girava a cadeira - Temos uma questão bastante complicada para resolver.


Meredy suspirou.


– Jelly, já discutimos todas as possibilidades, essa coisa sobre a Raven Tail, vamos ter que ignorar - disse ela em um tom resoluto.


– Mas é um ponto cego, nunca descobriremos o que está agitando a atividades das Dark G... - começou Ultear, enquanto Jereffer revirava os olhos de impaciência.


– Alguém pode explicar ou eu vou ter que ler mentes alheias? - perguntou ele enquanto se sentava.


– Eu achei que você já faria isso de qualquer maneira - disse Jellal surpreso - Vamos começar com o básico: você sabe o que é a Raven Tail?


– Guilda independente, uma guilda que não faz abertamente nada muito criminoso, mas não segue as regras do conselho. Fundada por Iwan Dreyar depois de sua expulsão em circunstancias misteriosas. Está cheia de psicopatas. Há algo mais para saber?


– Pouco - admitiu Jellal - Além de um aumento de poder gradativo e um súbito interesse em legalizar suas atividades. Vai demorar anos até que o conselho revise todas suas atividades, mas mesmo assim... tem que ter um outro motivo. Achamos...


– Que tem haver com o mago negro sobre o qual vocês não tem ideia de por onde anda - concluiu ele, fazendo algumas veias pulsarem em algumas testas - Qual é a dificuldade em conseguir informações? Existem magos que venderiam a própria mãe para um show erótico com cavalos pela quantia adequada, deve ser possível encontrar um informante.


– Acha que não fomos capazes de cogitar isso? - perguntou Ultear irritada - Mas parece que os magos dessa guilda têm mais medo ou respeito pelo mestre deles do que necessidade de dinheiro.


– Então coloquem um espião de vocês - disse ele, e antes que a objeção sobre “quem”, ele se adiantou - Eu faço isso.


Três palavras, o suficiente para deixar três pessoas em choque.


– Mas você... - Ultear foi a primeira - Por que...


– O que você achou que eu pretendia, ficar aqui e escrever minha autobiografia comendo sorvete? - riu ele - Eu preciso de um pouco de ação.


– Será perigoso! - foi a objeção de Meredy, como ele imaginou que seria. Sua pequena amiga já parecia horrorizada de deixar ele se aproximar de facas de manteiga, então ela podia ver aquilo de forma exagerada.


– Obviamente, e haverá muitos testes de lealdade, onde minha crueldade e indiferença serão testadas - ele sorriu com diversão - Eu sou o suficientemente frio para aguentar assistir algumas coisas. E não será mais perigoso do que isso - disse ele, levantando a camisa e exibindo a profunda cicatriz no lugar onde ele se esfaqueara - E se com isso o rastro de Zeref for encontrado... eu nunca deixo um trabalho incompleto.


Era uma mentira, mas faria eles pensarem que ele tinha um motivo para isso e argumentar menos.


Jellal foi mais objetivo.


– Seu rosto não é totalmente desconhecido, e para o mundo, Jereffer Rockheart despareceu a anos - argumentou Jellal, orgulhoso consigo mesmo de ter pensando em algo tão inegável.


– Ainda sim, é menos conhecido do que um fugitivo do conselho, da mulher que destruiu o antigo conselho e uma desertora da Grimoire Heart - disse ele de forma divertida, piscando - Quando eu era mais jovem e estava em uma... peregrinação, eu me alistei em uma ordem sangrada de assassinos, chamada de Homens sem Rosto. Todas aquelas orações me entediaram de morte, então eu logo caí fora, mas mesmo assim, eu aprendi uma coisa ou outra sobre mudar de rosto. Dê-me 24 horas e nem mesmo vocês irão me reconhecer.


Aquilo os deixou sem argumentos, exceto que ele não era inteiramente confiável, mas seria pouco educado expressar aquilo.


– Se me dão licença, eu tenho que começar a trocar de rosto - disse ele - Podem conversar sobre o como eu sou suspeito por me oferecer, mas esperem eu fechar a porta.



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12 horas depois...


– Jeref - chamou Jellal batendo na porta do quarto do mago - Você está vivo? - ele não aparecera no almoço nem saíra por meio segundo do seu quarto-porão.


– Agonizante, mais vivo - a voz do mago parecia abafada - Entre, caso queira ver o espetáculo.


Onde antes havia uma mesa, agora uma espécie de maca de metal, emparelhada a todo tipo de braços metálicos, que se moviam incessantemente em volta dele.


Alguns dos aparatos pareciam portar lâminas afiadas, e eram os que trabalhavam no rosto.


– O que diabos está acontecendo?


– Nada de perigoso. As lâminas esfolam uma fina camada de pele, a que essencialmente tem as características de uma pessoa, como marcas e manchas na pele. Quando ela terminar, meus traços estarão intactos, mas com algumas mudanças na pele, uma cicatriz aqui ou ali, eu estarei irreconhecível para qualquer um que não tenha convivido comigo.


– Isso me parece exatamente a definição de perigoso - disse Jellal, uma gota de suor escorrendo na parte traseira da sua cabeça - E se umas dessas coisas errar?


– Não erram, eu as construí - disse ele, como se aquilo fosse um argumento lógico e irrefutável - Seja gentil e aproxime aquela coisa que parece um raio laser da minha cabeça.


Parecia-se mais com um secador de cabelo de salão de beleza de madame, mas ele resolveu não verbalizar aquilo.


– O que isso vai fazer? - perguntou ele enquanto posicionava o objeto, que era montado sobre pernas com rodinhas, na posição certa.


– O retoque final - disse Jereffer, enquanto fios de sangue escorriam de seu rosto - Por favor, feche a porta ao sair, o vento causa uma sensação pegajosa no sangue.



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Mais 12 horas depois...


Ultear acordou o barulho na cozinha.


“Meredy tentando cozinhar” pensou ela, enquanto se arrastava para fora da cama “É melhor eu ir até lá antes que ela coloque fogo na nave...de novo”.


Depois de tropeçar nos degraus e esbarrar na porta de sono, como sempre, ela entrou na cozinha. Um cheiro pesado de bacon fritando ao mesmo tempo que outros alimentos encheu seu nariz.


Como ela imaginava, Meredy estava cozinhando, enquanto junto a mesa, um jovem bonito comia como se fosse o ultimo momento de sua vida. Sua boca já se abria para uma pergunta, mas quando ele levantou o rosto de seu prato, ela congelou.


– Eu falei que vocês não me reconheceriam, estava meio certo, a pequena não demorou nem meio segundo - ele tirou o cabelo da frente do olho direito, esses que agora caiam despenteadamente em volta da cabeça, com alguma semelhança ao do próprio Jellal, mas mais curto e parecendo pronto a se rebelar - Ainda falta um para darmos um veredito.


Ali também tinha uma diferença notória: uma mecha caía elegantemente sem cor, rodeado de um grupo cinza-prateado, enquanto todo o resto era piche.


– Uma lembrancinha de Tenroujima - disse ele, sorrindo divertido - Eu quase não me reconheci quando olhei no espelho, mas pode confessar, eu estou incrivelmente sexy.


Era apenas uma brincadeira, mas Ultear se surpreendeu ao notar que concordava. A pele, agora perfeita, parecia exercer uma atração sobrenatural, tendo como epicentro uma cicatriz falsa na bochecha esquerda, que parecia pedir para ser afagada.


– Com pouca luz, e se olhar de esguelha, a resposta é quase - disse ela zombeteira - Mas eu admito que caso você venda essa coisa comercialmente, o mundo se tornaria um lugar mais agradável de se olhar.


– Não existe pessoa sem auto-estima no mundo disposta o suficiente para passar vinte e quatro horas em uma maquina de esfolar - disse ele rindo - E precisa ser usada continuamente, já que as funções biológicas prevalecem e traços voltam a tona.


– Bom, se você usar mais uma vez nessa cara de donzela, já vai estar apto para entrar na Mermaid Heel - riu ela - Mas eu não vou menosprezar sua dedicação, essa eu admito, Jereffer.


– Eu precisarei me acostumar com um novo nome - disse ele piscando - Então, pode me chamar de Baelfyre.




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Notas finais do capítulo

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