Volterra Nunca Mais escrita por rosatais


Capítulo 12
O Aviso


Notas iniciais do capítulo

N/E: Eu tenho a preocupação de não fazer de minhas Spankfics, somente spank, e sim emoção, história, literatura, tudo isso em meio a uma realidade que acontece na maioria das famílias, mas quase sempre é velado, muito raramente se vê em filmes ou novelas, nos mais antigos é normal, por isso pra essa família centenária deve ser ainda mais, Stephenie não me engana não, tem muito indício de correção na família Cullen, não sabemos bem como, mas sempre vemos provas de que os Cullen obedecem pai e mãe na linha.



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Volterra Nunca Mais

Capítulo 11

O Aviso

POV Jasper

Eu ainda matinha o péssimo hábito humano de esfregar as mãos suadas de nevosismo, não sei bem o porquê, pois eu não suava a anos, eu estava denunciando ao meu pai que estava encrencado.

Alice estava vendo seu futuro, ela estava morrendo de medo porque ela roubou um carro na Itália, não sei porque tanta preocupação, tenho certeza que meu pais entenderiam a dificuldade, isso me fazia deduzir que meu irmão caçula e ela, escondiam alguma coisa e não me queriam como cúmplice, o que era bom, pois assim que meu pai soubesse como foi que consegui a documentação falsa do Edward eu estaria ferrado sem a ajuda daqueles dois.

Edward estava 'vermelho de vergonha', no sentido figurado, meu pai deu uma baita surra nele sem as calças na nossa frente, normalmente nós não presenciávamos as punições uns dos outros, mas já houveram exceções, graças a Deus eu nunca fui uma delas, uma vez assim que chegamos em Forks, meu pai me mandou pra o escritório por rosnar pra ele, enquanto Emmett estava lá, mas depois mandou meu irmão sair, antes de me bater.

Rose ainda estava chateada com o papai, Emmett estava bem debaixo do chinelo da minha mãe, por ficar rindo de Edward, a alguns minutos atrás ele estava todo sério preocupado como todo mundo com seu irmãozinho caçula e assustado por ver o papai chorando enquanto batia nele, mas bastou que os dois se abraçassem pra o velho Emmett estar de volta.

UM POUCO ANTES...

Minha mãe deu a ordem pra que fossemos todos para a mesa da copa, pra isso precisávamos passar pela sala, aonde meu irmão estava no canto com o traseiro de fora e de castigo, o que até seria engraçado, se fosse por uma palmada daquelas que ele levava por violar o toque de recolher, por mexer nas coisas da Rose de propósito só para irritá-la, ou aprontar alguma no colégio, mas não numa situação tão trágica, não tinha nada de engraçado, eu pude sentir o quanto meu pai e ele precisavam um do outro, e embora meus irmãos não tivessem o meu dom, isso era obvio pra eles também.

Passamos direto pra copa ele tapou o traseiro constrangido, nos nos sentamos calados, Alice ao meu lado, Emmett de frente pra ela e Rose de frente pra mim com cara de poucos amigos, minha mãe ficou na cabeceira esperando meu pai.

A conversa lá na sala foi mais mental do que verbal, algumas coisas nos ouvíamos, como Edward soluçando um pedido de desculpas, de repente os dois se abraçaram, uma onda forte de emoção invadiu a casa, invadiu de tal forma que eu não fui capaz de conter, normalmente eu sinto e faço sentir, mas é um dom que eu controlo, assim como Alice só vê o que procura, Edward só ouve o que sintoniza, e Emmett não sai por aí quebrando tudo o que toca, graças a Deus nossos dons são controláveis, ou minha mãe já teria sido morta com tanto amor, e meu pai com tanta compaixão, eu não queria estar lutando contra eles em uma batalha pra salvar seus filhos, com um pouco de treino esses dois encarariam até um exército de recém nascidos.

Emmett deu um sorriso largo, minha mãe soltou os ombros tensos e olhou pra Rosalie que tentava disfarçar os olhos ressentidos marejados de veneno, Alice nem aí, ela já tinha visto isso desde de o primeiro minuto de canto do Edward, ela estava mesmo era preocupada com o lance do carro.

"Hummrr..."

Escutei meu irmãozinho gemer la na sala de estar, provavelmente meu pai ordenou que ele se sentasse, eu não fazia um escândalo quando meu pai me pegava de cinto, mas eu posso dizer, sentar depois é quase a pior parte, só perde pra vergonha de todos saberem que eu apanhei até chorar, como ele já tinha tido isso na frente de todos, eu podia dizer que ele estava mesmo agora na pior parte.

"Encare como parte do seu castigo, de que adianta uma surra bem dada se não for pra ter que sentar-se sobre ela depois?"

A tensão já tinha se dissipado e Emmett, que não tinha nada com que se preocupar, segurou a boca pra não rir, sem sucesso, com certeza até o meu pai deve ter ouvido sua explosão de rizinhos.

"Emmett!"

Minha mãe repreendeu antes que meu pai desse o grito, ela olhou com uma cara, que o fez enfiar toda a graça garganta a baixo.

"Filho por que fez aquilo?"

Meu pai perguntou, e Rosalie rolou os olhos para o óbvio, minha mãe olhou pra ela com desaprovação, o que foi sorte do Emmett, pois ele estava com uma rizada preza nas bochechas.

"Porque pensei que Bell-..."

"Não filho, não isso, aquilo, por que pediu pela sua mãe quando eu quis consolá-lo?"

Não pudemos ouvir mais nada pois a minha mãe olhou para o meu irmão e começou um sermão sussurrado, sobre se divertir com a desgraça alheia, e que aquele era uma assunto sério.

"Mãaaae, deixa de drama, o pior já passou, uma hora ou outra alguém tinha que rir dessa bagunça toda, além do m-"

Ela devia estar prestando mais atenção na sala do que nas baboseiras de Emmmett, pois algo que Edward disse a fez sair como um raio, tudo que eu ouvi foi...

"...Eu só queria a minha mãe."

E depois ela já não estava mais com agente, só sua voz vindo da outra sala.

"Ooh! Meu bebê a mamãe está aquiiii..."

Dessa vez até eu me juntei ao meu irmão pra rir do Bebê da mamãezinha, ela me chamava de Anjinho e ao Emmett de Ursinho, mas não tanto quanto chamava Edward de Bebê, e tenho que dizer, ele realmente faz uso desse apelido.

"Como você está Bebê?"

Não importava que ríssemos baixinho pra que nossos pais não ouvissem, a melhor parte de provocar o caçula aqui em casa, é que ele lê pensamentos.

"Estou bem mãe, minha bunda dói é só isso."

Ele tentou falar sério pra parar a nossa provocação, mas a presença da minha mãe era demais pra ele, e sua voz saiu manhosa como sempre.

"Pede uma fraldinha macia pra ela Bebêeee..."

Emmett sussurrou bem baixinho pra que somente eu pudesse ouvir e rir junto, pois Edward podia alcançar o pensamento.

"A mamãe te ama."

Oh. Oou! 'A mamãe te ama' é uma despedida, pelo visto não sussurramos baixo o suficiente, ela devia ter mantido um ouvido atento ao Emmett. Pelo menos ela não contou pra o papai, mais isso não ia ser nada bonito pra nós dois.

"Eu também te amo."

Edward se despediu, ela disfarçadamente saiu da sala de estar toda graciosa, eu pude ver por cima do meu ombro que o rosto dela estava irritado, Emmett viu de lado e logo varreu o sorriso do rosto.

Ela pegou a minha orelha e a do meu irmão num puxão de arrancar a alma, nós fizemos careta de dor sem um ruído se quer, não podíamos desperdiçar a proteção dela e chamar a atenção do meu pai, ainda mais eu que já estava 50% ferrado.

Esfregamos nossas orelhas, enquanto minha irmã mais velha mandava agente crescer, minha mãe ordenava silêncio, minha Alice continuava perdida em suas visões e meu pai mandava meu irmão fazer alguma coisa da qual ela não gostou nada, pois sua voz ecoou pra todos ouvirem.

"Aaah pai, fala sério!"

"Mais sério impossível."

Meu pai insistiu no que quer que fosse.

"Mas eu já apanhei, já fui perdoado, não devíamos deixar, isso pra trás?"

O maluco ainda quiz discutir.

"Essa é a sua punição por ter sido rebelde e se recusar a falar comigo."

"Mas a mamãe me deixou de castigo por isso!"

"Castigo esse que ela acaba de dissolver com uma chuva de mimos."

"Mas isso vai ser tão embaraçoso!"

Só podiam ser os delitos, ele devia estar pedindo que ele recitasse os delitos, o que mais seria embaraçoso?

"Você pode escolher um castigo mais comum, como umas dez palmadas por exemplo, é o mínimo que qualquer um de vocês ganhariam por ser rude."

Meu pai nem fechou a boca e ele já tinha mudado de postura.

"Eu levei palmadas por fugir para o Brasil e varadas po-..."

A mudança de idéia repentina foi tão engraçado que Emmett não suportou, mesmo com o olhar severo da minha mãe em cima de nós.

"Hum hum! Lá na mesa rapazinho."

Minha mãe abaixou-se tirando o chinelo do pé.

"AAAh! Qual é mãe? Essa foi engraçada..."

Meu irmão argumentou, mas não adiantou muito.

"Aqui Emmett!"

Ela puxou uma cadeira pra o lado dela, ele sentou-se encolhendo-se todo, mas ela não bateu, era só um aviso.

"Vale pra você também!"

Ela disse apontando o chinelo pra mim e cruzando os braços enquanto meu pai trazia meu irmão caçula pelo braço.

Ela nem precisava me ameaçar, estava chegando minha hora e eu não tinha nenhuma graça de reserva, comecei a esfregar as mãos tão nervoso que poderia estar suando.

Meu pai puxou a cadeira para que ele se sentasse, ele gemeu, Emmett riu, minha mãe bateu de leve em sua cabeça com o chinelo, Rosalie rosnou baixinho impaciente com a sua infantilidade.

Nossos pais ficaram de pé, ela de braços cruzados com um chinelo na mão e ele com os punhos fechados pressionados contra a mesa, a madeira polida refletiu o seu rosto sereno e sério, eu capitei suas emoções pra medir o quanto eu estava em apuros, mas pra minha surpresa ele se sentia satisfeito, seguro e aliviado.

"Bom antes de mais nada, Vamos ouvir de Edward o motivo de sua punição, pra que todos e inclusive ele, saibam que houve um motivo justo por trás dela, e também pra que lhes sirva de exemplo."

Edward encheu os olhos de veneno de tanto constrangimento e baixou a cabeça.

"Precisa de ajuda filho?"

Ele perguntou e meu irmão afirmou ainda de cabeça baixa, então começou a perguntar pra que ele respondesse, eu não sabia o que eu teria escolhido, qual dos dois era mais constrangedor, falar sozinho ou responder as perguntas, pelo menos meu pai não o obrigou a olhar pra nós.

"Quando chegou, você ganhou 50 palmadas deitado no meu colo, no traseiro nu, por que isso aconteceu?

"Por que eu viajei para o Brasil escondido."

"Depois eu busquei uma vara verde e te dei uma surra de pé nas pernas e no traseiro, ainda sem as calças, por quê?"

"Porque quando eu estava no Brasil, o senhor me mandou Voltar e eu desobedeci."

"Em seguida eu te levei pra o banheiro, tirei a sua roupa e te dei uma surra de mangueira, qual foi a razão?"

"Porque eu não me cuidei enquanto estive fora, não tomei banho nem me alimentei."

"E por fim todos viram que você levou uma surra severa com o cinto da disciplina, por quê?"

"Por que eu fui pra Ita-..."

"Não foi essa a pergunta Edward, por que todos viram seu traseiro sendo surrado?"

"P-Porque eu pulei a ja-nela do es-critório"

Ele falou como se estivesse realizando naquele momento o motivo de ter apanhado na frente de todos.

"E por que foi que eu te joguei dentro de casa tão irritado a ponto de você cair?"

"Por que eu fiquei correndo no quintal."

"E qual foi o motivo de você levar uma cintada na mão."

Eu senti uma imensa vontade de desaparecer, mas percebi que vinha do meu irmãozinho, com a voz quase sumindo ele reproduziu o momento mais constrangedor, que foi quando meu pai arrancou de uma só vez as suas calças deixando-o pelado no braço do sofá com a bunda virada pra nós.

Por...que...eu...tampei...a minha...bunda.

"Arrãmmm!"

Minha mãe pigarreou pela escolha do palavreado.

"Meu traseiro, cobri meu traseiro."

"E por que você levou tantas cintadas e tão severas?"

"Porque eu fui pra Itália e pedi pra os Volture me matarem."

"E..."

"Arrisquei a vida da minha irmã e da Bella."

"E..."

"Cacei Victória sozinho..."

"E por fim, por que está sendo obrigado a repetir tudo isso diante de toda a família."

"Porque não tinha entendido meu castigo direito e fui rebelde com o senhor."

Meu pai fez um aceno satisfeito com a cabeça, como quem acaba de realizar uma tarefa e vai adiante com outro assunto, mas minha mãe interrompeu.

"Não acabou não, por que você ficou de castigo no canto da sala?"

Edward olhou confuso pra o meu pai, e ele acenou com a cabeça para que ele respondesse, mas antes disso, Emmett, que já não se aguentava mais, soutou uma piada.

"Por que ele deu um de bebezinho da mamãezinha kkkkk."

Ele disse isso já saindo da cadeira inutilmente tentando evitar uma chinelada, que acertou em cheio a sua bunda.

"Vem aqui!"

Minha mãe disse entre os dentes, mas ele continuou do outro lado da mesa.

"Sente-se Emmett!"

Meu pai ordenou, e ele sentou-se do meu lado, meu pai não disse mais nada, apenas olhou pra ele com aquele olhar, meu irmão levantou-se e fez seu caminho lentamente de volta pra perto de minha mãe, que somente deu-lhe um outro olhar de aviso e mostrou-lhe o chinelo.

Meus pais olharam para Edward esperando uma resposta, ele olhou de volta para a mesa fechando o sorriso construído pela chinelada na bunda do Emmett.

"Porque eu me recusei a falar com o senhor e chamei a senhora."

"Bom, já que a punição de Edward está acabada e esclarecida, vamos falar agora das partes envolvidas."

Meu estômago deu voltas.

"Suponho que todos já sabem que Rosalie levou uma surra por me desobedecer e ligar para o Edward no Brasil."

Toda a empáfia e narizinho empinado da minha irmã, transformou-se em vergonha por ter seu castigo exposto.

"Mas suponho também, que não foi a única desobediente aqui."

Ele olhou para Alice e para mim, eu engoli em ceco e ela nem aí, permaneceu catatônica.

"Mary Alice Cullen!...Quantas vezes eu vou ter que dizer? Nada de visões enquanto estivermos reunidos, a menos que seja necessário, eu sempre decido suas punições no último momento, então, a menos que você esteja planejando contar agora mesmo como foi que vocês saíram de Voltera sem gastar um único centavo, eu posso dizer que uma bela palmada te espera, não precisa olhar o futuro."

Ela fez uma cara de choro impagável, que automaticamente derreteu meu pai.

"Bonequinha, não precisa chorar, o papai só fez uma pergunta, você não vai apanhar por dizer a verdade, e sim se estiver escondendo algo."

"Paizinho...Edward estava sem dinheiro quando chegou à Itália e foi a pé para Volterra, quando fomos liberados eles deram uma ordem pra não ficarmos na cidade por muito tempo, não dava pra pedir um carro, muito menos esperar que passasse um taxi, nem sei se passam por lá, por isso, não apareceu nada na fatura do meu cartão."

Nesse momento eu entendi, por que ela estava preocupada, provavelmente ela vira meu pai verificando os gastos do cartão e percebeu que que nenhum gasto com automóveis foi feito, ela sabia que seria punida por roubar a menos que tivesse uma explicação justa, graças a Deus ela tinha.

"E como vocês voltaram para o aeroporto? Eu volto a perguntar."

"Então...eu tive que pegar um carro emprestado sem permissão do dono."

Ela disse baixinho com uma carinha meiga e inocente.

"Roubar você quer dizer? E o carro que você e Isabella utilizaram pra chegar até lá?"

Ele perguntou deixando-a apreensiva, ou pelo menos era o que eu sentia, pois ela tinha o dom de levar meu pai no bico e respondeu com a mesma cara de inocente descontraída.

"Paizinho, nós tivemos que fazer o mesmo pra ir até lá, não tínhamos tempo pra alugar um carro eu nem sabia se ia dar tempo de salvar o Ed-..."

Ela tapou a boca como se pudesse deter as palavras que já haviam saído, os queixos dos meus pais caíram simultaneamente, Edward bateu a mão na testa em derrota, e eu dei um pulo indignado com a revelação.

"Você mentiu pra nós?"

Meus pais e eu gritamos em uníssono.

"Mas como você pode Alice? Estávamos certos de que você tinha tudo sobre controle! Como você esconde algo assim de nós?"

"Mas papai, eu disse no avião para a Itália que as chances não eram boas... porque ele estava mudando de idéia todo o tempo."

"Sim, mas depois que ele decidiu o que fazer você ligou pra dizer que estava tudo bem, que você vira vocês três voltando pra casa."

Ela encheu os olhos de veneno e começou a tremer o queixo, percebendo a irritação dele.

"E se os Volture não tivessem caído na armação de vocês dois? você tinha que ter nos contado, Alice, assim que Edward visse Bella, nós podíamos nos aproximar dele tanto quanto você, e estar a postos do mesmo jeito, pra interferir como você fez!"

Ele falava andando de um lado para o outro como um animal grande em uma jaula pequena, passava as mãos no cabelos tentando se recompor.

"Mas papai, eu não queria por vocês em periiigo!"

Ela disse já choramingando, nem precisava de uma visão pra ver o que ia acontecer, essa foi a desculpa de Edward pra caçar Victória sozinho e nem por isso ele escapou.

"Vá pra seu quarto e me espere lá mocinha!"

Ela levantou e saiu correndo e chorando para o quarto, ela sabia o que devia esperar lá.

"QUANTAS VEZES EU VOU PRECISAR DIZER QUE SOMOS UMA FAMÍLIA? QUE SOMOS MAIS FORTES JUNTOS?"

Meu pai gritou e deu um soco na mesa que estralou o tampo, minha mãe abraçou-o de lado, apertando seus ombros, ele apertou a ponte do nariz, de olhos fechados, balançando a cabeça como se quisesse espantar seus próprios pensamentos, ou estivesse forçando sua mente a tomar uma decisão.

"Se tivesse acontecido alguma coisa..."

De repente ouvimos um grito fino e manhoso lá de cima.

"NAAAAAaaaaãoooo..."

"O que foi isso Carlisle?"

Minha mãe perguntou já em tom de desaprovação, ela sabia que o grito da sua caçulinha tinha a ver com algo que ele decidira.

"Eu vou pegar essa menina de cinto! Esme."

"Na na não... Calma meu bem! Calma..."

Rosalie raramente apanhava de cinto por ser menina, mas seu temperamento as vezes a colocava em problemas, mas Alice só sentiu o cinto uma vez, no dia em que meu pai deu uma cintada em cada um de nós por causa de um pega que nós fizemos, mas ela nunca apanhou de cinto, não uma surra.

Eu até concordava que Alice merecia umas palmadas dessa vez, mas o cinto já era demais pra eu assimilar.

"Carlisle você vai se arrepender quando perceber que só estava nervoso quando decidiu isso, se acalme primeiro, depois agente decide juntos o castigo dela, lembre-se que deu tudo certo, ninguém morreu, e se acalme."

A respiração dele foi ficando mais lenta até parar, depois ele deu um suspiro, e disse para os meus irmãos mantendo os olhos em mim.

"Rosalie, Emmett, Edward, nos deixem a sós com seu irmão."

Eles arregalaram os olhos e saíram rápidos como um raio, eu podia jurar que senti meu coração bater, eu estava 80% ferrado agora.

Ele ergueu o indicador, e disse com determinação suficiente pra me fazer tremer.

"Preste muita atenção mocinho, eu só vou preguntar uma vez, como, foi, que você, conseguiu, a documentação, falsa, do Edward?"

Agora era oficial. 100% ferrado, eu esperava que ele fosse perguntar aonde, eu diria que foi no Sr. Jenks e pronto, mas a pergunta eracomo, por mais voltas que desse, eu teria que confessar que eu menti com o nome dele pra conseguir, já que da última vez ele deu ordens explicitas que só fossem liberadas identidades nossas com a autorização dele.

"Bom... eu... eu..."

"Eu?"

Eu cheguei a cogitar a idéia de dizer que foi num desses lugares em que os adolescentes conseguem documentos falsos pra entrar nas baladas e nos clubes de dança, mas meu pai sabia quando estávamos mentindo, o máximo que conseguiria era entregar que meus irmãos e eu tínhamos como conseguir essas coisas, e colocar fim às nossas escapadas na hora das caçadas noturnas.

Meu pai esperava uma resposta e era melhor eu entregar meu traseiro logo antes que eu fosse parar no escritório.

"Pai, tudo que eu fiz foi pra tentar ajudar o Edward, eu não sabia que as coisas fossem chegar a esse ponto, eu..."

Ele interrompeu minha enrolação

"Sei o que você fez, eu quero saber como você conseguiu isso sem minha autorização, quem fez pra você?"

Eu sabia que tinha que contar logo, mas eu não sabia como fazer isso, ele estava a ponto de bater na sua bonequinha de porcelana com um cinto, imagina o que ele tinha reservado pra mim depois dessa notícia.

"Foi sr. Jenks mesmo, eu não iria confiar em mais ninguém, disse que era uma emergência e não tinha tempo pra explicar.

"Vai que cola né?"

Pensei comigo, e escutei Edward gemer de algum lugar, eu não estava realmente mentindo, só omitindo, eu disse que meu pai pedira, dissera que era uma emergência e que ele não tivera tempo pra ir pessoalmente, quando ele me perguntou o motivo, eu disse que não tinha tempo pra explicar.

Só me restava rezar pra meu pai comprar aquela, mas antes que eu dissesse amém, entendi o gemido do meu irmão, meu pai sacou o celular do bolso como se fosse uma arma, e foi rápido no gatilho em pressionar o atalho pra falar com o falsificador.

"Papai espera!"

Eu olhei pra minha mãe com os olhos arregalados enquanto meu pai me ignorou. O telefone chamou apenas duas vezes, e de cara já ouvi do outro lado.

"Olá Dr. Cullen, tudo certo com os documentos de Edward que o sr. pediu? O sr. Ficou de me ligar com a autorização, mas não ligou, fiquei preocupado..."

"Tudo certo, eu devo ter me esquecido de ligar, na verdade meu filho esqueceu de me lembrar esse detalhe, mas agradeço, as minhas recomendações continuam as mesmas, meus filhos só estão autorizados a novos documentos quando eu mandar, e pode confiar, MEUS filhos não mentem."

Ele falava olhando friamente pra mim, eu não poderia estar mais ferrado do que aquilo poderia?

"Aposto que não Dr., é um prazer negociar com vocês, precisa de alguma coisa?"

"Na verdade não, os documentos novos pra meus filhos começarem no colégio do Alaska não serão necessárias por enquanto, voltamos pra Forks, como já foram pagas, deixe-as em aberto para novas datas, acredito que precisaremos delas em no máximo dois anos, prepare uma a mais com o nome de Isabella Swan Cullen, aguarde um novo contato meu, e somente meu para concluir esses novos, tenha um bom dia."

Ele quase esmagou o aparelho ao fecha-lo.

"Vá para o escritório, a-gora!"

É lógico que poderia, escritório + mentira = cinto da disciplina, era só fazer as contas, saí da minha cadeira e arrastei minha pernas pesadas até as escadas, olhei pra trás já do meio dela e vi meu pai com as mãos na cabeça e minha mãe afagando seus braços, lancei uma onda de calma escada a baixo pra ajudar, mas eles perceberam na hora.

"Jasper."

Os dois disseram bravos em uníssono, e eu resmunguei o mais baixo que podia."

"Eu não sei pra que serve esse poder estúpido se nem livrar minha bunda com ele eu posso."

"JASPER WHITLOCK CULLEN!"

Dessa vez eles gritaram em uníssono, pelo visto o mais baixo que eu podia, não era o suficiente, eu corri pra o escritório antes que meu pai perdesse o desejo de se controlar, principalmente porque o traseiro da minha Alice estava na reta também.

Eu fiquei em pé na janela de ouvidos atentos ao movimento, aquela apreensão estava me matando, eu não sabia se meu pai estava prestes a entrar pela porta enlouquecido e acabar com minha raça, se Alice iria mesmo ganhar sua primeira surra de cinto, eu quis ter o dom de Edward pra ouvir os pensamentos dos meus pais, eles eram os experts em sussurrar, ninguém além de Edward conseguia ouvi-los quando eles queriam privacidade, o silencio lá fora era ensurdecedor.

"Alice?..."

Pulei ao ouvir meu pai batendo na porta do quarto, ela não respondeu, só começou a chorar, e pedir clemência.

"Papai, por favor papai, eu juro que eu nunca mais minto pra você outra vês, não me bate não papai, eu não sabia o que fazeeer."

"Não se preocupe Alice eu vou te ensinar."

Eu conhecia bem aquele tom de voz, quando ele dizia 'ensinar' daquele jeito, ele estava se referindo a ensinar pra nossa bunda.

Eu comecei a andar de um lado a outro, tentando controlar a minha vontade de ir até lá, eu não sei se eu seria capaz de permanecer aqui se eu ouvisse a fivela do cinto sendo desfeita.

Já estava com a mão na maçaneta da porta, eu estava disposto a levar uma surra histórica, mas minha Alice não ia apanhar de cinto enquanto eu ficava ali ouvindo, mas antes que eu cometesse uma loucura eu ouvi uma tapa e um gritinho estridente seguido da voz do meu pai.

PAFT!*AAAAAAAAAAAA Me chame!

PAFT!* AAAAAAAAAAAAAAA É isso que deve fazer

PAFT!* PAFT!* AAAAAAAAAAAAAAAAaaa

Tá bom paizinho, tá bom paizinho, PAFT!* CHEGAAAAAaaaiiiiiii

Eu digo quando chega! PAFT!*PAFT!*PAFT!*PAFT!*PAFT!*

AAAiiiii aaaaiiiiiaiiiiii, para, papai, para.

Nunca mais PAFT!* AAAAêeeeeeee

Nunca mais, filha PAFT!* AAAAiiiiiiiiiiiii

Nunca mais tome uma decisão dessas sozinha PAFT!*PAFT!*PAFT!*Ta doendo paizinhooooooooo

eu já estava ficando impaciente normalmente Alice levava umas 10 palmadas apenas e meu pai já se rendia as suas lágrimas, os gritos dela já estavam me moendo todo, eu só queria que ele parasse.

"Eu vou te mostrar o que é doer, isso aqui é pra você aprender a não agir sozinha como se não tivesse pais nem família, e a nunca mais mentir pra mim."

Eu fiquei em estado de choque, sem querer meu peito contruiu um ruído, eu nem percebi que estava rosnando sozinho, isso aqui, a que ele se referia só podia ser uma coisa, e som que eu ouvira em seguida confirmara minha suposição, a fivela do cinto dele sendo desabotoada.

Eu saí de mim, e já estava com a cara no corredor quando meu irmão mais novo avançou sobre mim me jogando de volta pra dentro do escritório.

"ME SOLTA!"

Eu exigia rolando no chão com ele, até que ele me dominou jogando o peso pra de mim sentando no meu peito e prendendo os meus braços no tapete desastrosamente em pedaços.

"É só um aviso cara! É só um aviso, ele não vai bater nela de cinto."

Ele sussurrou para que não ouvissem e descobrissem que ele estava invadindo e vasculhando a mente do meu pai.

Eu relachei e o lancei pra longe de mim, nós nos sentamos abraçando os joelhos, ele gemeu com a dor no traseiro, e puxou uma almofada pra sentar.

"Obrigado por isso, eu não estava pensando, eu só queria protegê-la, é mais forte do que eu."

Ele olhou pra mim sorrindo só com um lado da boca.

"Não precisa agradecer Jazz, você fez muito mais que isso pra me ajudar a proteger Bella, eu sei bem como é."

Passei a mão no cabelo que caia no meu olho, para prendê-lo atrás da orelha, meditando sobre tudo.

"Nem me lembre maninho, eu vou pagar caro por isso... já estou pagando."

Eu ouvi o som de mais uma palmada e meu pai ameaçando Alice.

"Ouça bem o que eu vou te dizer mocinha, acabou a sua moleza, ou você aprende a seguir as regras ou vai acabar entrando no cinto como os outros, da próxima vez que eu souber que você aprontou alguma coisa perigosa pelas minhas costas, você vai se arrepender de verdade, entendeu?

"Hunrrum..."

"Eu perguntei se você entendeu?"

"Sim senhor, papai."

"Eu quero seu nariz naquele canto até eu achar que é o suficiente, use esse tempo pra pensar no quanto nós te amamos e no quanto ficaríamos arrasados se além de Edward tivéssemos perdido você, pense na sua única irmã, no seu irmão, no seus pais e acima de tudo no seu companheiro."

Acima de tudo foi o que ele disse, meu pai era realmente o maior, enquanto eu temia a sua punição achando que ele estava bravo comigo, ele estava preocupado com o meu sofrimento.

"Ainda bem que você me impediu, seria uma decepção pra ele ter que me punir pela segunda vês pelo mesmo motivo."

Edward sorriu e em seguida fez uma cara de desgosto olhando pra alguma coisa atrás de mim.

"É, mas ele vai ficar decepcionado em punir nós dois pela milionésima vez pelo mesmo motivo."

Virei meu pescoço e dei uma bela olhada no que os olhos dele apontavam.

"Droga cara! O tapete que o Benjamim mandou do Egito, a mãe vai ficar louca."

"Adeus mesada."

Nós dois dissemos ao mesmo tempo.

Ed- "E leões da montanha."

Js- "E viajem de caça."

Ed- "E piano."

Js- "E Baseball"

Ed & Js - "E olá aos serviços domésticos."

Caímos na risada quando percebemos que o mais doce cheiro do mundo todo tinha invadido o escritório.

"MAMÃE!"

Ela estava parada na porta atrás de nós com as mãos na cintura batendo um dos pés e com uma cara de que ia matar agente.

"Eu vou querer saber o que houve aqui?"

Levantamos no mesmo instante, Edward nem lembrou da dor na bunda.

Mãe é queee...

Eu comecei mas não fui capaz de concluir, ela me interrompeu, o que foi ótimo, pois eu não fazia idéia de como fazê-lo.

"Depois conversamos, eu estava te procurando Edward, o papai deixou que você vá até a casa de Bella, com a condição de obedecer os horários do seu castigo."

Meu irmão começou a dar pulinhos de excitação.

"Como você conseguiu isso mamãe? Você é a melhor mãe do mundo todo."

"Foi o trato que fiz com ele, que se eu não interferisse na sua punição, ele deixaria você sair pelo menos para ver a Bella já que imagino que ela deva estar de castigo sem poder sair de casa também, mas haverão regras em?"

Ele pulou no pescoço dela enchendo-a de beijos, ela não pode evitar de sorrir, mas depois tentou ficar séria.

"Agora vá logo antes que eu faça você pagar pelo tapete com o que sobrou da sua liberdade, seu pai está vindo pra falar com seu irmão."

Eu gelei de novo, meu irmão saiu correndo, um silêncio desconfortável se fez e minha mãe me abraçou do nada.

"Filho, tente entender, seu pai só quer o melhor pra vocês, ele fica apavorado quando percebe o quanto uma mentira simples ou uma desobediência pode ser capaz de tirar vocês dele, você sabe que ele te ama, não sabe?"

"Sei mãe, meu traseiro que o diga"

Tentei uma piada mas a graça não veio.

Ela pegou meu rosto entre as mãos e disse com os olhos cheios de veneno, tão cheios que ameaçava escorrer pelo rosto.

"Anjinho, a mamãe ama tanto você, eu não sei o que faria se perdesse qualquer um de vocês, estou feliz que estejam todos aqui, juntos e salvos."'

Ela ergueu os pés pra beijar minha testa, a lágrima cumpriu sua ameaça e rolou pela sua face, que merecia o apelido de anjo, não apenas pelos cabelos como eu, mas por toda sua essência.

Meu pai apareceu com o cinto, interrompendo a doçura daquele momento, eu lancei pra ela uma onda de calma, e a afastei de mim com carinho pra que meu pai pudesse vir acertar as minhas contas.

Ele beijou a sua testa e a guiou pra fora do escritório e fechou a porta com uma batidinha leve que fez a fechadura ecoar através da quietude e pendurou o cinto no lugar.

"Sente-se Jasper."

Eu nem se quer pestanejei, antes que ele desse o primeiro passo eu já estava diante da sua enorme mesa de madeira, olhando pra o retrato dos Volture na parede.

"Pai eu-..."

"Eu falo você escuta"

Ele me interrompeu secamente.

"Sim senhor."

Eu respondi em total submissão.

Na verdade, eu estava agradecido por aquilo, afinal o que eu tinha a dizer?

Ele sentou-se do outro lado e começou o sermão.

Filho, existe uma razão pra todas as regras que eu imponho nessa casa, elas não são apenas para mostrar autoritarismo, nós temos regras pra segurança de vocês.

Eu já sabia de cor, meus olhos lutavam bravamente para não rolarem.

"Queremos sim, que sejam educados e limpos, responsáveis, comportados, que tirem boas notas mesmo que não precisem delas, mas isso são só desejos que todos os pais tem direito de ter. Mas quando eu peço que não me desobedeçam, ou mintam pra mim, ou se alimentem de humanos, ou não briguem entre si, eu não peço por uma questão de gosto, e sim por questões de vida ou morte, humanas ou até mesmo de vocês, essa situação por exemplo..."

Estava na parte onde ele sempre fazia um paralelo entre as situações humanas e a nossa.

"Se vocês fossem humanos e você tivesse falsificado uma identidade para seu irmão de menor entrar em um bar, o máximo que aconteceria seria ele se embragar, talvez passar mal e ir para num hospital, ou se envolver numa briga e ir parar na delegacia, onde eu iria busca-lo e dar uma surra em vocês dois por mau comportamento, mas não, o que ele fez, foi sair do país atrás de uma vampira louca e depois ir até a autoridade máxima do nosso mundo convencê-los de que devia ser morto, você entende a gravidade disso?"

Eu permaneci em silêncio, imóvel e entediado.

"Entende Jasper?"

"É pra responder? O sr. disse pra eu ficar calado."

Minha resposta saiu mais arrogante do que eu tinha planejado, acho que foi resultado da minha impaciência em ouvir todo aquele discurso previsível.

"Jasper, Jasper você está por um fio, garoto."

Ele disse levantando a sobrancelha ameaçadora.

"Sim sr., eu entendo sim sr."

Eu concertei sem um pingo de sarcasmo se quer, e ele então relaxou.

Você já deve ter parado pra analisar, que se você não tivesse mentido e desobedecido, seu irmão não teria sido capaz se quer de começar essa bagunça, na qual nós quase perdemos Alice e ele?"

Comecei a tremer e nem senti o veneno se acumulando nos meus olhos quando percebi ele já estava escorrendo no meu rosto, respondi entre lágrimas.

"Sim papai, e cada segundo de toda essa agonia me massacrou mais do que qualquer punição."

Ele apertou aponte do nariz, pode sentir que ele lutava entre a vontade de me consolar, e a vontade de me bater por ter causado a mim mesmo tanto sofrimento.

"Filho eu preferiria te dar uma surra maior do que eu dei no seu irmão do que te ver sofrendo assim, você tem tanto valor pra mim, quanto os seus irmãos, tanto quanto temi a morte deles eu temi também a sua reação depois disso."

Eu já estava chorando de verdade, o discurso já não era mais o mesmo de sempre, aquelas palavras me detonavam uma a uma, eu já estava quase preferindo uma surra.

"Eu não posso acreditar que você, não apenas mentiu pra mim, como mentiu usando o meu nome, sabe o que isso significa? Que não posso mais confiar em você."

"Mas pa-..."

"Minha vida não é fácil, eu desconfio até da minha sombra, toda vez que cumprimento um dos meus colegas de trabalho, temo que eles me descubram pelos seus conhecimentos sobre a anatomia humana, nunca sei se alguém desconfia e mantém segredo, estou sempre com medo de que minhas habilidades e experiência medica se sobressaia ao ponto de despertar suspeitas por inveja, meus investimentos financeiros estão sempre sendo rastreados, sempre que algum idoso diz me conhecer de algum lugar, eu já fico logo imaginando que teremos de nos deslocar, uma vez tive que me passar por meu próprio neto, tivemos que nos mudar, porque o homem lembrou-se que Edward era adotado, sendo assim eu não poderia ter um neto tão parecido biologicamente comigo, nada lá fora me oferece segurança, tenho muitos amigos vampiros, mas nunca sei quando é que realmente posso contar com eles, a própria lei do nosso mundo e falha e tendenciosa. O quero dizer é que as únicas pessoas do mundo em que eu posso confiar são vocês, a minha família, minha esposa e meus filhos, sei que não vão me trair, nem fazer nada pelas minhas costas.

Eu baixei minha cabeça tentando a difícil tarefa de controlar o choro.

"Tem idéia de como me sinto, quando falo com alguém que me agradece por algo que eu nunca pedi, que espera algo que eu nem se quer sabia, porque o filho mais responsável que eu tenho mentiu com meu nome, pra encobrir um outro filho meu numa missão altamente perigosa?"

Ele perguntou alterando o tom de voz e respondeu irritado.

"Sinto que a barreira construída pra proteger minha família é frágil, é inútil, falha, vocês fazem de mim um fraco sem propósito quando não consigo protegê-los, Edward e Rosalie desobedecendo, Alice omitindo, e agora você mentindo."

Ele ficou de pé dando um soco na mesa, eu encolhi os ombros e me preparei para minha punição.

"Sabe o que você merece? A surra da sua vida!"

Eu engoli o veneno preso na garganta, e limpei os olhos, eu iria tomar isso como um homem.

"Mas eu não vou fazer isso..."

Meus ouvidos só podiam estar me enganando, eu olhei pra ele com todo ceticismo que pude reunir nos olhos.

"E você sabe por que? Por que se eu botar as minhas mãos em você, eu te machuco..."

Eu não pude evitar de tremer quando ele encerrou a expressão através dos dentes.

"E porque você, entre todos, foi o único que não desobedeceu uma ordem direta e sim uma ordem geral, movido por um motivo maior, você fez por que se sentia em débito com seu irmão e tinha uma culpa te consumindo por causa de Isabella, eu não quero que uma punição te remeta a aquele incidente, que volto a repetir, não foi sua culpa."

Não que eu quisesse apanhar, mas não pude deixar de sentir que era injusto com meus irmãos e Alice.

"Mas pai, todos tiveram um motivo maior, eu não entendo, não é a mesma coisa?"

A voz dele se suavizou diante da minha postura corajosa de não aproveitar pra fugir da punição, e minha tentativa de ser justo.

"Não, não é, você desobedeceu uma regra geral imposta a todos, Rosalie o fez a uma ordem diretamente dada a ela quando mandei não ligar, Edward me desobedeceu deliberadamente quando mandei que ele voltasse, e ainda por cima extrapolou todos os limites se arriscando daquele jeito, Alice saiu daqui com uma ordem expressa de me manter a par de tudo, sei que agiu no desespero por isso ganhou só umas boas palmadas e um aviso, mas você estava em um estado fragilizado quando tentou satisfazer o desejo do seu irmão, se tivesse obedecido a regra de não trocar documentação sem minha autorização, você teria evitado muita coisa, e sua mãe e eu chegamos a conclusão que todo o sofrimento causado por isso foi uma punição muito grande pra você, não sou monstro não quero acrescentar mais nada."

Eu fiquei catatônico com decisão dele, quando eu penso que meu pai não pode ter mais compaixão do que ele tem, ele vem e se supera.

"Todos sofremos, mas Rosalie e Alice sofreram por Edward, e Edward por Bella, e você sofreu por todos eles, por nós e por culpa, eu não vou te bater por isso, seria muita crueldade."

Eu abaixei a cabeça em compreensão.

"Olhe pra mim Jasper."

"Mas você nunca mais minta com meu nome, você devia ganhar umas palmadas por isso, mas segundo a sua mãe, é a primeira vez que você faz algo do tipo, então vai ganhar um aviso."

Ele apontou o dedo pra mim, e olhou fixamente no meus olhos.

"A próxima vez que você fizer uma coisa dessas, seja qual forem as circunstâncias, eu vou te arrastar para o banheiro com o cinto da disciplina e você vai apanhar sem uma única peça de roupa e vai passar o resto do dia no canto."

Meu estômago afundou, eu nunca apanhei pelado, só na bunda, eu realmente nunca iria querer passar por isso, tenho certeza que ele sabe, fiquei constrangido só com o pensamento.

"E eu não terminei com vocês três, estão de castigo, mas vou ditar as regras quando estivermos todos juntos, diga a Alice que eu permito que ela saia do canto, mas que venha me ver. Está despesado."

Ele disse sério e eu respondi na mesma seriedade.

"Sim senhor."

"Assim que me der um abraço."

Ele me surpreendeu, assim que minha bunda ilesa levantou da cadeira, ele me abraçou me fazendo estourar um choro de desabafo.

"Pode chorar filho, ponha tudo pra fora."

"Des-culpa pa-pai, des-culpa."

Ele esfregava minha costa tentando me acalmar como se eu tivesse acabado de ganhar uma surra daquelas.

"Eu te amo filho não há nada que possa mudar isso, você está perdoado, livre-se dessa culpa, você já foi punido o suficiente, vamos seguir adiante com nossas vidas, graças a Deus estamos todos a salvo inclusive Bella, voltamos pra Forks, em breve será como nada tivesse acontecido, ajude-me a confiar em você novamente ok?"

Eu soltei o seu abraço e olhei pra ele limpando o meu rosto.

"Pode confiar papai, conquistar sua confiança de volta é a partir de agora meu maior objetivo."

"É assim que se fala major."

Ele disse sorrindo e ajeitando minha gola depois deu um beijo na minha testa e me guiou pra fora do escritório pelo meu ombro.

Quando estava caminhando em direção a porta eu o vi, lá estava ele, eu tinha até esquecido que já tinha voltado ao seu lugar de costume, lugar esse que fez meu aviso ser gravado como um selo na minha cabeça, eu escapara daquele troço por um fio de cabelo, eu não iria querer reencontrá-lo tão cedo.

"Não se esqueça de me enviar a minha bonequinha."

Ele disse já na porta, mas quando dei dois passos me chamou de volta.

"Ei Major."

"Sim papai."

"Por falar em confiança e na na minha bonequinha...enquanto você e o Edward destruíam o meu tapete egípcio, perguntei pra ela sobre a devolução e discrição dos carros roubados e ela ficou nervosa, você por um acaso sabe o porquê disso?"

Eu gelei, já tinha me esquecido do tapete.

"Não senhor papai, tudo que eu sabia é que ela os havia roubado... e sobre o tapet-..."

"OH não não não, essa fica pra vocês acertarem com a sua mãe, pra mim já chega por hoje, estou até a tampa com vocês, sabem que ele não gosta de briga, sabe que não permito em casa, e sabem que ela adorava o tapete. Lavo minhas mãos, vocês dois são dela dessa vez."

Só consenti com a cabeça, eu já ia ficar de castigo por tanto tempo que nem ia precisar de dinheiro mesmo, minha mãe não iria me bater, no máximo ela nos faria pagar o tapete, que sendo um egípcio original, iria consumir pelo menos três meses de mesada de nós dois.

Entrei no quarto e Alice estava nua da cintura pra baixo, de costas no canto do quarto, o que seria sexe, se ela não tivesse levado sua pior palmada, ela ainda estava fungando e esfregando o traseiro dolorido.

Lice, o papai falou que você pode sair do castigo, ele está te esperando no escritório.

Ela se virou para o seu closet e apanhou um vestidinho preto que ia até os joelhos e vestiu sem calcinha, meus irmãos e eu tínhamos inveja dessa parte, elas sempre faziam isso depois de uma surra, em quanto nós tínhamos que vestir as malditas calças.

Ela estava emburrada, eu a abracei e passei a mão no seu cabelo beijando seu rostinho de porcelana.

"Oooh... minha bebêzinha levou uma palmada?"

Eu disse com voz de mimo tentando consola-la, e ela fez um movimento dengoso com a cabeça dizendo sim sem afastar a testa do meu peito.

"Ele me bateu muito... e ele nem me consolou, só me deixou no canto de castigo."

Sua vozinha estava quase sumindo de tanto dengo.

"Oh meu bem, você ouviu ele mandando eu chamar a sua bonequinha, aposto que ele vai te botar no colo e te consolar pelas próximas 3 horas."

"Não vai não, Bella está trazendo Edward pra cá e quer falar com todos, eu ainda tenho que fazer um relatório dos Volture pra o papai, mal vai sobrar tempo pra um abraço."

Ela disse entortando a boca e saindo do quarto.

Foi como eu disse, do meu quarto mesmo pude ouvir todo o ritual que meu pai sempre fazia com sua Princesa e sua Boneca, até que ela começou a relatar uma história de dar arrepios sobre Bella e Aro, de repente meu pai chamou a todos no escritório.

Minha mãe entrou abraçada comigo enrolando o dedo nos cachos do meu cabelo, Emmett carregando Rosalie nas costas estavam sorrindo sobre algo, ela cochichava gracejos no seus ouvidos enquanto ele ria alto, pelo visto ele fora capaz de mudar o humor negro em que ela estava desde a surra de Edward, Lice estava no colo do papai, meu irmão sentou-se e fez o mesmo com minha irmã, minha mãe sentou-se do meu lado agarrada no meu braço acariciando a minha mão.

Estávamos todos descontraídos, então meu pai tentou não soar tão preocupado quanto eu sentia que ele estava, ele deu a palavra a Lice que explicou, com a ajuda dele, sobre tudo, como Felix atacou Bella, como Edward atacou Felix, as ameças e tudo mais.

"Carlisle? Esme? Rosalie? Emmett? Jasper? Alice?"

Antes mesmo que nos levantássemos, ouvimos a voz de Edward na sala de estar, chamando nossos nomes...

continua...


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Notas finais do capítulo

N/E:A/N: Aí está, POV Jasper como prometido, espero que tenham gostado, não apenas que tenham gostado mas que também me deixem saber, é muito importante.
OBS.: Você deve estar se perguntando sobre o Porsche, mas quem leu PI sabe que Carlisle só descobre depois que ela ganha um de presente de Edward, tem uma historia que esta para ser escrita que se chama o preço do Porsche, então não se preocupem o bicho ainda vai pegar por causa do bendito carro, por mais que não seja em VMN, eu pretendo escrever, VMN está chegando ao fim então preparem-se pra mais uma votação.
Att rosatais e Nelluca



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