Volterra Nunca Mais escrita por rosatais


Capítulo 10
Nunca Mais II




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"Volterra Nunca Mais"


Capítulo 9

Nunca Mais II

POV Carlisle

Rose desceu pela porta da frente, Emmett permaneceu no carro, assim como Edward, encolhido no banco de trás, meus braços estavam cruzados sobre o peito, eles deviam ter chegado a vinte minutos atrás.

"Pai, me dá só um minuto, deixa eu falar."

Minha filha implorou com os olhos suplicantes.

"Rosalie Halle Cullen, eu te avisei pra ficar fora disso."

Eu disse num tom de advertência dando a ela a chance de se calar, mas ela não seria minha impetuosa Rose se desistisse assim tão fácil.

"Pai, ele está tão assustado, passou por tanta coisa, Charlie o proibiu de voltar lá, se acalma primeiro, deixa ele se explicar por favor, ele é seu filho pai, tem piedade do menino."

"Você está certa, ele é meu filho, e é por isso que eu tenho todo direito de dar uma surra nesse irresponsável, e eu não vou me acalmar coisa nenhuma, porque é assim mesmo que ele está merecendo apanhar."

Ouvi Edward começar a gemer dentro do carro.

"Edward Anthony Cullen, não me faça ter que buscar você."

"Papai, eu sinto muito, o senhor não faz idéia do quanto estou arrependido."

Ele começou dentro do carro.

"Não me faça ter que que te buscar, se eu tiver que fazer isso você vai se arrepender ainda mais!"

Eu disse isso dando passos largos em direção ao carro, quando eu pus a mão na porta, minha filha deu um passo na minha direção e antes que me irritasse ainda mais, gritei para o meu mais velho.

"EMMETT, LEVE A ROSE PRA CAÇAR ANTES QUE EU PERCA O RESTO DA MINHA PACIÊNCIA!"

"Sim senhor!"

Eu abri a porta assim que os braços dele estavam em volta dela, Edward saltou pelo outro lado tremendo, seus olhos arregalados alternavam entre a irmã lutando pra se soltar nos braços do irmão e a porta da frente da casa, provavelmente se perguntando onde estava a mãe que ainda não viera em seu resgate.

Pra falar a verdade eu também me perguntava a mesma coisa, mesmo eu tendo pedido a ela pra permanecer no quarto, era um tanto quanto inédito ela ter me ouvido, ela sabia que Edward precisava disso, tanto quanto eu, embora ela não fosse participar, sabia também que não poderia impedir.

"Nem mais um passo."

Falei com aquela voz baixa, perigosa e muito conhecida, ele congelou com o queixo tremendo, os olhos cheios de veneno e tensão, eu agarrei sua orelha e puxei com cuidado pra não arrancar, mas forte o suficiente pra fazê-lo gemer de dor.

"Ow auu au au aaaiiiii! Aiaiaiai papai aiaiai!"

Levei-o pra dentro de casa já em lágrimas, o joguei no sofá, e pra surpresa de todos comecei a gritar.

"QUEM FOI QUE TE AUTORIZOU A VIAJAR PRO BRASIL HEM?"

Eu gritei já puxando-o para cima do meu colo ali na sala mesmo, puxei a calça e cueca juntos com tanta força que rasgou deixando seu traseiro e pernas expostos, ele não respondeu a pergunta pois não havia resposta.

"EU MANDEI VOCÊ VOLTAR NÃO FOI?"

Eu não falava, eu gritava rosnando, ele não respondia de tanto medo, eu não me importei, o medo fazia parte da punição, medo maior eu passei achando que ele fosse morrer, eu dava tapas tão fortes que minha mão parecia soltar do punho.

PAFT*** Arraaaaaai!

"NENHUM PIU EDWARD! EU DECIDO QUANDO VOCÊ PUDER CHORAR, EU AINDA NEM COMECEI MOLEQUE! NEM COMECEI!"

PAFT***PAFT***PAFT*** "huuuummm!"

"SE GRITAR APANHA MAIS!"

PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***

PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***PAFT***

PAFT*** PAFT***

Ele mordia as almofadas do sofá urrando de dor, eu nunca batera nele com raiva, ele estava com medo arrependimento e dor, tudo misturado à agonia de não poder gritar, mal sabia ele que essa ordem eu só dei porque eu não seria capaz se suportar o castigo se ouvisse suas lágrimas, eu estava determinado a fazer daquela surra uma lição traumaticamente inesquecível, e ainda estávamos na sala e na parte das palmadas.

Ele esperneava como um garotinho dando birra, enquanto minha mão cobria seu traseiro de tapas, eu sentia pena do seu bumbum e também o prazer de ter aquele bumbunzinho redondo no meu colo, fazia eu me sentir seu pai na forma mais completa, eu preferia vê-lo ali debruçado na minha perna chorando, do que estar recolhendo suas cinzas, lembrei-me do dia em que pensei estar recolhendo as cinzas de Emmett, queria que Edward visse nos meus pensamentos também, assim poderia me entender melhor, mas duvido muito que ele estivesse se concentrando em algo mais além da dor, pois esse pensamento me deu forças pra continuar até que ele gritou fora das almofadas.

PAFT*** PAFT***PAFT***AAAAAAAArrAAaaaiiiiii!

Já eram 50 e eu parei puxando-do de pé e empurrando pra o canto da parede, peguei um tamborete na cozinha e mandei-o sentar-se virado para a parede, ele gemeu de dor com o contato repentino do traseiro com a superfície dura.

"FIQUE AQUI! SEM CHORAR E SEM LEVANTAR, EU VOU PROCURAR UMA VARA BOA PRA TE ENSINAR A ME OBEDECER, QUANDO EU DISSER,VENHA PRA CASA, EU QUERO DIZER, VENHA PRA CASA!"

Quando saí pela porta ele estourou em soluços fazendo meu coração apertar no peito, meu filhinho estava ali dentro de casa, eu pude senti-lo no meu colo, eu tinha o privilégio de procurar uma vara para corrigi-lo, eu tinha meu filho sobre o meu teto de novo, nada poderia me tirar aquilo, e eu iria garantir.

Encontrei a vara perfeita, grosa, bem verde e resistente, tirei os talos e as folhas deixando os caroços, vara era só um modo formal dos pais de dizer, na verdade pra bater nos meus filhos, as varas estavam mais pra galhos, uma vara dessas que os pais normais usam não fariam nem cócegas nas minhas crianças, por mais forte que eu seja, elas apenas se desfariam, eu sempre tinha que escolher uma espécie que fosse quase tão resistente quanto o cinto de couro, pra fazer com que sentissem algo, eu sempre ameaço de bater até acabar com a vara, mas nunca tive coragem, apesar de que não demoraria tanto.

Ao chegar no último degrau da entrada me apoiei na parede pra olhar a sola do meu sapato, não percebi que pressionara a campainha até que a ouvi ecoar pela casa.

Entrei e ele estava de pé com olhos arregalados, com as mãos na frente e cara de assustado, como se pensasse ser alguém de fora, eu poderia até ter caído nessa, não fosse seu poder de detectar minha presença de longe, cheiro som e até pensamentos, eu sabia ser só uma estratégia pra sair do banquinho.

"QUEM MANDOU VOCÊ LEVANTAR?

"Desculpa papai."

Ele disse sentando-se novamente, soltou um gemido com o contato repentino do traseiro com a superfície dura do banco.

"NÃO DECULPO NÃO SENHOR, AINDA NÃO...PELO VISTO 50 PALMADAS NÃO FORAM SUFICIENTE PRA TE ENSINAR A ME OBEDECER, MAS NÃO TEM PROBLEMA NÃO, EU ENCONTREI A VARINHA PERFEITA PRA ISSO!"

"Mas papai meu traseiro está em chamas..."

"SILÊNCIO! EU NÃO TE AUTORISEI ABRIR A BOCA! E PODE IR FICANDO DE PÉ, VOCÊ SABE QUE QUANDO EU BATO DE VARA É EM PÉ.

SUÍCH!*** AAAAAAaaaaaaaiiiii!

AH...! VOCÊ QUER CHORAR? EU VOU TE DAR MOTIVOS PRA CHORAR

TEM NOÇÃO DO QUANTO SUA MÃE CHOROU?

SUÍCH!* SUÍCH!*SUÍCH!* AAAAAAAAAAAAAAAA

QUANDO EU EU MADAR VOCÊ VIR...

SUÍCH!*SUÍCH!* AaaAAAAAAA

SUÍCH!*   VOCÊ VEM!

SUÍCH!* Táaaaaaaaa!

SEU MOLEQUE IR- SUÍCH!*-RES-SUÍCH!*PON-SUÍCH!*SÁVEL!SUÍCH!*SUÍCH!* Raaaaiiiiiiiiiii!

TÁ ME OUVINDO EDWARD? SUÍCH!*SUÍCH!* Tôooooooooooo

TÁ ME OUVINDO? SUÍCH!* Eu tÔ, eu tÔooooooo.

QUANTAS VEZES EU VOU TER QUE MANDAR VOCÊ VOLTAR PRA CASA?

SUÍCH!*SUÍCH!* UMmmmmAAAAAAAAAA

SUÍCH!* QUANTAS VEZES EDWARD? 

SUÍCH!* UUuummmaaaaaaa

SUÍCH!*SUÍCH!* QUANTAS VEZES EDWARD?

SUÍCH!* Só uma só uuummmmmaaaaaaaaaa.

QUEM É QUE MANDA EM VOCÊ MOLEQUE?

SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!* O senhooooooooor!

QUEM?

SUÍCH!*** O senhor papai o senhooooor!

ENTÃO QUANDO EU MANDAR, VOCÊ FAZ O QUÊ EDWARD?

SUÍCH!*SUÍCH!* Obedeeeeeeeeeeçooo!

VOCÊ O QUE EDWARD?

SUÍCH!* Obedeço papai obedeçooooooooo!

VOCÊ ENTENDEU?

SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!*aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

HEM? ENTEEN- SUÍCH!* diiiiiiiiiiiiiiiii!

EU PRECISO EXPLICAR MELHOR?

SUÍCH!* Nãaaaaaarrãooooo!

"PRA CIMA!"

Ele correu sem pestanejar esfregando o traseiro, que como suas pernas, estavam riscadas com o verde da vara.

Chegando no andar de cima, ele se direcionou para o seu quarto.

"PRO ESCRITÓRIO!"

Ele olhou pra mim totalmente suplicante.

"Por favor papai o escritório nãaaao!"

"ESCRITÓRIO SIM SENHOR! VOCÊ ACHOU QUE IRIA TENTAR SE MATAR E AINDA ASSIM ESCAPAR DO CINTO DA DISCIPLINA?"

"Mas..."

"MAS NADA EDWARD! NÓS AINDA VAMOS DICUTIR SUA VIAGEM A ITÁLIA."

Ele tentou passar por mim ao largo, na intensão de estar fora do meu alcance.

"SABE QUANTOS PROBLEMAS VOCÊ TERIA EVITADO SE TIVESSE ME OBEDECIDO?"

SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!* AiAiai papai aiaiai paapaaai eu vou eu voooou!

Comecei a dar mais varadas nele por sua audácia em querer discutir e tentar distância.

SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!*SUÍCH!*AAAAAAAAAAAAAAAAAA

"CARLISLE! PARA PELO AMOR DEUS CARLISLE!"

Esme apareceu na porta do quarto chorando, eu aproveitei pra ensinar ao meu filho mais uma lição valiosa.

Ele estava olhando pra o chão, nitidamente envergonhado por estar só de camiseta e levando uma surra.

"Edward, olhe pra sua mãe."

Eu ordenei sem gritos mas com firmeza, ele olhou exitante, vi seu semblante mudar pra um outro tipo de dor quando viu as lágrimas da mãe.

"Você acha ruim vê-la assim? Ela só está chorando de dó do seu bumbum, eu a vi chorar a dor do medo de perder um filho, a dor que eu prometi que ela jamais sentiria no dia em que ela abriu os olhos para essa nova vida, você foi o primeiro a cobrir o vazio que aquela dor lhe causou Edward, como pode fazer isso com ela?"

Ele esqueceu o constrangimento da nudez e avançou nela com um abraço, estourou em soluços mais doídos do que qualquer palmada ou vara pudesse causar.

"Des-cuuuulpa mamãaaaae, me per-dooo-a, e-uuu tee aaaamoooo!"

"Ooh...meu Bebê, a mamãe também te ama, você está perdoado meu bem, mas nunca mais faça nada parecido comigo, eu não poderia perder nenhum de vocês, Deus sabe que não."

Ela pegou-o pelos ombros e o olhou de cima para baixo e de baixo em cima.

"Olha só pra você meu filho, está tão frágil, faminto e... todo sujo."

Ela pegou nas suas mãos que mais pareciam estar caçando um tatu.

Peguei-o pela gola da camiseta por trás afastando-o dela.

"Não se preocupe querida, vou dar um jeito nisso, agora cumpra o nosso trato e fique no quarto, por favor."

Ele olhou pra mim confuso quando o empurrei pra dentro do banheiro do corredor, e arranquei sua camiseta num puxão só, depois peguei a mangueira acoplada ao chuveiro, dobrei na mão e apontei para o box.

PASSA PRA O CHUVEIRO AGORA! EU QUERO VOCÊ...

SLOPT!* LIMPO AAAiiiiiii

IGUAL SLOPT!* OOOooww

A UM SLOPT!* AAAiêeeeeeeeee

CULLEN SLOPT!* Isso dóoooooooi!

É PRA DOER EDWARD! É PRA DOER! OLHA SÓ PRA VOCÊ!

Coloquei a mangueira de volta e liguei o chuveiro em cima dele, tive que deixar o ralo da banheira aberto pra escoar a água, ele parecia ter caçado a dias sem se importar com a sua aparência, uma vez que não suava nem tinha mal cheiro, mas como qualquer coisa, viva ou não, se exposto a sujeira, estava imundo.

"QUE SUJEIRA TODA ESSA NA SUA PELE? NÃO TEM CHUVEIRO NO BRASIL NÃO?"

Ele permaneceu calado ao que parecia ser uma pergunta retórica.

"EU QUERO UMA RESPOSTA EDWARD!"

"Não tive tempo pra isso, eu estava caçan..."

Ele engoliu o final da resposta, tapou a boca com a mão quando realizou que talvez eu não soubesse sobre Victória.

"Eu sei o que você estava caçando, nós vamos discutir isso lá no escritório, mas depois que você estiver limpo, forte e alimentado, agora vamos."

"Paaaai... eu não sou um Bebê..!"

Ele protestou quando me viu pegar a bucha de banho e passar no sabonete.

"Não é o que parece, meninos de 17 tomam banho quando estão longe dos pais também, além do mais, você vai precisar de ajuda suas costas estão imundas e depois dessa surra você não iria nem encostar a bucha no traseiro."

Esfreguei as coxas tirando os riscos esverdeados da vara, assim como o do traseiro.

"Ai pai... tá doeeendo!"

Ignorei seus lamentos e continuei a esfregar suas costas, quando passei por uma de suas costelas, percebi que ele gemera de dor, o que era estranho, eu só lhe batera no traseiro e nas pernas, como sempre, meu extinto protetor borbulhou dentro de mim.

"Que foi isso filho? Algum vampiro te bateu?"

"Foi Felix, ele tentou matar minha Bella, pulei na frete dele e fui arremessado na escadaria do trono, mas eu estou bem, está tudo bem."

"Não, não está não, eu vou ligar para o Aro, só quem pode bater nos meus filhos sou eu, agora termine seu banho direito que eu vou buscar um pouco de sangue pra você.

Peguei a última reserva de sangue animal do refrigerador, aqueci e pus em uma garrafa, peguei a caneca com o nome dele gravado, quando abri o armário, lá estavam elas alinhadas, Esme mandou gravar o nome de todos em canecas de louça de cores diferentes, ela sempre as mantinha alinhadas de acordo com as idades, a amarela de Emmett, a verde de Jasper, a vermelha de Rosalie, a cor de rosa de Alice e a azul de Edward.

A imagem do carinho que Esme tinha com os nossos filhos, e ver seu nomes assim todos juntinhos me fez engolir seco o veneno na minha garganta, eles eram parte de um todo, jamais seriamos capazes de suportar perder qualquer um deles.

Subi ao quarto dele, peguei seu roupão de Banho um pente e um conjunto de moletom confortável, não pude evitar de abraçar as peças na minha mão, tudo ali naquele lugar tinha seu cheiro, antes que eu pudesse perceber, as lágrimas estavam rolando no meu rosto.

"Meu amor, você está bem?"

A voz de Esme invadiu o quarto.

"você está chorando?"

Ela disse erguendo meu queixo com um dedo, depois de um caloroso abraço.

"Estou feliz por ele estar em casa a salvo só isso."

Eu disse tentando convencer a mim mesmo e voltando a olhar para as roupas enroladas nos meu braços.

"Ouvi tanta gritaria lá em baixo, tem certeza que está tudo bem?"

Ela perguntou com carinho e preocupação embreados em cada palavra.

"Estou dando um banho nele, vou alimentá-lo, depois vou ter uma boa conversa com ele, sem gritos, e discipliná-lo da forma correta."

Respondi cansado, então ela perguntou apertando meus ombros em conforto.

"Tem certeza que quer fazer isso? Você já deu um monte de palmadas nele, já deixou no canto, já bateu de vara e até de mangueira, não acha que já chega?"

"Não Esme, ele tentou suicídio, não podemos deixar isso passar como se fosse uma travessura no colégio, ele precisa entender o quanto isso é sério."

Quando entrei no banheiro, ele estava em baixo do chuveiro ligado com o rosto nas mãos soluçando baixinho, deduzi que ele tivesse escutado meus pensamentos e conversa com a mãe.

Pus a caneca, a garrafa e o moletom, no balcão do armário, peguei o roupão e o pente e caminhei em sua direção dele, eu sabia que ele sentia minha presença mas nem se quer se moveu, então desliguei o chuveiro e cobri meu filho com o roupão, o que o obrigou a tirar as mãos do rosto para vesti-lo.

Eu o guiei até o vaso sanitário baixando a tampa e o empurrando com carinho para que se sentasse.

"Ai papai! Dói!"

Ele disse todo manhoso formando um bico, meu filho estava de volta, talvez a conversa e o desabafo que ele ouviu entre a mãe e eu o trouxera de volta, pois só havia ouvido correção da minha parte desde que nos reencontramos.

Penteei os seus cabelos desfazendo os nós com facilidade e reparti de lado formalmente, eu poderia jurar que senti seus olhos rolarem, servi uma caneca de sangue pra ele, e quando me virei para olhá-lo, ele estava puxando os fios em direções contrárias fazendo seu penteado habitual, e pela primeira vez desde de sua volta ele pode me ver sorrir.

Dei a caneca com o líquido nas suas mãos, ele estava com tanta sede que entornou tudo de uma vez só, chegou escorrer no canto da boca e pingar no roupão branco.

"Ótimo...sua mãe vai brigar comigo, foi ela quem escolheu esse e bordou suas iniciais pessoalmente. Vamos ter que manter isso entre nós até que eu encontre uma forma de me livrar dessa mancha."

"Dhethergdente e aomônoia..."

Ele disse com a boca na segunda caneca.

"Como?"

"Detergente e amônia."

Olhei confuso e pensei.

Do que esse garoto está falado? Será que bateram sua cabeça na Itália, ou melhor, uma pancada na cabeça pode prejudicar um vampiro?

"A moncha..."

Ele disse ainda dentro da caneca me tirando da minha reflexão.

"Edward dá pra não falar de boca cheia."

Eu disse já irritado querendo saber do que ele estava falando.

"Desculpe papai, não..."

"Não o que menino?"

"Não estou maluco, e não bateram na minha cabeça, detergente e amônia é uma fórmula caseira pra tirar mancha de sangue de tecido, aprendi ouvido a conversa de duas lavadeiras no morro do Rio de Janeiro."

"Você quase me mata de susto menino!"

"Agora foi minha vez de ver pela primeira vez o seu sorriso, que durou somente até que eu o mandasse vestir a roupa e me esperar no escritório."

Ele passou a mão no tarseiro e olhou pra mim fazendo bico, e vestiu a roupa apelando para o drama.

"O senhor deve estar mesmo com muita raiva de mim... nem me deixou falar...gritou comigo desde que abriu a boca...e ainda quer me bater mais... nunca pensei que pudesse me odiar tanto...nem me deu um abraço."

Ele ficava resmungando e vestindo cada peça de roupa, na tentativa de me comover.

"Bela tentativa Edward, mas não está funcionando, sei muito bem que você sabe, que não tenho raiva de você, sabe que mereceu cada grito, sabe muito bem que sua vez de falar e o seu abraço vão chegar, e sabe acima de tudo que faço isso por amor e não por ódio. Pode desfazer esse bico, você vai apanhar sim senhor, e muito, o suficiente pra fazer um humano fazer xixi nas calças, se você fosse estar de calças, agora deixe de enrolar e vista logo essa roupa, senhor 'meu pai me odeia'."

Eu disse com sarcasmo, ele fez um bico ainda maior e encheu os olhos de veneno com sua estratégia falha.

Já vestido se dirigiu pra fora do banheiro como se estivesse com peso nos pés, passei por ele e dei um tapa no traseiro.

"Anda logo!"

Ele deu um pulo e apresou os passo para o escritório esfregando o bumbum.

Eu nem sabia aonde eu iria arranjar forças pra fazer isso, em Esme com certeza não seria, eu tremia só de pensar o quanto o meu filho já devia estar esfolado, se fosse uma criança humana estaria todo marcado, eu mesmo fiquei com a mão doendo, de tão forte que foram as palmadas que ele levou, e depois eu bati tão forte com a vara a ponto de riscá-lo com o verde dela, nas pernas principalmente.

Eu me sentia um carrasco, por não abraçá-lo, e por estar planejando surra-lo com o cinto depois disso tudo, mas eu podia lembrar quantas travessuras rendeu aos meus filhos uma boa palmada ou uma surra de vara dessas, o próprio Edward quando chegamos em Forks, ganhou umas palmadas, chineladas, varadas e cintadas no mesmo dia, por causa de uma aposta e por planejar uma corrida de carros com Rose. Eu não podia correr o risco de enviar a mensagem de que, ir a Volterra provocar os Volture pra conseguir a própria morte, era mais uma travessura.

Aquela surra teria de ser lembrada como, o dia em que deixei o meu pai louco, ou... o dia em que apanhei tanto que nunca mais vou esquecer, o dia da surra histórica.

Eu passei pelo menos 20 minutos andado de um lado para o outro dentro do quarto de Edward, como um animal enjaulado, tentando me sentir melhor sobre aquilo, até descobrir que nunca aconteceria, eu nunca me sentiria bem em causar dor no meu próprio filho, Deus sabe que eu faria em pedaços qualquer um que quisesse fazê-lo, a melhor forma era acabar logo com tudo de uma vez.

Passando pelo corredor, ouvi a porta da frente abrir, Rose e Emmett chegaram, ao passar pela porta do meu quarto, vi Esme por a cabeça pra fora.

"Alice ligou, está na estradinha da chegada com Jasper."

Olhei pra ela com um pouco de tristeza.

"Por favor, vá ficar com os quatro lá embaixo, não quero nenhum de vocês aqui em cima, vou ter uma conversa muito séria com Edward."

Entrei no escritório e ele tremia no canto enquanto eu pegava o cinto, eu não podia evitar de pensar o quão ruim era, e ele com certeza não poia deixar de ler minha mente num momento daqueles.

Eu tinha pendurado o cinto no lugar depois de bater em Rosalie, quando pus as mãos nele, senti um movimento brusco atrás de mim, Edward saíra do canto em que eu o colocara, e correra para perto da janela.

"Edward...Anthony...Cullen..."

"Papai, eu aprendi a lição papai, não me bate mais não paizinho, por favor."

Ele suplicava alternado o olhar entre a janela e eu, considerando uma possível fuga, ele estava pensando com o traseiro e não com a cabeça, pois todos meus filhos sabiam bem que essa era uma Péssima idéia.

"Edward sente-se no sofá meu filho por favor."

Ele se assustou com minha calma, ainda mais do que com os gritos anteriores, isso sempre significava mais determinação e menos emoção na hora de uma surra, eles todos sabiam como ninguém, que era muito mais fácil me parar se eu estivesse nervoso, mas nada me fazia parar quando eu estava calmo e determinado a passar o recado.

Sentou-se com um bico comovente e os olhos cheios de Lágrimas, eu vi que era o momento certo de fazê-lo entender que não se tratava de um garoto em apuros diante do cinto do pai, se tratava de algo que nunca deveria ter acontecido e que nunca mais iria acontecer de novo

"Edward, vamos começar pelo começo filho, eu quero que você me diga como foi que você levou em consideração a idéia de caçar a Victória sozinho?"

Ele brincava com o cordão do capuz com o queixo colado no peito, respondeu tão baixo que só pude ouvir graças a audição aguçada dos vampiros.

"Eu não queria deixá-la em perigo, também não queria que ninguém se machucasse."

Eu apertei a ponte do nariz e respirei fundo, notei que ele aproveitara pra me olhar enquanto meus olhos estavam fechados, senti e ouvi o movimento leve da sua cabeça, e ao abrir os olhos pude notá-lo baixando a cabeça de novo.

"Filho olha pra mim...você não considerou que Emmett Jasper e eu fôssemos de grande ajuda?"

Ele já ia baixar a cabeça de novo, eu insisti por uma resposta com um tom mais autoritário.

"Responda Edward! Olhe pra mim! Por que você saiu escondido e sozinho pra fazer algo tão perigoso?"

"Eu pensei em você..."

Ele começou com uma voz tremula em resposta a alteração do meu tom de voz.

"E...?"

"E... eu lembrei da mamãe, e como ela ficaria se te acontecesse algo."

Eu quis interrompê-lo mas percebi que se o deixasse falar seria melhor.

"Jasper insistiu pra ir como uma forma de compensar o ataque à Bella, eu fiquei tentado a aceitar pelas suas habilidades e experiência, mas então eu pensei em Alice, ela esteve com ele antes de nós e não poderia viver sem..."

Houve uma pausa, ele olhou pra mim com respeito seus olhos pediam permissão pra continuar, e esta eu dei apenas acenando com a cabeça.

"Eu quis sair escondido por causa do Emmett e da Rose, ele Jamais perderia uma briga dessa, e Rose iria me entregar na primeira oportunidade, e eu precisava ir, eu não podia deixá-la desprotegida, eu queria que todos os vampiros que soubessem da existência dela morressem, o senhor não me deixaria matar o Laurent, mas Victória era uma ameaça...ainda é..."

Ele disse com amargura, sua voz e semblante mudou assim que pronunciara o nome da vampira.

"Filho não entendo, me ajude a entender como foi que você saiu daqui pensando em todo mundo e depois não pensou em ninguém, no que foi que essa vingança te transformou?"

Ele olhou pra mim totalmente confuso com a minha pergunta, eu continuei falando na tentativa de fazê-lo entender aonde eu queria chegar, fazê-lo entender qual foi a imagem que ele passou a todos com tal atitude.

"Você se transformou num nômade sem coração, todo sujo e relaxado, deixou sua mãe preocupada chorando pelos cantos, não se importou em obedecer o seu pai, nem parecia você, parecia um vampiro inconseqüente qualquer."

Eu disse jogando as mãos pra o alto e pousando nos quadris.

"Eu já pedi desculpa papai, eu sinto muito, o que mais eu posso fazer? Já voltei, já tomei banho, já apanhei igual a um cachorro sem dono."

Eu podia jurar que senti uma pontinha de má criação na sua voz.

"Você preste atenção ao seu tom de voz, menino! Deixou todos nessa casa tão fora de se, que até sua mãe estava querendo te bater, ela não deu uma surra nas meninas porque eu não deixei, afinal a culpa era sua e não delas."

Ele arregalou os olhos com a idéia de sua mãe querendo bater em alguém.

"É isso mesmo que você ouviu, não fosse esse absurdo de ir pra Itália, sua mãe estava armada até os dentes pra te dar uma surra, eu vou te dizer agora as consequências do que você aprontou."

Ele baixou a cabeça e eu mandei que ele olhasse pra mim, eu queria que ele visse através dos meus olhos e pensamentos tudo que provocara à sua família.

Seu olhos se encheram de veneno e eu comecei.

"Emmett ficou irreconhecível, sua alegria se fora deixando apenas uma vampiro vazio, nem Rose conseguiu animá-lo, era de cortar o coração, sua mãe dando colo a ele quando não estava desvairada pela casa tentando descobrir onde você estava."

Vi uma lágrima rolar em seus olhos, minha mente reproduzira uma imagem de Emmett deitado no sofá com a cabeça no colo de Esme, enquanto ela chorava e afagava os seu cachinhos curtos.

Sua irmã parecia um animal enjaulado, preocupada o tempo todo, sua única distração, quando não estava tentando consolar seu companheiro, era atormentar Alice a cada 5 segundos pra saber se você ficaria bem.

Ele ficou sem graça, vi seu olhos rolarem, eu não sei porque Edward e Rosalie não gostam de demostrar carinho um pelo outro, todo mundo sabe o quanto eles se gostam, mas preferem agir como animais entre si,nunca assumem que fazem o que fazem por amor, só demostram quando o cinto está em jogo, mas fora isso, parecem inimigos.

"Atormentá-la e protegê-la de sua mãe, sua irmanzinha mais nova parecia estar carregando o mundo inteiro nas costas, você a obrigou guardar um segredo perigoso demais, a fez prometer algo que a fez desobedecer a mãe e se preocupar ao mesmo tempo, sua mãe chorava de desespero querendo notícias, ela sabia onde você estava e só podia dividir com Rose e Jasper."

Outra imagem muito parecida com a anterior fez outra lágrima rolar dos olhos de Edward, mas dessa vez não eram seu irmão e sua mãe, e sim sua irmanzinha encolhida no meu colo chorando com as mãos nos ouvidos, como se tentasse desligar-se de algo que a enlouquecia.

"O que mais a fez sofrer, não foi a pressão constante de Rose, foi ver a mãe chorar sem poder acabar com seu sofrimento mesmo tendo a chave pra isso, e seu companheiro nem tinha condições de ajudá-la pois estava a ponto de explodir com tanta emoções intensas rolando em cada comado dessa casa, além disso tinha que lidar com a culpa que o corroía como um tumor, não bastava a culpa que ele carregava você ainda pôs nos ombro dele o fardo de providenciar sua fuga."

Ele engolia o veneno na garganta, eu tenho certeza que umas cintadas doeriam bem menos do que cada uma das palavras que saíam da minha boca e cada imagem na minha mente, mas ele precisava passar pela dor dessa punição e eu não iria poupar nada, nem uma palavra, nem uma cintada se quer.

"Sua mãe ficou irreconhecível, hora ela era a mais sensível criatura chorando por qualquer motivo, distribuindo afagos, hora ela era uma mãe histérica tivera sua criança seqüestrada, e hora ela era um detetive frenético com um chinelo na mão tentando arrancar a verdade à força, virava e mexia eu escutava seus gritos com Alice Rose e Jasper, ela não sabia se perseguia a eles, se consolava Emmett ou se me cobrava uma atitude, ela não era nem de longe a perfeita vampira que sempre fora responsável pelo equilíbrio astral dessa casa."

Ele não conseguiu manter os olhos quando falei da mãe, eu não o obriguei a olhar pra mim, pois eu tinha falado de toda família, era a vez de falar de mim, e eu, sinceramente não sabia o que dizer, um minuto de silêncio seguiu, pareceu mais de uma hora, 60 segundos de pura dor e confusão invadiram meus pensamentos, antes que eu dissesse algo.

"Quanto mim meu filho, não faço a mínima idéia de como me senti, até agora não sei ainda, você tirou minhas certezas, minha paternidade, a segurança de ter ensinado algo aos meus filhos, você me transformou em absolutamente nada, num vazio enorme, um buraco entre dois mundos, mais de 100 anos achando que servira a algum propósito, na verdade não foram nada, somente uma existência sem sentido, se eu não consegui te ensinar a valorizar a vida, não te ensinei o que é uma família, não te ensinei consideração e respeito, então eu não criei uma filho como pensava, criei um vampiro que se alimenta de animais, só isso, ou pelo menos por enquanto, por que pelo que sei de sua irmã, você chegou a considerar novamente alimentar-se de humanos..."

Ele estava chorando como uma criança pequena abraçado aos joelhos em cima do sofá, eu continuava a não obrigá-lo a olhar pra mim, talvez eu não tivesse forças pra continuar dizendo essas coisas se eu pudesse ver a dor em seus olhos, segurar um cinto pareceu-me uma tarefa mil vezes mais fácil.

"...quando olho a minha volta eu não me sinto mais seguro, eu vejo cada um dos seus irmãos, olho pra sua mãe, e penso no que cada uma um deles pode ser capaz de fazer, se você é quem está comigo a mais tempo e não aprendeu nada. Você já parou pra pensar que você é o início, a base de tudo? Que foi a idéia de que você estivesse te criando tão humano quanto eu conseguia ser que me fez criar sua mãe e depois Rosalie e Emmett e então adotar Alice e Jasper? Eu jamais teria cravado os dentes em sua mãe se você tivesse se tornado um monstro, eu preferiria permanecer sozinho por toda eternidade, você não é um projeto meu, mas me deu a certeza de que eu era capaz...Quando olhei para Jasper pela primeira vez, eu me lembrei de quando você voltou pra casa daquela experiência horrível e pensei comigo mesma, sim eu sou capaz de ser seu pai e ensiná-lo, pois meu primeiro filho foi forte pra voltar sozinho pra casa pelos meus ensinamentos. Mas agora Edward, eu não tenho mais certeza de nada, você tirou meu chão, me sinto engando por mim mesmo, ludibriado pelas minhas próprias idéias, se você não foi capaz de pensar na dor de sua família e achou que acabar com sua vida fosse tão simples assim, eu não fui um pai, eu fui só um criador egoísta que não quis passar a eternidade sozinho e criou um clã.

Eu parei de falar, seu choro era tudo que se ouvia no local, lá em baixo todos estavam mudos, parecia até que tinham saído, não fosse pelo aroma de cada um dele que eu conhecia muito bem, eu respirava sentindo a presença de todos eles, fazia eu me sentir seguro, o silêncio foi quebrado pela voz do meu caçulinha soluçando.

"N-não fo-oi..."

Eu me sentei ao seu lado e permiti que ele falasse.

"Fale Edward, ponha tudo pra fora, estou aqui pra te ouvir, eu só quero entender."

Ele soutou os joelhos, mas continuou olhando para baixo.

"Não foi simples, eu pensei em todos, eu sabia que faria todos eternamente infelizes tentando viver sem minha Bella...eu eu não bebi humanos... por vo-cê... pelo que me ensinou...

Coloquei o dedo no seu queixo e levantei seu rosto para que pudesse conferir se via cinceridade nos seu olhos ou remorso, eu não queria que ele dissesse isso só pra que eu me sentisse melhor, mas o que vi na suas pupilas, agora douradas, foi mais que a mais pura sinceridade, foi o meu filho Edward.

"Por que foi que você fez isso meu filho, por quê?

"Não foi simples acabar com minha vida, mas ela... ela, ela estava moooorta paaaai..."

Ele pulou no meu pescoço chorando ao lembrar da dor que sentira ao achar que sua companheira estava morta.

E não pudia negar-lhe um abraço, e com a voz abafada pelo meu ombro ele disse algo que eu não tinha levado em consideração ainda.

" Quando você e mamãe se viram sem saída, foi o que você fizeram, eu não tinha saída papai, eu não podia existir sem ela."

Fui atingido em cheio pela idéia que nós como pais fomos péssimos exemplos de como lidar com uma situação que parece não ter saída, pedi sabedoria a Deus, peguei-o pelos ombros e expliquei.

"Filho, peço por mim, e acredito que por sua mãe também, perdão por não sermos os melhores exemplos do mundo, mais você precisa entender, que quando fizemos tal coisa, ainda não eramos pais, jamais daríamos aos nossos filhos exemplo tão ruim."

Ele ouviu atento, mas eu sabia que um pedido de perdão, não era o que ele precisava ouvir, mas sim uma explicação que o fizesse entender que agira errado.

"Filho quando tentei me matar eu estava sozinho, não tinha um propósito, não tinha nenhum ensinamento, tinha medo de me tornar um monstro, e sua mãe também estava sozinha no mundo, ela perdera a única pessoa que ela tinha, sua única razão de viver."

"Como Isabella é pra mim."

Ele disse arrogante, deixando o adolescente teimoso que precisava de uma surra voltar a tona.

"Não senhor, Edward Anthony! Sua mãe e eu não tínhamos mais ninguém, olha a sua volta! Quantas pessoas te cercam de amor e fazem da sua existência algo importante?"

Ele desviou os olhos na derrota de ser pego desprevinido pelo seu delito, ele acabara de ouvir uma palestra de horas sobre o quanto sua família fora afetada por sua falta, seus argumentos acabaram, nada poderia explicar sua atitude impensada, o fato de que se tivesse obedecido nada daquilo teria acontecido, se tornava sólido como concreto, assim como o fato de que ele realmente merecia ser disciplinado por uma bela surra.

"Papai me perdoa eu não queria, eu eu eu..."

"Eu o quê Edward?"

Ele ficou mudo, quando eu fiquei de pé, ainda segurando o cinto dobrado.

"Você pode me dar um motivo se quer pra eu não te dar uma surra de arrancar a pele no cinto agora mesmo?"

Ele teve audácia de responder minha pergunta retórica com outra pergunta.

"Porque que eu já apanhei e minha bunda está doendo como o inferno?"

"E você não acha que está encrencado o suficiente?"

"Eu disse apontando para a mesa com a mesma mão que segurava o cinto."

"Papai, desculpa não foi o que eu quis dizer...Quer dizer, foi e não foi... é queee..."

Ele pulou do sofá falando com uma voz chorosa, andando de costas e olhando para os lados como se procurando por onde fugir.

"Papai por favor, não me bate não, eu juro por tudo que há de sagrado que eu nunca mais faço isso."

Eu vi na minha frente um garotinho de 17 assustado com cara de choro, tentando fugir do cinto do pai, aos poucos a idéia de ser seu pai foi se solidificando na minha cabeça, a imagem frágil suja e faminta de um vampiro, tinha dado lugar ao meu filho de olhos dourados com cheiro de shampoo e cara de mimado.

Aos poucos as ligações de Alice da Itália na minha mente, foram dando lugar as inúmeras ligações dos colégios dizendo que Edward tinha aprontado alguma, a imagem do quarto dele vazio, deu lugar à imagem das inúmeras vezes que li pra ele deitado no tapete.

Eu estava pronto pra isso, ele era meu filho, não apenas minha criação, todos meus traços estavam nele, ele não era um vampiro de 109 anos, ele era o meu adolescente de 17.

"Papai eu imploro, minha bunda está doendo muito papai, sei que não gosta de me ver sofrer."

Ele disse deixando as primeiras lágrimas caírem, como sempre antes da hora.

"E sabe porque ela está doendo? Porque a sua desobediência fez todos nessa casa sofrerem, por isso você apanhou, por desobedecer, mas agora você vai ganhar uma surra de cinto por tentar se matar, e isso inclui caçar Victória sozinho, agora...NÃO ME FAÇA POR AS MINHAS MÂOS EM VOCÊ!"

Eu fechei os olhos e respirei fundo lembrando-me da promessa que fiz a Esme de não gritar mais com ele, quando abri ele estava andando em direção a mesa com passos de formiga e sem vontade, que pra mim já era muito, pelo menos eu não teria que buscá-lo, eu podia permanecer calmo e não tornar isso pior do que já era.

Ele se debruçou sobre a mesa e escondeu o rosto nos braços cruzados chorando como se já estivesse apanhando.

Eu fui até ele com o coração na mão e puxei o elástico do moletom junto com o da cueca, apenas o suficiente pra deixar seu traseiro à mostra.

"Porque você vai apanhar Edward?"

Ele mal conseguiu responder entre os soluços.

"P-Porque-ee... eu t-ten-tei me ma-mataaaar."

Respirei fundo ergui o braço e desci a primeira cintada antes que minha coragem acabasse.

SHLAP!* AAAAaAAAAAAAAAAArrai! Não papai eu não aguento mais nãoooo!

Ele gritou saindo na posição com a mão no traseiro, me olhando com uma olhar que deveria ter me causado pena, mas por incrível que pareça só me deu mais vontade de ir em frente com isso, e mostrar a ele dessa vez as coisas não se resolveriam tão facilmente.

"Edward Anthony! Volte aqui!"

Eu mandei apontando pra mesa, enquanto ele se afastava de mim, implorando e puxando as calças de volta.

"Papai eu juro, eu juro pela alma da Bella, que eu nunca, nunca, nunquinha, vou fazer isso de novo, mas não me bate não."

Eu comecei a perder a paciência, mas continuei mantendo a voz baixa, o que me obrigou a usar aquele tom perigoso, porque eu queria gritar, eu queria torcer o pescocinho magro daquele garoto, mas tinha prometido a Esme não assustá-lo mais com gritos, eu tinha prometido ser o pai que sempre fui.

"Você não vai mesmo, isso eu te garanto, mas o que você já fez não vai fica sem castigo. Quantas – vezes - eu te disse - que suas ações - tem – consequências.?"

Era uma pergunta retórica, eu tinha dito isso mais vezes que que todos os gibis filmes e séries do surperman, ele só olhava pra minha determinação apavorado, ele olhava pra mim e pra janela, pra mim e pra janela, até que...

"EDWARD ANTHONY CULLEN!"

Minha promessa se foi pela janela junto com meu filho, mas minha fúria me fez mais rápido do que ele, eu saltei pela janela e com movimentos rápidos, a parede de vidro anunciou ao resto da família o que acontecera, eu podia ouvir o desespero e as vozes lá dentro.

Js- "Oh! Papai está mesmo furioso..."

Em- "Merda! O garoto enlouqueceu."

Rs - "Mãe me ajude! Ele vai matá-lo."

Es - "Não filha! vai ser pior se interferirmos, deixe eles."

Al - "Com certeza! Rose não faça nada será pior, por favor."

Es - "Deus ajude meu bebê!"

"VEM AQUI!"

Eu gritei, correndo atrás dele.

"Não papai NÃAAAAAAAAAOOOO!"

Ele corria de mim envolta do quintal, sabia que se fosse pra floresta estaria atravessando um limite trassado.

Papai desculpa papai, eu não vou fazer de novo, eu aprendi a lição, paizinho misericórdia.

Ele implorou quando se viu encurralado em frente ao jardim de Esme, ele não iria pisoteá-lo e estragar sua única defesa, eu dei um passo na sua direção totalmente fora de mim.

"PASSA PRA DENTRO!"

Eu disse erguendo cinto, ele encheu os olhos d'água, o veneno escorreu no seu rosto, quando ele viu chegar o fim da linha.

Quando ele deu o primeiro passo, que deveria pô-lo ao meu alcance, ele pisou para a direita ao envés de pisar pra frente, tentando entrar sem apanhar, porque seu irmãos estavam todos nos vendo através do vidro.

Esse passo errado foi a gota d'água que entornou o copo, eu agarrei o braço dele com tanta força que poderia arrancar, e comecei a bater nele ali mesmo, e arrastei-o pra dentro de casa debaixo de cinto.

Não fuja de mim! SHLAP!* AAAAAAAAAAA eu vou eu vou!

Nuca mais fuja de mim! SHLAP!* AAAAAAA desculpa papai desculpa!

Nunca SHLAP!* Mais SHLAP!* AAAAAAAiiiiiiii pára pai, eu vou voltar, eu vou voltar!

Ele gritava em desespero e morrendo de vergonha.

"Você vai voltar? Quem mandou você sair?" SHLAP!* AAAiiiêeeee

SHLAP!* AAAAAiii SHLAP!* OOOOrrouuu SHLAP!* RRRRaaaii

SHLAP!*PAaara papaaaaaaai! tá todo mundo olhaaaaando!

Eu puxei a porta e joguei ele pra dentro da sala ele quebrou um abajur quando caiu, foi tão forte o empurrão que eu dei que ele caiu e ficou no chão junto ao tapete embolado, e os olhos quase caindo do rosto.

"Que é isso Carlisle? Você está louco?"

A voz de Esme ecoou pela sala, ela sempre esquece que seus filhos não ralam os joelhos ou se cortam com facas, ou se resfriam quando saem sem casaco, Edward não se machucara com a queda, mas meu gesto assustou a todos, meus filhos se encolheram todos, com exceção de Rose que se jogou rapidamente no chão pra ajudar o irmão caçula.

"NÃO ENCOSTA NESSE MOLEQUE!"

Eu gritei ainda da porta, ela olhou pra mim com olhos desfiadores, disposta proteger o irmão.

"Você quer apanhar de novo?"

Ela me ignorou, mas foi detida por Emmett que não queria vê-la em apuros.

Entrei na casa com o cinto, e meu filho começou a se mover tentando levantar pra voltar para o escritório, ele não sabia se levantava ou se corria e foi saindo meio que engatinhando, tentando ficar de pé, tropeçando, eu dei uma cintada nele, Rosalie deu um grito, Esme abraçou o próprio corpo, Alice escondeu o rosto no peito de Jasper, Emmett fez uma cara de dor e esfregou o próprio traseiro, Jasper franziu a testa afagando o cabelo de Alice e Edward deu um pulo ficando de pé correndo para as escadas.

"Tô indo! Tô indo!"

Quando ele pôs o pé no primeiro degrau foi surpreendido pela minha mão no capuz do moletom puxando-o pra trás.

"Está indo pra onde? Você perdeu o direito a privacidade moleque, quem mandou você sair de lá? Agora você vai desejar ter ficado..."

"Não papai aqui não! não na frete de todo mundo!"

Estando agarrado a sua roupa eu o obriguei a se virar pra seus irmão e pra sua mãe, ele manteve a cabeça baixa.

"Erga a cabeça Edward! Me responda agora...Qual é o seu nome?"

Ele parecia que ia morrer de vergonha, falou abafado ainda com a cabeça baixa.

"E- Ed-ward..."

"Edward o quê?"

Eu cobrei sacudindo-o pela gola.

"Edward... Anthony...Cullen..."

Enquanto ele recitava seu nome compassadamente ele entendia o que eu queria com essa pergunta.

"Então olhe pra aqueles que estão diante de você, estes, Edward, são os Cullen, são a sua família, são as pessoas que você colocou na pior agonia do mundo, nos últimos meses."

Ele olhou na marra depois de uma sacudida ainda mais forte, com os ombros encolhidos e o rosto constrangido recitou um pedido de desculpas.

Eu o arrastei para o meio da sala, o joguei com força no braço do sofá, ele gritou um não, afundando o rosto numa almofada de vergonha, ele sabia que ia apanhar na sala.

"Carlisle..."

Esme pediu meu nome, baixinho num tom suplicante, quase como se soubesse que não seria atendida, mas precisava pedi-lo.

Puxei as calças dele sem hesitar, ele cobriu rapidamente o traseiro com a mão.

"Nãaaao!"

Alice gritou, mas antes que ela pudesse justificar o grito, eu bati a primeira cintada com a mão e tudo, ele soltou um grito ensurdecedor sacudindo as mão magras.

"SHLAP!* !"

"TIRA A MÃO!"

"Não precisava disso Carlisle!"

Esme mais uma vez deixou sua voz ecoar na sala onde só se ouvia os soluços de Edward.

Eu estava fora de mim, foi como se não tivesse ouvido nada.

SHLAP!* AAAAAAiiiiiii

SHLAP!* aaaaaaaaaaaaaaaAAAAA

SHLAP!* Ai aiaiaiaiiiiiiiiiiiiiiiii

SHLAP!* AAAAAAAAAAAiÊEEEEEEEEEE

SHLAP!*SHLAP!*AAaaiii Papai! eu não aguento maaaaaaaaaais

Quem não aguenta sou eu SHLAP!* aaaaaaaaiiiiiiii

SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!* AAAAAAarraaaiiii

O desespero do ocorrido tomou conta de mim e eu continuei batendo nele em silêncio, não importa o quanto ele gritasse implorasse pedisse, nada podia ser maior do que o meu desespero de pensar na morte do meu filho.

SHLAP!*SHLAP!* PAAAAAARAAAAAAAAA!

SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!* Por Favooooooooor

SHLAP!* AAArrAAi

SHLAP!*SHLAP!* PARA PAPAI PARAAAAAAAAAAAA

SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!* OOOOOOOOuuuuuuuuuuuuuuu

SHLAP!* AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*SHLAP!*... … ...

Quanto mais eu batia e ele gritava, mais eu batia, não sei dizer ao certo quantos foram, as meninas choravam agarradas à mãe, os meninos gemiam a agonia do irmão, Edward começou a soltar um gritos mudos, a dor era tanta que ele estava começando a perder a voz, e eu comecei a chorar no lugar dele doía muito mais em mim, o desespero começou a tomar conta de mim quando meu filho parou de espernear.

Seu corpo amoleceu assim como meus joelhos, a próxima coisa que senti, foi eles batendo no chão, eu cai comas mão no rosto, estourando em soluços ajoelhado diante do cinto que eu soltara em desistência, então ordenei entre lágrimas.

"Saiam todos... deixe-me sozinho com ele!"

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/E: Foi uma experiência e tanto, descrever Carlisle fora de si, ele é sempre o cara centrado que não demora perceber quando está ficando nervoso e busca voltar a si, mas qualquer pai ficaria fora de si numa situação assim. Por favor, tanto quanto vocês esperaram por esse capítulo, eu estou esperando pra saber o que acharam dele. As história não termina aqui, ainda temos algumas coisas pra Carlisle resolver, então comentem logo pra que passamos seguir em frente, Sem pressão kkkk.
"o DESESPERADA POR REVIEWS DO CAPÍTULO 9 o/"
att Nelluca e rosatais