Era Dourada escrita por GiullieneChan


Capítulo 9
Capítulo 8: O Leão de Ítaca




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Santuário, dias atuais.

Faltava pouco para o amanhecer, Shaka já estava acordado e caminhava pelas escadarias até o Salão do Grande Mestre. Sua mente estava dividida com as revelações que teve sobre o passado daquele que usou a sagrada Armadura de Virgem pela primeira vez.

Era de conhecimento de todos que os homens que a usaram eram espiritualmente iluminados. Corpo, mente, espírito e cosmos em perfeita harmonia com o Universo, evoluídos, carregavam títulos como o Mais Próximo de Deus ou até mesmo Divindade Encarnada. Mas nunca imaginou que o Primeiro, como era conhecido, tivesse um passado tão... mundano.

Precisava saber mais.  E com isso em mente pensou em pegar os demais manuscritos que falavam sobre seu antecessor e estudá-los com afinco. Não imagina sua surpresa ao ver Atena acordada, olhando exatamente aqueles mesmos pergaminhos com grande interesse, e um ar de saudades e nostalgia que o espírito da deusa que ali habitava deveria sentir, ao reler sobre aqueles homens e mulheres.

—Olá, Shaka. –ela o recebeu com um sorriso.

—Senhorita Atena. –ele a cumprimenta, entrando no salão. –Não esperava vê-la acordada agora.

—Não dormi essa noite. Confesso que depois que todos saíram eu comecei a ler, aproveitando a paz momentânea. –ela toca um dos pergaminhos. -São tantas lembranças que ficaram perdidas a cada encarnação de Atena. Ainda bem que há esses registros para que todos possam ser lembrados.

—Atualmente fazem o mesmo conosco? –ele pergunta sorrindo, sentando a sua frente.

—Sim. Há muitos registros sobre vocês. –ela pega alguns rolos. –Creio que era sobre Méhi que procurava.

—Confesso que é assustador saber que o Primeiro foi tão... tão...

—Humano?

—Falho.

—Homens são falhos. –ela sorri. –Mas não deixam de ser valorosos. Méhi foi um desses homens que venceu seus vícios e alcançou o posto de o mais respeitável entre os Doze primeiros.

—Na verdade, vou ler sobre ele depois. Quando estiver na tranquilidade de meu templo. Sobre o que lia, senhorita?

—Áries. –ela pega o pergaminho e começa a ler. –Aparentemente o primeiro Cavaleiro de Áries veio do lendário continente de Mu, mas sagrou-se cavaleiro contra sua vontade.

—Gostaria de saber mais.

Então, Atena começa a ler.

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Mileto

Diante do Aeinautai, o respeitável conselho da cidade portuária de Mileto, estava Mustafá. Ele era o comerciante mais rico e influente da cidade, praticamente ergueu sua vasta fortuna com a desgraça dos outros povos, através do lucrativo mercado de escravos. Desta vez, o rechonchudo homem, de barbas longas e negras que chegavam até o umbigo de sua barriga enorme e possuía bigodes retorcidos, estava ansioso.

Ele mexia freneticamente os dedos sob a barriga, onde o som dos anéis de ouro batendo um no outro tomavam conta do silencioso salão, já que os membros do Conselho pareciam refletir sobre sua proposta. Alguns com bons olhos diante do lucro iminente, outros com receio da reação dos populares.

—Então, senhores? –insistiu Mustafá.

—Não é algo a ser decidido assim de repente, Mustafá. –um deles, de barbas e cabelos amarelados pelo tempo e dentes já de cor escura devido ao péssimo hábito de mascar bétele. –Escravizar as crianças da cidade...

—Não são filhos de cidadãos honrados da cidade. –disse Mutafá numa falsa indignação. –Falo dos ratos que infestam Mileto! Esses ladrãozinhos liderados por ... por aquele tal de Zal de Mu.

—Mais uma razão. –outro conselheiro, mais bem vestido e de aparência jovial tomou a palavra. –Falamos de um homem que segundo os soldados e o povo não é normal. Tem... como direi, certas habilidades especiais. Habilidades que não devemos ignorar, pois podem representar perigo a nós do conselho.

—E o povo gosta de Zal. Principalmente a ralé que vive nas ruas imundas da zona portuária. –uma idosa falou, bebendo um gole de uma bebida fumegante de uma taça. –Não queremos que isso crie uma confusão.

—São truques usados pelo ladrão. –respondeu Mustafá. –É essa a preocupação de vocês? E se ele fosse preso e condenado como qualquer ladrão?

—Teria que ser feito de modo que não possam contestar a lei. Ou, quem sabe, simplesmente desaparecer? –disse a mesma idosa, sorrindo e exibindo a boca na qual lhe faltavam muitos dentes. –O que me diz, Mustafá?

—Livre-se do Muviano e iremos considerar seu pedido de negócios, claro que... com os devidos lucros repartidos entre o Conselho de modo justo. -um quarto homem completou. -Até fazer parte do Conselho.

—Me livrar dele? Como?

—É um homem sábio. Saberá o que fazer. –responde o conselheiro de dentes escuros. –Ou não sabe?

—Claro. –respondeu Mustafá sorrindo e saindo do salão.

Do lado de fora o comerciante de escravos pragueja, olhando com ódio na direção do prédio do Conselho.

—Malditos avarentos! –resmungou se afastando.

Mustafá contava com a ajuda do Conselho para legitimar seus negócios vendendo os meninos de rua como escravos e se livrar dos pequenos ladrões de Zal, não contava com a recusa e a incumbência de cuidar da situação sozinho, além de ter que fazer tal tarefa ainda teria que repartir os lucros com o conselho.

—Malditos sejam todos!

—Parece que seu dia não está sendo um dos melhores, senhor Mustafá.

A voz misteriosa e melódica chama a atenção do mercador e avista um homem usando uma capa que escondia seu rosto.

—E quem é você, estranho?

—Permita que me apresente. –ele faz uma reverencia. –Sou Salmácis de Rodes. Ao seu dispor.

—Não lembro de tê-lo visto antes por esses lugares, Salmácis de Rodes. –o homem o olhou desconfiado. –O que deseja?

—É um homem de negócios, Mustafá. Represento alguém cujo poder está além do que possa imaginar. –Mustafá reparou os olhos verde musgo do estranho brilharem misteriosamente. - E vim lhe propor um que vai cobri-lo de ouro e honrarias.

—E o que um homem como o seu mestre quer com alguém como eu? Um simples mercador?

—Você pode ser tudo, menos um simples mercador. –Salmácis se aproxima. –Diga-me, deseja ser o senhor absoluto dessa cidade?

—Não nego que desejaria isso.

—Então, basta ajudar meu mestre e a terá. –o estranho sorri por baixo dos panos que escondiam sua face.

—E o que devo fazer? –Mustafá achando a proposta cada vez mais interessante.

—Traga a mim três itens que estão em sua cidade. –ele mostra o número três com os longos dedos. –Três urnas douradas...três armaduras de ouro.

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Santuário, dias atuais.

—Salmácis? –a voz de Mu atrás do virginiano, o assusta. –Onde já li sobre esse nome?

—O que faz aqui? –Shaka perguntou um pouco nervoso, enquanto o calmo ariano sentava ao seu lado.

—Eu sempre acordo nesse horário. Fui te chamar para tomarmos o café da manhã juntos e seu criado disse que estava aqui. –explicou Mu mostrando que carregava um pequeno embrulho. –Pão doce?

—Podemos continuar? -Atena sorria para a cena.

—Sim. Por favor. –dizia Mu. –Shaka, faz um chá para tomarmos enquanto ouvimos a história?

—Que?

—Atena pode querer um chá também. –Mu olha para a deusa sorrindo.

—Seria agradável, mas...

—Viu? Ela quer.

Shaka suspira e se levanta, caminhando para fora do Salão para fazer o chá, mas para na porta antes de sair para falar:

—Não ousem continuar sobre Mileto sem mim! –e saiu.

—Acho que ele vai demorar. –ponderou Atena.

—Bem, não vamos ler sobre Mileto até ele voltar. –Mu pega outro pergaminho. –Vamos ver... Telégono... –mostra a deusa um pergaminho. –Está em grego, consigo ler. Gostaria de ouvir?

—Por favor.

—Então... Ítaca...

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Ítaca, situada no mar Jônico.

Um velho pastor de cabras observava calmamente seus animais pastarem a pouca relva naquela encosta montanhosa, se protegendo do sol impiedoso a sombra de um rochedo, na base do Monte Nirítos. Ele percebe que uma pequena comitiva formada por mulheres e alguns soladdos se aproximavam e indireita o corpo ao reconhecer a dama que os liderava.

Mesmo considerada nos padrões da época uma mulher de certa idade, a dama no auge de seus quarenta anos sustentava uma beleza que se rivalizava com qualquer outra mulher no auge de sua juventude.

Os cabelos longos e dourados estavam presos com adornos prateados no alto de sua cabeça, e ela caminha altiva e delicada mesmo no terreno irregular, ao se aproximar do idoso.

Este se curva, apesar da idade avançada, diante da majestade de sua rainha Penélope.

—Minha rainha. –diz o idoso.

—Agabo, meu bom servo. –ela o cumprimenta e faz um gesto para que se levante, em seguida lança o olhar na direção do monte. –E ele?

Agabo olha na mesma direção e coça o queixo coberta pela barba branca comprida.

—Nenhum sinal do rapaz desde que subiu o monte dias atrás, minha senhora.

—Ele é o rei agora. –Penélope suspira, demonstrando tristeza em seus olhos esverdeados. –Apesar das circunstâncias, ele tem deveres com seu povo.

—A dor pela culpa pode ser terrível para um homem, senhora. –diz o idoso.

—Ele precisa superá-la. Ou fazer o certo, que é entregar a coroa ao meu filho. Mas como somos casados, pela lei agora ele é o rei. –havia impaciência na voz da rainha. –Não somos marido e mulher de fato, mas isso não muda os acontecimentos.

—Permita que eu fale francamente, senhora?

—Já serviu meu falecido marido com fidelidade quando era seu general, Agabo. Sim, eu permito que fale. –ela sorri. –Até mesmo apreciaria ouvir seus sábios conselhos.

—Ele não está preparado ainda, senhora. –ele começar, sentando em uma pedra sentindo o cansaço do tempo em seu corpo. –Veio de tão longe para conhecer o pai e sem querer causa a sua morte sem ao menos terem a oportunidade de dizer quem era. Outro homem teria acabado com a própria existência se passasse por essa tragédia. Ter se casado com a rainha para tentar compensar seu erro e trazer paz à Ítaca que beirava ao caos, foi um passo. Dê a ele o tempo que precisa para se perdoar.

Penélope desvia o olhar. Mesmo sabendo que fora tudo um grande engano. Mesmo sabendo do arrependimento dele, não conseguia perdoá-lo. Telêmaco jurou matá-lo se o visse novamente e por isso partiu tentando expiar sua dor e ódio.  Mesmo com a promessa do marido de jamais erguer a mão contra seu único filho, temia que mais uma tragédia se abateria sobre sua família se voltassem a ficar frente a frente.

Os pensamentos lúgubres da rainha foram interrompidos ao avistar estranhas naus se aproximando ao longe da costa de sua ilha.

—Minha rainha. Devemos retornar para o palácio. –pediu um de seus soldados, que possuía a patente de general, que também as avistou e teve um mal pressentimento.

—Vamos. –a soberanda de Ítaca concordou e a comitiva se preparava para partir. Mas a rainha se vira na direção do soldado dando-lhe uma ordem. –Envie um dos soldados ao alto do monte e o avise dos estrangeiros que se aproximam. E diga ao rei que ele é necessário em seu palácio.

O general concorda e chama um dos jovens soldados ditando-lhe a ordem. O rapaz bem jovem, cabelos castanhos revoltos olhou para o monte e engoliu em seco. Subir o monte era um desafio pequeno, pois na verdade todos temiam o homem que matou o lendário Odisseu, e que agora era seu rei. O homem chamado Telégono.

—Políbio! –o general assusta o rapaz. –O que espera? Suba o monte e traga o rei!

O rapaz acena com a cabeça e depois de ver a comitiva da rainha se afastando da um suspiro, depois ouve o velho dando uma risada.

—Não se preocupe, rapaz. O jovem rei não é o demônio que imagina. –ele sorri mostrando os dentes falhos. -Ele não vai morder você!

—Tenho minhas dúvidas. –murmurou antes de começar a subir por uma trilha íngreme.

O soldado começou a difícil escalada, tentando não escorregar no terreno irregular com as sandálias que usava, e que logo percebeu não serem adequadas para aquela missão. Por fim, depois de quase um dia inteiro, chegou ao ponto onde seu rei estava, totalmente exaurido de suas forças.

Políbio o vê de costas para ele, sentado como se meditasse olhando para algum ponto do horizonte. Os longos cabelos ruivos balançando ao sabor do vento e a respiração que parecia tranquila, eram os únicos sinais de que estaria ainda vivo.

—Er... hmhm –Políbio pigarreia. –M-Majestade? Senhor?

O homem não responde, permanecendo ainda imóvel.

—Rei Telégono, senhor... a rainha Penélope deseja que o senhor... er... volte ao seu palácio imediatamente. –o jovem dá sinal de ouvir as palavras do soldado, virando o rosto e o fitando por sobre o ombro, como se uma fera fitasse uma presa. –MAS SÓ SE O SENHOR QUISER IR, CLARO!

O jovem rei volta a fitar o horizonte, ignorando seu soldado. O rapaz fica sem saber o que fazer. Não poderia retornar sem o rei e não poderia ficar ali indefinidamente, pois não havia se preparado para tal. Não havia água ou alimentos ali, e ficou imaginando como ele sobreviveu dias ali sem isso.

Foi quando reparou que uma aura dourada envolvia seu rei e isso o deixou estupefato por alguns instantes, em seguida Políbio reparou que havia mais alguma coisa presente na paisagem, que não era natural dali. Uma urna dourada com a imagem de um leão com as presas à mostra esculpida nela.

—Senhor... o que é isso? –Políbio se aproximou da urna mas em seguida para ao perceber que seu rei levantava-se calmamente e o fitava. –Perdão, majestadade!

—O que sua rainha deseja comigo? Ela deixou bem claro em nossas “núpcias” que não desejava ver meu rosto nunca mais. –comentou aproximando-se da urna.

—Er... isso... –o soldado ficou sem jeito. Era de conhecimento de todos os problemas que o rei e a rainha estariam enfrentando, mas ele sempre procurou não se intrometer em conversas que envolviam seus soberanos. –Navios se aproximam senhor. A rainha ficou preocupada sobre quem seriam, e ordenou que o avisasse.

Telégono parecia não se importar com as palavras do soldado, mas voltou seu olhar na direção apontada pelo soldado onde ao longe era possível ver centenas de navios se aproximando da costa da ilha de Ítaca, seguindo outros que já aportaram.

Ele estreitou o olhar, tocando na urna dourada.

—Qual é o seu nome, soldado?

—-E Políbio, senhor!

—Terá que descer o monte sozinho. –dizia para a surpresa do rapaz. –Pois não poderei esperá-lo, compreende?

—Sim... é compreensível. – em seguida aponta para a urna. –Majestade, perdoe-me meu atrevimento. Mas o que é essa urna de ouro? O que ela carrega?

Telégono fita o soldado antes de responder.

—A certeza de que os deuses perdoaram meu grave pecado, Políbio.

Em seguida afasta-se da urna, e seu corpo é envolvido por uma aura dourada.

—Sabe quem é minha mãe, Políbio?

—S-sim... a feiticeira Circe! –o rapaz responde admirando o que acontecia ao seu rei.

—Quando eu era um menino de apenas seis anos ela me disse que teve uma visão sobre meu futuro. Me avisou de que enfrentaria uma grande batalha envolvendo os deuses. Desde então ela trouxe os melhores mestres nas artes da guerra à sua ilha e eles me treinaram, me ajudaram a desenvolver isso que os deuses chamam de Cosmos. –ele estende a mão e observa sua palma. –Eu amaldiçoava esse poder que tirou a vida de meu pai, agora entendo o que Circe queria dizer.

—Senhor?

—Talvez Penélope e meu irmão se livrem de mim mais cedo que imaginavam.

Telégono sorri de lado e a urna se abre como magia, assustando Políbio, mas em seguida o medo se transforma em assombro quando uma estátua dourada na forma de um leão surge e em seguida se divide em diversas partes cobrindo o corpo de seu rei com total perfeição.

Políbio já considerava o jovem que havia se tornado seu rei há pouco tempo assustador pela sua força e presença. Agora não podia deixar de admirar que estava diante de um guerreiro que parecia um semideus, como os lendários heróis que sempre escutava histórias de viajantes.

E antes que pudesse formular qualquer coisa em sua mente, seu rei corre a uma velocidade impressionante na direção da capital de Ítaca, deixando-o para trás com a urna vazia.

Enquanto isso, a Rainha estava no Palácio, sentada em seu trono com altivez enquanto observava os estranhos que haviam desembarcado em sua amada ilha. Não era incomum a visita de nobres e comerciantes de vários pontos da Terra àquele lugar, mas era a primeira vez que via homens com indumentárias como aquelas e o brasão que ostentavam com orgulho.

Diziam ser de Atlântida, o reino lendário protegido por Poseidon. Nesse momento ela teve um mal pressentimento e se maldizia por ter permitido ao filho Telêmaco partir sem rumo pelo mundo. Sentiria-se mais segura de si se tivesse seu filho ao seu lado, embora seu instinto maternal lhe dissesse que estava aliviada por ele estar longe daquele estranho que estava diante dela.

—Saudações, bela Rainha Penélope de Ítaca. –dizia um homem de porte real, alto e magro e fala mansa, cabelos loiros presos por uma trança e que fazia uma exagerada reverência diante dela. –Trago boas novas à senhora e ao seu povo.

—E quem é você? –pergunta o general ao estranho. –Em sua terra não se ensina a se apresentarem adequadamente diante de uma rainha?

O estranho sorri e volta a se curvar.

—Como sou rude. Perdoe-me minha bela rainha. Eu sou Árion, de Atlântida. Sou um simples servo do rei Tymisba e de meu senhor Poseidon.

—Árion de Atlântida... –Penelope ponderou sobre aquele nome. –A que devo a honra de sua visita?

—Vim dar-lhes a oportunidade de sobreviverem ao o que virá, rainha. –ele dizia sempre com o sorriso que começava a irritar Penelope.

—O que quer dizer com isso? –a rainha voltou a indagar, fazendo um gesto discreto para que o general não fizesse nada.

—Apenas que Ítaca se renda a Atlântida. Jure lealdade ao meu rei e culto ao meu deus Poseidon. Se o fizer... –todos começaram a murmurar indignados pelo o que o estranho dizia. –Se o fizer, poderão sobreviver à iminente destruição do continente e servirão aos meus senhores para sempre.

—Nos oferece a escravidão em troca de nossas vidas? –a rainha pergunta, com expressão séria.

—É um modo de ver as coisas, majestade. Ao menos estarão vivos.

—Deveras tentadora a sua oferta. Mas não sou eu quem decido isso. –a rainha se ergue de seu trono e soldados se posicionam para protege-la do estranho se necessário for. –Volte ao seu rei e diga a ele que Ítaca não se submente a ninguém!

—Acho que não me fiz entender, majestade. –Árion não parecia intimidado diante dos soldados de Penelope, nem os homens que estavam ao seu lado. –Devo levar sua lealdade ou sua cabeça ao meu soberano. De todo jeito, Ítaca pertence a Poseidon.

—Como ousa? –o general faz um gesto e os soldados cercam Árion com suas lanças. –Ameaça a rainha Penelope e acha mesmo que permitiria que saísse daqui vivo?

—Sabe, esses espetos que vocês chamam de lanças, não podem causar danos às nossas Escamas. –Ele com um gesto parecia invocar ventos que lançam os soldados para longe dele, destruindo paredes do salão, esmagando-os contra os escombros. –Nem preciso usar meu cosmos contra gente tão fraca e patética!

O general de Ítaca dá alguns passos para frente, ficando entre Árion e sua rainha, disposto a morrer para protege-la ao sentir as intenções do Atlante. Uma poderosa energia parecia emergir dele, enquanto os homens que o seguiam davam alguns passos para trás, sorrindo certos da vitória.

—M-Maldito! –Exlcama o general segurando sua espada e avançando contra Árion.

Este o repele com o mesmo poder que afastou os soldados para longe. Penelope observa horrorizada seu general ser jogado através de uma pesada porta de madeira atrás de seu trono. Em seguida ela encara Árion com uma expressão mais séria. Se iria morrer, seria com a dignidade que sempre a acompanhou em seus anos de vida.

—Uma pena uma bela mulher morrer assim! –diz Árion e dispara contra ela uma poderosa cosmo energia.

Ela possuía um brilho intenso, que obrigou Penelope a cerrar os olhos e esperar a morte. Mas ela não veio. Com receio a rainha abre os olhos e vê diante dela seu marido, usando uma armadura dourada como nunca antes vira, segurando a energia disparada por Árion com sua mão estendida.

Telégono joga a energia para fora do Palácio, causando danos nas estruturas da parede atingida e fazendo com que súditos e servos corressem certos que sofriam algum ataque. Em seguida, ele olha para Penelope com uma expressão suave.

—Minha rainha?

—Está atrasado... meu marido. –ela diz, recuperando sua habitual altivez.

—Peço perdão por isso. –ela assente com a cabeça discretamente. –Por favor, afate-se enquanto cuido desse convidado indesejado.

—Está bem. –ela se afasta, mas após alguns passos ela vira para o rei. –Tenha cuidado, meu marido.

Telégono imaginou se havia algum tom de preocupação com sua vida na voz de Penelope, mas decidiu que pensaria sobre isso depois. No momento, sua única preocupação, era com o Atlante que teve a ousaria de atacar a rainha de Ítaca.

—Um Cavaleiro de ouro! –disse Árion. –Meu senhor Poseidon me falou sobre os soldados que Athena queria criar. Você é um deles, não é?

—Cavaleiro de ouro... –Telégono sorri. –Sim, foi assim que Athena se referiu a mim em meu sonho, antes de receber essa armadura. Diga aos seus soldados para partirem de Ítaca, mas que infelizmente não posso permitir o mesmo a você. Afinal, levantou sua mão contra minha rainha e isso é imperdoável!

—Eu não tencionava ir embora agora. –Árion sorri e eleva seu cosmo, suas vestes são despedaçadas e sob ela surge uma armadura com vários tons de dourado. –Ansiava encontrar um de vocês e testar qual das armaduras sagradas é a mais forte! Uma armadura dourada feita pela deusa Athena, ou minha Escama de General Marinho, feita por Poseidon!

—General Marinho? –Telégono estreita o olhar.

—Eu sou Árion, portador da Escama de Cavalo Marinho. –ele faz sua reverencia exagerada. –E você?

—Telégono, rei de Ítaca. –um cosmo dourado envolve o rapaz. –Cavaleiro de ouro de Leão.

—Perfeito!

Dizendo isso, Árion e Telégono se fitam. Cosmos elevando-se e pareciam formar as figuras de um Leão e do lendário Cavalo Marinho do rei dos Mares no ar.

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Santuário, dias atuais.

—Espera aí! –pediu Mu.-Esse é o lendário filho de Odisseu com Circe, a feiticeira?

—Certamente que é ele. –confirmou Shaka entrando com uma bandeja com chá para os três. –Foi uma Era de grandes heróis. Muitos já haviam se tornado mitos por eus feitos ou por suas tragédias antes de serem chamados ao Santuário.

—Está bem informado sobre isso. –comenta o ariano.

—Me admira você, sendo discípulo do Mestre Shion não saber sobre alguns desses fatos. –comenta Shaka servindo-os e em seguida senta em seu lugar, tomando para si uma das xícaras de chá. –Já é de conhecimento básico para qualquer homem ou mulher que aqui vive os nomes de grandes heróis que se tornaram cavaleiros. Jasão, Atalanta, Órion, entre outros.

—Eu sabia disso... –Sem graça. –Só não recordava desse nome... Telégono, cavaleiro de ouro de Leão. O primeiro!

—Ele era tão impulsivo quanto Aiolia, pelo o que sei sobre suas histórias míticas. –comentou Shaka. –Foi o que causou grandes tragédias em sua vida.

—Sem spoilers, Shaka! –pediu Mu. –Não quero saber antes da hora!

Shaka sorri e beberica seu chá, olhando em seguida para Athena que observava a ambos com um sorriso.

—Senhorita, por favor. Deseja que eu continue a narrativa para que descanse? –perguntou o cavaleiro de virgem.

—Não será necessário, Shaka. Eu posso continuar. –ela olha para os manuscritos. –A narração ficar cada vez mais emocionante a partir daqui. Mas acho que deseja saber mais sobre seu antecessor.

—Sim.

—Está bem. –a deusa guardava os manuscritos sobre o cavaleiro de Leão e pega outro diante dela. –Aqui está...

Em seguida, a deusa começou a ler...

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Nas florestas tropicais da Índia.

Os treinamentos que Méhi era submetido pelo seu misterioso mentor se tornaram além de mentais, também físicos. O egípcio já havia se acostumado a escuridão que sua condição lhe impusera, na verdade, quase não se notava que estava cego pois seus demais sentidos se aguçaram a um nível que poucos homens alcançaram.

Méhi podia perceber a presença de qualquer criatura próxima pelo seu cosmo, seu cheiro, os sons que produzira. Na verdade, chegava a surpreender seu jovem aprendiz Den ao andar em meio a mata sem tropeçar em nada. Ele estava mais forte espiritualmente do que antes.

Mesmo assim, ainda não ousara vestir a armadura dourada que permanecia parada no mesmo lugar desde que ali chegara meses atrás. No fundo não sentia-se verdadeiramente digno dela ainda.

—Não pode temê-la para sempre. –dizia seu mentor. –Ela faz parte de você, assim como você pertence a ela.

Mas mesmo assim, ainda não ousara vesti-la. Ao menos sem um motivo plausível. Por isso se entregava há várias horas, dias inteiros a meditação, seguindo as orientações de seu mentor, tentando manter-se puro de corpo e alma. Mas mesmo assim...

—Quero vinho... –lamentava-se, se jogando ao chão derrotado, estendendo a mão na direção de seu protegidos, tremendo como um homem sedento em meio ao deserto implacável. –Um homem não pode viver privado de uma taça de vinho... ou de cerveja... é injusto.

—Mestre... –Den lamentava as recaídas de seu mestre, sentando ao lado do tigre do estranho mentor de Méhi, já acostumados com a presença do animal. –Não ouça o que ele diz, Jitendra.

—Você ainda é muito jovem para entender o quanto esses simples prazeres são importantes para alguns homens... ou para a maioria deles, Den. –deitado com os braços abertos, de barriga para cima, seus olhos sem vida mirando os céus, apenas sentindo o calor do sol em sua pele. –Uma boa bebida, comida de qualidade... os braços calorosos combinados com curvas macias e cheirosas de uma bela mulher!

O tigre, ao qual Den batizara de Jitendra, apenas bocejava como se achasse o assunto de Méhi tedioso.

—Você é só um animal, Jitendra! Não pode opinar! –resmungou o egípcio ainda caído. –Não falaria isso se fosse um cervo bem tenro diante de você!

—Mestre! Onde foi o outro homem? O estranho? –Den pergunta.

—Não o vejo desde que conversamos outro dia, Den. –este suspira.

—O que conversaram?

Méhi ficou calando, lembrando da conversa que teve com o Iluminado dias antes.

—Como assim, guerra entre deuses? –Méhi perguntava espantado, depois de ouvir sobre a natureza de sua armadura e porque foi criada.

—A Terra, seu futuro. Os deuses cobiçam tomar o lugar de Zeus e serem adorados como os senhores desse mundo. Mas há aqueles que repudiam essa ideia e querem dar aos homens a chance de se defenderem. –dizia com serenidade. –Por infortúnio dos gananciosos deuses, Athena se compadeceu da humanidade e jurou protege-la.

—E para isso criou essa armadura?

—Armaduras. –corrigiu, para a surpresa do egípcio. –Ela está preparando um grande exército de guerreiros sem igual. E você foi escolhido por ela.

—Ainda não consigo acreditar nisso tudo.

—Sua falta de fé é incomoda.

—A iminência de morrer por deuses ambiciosos deixam os homens assim. Eu posso morrer nessa guerra de egos divinos.

—Não se preocupe. –ele suspirou. –Sei que não morrerá pelas mãos de um homem ou deus.

Méhi virou seu rosto na direção de seu mestre sem entender.

—O que disse?

—Vi seu futuro. Não será pelas mãos de um homem ou de um deus que encontrará seu fim, meu escolhido. –Méhi sente que ele se levanta e caminhava na direção da Floresta. –Em breve outros escolhidos se reunirão a você. Juntos devem ir para a Grécia...

—Onde vai?

—O primeiro deles está bem próximo daqui. Ele tem uma alma atormentada e dividida entre o certo e o errado.

—O que disse?

—Essa será a sua maior missão. Salvar a alma de um futuro amigo. –a voz dele parecia vir de longe.

—Mestre?

—Boa sorte, Méhi de Menefer.... Não! Méhi de Virgem!

Depois dessa conversa, não o viu mais. De repente, tanto Méhi quanto Jitendra se erguem como se sentisse uma presença estranha e ameaçadora próxima a eles. Den fica sem entender aquelas reações, mas percebe que tanto seu mestre quanto o novo amigo que fizera, pareciam bem tensos.

—Alguém se aproxima. –diz Méhi, direcionando seus olhos vazios em um ponto da floresta, tentando apurar ainda mais seus sentidos. –Tem passos leves... se move rapidamente. E esse Cosmo que tenta ocultar... mas é forte!

Observava com tensão crescente e uma sensação de que um perigoso inimigo se aproximava, uma gota de suor percorreu um caminho que iniciou-se em sua fronte e ficou ao chegar ao pescoço. Méhi se preparava para agir se necessário fosse para proteger Den e a armadura dourada, imaginando que poderia ser alguém tencionando roubá-la.

Os passos começaram a ser audíveis, até mesmo Den percebia a aproximação do estranho. Então das sombras da floresta ele emergiu.

Era um rapaz de cabelos longos e escuros, presos a um rabo de cavalo e feições orientais saia de dentro da mata. Suas indumentarias, que lembravam uma armadura de batalha chinesa, estavam sujas. Ele carregava nas suas costas uma urna dourada, parecida com a de Méhi, mas com a figura de um pequeno centauro armado com arco e flecha esculpido em um de seus lados.

—Mestre! –Den ficou surpreso. –Ele também tem uma armadura como a sua!

O rapaz fitou Méhi e o mediu dos pés a cabeça e ergueu uma sombrancelha, como se não acreditasse que diante dele estaria um guerreiro. Méhi não estava em sua melhor fase. Sem a peruca que trouxe do Egito, os cabelos ora sempre raspados começavam a criar uma penugem escura e arrepiada em sua cabeça. Estava mais magro do que antes, devido ao duro treinamento submetido e as roupas rasgadas e sujas o deixavam com uma aparência maltrapilha.

—A criança disse... uma armadura igual a minha?

Ele finalmente perguntou, após a minunciosa vistoria, observando em seguida o local, analisando se algum deles era uma ameaça até seus olhos se fixarem na armadura sagrada de Virgem em um canto. Estranhamente, sua armadura começou a ressoar, como se a presença da outra despertasse a vida dentro desta.

—Aparentemente é um escolhido pela deusa grega da Justiça, assim como eu. –conclui o egípcio que lhe estende a mão. –Sou Méhi de Menefer!

—Akuma. –o rapaz respondeu, ignorando a mão estendida.

—Ah... pelo sotaque devo deduzir que veio do Oriente! –Méhi diz com o dedo indicador em riste. –China? Eu sempre quis conhecer sua bela nação! Você deve ser da província de Ningxia! Acertei? Não, não se espante com isso. Conheci mercadores dessa região quando era menino e viajei com meu antigo mestre a... e você não parece estar interessado em minha história.

O silêncio de Akuma foi sua resposta.

—Não é muito de conversar, Akuma.

—Qinghai.

—O que disse?

—Eu sou de Qinghai. –falava caminhando devagar, dando a volta ao redor de Méhi. -Não de Ningxai.

—Ah, entendi. –Méhi sorri e segura o punho de Akuma com a palma da mão, quando este o atacara. –Bateria em um homem cego? Que maldade!

Akuma se livra da mão de Méhi e salta para trás, observando o egípcio que permanecia na mesma posição, sem se virar.

—Normalmente não faria algo tão indigno. –diz o chinês. –Mas pretendo levar essa armadura comigo ao meu destino.

—Há um problema, amigo. Ela é minha.

—Não pertencerá a um homem morto.

—Há outro problema. –Méhi sorri. –Eu não temo a morte, mas não pretendo morrer hoje. Sabe... acho que eu não passaria agora no Julgamento de Osíris se morresse antes de cumprir minha missão sagrada!

—Então não deve tentar me impedir, se quiser continuar vivendo.

—Como disse, não temo a morte. –Méhi sorri. –Afinal, disseram que eu não morreria nas mãos de um deus ou de um homem.

—Quem disse que sou um homem? –Méhi deixa de sorrir com esse comentário e após sentir o cosmo de Akuma elevar-se. –Sou o próprio Demônio!

—Merda...

E Akuma o ataca com fúria.

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Santuário, dias atuais.

—O que foi? Por que parou de ler? –Shaka estava aflito, ansioso.

—É porque você levou a continuação para sua casa, Inteligência! –comentou Mu. –Lembra? Depois do piti de ontem?

—Ah! –Shaka leva as mãos à cabeça e corre para fora do salão. Em seguida retorna. –Volto logo com os manuscritos, senhora Athena. Me espere!

Athena não conteve o riso quando Shaka sai novamente correndo dali e Mu a acompanha.

—Preciso ir agora, Mu. Por favor, se desculpe com Shaka pela minha ausência. As obrigações como Saori Kido me chamam. –ela suspirou, parando finalmente de rir.

—Ele compreenderá, senhorita.

Athena em seguida sai da sala deixando seu cavaleiro sozinho. Como não tinha o que fazer, o ariano pega outro manuscrito e começa a ler, aproveitando-se da paz momentânea naquele lugar.

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Mileto.

Seguindo as orientações do vendedor de especiarias, Tarek e Arcturus seguiram até as ruínas que foram usadas como armazéns há muitos anos atrás. Nínian retornara ao barco para fazer companhia a Alessandros, que preferia ficar para trás a ser alvo dos olhares curiosos ou assustados das pessoas.

—Ali? –Arcturus apontou com o olhar o local

—Segundo aquele senhor, sim.

—Sinto esse... Cosmo emanando do local. Bem forte e parecido com o que senti com a minha armadura.

—Sinal que estou certo. Há uma armadura ali.

—Então vamos resolver isso logo. –o romano se adianta.  –Pegar nosso ouro e aquele rato do beco que se diz Muviano.

—Talvez devêssemos ir com calma.

—Calma? Ele nos roubou!

—Mas ele é um escolhido de Athena. Não deve ser uma pessoa má.

—Tarek, acho que a deusa não está selecionando seus cavaleiros somente com base no caráter.

—E seria com base em que?

—Habilidades. -Comenta Arcturus. –Estamos na iminência de uma guerra. Cada guerreiro com certas habilidades será útil para enfrentar o que virá. 

—Arcturus... –Tarek fita o amigo. –Sinto que desde que deixamos a ilha de Alexandros você está inquieto. O que realmente o aflige, meu amigo?

—Esse Rato ladrão...

—Zal. –Tarek o corrige.

—Zal, o Rato ladrão do beco. –insiste o romano. –Ele, Alessandros... são guerreiros. Ao menos são treinados na arte da guerra e eu... eu ainda não entendi porque fui escolhido pela deusa Minerva... Athena. Eu era o filho de um comerciante. Eu não sou um guerreiro! E esse poder... esse...

—Cosmo.

—É...Cosmo! Eu não o sinto explodir dentro de mim desde a Arena. –Arcturus parecia muito incomodado. –E se a deusa errou em me escolher? E se está errando em escolher o Rato ladrão? Na verdade, isso me deixa apavorado.

—Arcturus,  olha para mim. –Tarek coloca a mão sobre o próprio peito. -Eu não sei nem porque eu fui escolhido para essa missão! Em minha terra eu não era bom em nada! Era apenas mais um, mas mesmo assim a deusa viu algo em mim que ninguém mais viu, nem mesmo eu. Eu também tenho medo de não ser o que ela espera. De não conseguir cumprir essa missão.

—Que bela dupla somos, Tarek...

—Acho que iremos descobrir o que a deusa espera de nós apenas quando chegarmos ao fim de nossa jornada, meu amigo.

—Talvez ela tenha terminado. –uma voz acima deles o alerta da chegada de Zal, momentos antes de serem atingidos em suas cabeças por seu potentes chutes, nocauteando-os. –Eu não gosto de ser chamado de “Rato ladrão dos becos”, romano!

Em seguida, vários garotos surgem das sombras cercando os homens caídos, todos olham para o jovem líder esperando alguma ordem.

—Vamos leva-los para dentro, e decidirei o que farei com eles depois. –determinou Zal.

Os garotos imediatamente obedeciam ao líder, e em sua ânsia de obedecê-lo não percebem que são alvos dos olhares frios de vários soldados e mercenários a serviço de Mustafá, que dava um sorriso diante da perspectiva de realizar suas ambições.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Aeinautai: O governo de Mileto era baseado em um conselho chamado Aeinautai (marinheiros perpétuos) que visava extrair todo o lucro possível dos empreendimentos marítimos e coloniais.

Bétele: é uma fruta carnuda da arequeira, uma palmeira encontrada no Pacífico e no Sudeste Asiático. O nome bétele vem da planta da pimenteira-de-betel, que pertence a uma família diferente. Usuários de bétele enrolam um pouco de noz-de-areca numa folha da pimenteira-de-betel e adicionam um pouco de cal natural. Costuma deixar os dentes escuros e a saliva cor de sangue.

Salmácis: Na mitologia grega, Salmácis, a ninfa que se apaixonou por Hermafrodito (filho de Hermes e Afrodite) e se uniu magicamente ao seu corpo, formando um ser andrógino, era uma Limnátide. Limnátide, Lymnade ou Limneida é um tipo de Náiade que habita os lagos. As ninfas Limnátide, assim como todas as outras náiades, tinham a habilidade de se metamorfosear em outras pessoas.

Árion: Filho de Poseidon com Demeter na mitologia grega. Irmão gêmeo de Despina (deusa do inverno) e meio irmão de Perséfone. Segundo a mitologia, ele e a irmã foram abandonados por Demeter logo que nasceram porque ela estava aflita a procura da filha sequestrada por Hades. Despina, criada por um titã, passou a odiar a mãe e ao pai pelo abandono, destruindo o que Demeter criava com os ventos do inverno e afrontando ao pai congelando qualquer fonte de água. Árion era um cavalo de crinas azuis, nascido com o poder da fala e de ver o futuro. Talvez o cavalo terrestre, mais rápido da mitologia grega, possuía o dom de salvar os heróis rapidamente e com bravura, e levá-los para locais seguros longe do perigo.



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