Susana Pevensie escrita por Hannah Mila


Capítulo 1
Notícia desastrosa


Notas iniciais do capítulo

Essa fic começa com Susana indo para uma festa de uma amiga, mas no meio do caminho ela recebe uma notícia desastrosa.



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Eu não sabia direito qual roupa usar na festa de Annie Moon, mas acabei me decidindo por um lindo vestido azul-marinho, longo e brilhante.

Meu cabelo estava muito bonito, nas mãos de minha amiga Catherine. A charrete nos esperava do lado de fora da casa de meus pais, que estavam fora, viajando de trem.

Lúcia, Pedro e Edmundo também não estavam em casa; foram de trem visitar alguns amigos para conversar a respeito de Nárnia. Lúcia tudo bem, Edmundo talvez, mas eu esperava que Pedro já tivesse esquecido de Nárnia, pensei.

Alguns dias atrás eu havia encontrado Lúcia, Pedro, Edmundo, Eustáquio e uma garota chamada Jill Pole escondidos atrás de um arbusto do jardim conversando sobre alguém que eles haviam visto, como uma aparição, que lembrava estranhamente a Nárnia. 

Eles não queriam admitir, como eu, que Nárnia não passou de um sonho bobo de criança. Meus irmãos, meu primo e a garota chamada Jill estavam também sempre falando sobre tio Digory e uma tal tia Polly. Perguntei-me se eles pretendiam voltar a Nárnia e a princípio senti interesse pela ideia, mas imediatamente afastei aquilo de minha cabeça. Eu era uma moça agora, e devia me portar como tal, e não me deixar levar por histórias infantis sobre países imaginários.

- Pronto! - disse Catherine, desviando-me de meus pensamentos - Seu cabelo está perfeito. Agora, vamos, a charrete nos espera e Annie Moon também.

Eu assenti e comentei:

- Será uma festa formidável.

Quando eu cheguei no hall de entrada da casa, a campainha tocou. Ouvi uma voz gentil lá de fora dizendo:

- Telegrama! 

Eu fui até a porta e a abri. Um moço talvez da minha idade, de cabelos loiros espetados, olhos azuis e pele ligeiramente sardenta esperava na soleira da porta. Sorria.

- Tenho um telegrama para a senhorita Susana Pevensie.

- Sou eu - respondi.

- Vejo que estava se arrumando para uma festa - observou o moço - Sinto muito incomodá-la. Aqui está o telegrama.

Peguei o telegrama e abri-o lentamente. Tinha a impressão de que alguma coisa muito ruim estava nele.

Cara Susana Pevensie (dizia o telegrama)

Sentimos muito em informar que seus irmãos, Pedro, Edmundo e Lúcia Pevensie, e seus pais, Jonh e Anne Pevensie, morreram esta tarde em um trágico acidente de trem.

O dinheiro de seus pais e os pertences de seus familiares serão entregados a senhorita...

Eu não consegui ler mais. Dobrei o telegrama novamente e passei a apreciar o chão, e senti uma lágrima escorrer.

- O que é, Su? - perguntou Catherine, mas sua voz estava distante.

- Não... Não é nada... - respondi, começando a chorar mais forte.

- Uma notícia ruim, senhorita Pevensie - perguntou outra pessoa, e então percebi que o moço que entregara o telegrama continuava ali, na soleira da porta - Desculpe minha intromissão, mas ao menos deixe-me me apresentar: sou Charles Harris, tenho 21 anos e meio e moro na parte oeste da cidade, não muito longe daqui, perto da agencia de correios, onde trabalho. 

Eu fiquei meio desnorteada. Ora, minha família havia morrido, e aquele tal Charles Harris estava me contando quem era ele?

- Hum - murmurou Charles decepcionado - Vejo que não há mais motivo para ficar. Espero vê-las novamente.

Ele se retirou. Eu fechei a porta e Catherine me perguntou:

- Que é que aconteceu, Susana?

Eu lhe estendi o telegrama. A medida que ia lendo, o rosto de Catherine expressava cada vez mais preocupação. Eu comecei a chorar ainda mais forte.

- Sin-sinto muito, Su - murmurou Catherine, e eu vi que ela também chorava.

Eu enxuguei os olhos com a gola do meu vestido. Já não me importava a festa de Annie Moon.

- Não vou à festa, Cath - eu disse - Você vai sozinha.

- Não, eu vou ficar aqui com você - disse Catherine. Eu suspirei. Será que ela não entendia que eu queria ficar sozinha naquele momento?

- Cath, você vai para a festa - eu disse com firmeza - e amanhã você pode passar o ano aqui. Afinal, agora esta casa é minha...

Catherine percebeu o que eu queria fazer e, com um adeus e um sinto muito, ela foi embora para a festa da nossa amiga.

Eu suspirei novamente e me joguei no chão. Chorei. Chorei como nunca havia chorado, nem mesmo quando Aslam havia morrido na Mesa de Pedra, nem mesmo quando eu guerreei em Nárnia e perdi muitos dos nossos, nem mesmo quando eu soube que nunca mais voltaria à Nárnia.

Eu sabia que, se alguém olhasse pela janela do corredor estreito que era o hall, essa pessoa me veria chorando a noite inteira. Susana Pevensie, uma das mulheres mais bonitas e inteligentes da cidade estava chorando, jogada no tapete felpudo do hall de entrada de sua casa, recordando de cada momento passado com seus irmãos e seus pais, sentindo-se culpada por ter se afastado dos irmãos e esquecido de Nárnia.


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Notas finais do capítulo

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