Cinco Momentos escrita por Chiisana Hana


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Segunda parte.
Flashback de Shun e Hyoga.



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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes

Setsuna pertence a Nina Neviani.

CINCO MOMENTOS

(QUE DEFINEM UM RELACIONAMENTO)

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani


PARTE 2

O BEIJO

Venha dar uma volta no lado selvagem

Deixe-me beijá-lo intensamente sob a chuva torrencial (1)


Capítulo V

– Shun, você nunca tocou essa música para nós – Shunrei disse.

– Nem vou tocar, gente! É uma coisa só minha e do Oga.

– Aaaaaaaaaaah! – lamentaram-se as moças.

– É melhor não tocar mesmo – disse Ikki. – Já imagino o tipo de coisa melosa que deve ser.

– Pode imaginar o que quiser, mano. Você nunca vai chegar perto de saber como realmente é essa música e várias outras que eu compus.

– É, tudo isso é muito fofo – Minu disse –, mas o momento crucial é o primeiro beijo. Esse momento é que define tudo, porque se o primeiro beijo for ruim não tem jeito, o romance não decola.

– Não é bem assim – discordou Hyoga. – Às vezes o primeiro beijo pode ser traumático...

– E depois as coisas mudam – Shun completou. – Eu bem sei disso.

– Nós sabemos – Hyoga concordou e segurou carinhosamente a mão do namorado. – Nós sabemos...

Três anos antes...

– Droga! Estou atrasadíssimo! – Shun bradou ao sair de casa arrumado, bem penteado e metido dentro de um fraque acinzentado. Um temporal desabava sobre a cidade e ele correu para entrar logo no táxi que o esperava.

– Graças a Deus. Vamos rápido, moço.

O motorista apressou-se tanto quanto pôde, com toda a chuva e o engarrafamento monstruoso que se formou. No meio do caminho, o celular de Shun tocou.

– Alô – ele atendeu.

– Shun! – uma moça gritou, realmente irritada. – Onde você se meteu? Já devia ter chegado aqui há tempos!

– Desculpa, eu me atrasei por causa da chuva – mentiu o rapaz. Tinha passado o dia encolhido na cama, chorando e só decidira se arrumar no último minuto.

–Meu bem, se apresse! O pessoal já está todo aqui, eu já estou esperando em frente à igreja e o padre disse que se você não chegar em meia hora ele vai embora e não tem mais casamento!

– Eu sei, eu sei. Eu...eu já estou no táxi. Chegarei em poucos minutos.

– Táxi, Shun? O combinado não foi você vir no seu carro?

– É, mas eu... eu não estou em condições de dirigir.

– Acho lindo você estar emocionado a esse ponto, querido, mas é melhor você chegar logo nessa bendita igreja! – ela disse e desligou o telefone.

– Vai se casar? – o motorista do táxi perguntou.

– Acho que sim – ele respondeu, hesitante.

O motorista estranhou a resposta.

– Acha?

– É... Depende de uma coisa... uma coisa que eu devia ter feito antes.

Shun discou alguns números no celular. Pouco depois, alguém atendeu.

– Hyoga! Hyoga, não diz para ninguém que sou eu.

– Hã? Que mistério – sussurrou o outro, afastando-se dos amigos para falar mais tranquilamente.

– Por favor! Não fala nada, não deixa ninguém perceber. Eu estou chegando à igreja. Me espera por perto, em algum lugar que não seja fácil de me verem! Faz isso, por favor!

– Você está estranho...

– Só diga que vai.

– Tá, eu vou.

Minutos depois, o táxi se aproximou da igreja. Logo Shun viu Hyoga esperando-o um pouco afastado, sob um guarda-chuva, e telefonou para ele outra vez.

– Hyoga! Estou no táxi. Vem aqui, por favor.

O russo correu até o carro.

– Entra – Shun ordenou.

– O quê? Shun, não é você quem deveria descer do táxi? A June está furiosa! Daqui a pouco vai ter um assassinato dentro da igreja.

– Entra, Hyoga! É importante.

Hyoga cedeu aos apelos do amigo e entrou no carro.

– Moço, vai mais adiante e para em qualquer lugar tranquilo – Shun disse ao motorista, sob o olhar perplexo de Hyoga.

– Que diabos você está fazendo? A igreja está lotada, o padre já ameaçou ir embora, o Ikki já ameaçou bater no padre se ele for, e sua noiva está praticamente arrancando os cabelos!

– Eu sei, eu sei, mas confie em mim, é importante. É decisivo.

– Não estou entendendo nada. O que está acontecendo com você, cara? É o dia do seu casamento! Tá, eu notei que você não estava lá muito entusiasmado, mas pensei que fosse só medo.

– Aqui está bom, senhor? – o motorista perguntou ao passarem por uma praça, vazia àquela hora, principalmente por causa da tempestade.

– Sim, está. Pode parar. Espere um pouco aí – Shun disse ao motorista. – Vem comigo, Hyoga.

– Um lugar cheio de árvores! Ótimo, Shun! Vai cair um raio bem em cima de nós! E aí, ao invés do casamento, vamos ter dois enterros!

Shun deu de ombros, desceu do carro e completou:

– O que eu vou fazer é pior do que um raio – disse, depois ordenou com voz firme: – Vem!

O outro o acompanhou, sentindo-se intimidado pelo anormal tom incisivo que o amigo usava. Shun, que sempre fora o mais tranqüilo da turma, parecia transtornado e Hyoga não conseguia imaginar o que passava pela cabeça dele ou o que ele estava prestes a fazer.

Correram até uma pequena parte coberta onde havia um belo altar de orações para a deusa Amaterasu(2).

– Então, vai explicar o que deu em você? – Hyoga perguntou, um tanto impaciente.

– Sim – Shun respondeu num suspiro sôfrego e continuou: – Estou dependendo de você para me casar ou não.

– De mim? O que eu tenho a ver com isso?

– Tudo – disse e engoliu em seco, buscando coragem para continuar. – Hyoga, eu devia ter feito isso há muito, muito tempo, mas fui fraco. Agora as coisas chegaram a esse ponto e eu não posso deixar que elas passem daqui.

– Não estou entendendo.

– Você vai entender... – Shun disse e deu um sorriso nervoso. Depois segurou o rosto de Hyoga e pousou os lábios sobre os dele. Beijaram-se febrilmente, mas quando separaram os lábios, o loiro desferiu um soco em Shun.

Pasmado, Hyoga esfregou a manga do paletó na boca e, antes de sair correndo pela praça, disparou:

– Nunca mais faça isso!

Apesar da reação de Hyoga, Shun se sentia em êxtase.

– Ele correspondeu – murmurou, sorrindo. – Ele também me beijou!

Deu uma gargalhada histérica e saiu andando em direção ao táxi, cantarolando e ensaiando uns passinhos de dança, sem se importar com a chuva. Estava decidido: não haveria mais casamento.

Continua...


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Notas finais do capítulo

(1) Lana Del Rey, Born to Die.
(2) Deusa xintoísta do Sol.



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