- Fred? – Chamei, enquanto andava em direção a ele – Tudo certo ?

Ele assentiu e nós fomos apresentar o trabalho. Quando cheguei lá na frente que vi todas aquelas pessoas me olhando, travei. Apresentar trabalhos na frente da classe, sempre foi um problema pra mim. Fred começou a falar e quando foi a minha vez, tive que respirar bem fundo. Pigarreei duas vezes antes de começar. Gaguejei muitas vezes, e algumas risadas surgiram, me fazendo ficar ainda mais nervosa. Depois de muitos minutos e com a ajuda de Fred, consegui terminar a apresentação. Apesar de tudo, conseguimos uma nota dez.

- Bom trabalho, Bella – Disse ele, vindo em minha direção. Eu estranhei Fred nunca vinha falar comigo, ainda mais me chamar de ‘’Bella’’. 

- É, nós fizemos um ótimo trabalho – Falei, pegando minha mochila. As aulas já haviam terminado.

- Pois é não é sempre que eu consigo um dez! – 
Continuou ele, visivelmente constrangido. Ele queria alguma coisa, ou pelo menos queria saber alguma coisa.

- Tudo bem – Arrastei as palavras, enquanto ia em direção a porta.

- Bella! – Ele me chamou.

- Sim?

- Eu queria perguntar uma coisa...

- O quê? 

- Olha, eu sei que isso é pessoal, mas... Bom, não vou ficar enrolando aqui....

- Fala Fred! – Indaguei impaciente – Tenho que ir para o ensaio.

- Você gosta do Kaique? – Disse ele, rápido demais.

Minha boca se formou em um ‘’o’’ perfeito. Que tipo de pergunta era aquela? Fred sabia que eu gostava do Kaique, então porque estava me perguntando aquilo? 

- Fred... Preciso responder? Quer dizer, preciso mesmo, mesmo responder? 

Ele riu e fitou o chão. 
Oh Deus, olha a besteira que eu acabei de fazer! Esse ‘’Preciso, mesmo, mesmo responder?’’ foi como se fosse um ‘’sim, eu o amo’’. 

- Que mancada! – Murmurei pra mim mesma. Talvez fosse isso, talvez ele só quisesse ter certeza, agora iria dizer para o Kaique... Droga!

Tudo bem que não a era novidade pra ninguém, mas eu nunca afirmei que gostava dele de verdade. Só pra quem eu confirmei foi para a Julieta e a Mandy. 

- Fred, por- porque quer saber? – Gaguejei, tentando não mostrar nervosismo.

- Por nada, tenho que ir – Disse ele, saindo porta a fora.

[...]

Naquela tarde, Julieta apareceu na minha casa, e eu contei o que tinha acontecido.

- Porque você acha que isso é um problema? – Ela perguntou.

- Porque é. Pra que ele precisa saber se eu gosto dele de verdade?

- Talvez porque ele sinta a mesma coisa...

- Acho que já falamos sobre isso – Repreendi – Quer saber, deixa pra lá. Falou com o Mike?

- Falei, pedi desculpa. Eu estava mal por ter ditos aquelas coisas – Disse ela cabisbaixa – Mas ele me desculpou.

- Mas é claro que sim, o garoto suspira quando te vê – Brinquei.

Julieta riu e deu de ombros.

Aquela tarde passou rápida e Julieta foi embora. Fui até a minha estante procurar pelo meu livro que eu estava tentando terminar a muito tempo, mas os ensaios depois da aula dificultavam as coisas. Me assustei quando fui procurar na cômoda perto da janela. Kaique estava em seu quarto, deitado no pequeno sofá-cama. Ele parecia estar dormindo. Fiquei o observando por algum tempo, até que alguém colocou a mão em meu ombro.

- Querida, quer um lanchinho? – Perguntou minha mãe.

- Não estou com fome – Respondi sorrindo. 

Ela olhou pela janela e depois me fitou.

- Porque não vai falar com ele?

- Falar o que mãe? – Sussurrei. 

Ela se sentou ao meu lado na cama, e eu deitei repousando minha cabeça no colo dela. 

- Conversar... Falar. Sabe, abrir a boca e emitir algum som... – Brincou ela.

Eu ri.

- Eu sei...

- Então? Sabe, vocês são amigos, não são? É normal amigos conversarem.

- Não, não tenho nada pra falar com ele agora.

- Nada? Não tem nada que sempre quis dizer a ele? – Insistiu ela. Na verdade, eu sabia o que ela queria dizer. Mas como já tinha dito á Julieta...

- Não insisto mais em tentar acreditar em outra coisa – Falei, por fim.

- Querida, não desista do que quer...

- Sabe o que quero agora? –Falei me levantando e depositei um beijo em sua testa – Ler o meu livrinho.

Ela sorriu e também me beijou na testa.

- Amo você.

- Também te amo, mãe.