Duas semanas passaram bem rápido, eu já havia começado a trabalhar e estava empenhada no projeto, estava me acostumando com a rotina pesada. Não era fácil desenvolver um projeto tão grandioso daqueles, levava serviços para casa além de trabalhar em período integral.

Era sexta feira, Alex e eu saímos juntas para almoçar.

- E ai Jen, o Mark já te ligou? – Ela cutucava a comida enquanto perguntava.

- Ainda não, acho que ele já esqueceu. – Eu ria enquanto olhava uma pauta do projeto e cutucava a comida.

- Que nada, ele me ligou dizendo que vai voltar hoje, também me disse que ia te ligar. Você vai encontrar com ele hoje a noite? Eles vão tocar no Listen Bar.

- Você vai? - Eu perguntei sem responder a ela.

- Hum, para falar a verdade não vou poder ir, combinei com o John de irmos ao cinema hoje, sabe como é né, namorar de vez enquando, agora que estou comprometida tenho que fazer esses programas mais leves. – ela ria bastante.

- Ah, então não sei, se ele me ligar eu vou, se não...

- Larga de ser boba Jen, vai sim, vai ser legal. Eles já são bem conhecido e esse show vai ser fechado, só para alguns convidados.

- Hum, se é para alguns convidados eu vou precisar de um convite. – eu concluía por fim.

- É, por isso ele vai te ligar sua boba. – Ela ria bastante.

Terminavamos de comer e voltávamos ao trabalho, depois de mais algumas horas eu já estava exausta. Me despedia de Alex e voltava ao hotel. Largava algumas coisas perto do computador para trabalhar quando saísse do banho. Já eram 19:00 quando o celular tocou.

- Jennifer? – Uma voz masculina conhecida falava.

- Oi Mark, como está? – Eu parava de mexer nos papeis me sentando.

- Bem e você?  Vem ao show hoje? – Ele ia direto ao assunto.

- Estou bem também, hum, eu estou cheia de trabalho. – Eu olhava para os papéis em cima da mesa.

- Você terá tempo amanhã, vem pra cá Jennifer, vai ser bem legal e além disso você vai conhecer muita gente. Você é nova aqui e tem que aproveitar.

Pensei um pouco e acabei concordando com Mark. Aceitei e então desliguei o telefone, me arrumei e fui para o bar.

Cheguei na porta, meu nome estava na lista e eu entrei. O show já tinha começado e eu procurei um lugar para me sentar. A casa estava bem cheia, sentei um pouco mais longe do palco. Assim que me achei um lugar Mark notou a minha presença e sorriu. Eu sorri devolta começando a curtir o som, uma música conhecida tocava, eu prestei bastante atenção quando me dei conta de que eu a conhecia. Olhei para o guitarrista depressa, alto, os braços fortes e tatuados, assim como o peito embaixo do colete preto, os cabelos pretos e desalinhados, apesar estar um pouco diferente logo percebi quem era, Ryan Simons, meu Ryan, quer dizer, aquele Ryan, um frio percorreu a minha espinha, prendi a respiração na hora.

Eu já não podia mais fugir, Mark já tinha visto que eu estava lá. O show acabava e as pessoas ao meu redor voltavam a beber e curtir o resto da noite. Fechei meus olhos tentando me acalmar. Droga, por que eu não tinha percebido antes? Mark Turner era primo de Alex. Eu tinha que me acalmar. Minhas mãos suavam e minha respiração estava ofegante, não era por causa do ambiente, e sim o medo de Ryan se aproximar de mim, descobrir quem eu era.

Eu vi Mark descendo as escadas e cumprimentando algumas pessoas, abraços e muitos apertos de mão. Logo atrás dele vinha Ryan e o resto da banda. Meu coração disparava, vi Mark se aproximar de mim me dando um abraço e um beijo no rosto.

- Você veio, fico feliz que tenha aparecido! – Ele me saudava. Ryan desviava o caminho para o meu alivio. Eu voltava a respirar.

- É, Mark olha, preciso te contar uma coisa. – Eu o olhava nos olhos desesperada.

- Ok, espera um pouco, Ryan, vem cá! – Ele o chamava. Ryan já estava com uma garrafa de cerveja na mão e uma garota na outra, pendurada ao pescoço dele.

- Não, Mark, espera. – Ele nem me dava ouvidos, Ryan largava a garota e se aproximava da gente. Ele me olhava de cima abaixo dando de ombros.

- Fala

- Lembra que eu te falei da garota da lanchonete? – Ele apontava para mim – Ai está, o nome dela é..

- Alice, muito prazer! – Eu me adiantava a falar. Mark erguia uma sobrancelhas não entendendo nada. – Era o único nome que vinha na minha cabeça naquele momento, rezei para que ele não me reconhecesse.

- Mundo pequeno hein. – Ele ria tomando um gole do liquido na garrafa, logo me olhava novamente estreitando um pouco os olhos. - Eu te conheço de algum lugar.

Mark continuava me olhando, sem entender nada. Eu apenas ficava em silêncio, a feição de Ryan mudava de uma hora para a outra ficando sério.

- Jennifer... você é amiga da Jennifer.. droga, eu preciso beber alguma coisa.

Eu nada respondi. Ele parecia bastante atordoado, se virou e saiu quase cambaleando, como se tivesse levado um golpe. Mark me olhava boquiaberto, começava a entender tudo agora. Segurava em meu braço falando próximo ao meu ouvido.

- É melhor sairmos daqui. – Ele falava por fim me puxando para fora do bar.

Entramos no carro, ficando em silêncio por um longo período, Mark parecia que ainda estava tentando entender a situação. Ele dirigiu durante um tempo até pararmos em frente ao meu hotel.

- Vai me explicar tudo! – Ele me encarava e eu apenas assenti com a cabeça antes de descermos do carro. 

Entramos no apartamento, Mark se sentou no sofá, peguei uma bebida, acendi um cigarro e ele também, ficamos ali conversando, expliquei tudo para o Mark, que escutava com atenção a cada palavra. Ele passava uma das mãos pelo rosto e logo fui terminando de falar.

- Então, foi isso o que aconteceu. – Eu terminava. – Olha Mark, eu não queria te enganar, para falar a verdade eu nem tinha me tocado de quem você era quando nos conhecemos.

- Eu entendi Jennifer, mas é uma situação complicada. O Ryan mudou muito desde aquela época. Ainda mais com todo esse lance das fotos, mas realmente, ele não se apaixonaria por você, sem ofensas, mas acho que você não faz mesmo o tipo do Ryan, mesmo assim ele vai ficar furioso quando descobrir.

- Mark, não conta nada pra ele, quando chegar a hora, eu mesma vou contar. – Eu pedi.

- Jennifer, sério, o Ryan mudou demais desde então, eu não sei exatamente o que rolou entre vocês, pelo que você me disse, não aconteceu nada demais, mas eu não sei o que se passa por aquela cabeça dura! Ele nem quis comentar do assunto, a única coisa que falava era que ele seria diferente, e ele realmente mudou.

Me levantei indo para a janela, fiquei algum tempo observando a rua, respirei fundo voltando a olhar para o Mark.

- Eu nunca pensei que eu fosse encontrar mesmo o Ryan, cara a cara, mas agora que já aconteceu, acho que ele merece saber, mesmo que não faça diferença alguma, eu preciso falar.

Mark dava um longo suspiro encostando na poltrona.

- Ok, acho que você também merece uma explicação, eu não queria me meter, mas vou te ajudar, não vou contar nada para ele.

- Obrigada Mark.