Nesses tempos de guerra não era possível saber nem se você estaria vivo no dia seguinte, todos os dias (na verdade noites) lutávamos contra o exército de Cronos, e enquanto nós perdíamos campistas e caçadoras eles pareciam tão fortes quanto no dia anterior...

Enquanto estava imersa nesses pensamentos uma mão tocou seu ombro. Eu me virei. Era Travis Stoll.

- Katie, posso falar com você?

- Fale Stoll – disse fria

- Em particular - acrescentou ele, ignorando meu tom frio e fazendo um sinal para segui-lo.

Fui atrás dele, não sabia o que poderia acontecer. Ele é tão imprevisível... Eu nem sei se devo ficar brava ou não com ele. Tudo bem, teve a pegadinha dos coelhos de chocolate no telhado, que me fez odiar ambos Stolls, mas também tem a festa do chalé de Hermes há alguns anos...

FLASHBACK ON

‘Estava no chalé de Hermes, em um canto, pensando em uma desculpa para sair da festa. Eu não sou festeira, mas minhas irmãs praticamente me arrastaram até aqui. Mas como uma menina de 12 anos conseguiria convencer 3 pré-adolescentes loucas e teimosas, vulgo suas irmãs.

Havia acabado de decidir que eu ia sair de fininho quando uma delas me puxou e disse:

- Vem, nós vamos brincar de verdade ou desafio. – disse me arrastando pela mão.

- Não, pode deixar eu estou muito feliz ali no canto do chalé, não prec-

- Deixa de ser careta Katie! Senta aí.

Já havíamos chegado numa roda de pessoas, então eu desisti de tentar sair de fininho e resolvi esperar umas rodadas, e quando a atenção de todos estivesse em outra coisa sairia. Te garanto que ninguém ia perceber.

Giraram a garrafa. Caiu em uma filha de Afrodite. Ela pediu verdade e teve que admitir que gostava de um filho de Apolo. E foram assim as próximas rodadas, todos pedindo verdade e eu descobrindo coisas inúteis sobre a vida de todos. Depois de umas 5 rodadas eu resolvi sair. Mas bem quando eu estou saindo escuto:

- ... a Katie! – Que?? Esse é meu nome! Porque minha irmã disse ele? E garrafa estava apontada para o Travis!! Lógico que ele só podia pedir desafio! Mas o que será que é, para me incluírem... – E não pode ser só um selinho, tem que ser um beijo de verdade! – continuou minha irmã... COMO ELA TEVE A CORAGEM DE ME METER NISSO?? Ah, nós teremos uma conversinha depois.

Nessa hora eu simplesmente paralisei.

- A Gardner?? – ele e sua mania de sempre me chamar pelo sobrenome.

- Tá vendo outra Katie aqui, Stoll?? – ah, o mínimo que eu tenho que fazer é devolver na mesma moeda!

Não tenho ideia de como eu consegui ser sarcástica aquela hora, eu estava super insegura. Aquele seria meu primeiro beijo, mas eu não queria que fosse assim, tinha que ser perfeito, não uma obrigação por causa de uma brincadeira!

Mas eu não queria me fazer de fraca na frente de todos...   Agi com naturalidade e me aproximei de Travis. Pois é, meu primeiro beijo seria com o Stoll... Logo ele, porque? É um complô contra mim, deuses?  Poderia ser qualquer um, qualquer pessoa, mas nããão, logo o Stoll...

Ao chegar perto dele, ele engoliu o seco... Muito estranho, ele já devia ter feito isso com um milhão de garotas, porque esse nervosismo?

 Podia sentir todos nos observando, mas não queria saber, fechei meus olhos. Ele acabou com a distância e me beijou. Parecia que correntes elétricas passavam pelo meu corpo, sentia como se só existisse nós dois no mundo. Foi ótimo. Nos separamos depois de um tempo. Sem palavras cada um se sentou no lugar da roda.

 Depois se umas 3 rodadas dei uma desculpa qualquer e fui embora, sem ouvir os protestos de minhas irmãs

FLASHBACK OFF

Nos dias seguintes essa cena sempre vinha na minha cabeça antes de dormir, e quando eu conseguia dormir e não tinha pesadelos essa cena aparecia. Até hoje, anos depois, eu sonho com essa cena às vezes. Foi a única vez que eu senti isso durante o beijo. E apesar de não ter sido nada mais do que um selinho demorado foi o melhor beijo de todos. Não que eu fosse admitir isso algum dia! O Stoll não precisava de mais nenhum motivo pra se gabar.

Com essa reflexão nem percebi o tempo passar.  Só percebi que ele tinha parado quando bati nele. Ele levou um susto, virou-se pra ver se eu estava bem e eu pedi desculpas, afinal, eu sou uma pessoa educada.

Estávamos sozinhos em uma das lindas praças que tinham no Olimpo. Para não ter ninguém aqui, devíamos ter andado bastante. Eu estava deslumbrada com o lugar, olhava maravilhada para todos os lados. Então percebi que o Stoll me encarava. Corei.

- É lindo aqui, não? – perguntou ele de maneira gentil.

Concordei com a cabeça. O que será que ele queria com tudo isso?? Me sentei na grama, perto de lindas flores multicoloridas. Ele se sentou em minha frente.

- Katie – ele me chamou pelo nome pela segunda vez. A primeira eu deixei passar, deve ter sido um erro, mas pelo jeito foi por querer. O que será que ele queria com isso? – tem uma coisa que eu to querendo te dizer já tem um tempo...

Mandei um olhar dizendo para ele ir em frente e tentando esconder o quanto eu achava isso estranho.

- Eu sei que você deve me odiar, mas pelos motivos errados... – arqueei uma sobrancelha. Como colocar coelhos de chocolate no telhado do seu chalé pode ser um motivo errado? – A verdade é que eu sou um idiota. Tudo que eu fiz foi pra chamar atenção da menina que eu gosto... Gosto não, amo. A menina que não sai dos meus pensamentos desde que dei o meu primeiro beijo nela. Mas o idiota ficou fazendo brincadeiras com ela para chamar atenção em vez de se declarar pra ela. E mesmo dando errado várias e várias vezes ele não mudou de ideia. Continuou sendo um idiota. Mas um dia a ficha, e por isso resolvi fazer isso. Katie, eu te amo. Quer namorar com o idiota do Stoll?

E nessa hora o que eu tentei negar para mim mesma por tanto tempo apareceu. Eu amo sim o Travis. E era impossível de continuar escondendo isso.

Nessa hora eu fui até ele e disse em seu ouvido:

- Pois é, eu também tenho um segredo. Vou começar a namorar o idiota que eu tanto amo.

Então me afastei de sua nuca enquanto ele se aproximava e eu pude sentir as correntes elétricas de novo.  E de novo, e de novo e de novo...