A rosada acabara de voltar da cozinha trazendo refrigerante para os meninos e chá gelado para ela e Ino. Sasuke se permitiu olhar para o ombro de Sakura e perguntar:

- A estante caiu de novo?- por pouco a garota não deixa seu chá cair no chão

- Acho que a resposta seria sim... – ela disse se recompondo – está vendo a escada no fim do corredor?- disse olhando dentro dos olhos dele – Suba, já estou indo, quero falar com você. Ino você já conhece a casa então fique á vontade.

Sasuke já havia obedecido à garota e subido a escadaria, ao subir viu um quadro em particular que lhe chamou a atenção, uma pequena garota de cabelos cor de rosa abraçada com uma mulher de cabelos da mesma coloração peculiar, que naquele instante ele teve toda a certeza de que era a mãe dela.

- Olha se fosse pra isso ser uma exposição de arte eu estaria cobrando. – ela o encarava séria na porta de um quarto que ele não havia notado, talvez pelo fato de a porta ser deslizante e da cor da parede. – Entra.

Mais uma vez ele obedeceu, fez isso por que algo dentro dele dizia que ele estava prestes a descobrir quem era Sakura Haruno, ou quase isso. Ao entrar viu que aquele ambiente era completamente diferente do que ele esperava. Não havia potes de tinta espalhados pelo chão, nem livros abertos por todas as partes, ou algo assim.

As paredes eram pintadas de um verde bem claro, a cama de casal tinha lençóis brancos decorados com renda, havia uma penteadeira branca no canto do quarto, uma porta (que ele julgou que fosse ou uma rota de fuga, ele não ficaria surpreso, ou um closet), uma porta de vidro que dava para uma sacada embutida e surpreendentemente havia um coelhinho de pelúcia em cima da cama.

Ela se sentou de frente para a penteadeira e apontou para a cama, pedindo que ele se sentasse.

- Sasuke, eu preciso de um favor. Meu pai e eu andamos tendo alguns problemas e eu não posso mais ficar em casa. - toda a expressão de enfrentamento de minutos atrás tinha desaparecido e ela não o encarava- A Ino me disse que eu poderia contar com você se eu precisasse, eu queria saber se eu poderia passar um tempo na sua casa até eu conseguir algum outro lugar, ou até eu poder sair da cidade.

- Duvido que você consiga sair daqui em menos de um mês, mas lá em casa?- ele passou a mão pelos cabelos – Eu não sei Sakura, é muito repentino e seria capaz de você morrer de fome eu não sei fritar um ovo direito! Não sei se a Ino te falou, mas ela tem que ir lá a cada duas semanas para facilitar minha vida na cozinha.

- Eu sei cozinhar, minha mãe me ensinou – o moreno se surpreendeu, era a primeira vez que ela citava a mãe- nós sempre fazíamos o jantar juntas e em todos os natais colocávamos meu pai e o filho dele para comprar coisas do outro lado da cidade só para termos tempo de fazer a ceia e sempre surpreendê-los com algo novo. – parecia que ela estava prestes a chorar

- Você tem um irmão? – a pergunta estúpida escapou-lhe pela boca antes que pudesse se conter – digo, ele é filho do seu pai, certo?- perguntou mais calmo, um pouco recuperado do repentino choque.

- Não, aquele babaca é filho do melhor amigo do meu pai. Nem o nome do pai daquele infeliz eu sei!- ela bateu o punho na parede- O cara aparece no meio de uma noite de setembro quase morrendo com o garoto e diz que, em nome dos anos de amizade dos dois, meu pai deve cuidar do menino. Como se a amizade dos dois fosse grande coisa.

- Se acalma um pouco, você pode ficar lá em casa, mas vai ter que ajudar ok? – ele perguntou segurando os braços dela para que parasse de esmurrar a parede.

- Certo. Agora me solta, tenho que pegar minhas coisas. - Ela se soltou do moreno e seguiu para a misteriosa porta. Era um closet, talvez fosse do tamanho do quarto, mas ele não conseguiu se preocupar com isso por que no fundo de closet havia uma porta, estava aberta, que dava para uma escada. - O que foi? Achou mesmo que meu esconderijo só teria duas saídas?Cara como você é ingênuo!

- Me diz que você não tem uma arma aí!- ela sorriu brincalhona, parecia tão inocente que ele quase se esqueceu de que se tratava da misteriosa Haruno.

- Você se surpreenderia se eu não tivesse... Brincadeirinha, não, eu não tenho uma arma. - Ele suspirou aliviado enquanto ela se abaixava para pegar uma mala – O que não significa que eu não saiba usar uma. – ele engoliu em seco enquanto a rosada ria, aquela risada doce e sonora.

Só Deus sabe a mágica que ela fez, mas quase todas as roupas dela se ajustaram muito bem em duas malas não tão grandes, mas ainda tinha uma mala para os sapatos e uma mochila para aquele mundo de cosméticos que mulher nenhuma parece conseguir viver sem.

Depois de mais ou menos uma hora e meia de arrumação os dois desceram, Ino olhou para as malas da rosada e por um segundo pareceu incrédula:

- O quê significa isso!?- A Yamanaka perguntou se levantando

- Ino, calma o Sas..- A loira cortou a rosada

- Só vai levar isso?! Como você sobrevive?! – ela tinha os olhos arregalados como se três malas e duas mochilas fossem na verdade um estojo de lápis.

- Amor eu não sei se você percebeu, mas diferente de você a Sakura me parece uma pessoa normal no quesito perseguição à moda.- Itachi tentava segurar o riso e manter a fala serena, sem muito sucesso.

- Mas como assim?!

- Ino vamos dizer que eu sou chata e fora de moda, parada no tempo. Enfim por mim eu sobreviveria muito bem com algumas roupas intimas, três regatas, um jeans, uma saia e meu all star.

- Vou fingir que não ouvi isso, amor me passa a vodka!- ela disse olhando suplicante para Itachi, que lhe entregou a bebida um pouco relutante.

Sakura pediu que fossem para o carro levando suas malas e todo o resto, pois ela iria trancar a casa. A garota não demorou muito pra aparecer e entrar no banco traseiro ao lado de Sasuke dizendo que podiam ir.          

Ao chegarem ao apartamento Ino puxou a rosada para o quarto ao lado do de Sasuke. É parece que agora o Uchiha iria conhecer Sakura Haruno.

Ino e Itachi foram embora depois do jantar preparado pelas garotas. Após lavar a louça Sakura bateu á porta de Sasuke, ela devia ter no mínimo colocado um short maior, mas tudo bem.

- Vim dar boa noite. E agradecer por me deixar ficar aqui. – ela estava corada?

- Ah claro, não é nada. Boa noite Sakura. – Num ato meio instintivo ele beijou a testa da garota como sempre fizera com Ino quando a loira resolvia dormir lá depois de discutir com Itachi ou com a amiga com quem a loira antes dividia o apartamento. Os dois ficaram parados por uns cinco segundos se olhando até que Sakura bocejando se lembrou de que tinha que ir dormir.

Ela seguiu para o quarto ao lado, ele ficou parado na porta, parecia que o cheiro dela se instalara pela casa toda.  Shikamaru teria dito que a partir dessa noite tudo ia ficar realmente problemático.