Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 62
I Do.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Hoje temos um momento bem especial! Espero que gostem.
Boa leitura!



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Quando adormeci na carruagem, as lembranças daquelas horas antes da partida se misturavam com as dos sonhos estranhos e tudo, mesmo as memórias verdadeiras, parecia distante e quase irreal. Foi um sono turbulento pelo balanço da viagem, porém, quando despertei, parecia ter sido pesado e denso. Ergui-me com cuidado do assento da carruagem, piscando os olhos. Já havia amanhecido, e a luz do sol abafada pelas nuvens adentrava a carruagem pela brecha da cortina. Caspian dormia no outro assento a minha frente, recostado na lateral próxima à janela.

Passei as mãos pelos cabelos bagunçados. Caspian havia coberto-me com um cobertor pesado que caiu a meu colo quando sentei. Aproximei-me da pequena janela e afastei um pouco a cortina. Não estavamos mais na cidade, campos se estendiam ao lado da estrada, alternando com as árvores o domínio da paisagem, o céu estava cinzento como de costume e o frio permanecia impiedoso. Fechei a cortina. Devagar, cobri Caspian com o cobertor que eu usava e puxei o casaco que Polly me entregara de cima do acento.

Nossa saída fora tão rápida e desesperada que sequer pude trocar de roupa, por sorte o roupão era espesso e ajudaria a manter o frio afastado. O próprio Caspian não usava roupas adequadas. Havia despertado no meio da noite para beber água e deparou-se com a bala prateada no travesseiro ao lado. Dash deixara ali antes de fugir com Lúcia, enquanto Caspian dormia. Ele acredita que, se não tivesse despertado antes do amanhecer, Dash teria tido tempo de voltar e encontrá-lo ainda em casa. E não estaria desprevinido como Caspian.

—Eles não devem ter ido para longe. - dissera Caspian, enquanto conversávamos após a partida. - Dash não deixaria Lúcia ir se não fosse segure, então foi com ela. Mas tendo me ameaçado ao mesmo tempo, creio que ele estaria de volta pela manhã para me encontrar.

—Acha que ele virá atrás de nós?

—Tenho certeza de que irá nos procurar.

Não sou capaz de sentir qualquer decepção ou ressentimento com a fuga de Lúcia. Pelo contrário, sentia certo alívio pois sabia que ela estaria bem. Mas saber que Dash escolhera esse caminho para si era perturbador.

—Devemos tomar todo cuidado possível. - conclui.

Caspian assentiu.

—Assim que puder, meu pai mandará notícias.

—Eu o admiro muito. - falei, de repente. Caspian olhou-me. - Seu pai. O amor dele por vocês é inabalável, o faz forte. - senti meus olhos marejarem. - Me faz lembrar do meu.

Caspian sorriu levemente para mim.

—Raphael agiria da mesma forma. - garantiu. - Queria tê-lo conhecido.

—Ele teria gostado de você. - de fato, creio que meu pai teria gostado de Caspian.

—Imagino o que Digory deve estar sentindo. De repente ficou só.

Caspian ponderou um pouco, respirando fundo.

—Bem... Uma hora ou outra aconteceria. Creio que o caminho de Dash esteja lhe custando mais do que o meu ou o de Lúcia. Mas tenho certeza de que aquele homem é uma fortaleza, e costuma ser prático. Ele ficará bem. Acho que cuidar lhe causa isso.

E um sorriso pintou seu rosto ao falar do pai. Digory, à primeira impressão, se mostrara rígido e insensível, mas com o passar do tempo, quando entendi sua posição e compreendi seus motivos, vi o quão bom ele era e a força que ele tinha. Agora, inclusive, posso ver o quanto ele cuidou de mim desde o último outono, no falar. Talvez não tenha sido a melhor abordagem de todas, mas tentara. Digory era bom. E tenho certeza que também zelará por Pedro.

Era difícil prever por quanto tempo ficaríamos sem receber notícias. Só pedia em meu coração que todos estivessem bem, tanto minha família quanto meus amigos. Edmundo compreenderia, para Lillian e Jill certamente, conforme o que ouvissem, seria um susto e um escândalo. Respirei fundi. O que Polly tanto temera seria inevitável e as pessoas jamais saberiam ou entenderiam nossas razões. Tudo passaria, era bom lembrar. Por hora, só devíamos tomar cuidado e tudo ficaria bem.

A refeição naquele dia fora simples, a pães, bolos e um pouco de água, tudo vindo dos mantimentos que Polly havia preparado. Não era seguro parar com tão pouco tempo. Para a parada em York, porém, Caspian tinha um plano. Passamos por lugares belíssimos durante todo o dia, paisagens incríveis que tentei guardar em lembranças para emoldurá-las em telas na primeira oportunidade. Tentamos conversar sobre coisas alheias às nossas circunstâncias e conseguimos por tempos espaçados.

Como Caspian previra, chegamos a York a noite. Conseguimos arrendar um quarto em uma hospedagem modesta, e boa. Fiquei ali para que pudesse tomar banho e me trocar enquanto Caspian saiu para, segundo ele, providenciar todo o necessário. Não entrou em detalhes sobre o que faria ou como, disse apenas que vivia me buscar. Devo admitir que a sensação de um banho quente fora quase extasiante. Preparei-me conforme as possibilidades, mas da melhor forma que pude. Estava quase pronta, quando houve uma batida suave na porta.

—Sim? - a minha frente estavam os olhos brilhantes da mocinha que ajudava na hospedagem. Devia ser um pouco mais nova que Lúcia.

—Sr. Kirke pediu para que lhe entregasse isto. - disse docemente, estendendo-me o que trazia em mãos. Um buquê pequeno de lírios rosados e rosas vermelhas, encantador. Peguei-me admirando a beleza das flores por tempo demais até que ela me ofereceu o buquê de novo. Prontamente o peguei. - Foram as mais belas que pude encontrar.

—São lindas. - garanti, agradecida, sorrindo. Os olhos dela brilharam e pareceu imensamente feliz com isso. - Obrigada.

—Ao seu dispor. - maneou a cabeça gentilmente. - Com licença.

E saiu. Fechei a porta do quarto e cheirei as flores, permitindi o sorriso esticar-se em meu rosto. No peito, o coração acelerava e aquele frio escorria suavemente por meu corpo. Terminei minha luta com o cabelo e aguardei pouco mais de alguns minutos até ouvir outra batida na porta e a voz abafada de Caspian chamando do lado de fora. Ele estava encostado na parede da porta quando abri e seus olhos em mim. Meu coração acelerou ainda mais ao vê-los brilhar assim que me viram, apesar dos traços de cansaço em seu rosto.

—Está linda. - disse ela, ao entrar. Sorri, fechando a porta.

—Obrigada. - tornei-me a ele. - Você está bem, Caspian?

—Perfeitamente! - garantiu, alegremente.

—Coma um pouco. - indiquei a bandeja de comida suficiente para um exército que me serviram assim que chegamos.

—Não se preocupe. - disse ele, apanhando um scone. - Já comi alguma coisa. Assim que cheguei, sra. Clarke informou-me um quarto desocupado enquanto estava fora. Como pedimos por dois ao chegarmos, ela o preparou para mim. Não quis incomodar você.

Foi então que notei as roupas mais organizadas, por baixo do casaco. Definitivamente ele tivera um pouco mais de tempo desta vez.

—Gentil da parte dela.

—Sim. - concordou ele, e contou: - Eu costumava ficar hospedado aqui com meu pai quando ele vinha a negócios. - Caspian notou o buquê sobre a cama. Sorriu de leve. - Sabia que Ana teria bom gosto.

—São lindas. - confessei. Caspian olhou-me nos olhos por alguns segundos.

—Está pronta?

—Estou. - sorri. Ele sorriu de volta.

Escondi o buquê na cesta que Polly me dera, vesti o casaco e saímos. Caspian conduziu-me pela mão até o pequeno salão de entrada da hospedagem onde despedimo-nos da sra. Clarke e da jovem Ana. A primeira não conteve o abraço caloroso em nós dois, desejando poder nos ver novamente o quanto antes. Depois de agradecermos, partimos para o frio da rua. Caspian havia me apresentado como sua esposa a elas e explicou que precisavamos apenas de uma refeição e banho quente antes de seguirmos viagem. Sra. Clarke não só nos atendeu da melhor maneira como providenciou mantimentos para nós.

Desde que chegamos a York, Caspian não havia parado e duvido que tenha sequer sentado para comer direito. Havia um amigo seu de longa data que morava ali, e cujo irmão poderia realizar a cerimônia para nós. Procurá-lo foi a primeira coisa que Caspian fizera depois de deixar-me na hospedagem. Seria rápido e partiríamos assim que acabasse, não poderíamos nos dar ao luxo de adiar a viagem uma noite sequer.

Lembro-me bem daquele momento. Foi o momento mais doce e belo. A igrejinha pequena e muito antiga estava vazia a não ser por Caspian, seu amigo Harry e o irmão deste, Ronald, que estavam no altar. E próximo deles, um rapaz tocava um violino lindamente. A luz das velas e do fogo das lamparinas davam seu tom amarelado ao ambiente, tornando-o aconchegante. Percorri o caminho até o altar sozinha com o buquê de lírios e rosas. Pelo chão haviam pétalas brancas e cor de pêssego, com aroma suave. No altar, Caspian tinha os dois olhos fixos em mim e o sorriso que abriu ao me ver entrar, e não guardou por um só segundo o sorriso largo que parecia iluminar o lugar inteiro.

Seus olhos estavam calorosos e mantive-me conectada a eles. Aquelas íris escuras tão familiares tinham gosto de casa, e agora seriam, estávamos juntos para sempre e finalmente. A cada passo meu coração disparava frenético preenchendo meu peito com aquele sentimento caloroso e quente que me atraía para Caspian. Ao chegar ao altar, Caspian segurou minha mão e levou-a aos lábios até beijar seu dorso, sem tirar os olhos dos meus. A familiaridade do seu toque, da sua presença... Jamais deixaria de amá-lo.

Havia certeza. Durante o breve e belo discurso de Ronald, quando eu olhava para Caspian, segurando-lhe a mão, quando o flagrava olhando para mim e sorríamos, havia certeza. Certeza do caminho que escolhera, certeza de quem estava ao meu lado. A voz de Ronald cessou em uma pergunta. Caspian olhou-me mais uma vez.

—Sim. - assegurou, e não desviou mais o olhar. Sorri enquanto Ronald seguia com a pergunta seguinte. Ainda sorria ao responder.

—Sim.

Caspian tirou do bolso um par de anéis e entregou-me o seu. Um elo simples, dourado, que destacou-se em sua pele. Por meu dedo deslizou uma peça dourada e delicada que trazia uma pérola pequena solitária.

—Sob a lei dos homens e de Deus - continuou Ronald. - Os declaro marido e mulher, Senhor e Senhora Kirke. Que sua união seja tão abençoada e feliz como os anos que virão.

Ao fim do discurso, Caspian se aproximou e beijou-me os lábios, terno e singelo, perfeito. Sua testa tocou a minha e ele sorria, assim como eu. Harry se aproximou e nos cumprimentou desejando animadamente todas as felicidades que fossem possíveis. Ronald também fez o mesmo e nós partimos, dali da frente da bela igreja. De volta para a carruagem e rumo a Escócia.

A medida que subíamos para o Norte, o frio do meio do inverno se intensificava e a estrada tornava-se ainda mais difícil. Fizemos mais algumas paradas somente quando precisamos nos abastecer de mantimentos. Próximo a fronteira com a Escócia, em nossa última parada antes de enfim deixarmos a Inglaterra, o cocheiro que no ms acompanhava fielmente foi muito bem recompensado e liberado para voltar a Londres.

Digory tinha contatos por toda a Inglaterra, dissera-me Caspian, e a maioria deles eram confiáveis, como a sra. Clarke. Porém, eles não deveriam saber de nossa passagem por ali. O cocheiro deixou-nos por volta de meio-dia, em Carlisle, com a pequena bagagem em mãos e retornou a Londres para com suprimentos e dinheiro para hospedagens até lá, afinal, sua volta não precisava ser tão torturante quanto a vinda. Arrendamos outra carruagem sob o nome sr. e sra. Cameron e seguimos para além da Muralha de Adriano, deixando a Inglaterra.

A partir de Glasgow, os momentos em que Caspian descera para limpar a estrada junto ao cocheiro foram repetidos. As camadas de neve sobre o chão tornavam-se mais espessas e as paisagens roubavam-me o fôlego. Devido a lentidão, levou-se mais mais cinco dias para que chegassemos a Inverness. Eu havia perdido a conta dos locais que doíam em minhas costas. As noites haviam sido mal dormidas e repletas de sonhos que eu não conseguia compreender.

Comemos mal e o frio tentava nos congelar a todo custo. Estávamos exaustos e o que me mantinha atenta e distraída eram as paisagens deslumbrantes. Estava dormindo, tão desconfortável que podia sentir os protestos de minhas costas, quando Caspian tocou-me o ombro, despertando-me.

—Chegamos. - sussurrou. - Estamos em Inverness.

Despertei devagar, piscando, o som de pessoas chegava aos meus ouvidos.

—Por quanto tempo dormi? - balbuciei. -Algumas horas. - Caspian sorriu. Franzi as sobrancelhas para ele, então deu de ombros. - Algumas boas horas.

Rolei os olhos e ele riu. Passei as mãos no rosto tentando aliviar a expressão cansada, para então pentear os cabelos com os dedos. A carruagem movia-se ainda, lentamente.

—Como estou? - tornei-me oara Caspian.

—Belíssima. - respondeu. - Como sempre.

Encarei-o e ele sorriu, inocente.

—Está bem. Vou acreditar em você.

—Porque não acreditaria? - desafiou, divertido. Apenas encarei-o novamente e Caspian riu, para então inclinar-se e beijar-me uma, duas vezes.

A carruagem parou junto com o som dos cavalos. Percebemos o movimento do cocheiro ao descer e passei os dedos novamente pelos fios. Ele abriu a porta da cabine e a luz resplandecente do sol de inverno invadiu. Caspian desceu primeiro, estendendo-me a mão. Ao colocar o primeiro pé em Inverness, a luz ofuscou meus olhos e o ar frio envolveu-me. Pouco a pouco, a paisagem tomou forma diante de mim. Estávamos em um local bem movimentado, às margens do rio, de onde vinha uma brisa fria. Fechei o casaco em volta de mim.

As pessoas iam e vinham, crianças corriam, provavelmente havia um mercado bem perto. O rio de águas escuras repousava tranquilo em seu leito, além dele montanhas de picos brancos escondiam-se no céu nublado sob o qual poucas aves voavam. Era belíssimo. Caspian acertava com o cocheiro enquanto ocupei-me com o entorno. O homem logo desceu a mala pequena e a cesta que estavam na cabine, cumprimentou-se e partiu.

—Que tal uma refeição adequada em um lugar quente? - disse Caspian, demonstrando animação e lançando-me um sorriso branco. A brisa balançou os cabelos dele e a luz do dia o iluminava, revelando traços do cansaço, mas de disposição também.

—Não via a hora de você dizer isso!

Caspian apanhou a mala, tomeiba cesta vazia, aceitei o braço que ele me ofereceu e caminhamos. Encontramos um estabelecimento não muito longe. Era um prédio antigo, como quase todos ali naquela parte, que funcionava como uma hospedagem. O ambiente era quente e aconchegante e quase não pude descrever quão agradecida eu estava pelo calor.

Concordamos em ir para a propriedade da família no dia seguinte. Por isso, falamos com o responsável da hospedagem ele nos cedeu seu mensageiro. A manutenção da propriedade, como dissera Caspian, acontecia de tempos em tempos, então, mandamos uma mensagem para sr. Willoughby, responsável pelo cuidado periódico da propiedade, avisando que chegaríamos amanhã pela manhã.

Tomamos café da manhã ali mesmo, aproveitando máximo possível. A opção de pagarmos por um quarto até o dia seguinte tornou-se mais adequado para manter a aparência de tranquilidade da nossa chegada. Parecer que chegamos às pressas como fois fugitivos não iria colaborar com a discrição que queríamos. O proprietário retornou quase ao mesmo tempo que terminamos a refeição.

—Seus aposentos estão prontos. - informou, cordial. - Os levarei até lá.

Caspian conseguiu disfarçar a pressa ao se colocar de pé. Durante o café da manhã o cansaço lamçara-se sobre ele de forma notável, e várias vezes mencionou o quanto precisássemos descansar. Segurei o riso e levantei-me. Seguimos pela escadaria de madeira até o segundo andar, para um quarto com lareira e janelas que davam para o rio. Tirei o casaco assim que ouvi a porta se fechar, sentindo o calor aconchegante. Tirei os sapatos e parecia que finalmente o sangue corria por lá. Cheguei-me à janela para espiar a rua. Tudo parecia belo e tranquilo, longe o bastante de qualquer perigo. Respirei fundo, o cansaço dominando cada pedaço de meu corpo.

—Fazia muito tempo que não ficava tão cansado. - confessou, tirando os sapatos, sentado na cama.

—Parei de contar todos os pontos que doem em minhas costas há três dias. - falei em resposta. Caspian riu, ficando em mangas de camiss. Deixei as luvas sobre a mesinha próxima a janela e briguei sozinha e brevemente com as partes mais pesadas da roupa que usava. Quando finalmente consegui, afastei as cobertas e deitei, sentindo a dor do relaxamento nas costas, fechando os olhos. Quando os abri, Caspian permanecia no mesmo lugar. -Você precisa descansar. - cantarolei, lembrando-o.

Ele pareceu despertar de seus pensamentos.

—Certamente. - concordou, então colocando-se também sob as cobertas. Assim que deitou, Caspian passou alguns segundos imóvel e de olhos fechados, deixando escapar um suspiro de paz. Eu ri. - Precisavamos disso. - constatou.

—Certamente. - respondi, brincando. Caspian sorriu e aproximou-se de mim. Cheguei para mais perto, aconchegando-me a ele quando Caspian me abraçou. Seus olhos sobre meu rosto chamou minha atenção. Seus olhos eram cálidos e tão aconchegantes quanto aquele abraço e mais que a própria lareira que crepitava à nossa frente. - O que foi? - perguntei baixinho, sorrindo de lado.

Caspian acariciou meu rosto, e trouxe seus lábios até os meus. Um beijo doce, demorado e lento. A barba que já nascia arranhava delicadamente minha pele. Minha mão tocou suas costas, acariciando-a por sobre a camisa até que o beijo findou em um suave estalo. Encontrei seu olhar bem próximo.

—Preciso confessar - disse ele, olhando-me fundo nos olhos. - O quanto estou feliz por estar com você. E por tudo o que viveremos juntos aqui. Eu a amo, Susana, você é o maior presente que eu poderia ter recebido e tenho certeza que serei muito feliz ao seu lado, porquê já sou e já fui.

Sorri, sentindo os cantos dos lábios contra minhas bochechas, com meu coração acelerando. Um sorriso suave se formou em seu rosto, antes mesmo de eu tocar-lhe o rosto.

—Também o amo, Caspian. - Contei-lhe mais uma vez. Então beijou-me mais uma vez.

Adormecemos alguns minutos depois, exaustos de toda jornada até ali. Dormimos aquele dia inteiro e nem a fome foi capaz de nos despertar até o doa seguinte pela manhã. Apesar de ainda sentir que precisava dormir mais, sentia minhas forças renovadas para mais um dia. Fizemos o desjejum na hospedagem e então, finalmente, seguimos ao nosso destino.

A propriedade era um pouco afastada da cidade, cerca de quarenta minutos. A cerca demarcava sua extensão mediana, repleta de árvores. Conforme nos aproximavamos do portão, a casa surgiu em nossa visão, toda em pedra, e a fachada dos dois andares era coberta pelos galhos secos de uma trepadeira. Havia um homem ao portão, que só podia ser sr. Willoughby. Caspian foi o primeiro a descer, estendendo-me a mão em seguida. O homem de meia idade e cabelos avermelhados sorria para nós, segurando as próprias mãos. O dia estava nublado e fumaça saía da chaminé principal.

—Senhor Kirke - disse ele, alegre, com o sotaque fluindo graciosamente. Fez um mesura ao acrescentar: - Senhora Kirke. É muito bom vê-los! Esperoque tenham feito boa viagem.

Caspian lambeu os lábios e sorriu.

—Aproveitamos o máximo que pudemos. - contou. - Mas enfrentamos muito neve.

—Certamente! Ainda não tivemos neve por aqui, porém acredito que não irá tardar.

O cocheiro entregou nossa mala e cesta aos pés de Caspian, e logo partiu.

—Senhor Willoughby - tornou Caspian, com um enorme sorriso, tocando-me o braço. - Permita-me apresentar minha esposa, Susana.

—Milady - ele repetiu a mesura. - É um imenso prazer.

—Igualmente, sr. Willoughby. - sorri-lhe.

—Sejam muito bem-vindos a Inverness! Deixe-me ajudá-lo com sua mala. - prontificou-se.

Guiou-nos para dentro, pelo caminho que levava até a casa. Haviam árvores próximas à casa, provavelmente para proteger do vento. A propriedade vizinha, conforme disse sr. Willoughby, era tranquila por estar distante. A horta não era utilizada há algum tempo, e o celeiro que havia atrás da casa estava obsoleto, porém, como a casa, a manutenção não precisava de ajustes. Contudo, ele ficara feliz em saber que a casa seria habitada novamente.

—Se permite-me perguntar, senhor. - disse ele quando abria as portas da frente. - Como vai semhor, Digory?

—Está ótimo. - respondeu Caspian, quando subíamos os três degraus da entrada. - Com saúde de ferro, como sempre.

—Fico muito feliz em saber! - respondeu. - Por favor. - indicou a porta aberta. Caspian deu-me passagem e agradeci ao entrar, sendo seguida pelos dois.

A casa era antiga, sem dúvida, bela e aconchegante por dentro como mostrava ser por fora. Os móveis haviam sido descobertos e a sra. Willoughby trouxera flores no dia anterior. Mostrou-nos a casa inteira e deixou a si e a sua esposa à nossa disposição. Ela, inclusive, preparara uma refeição para nós. Agradecemos e ele não se demorou a partir.

—Um bom homem. - falei para Caspian quando sr. Willoughby partiu.

—Sim. - concordou ele. - Meu pai confiou a ele o cuidado da propriedade desde muito antes da morte de minha mãe.

—Fez um bom trabalho. - concluí. Caspian assentiu, aproximando-se até segurar-me pela cintura.

—Cuidou muito bem da nossa casa. - disse, tirando-me um sorriso.

Caspian inclinou-se e beijou-me, minhas mãos mergulharam em seus cabelos, abraçando-o e beijando-o de volta. Quando o beijo cessou, Caspian tocou sua testa na minha e suas mãos deslizaram por meu braço até segurarem as minhas. Então ele se afastou de vagar, recuando em direção à escada sem tirar os olhos dos meus em um convite silencioso. Um frio percorreu meu corpo e o coração acelerou ainda mais quando aceitei seu convite em silêncio, caminhando logo atrás dele sem soltar sua mão, degrau após degrau


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Estamos tão próximos do fim que eu nem acredito! Apertem os cintos e continuem se cuidado, que Tale volta já já!
Beijinhos!!



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