Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 24
There's Someone Watching Us


Notas iniciais do capítulo

Hello, voltei com capítulo que inicia o momento "up", da fanfic ;D Capítulo dedicado a Barw, que me deixou uma recomendação muito linda! Obrigada de coração! ;D

Divirtam-se!



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Havia uma sensação estranha em voltar àquele lugar depois de tanto tempo e pensar que, antes do acidente, aquele era onde eu passava a maior parte do verão. Lembro de como aquela casa enorme parecia alegre, mesmo sendo habitada apenas por meus pais, os empregados e eu; o céu azul, o jardim cheio de vida... Eu poderia jurar que me via correr pelo jardim, ainda menina, brincando na terra com os amigos, enquanto meus pais e os pais deles observavam da varanda, tomando chá.

Sorri levemente com a lembrança do cheiro que tomava conta da casa. Abri os olhos lentamente. A vela sobre a escrivaninha estava pequena e sua chama oscilava, mas não sem me incomodei com ela, estava envolvida demais com minhas memórias ao ponto de não notar que o relógio marcava 3h e 45min da manhã e eu não havia pregado os olhos.

Suspirei dando mais uma olhada para o quadro acima da lareira. Aquele mesmo quadro daquela tarde de outono, tarde mágica, a mais mágica de toda a minha vida pois foi a primeira que passei ao lado do único homem que roubou meu coração, que conquistou-me de corpo e alma.

Caspian me magoara muito dispensando-me daquela forma tão rude, mas, mesmo dolorido, meu coração batia por ele. Era inevitável, mesmo ferida, eu ainda o amava. Respirei fundo saindo da frente da lareira e do quadro. Com passos pesados, levei meu corpo envelhecido pelo assoalho até a escrivaninha, sentando-me devagar na cadeira.

Abri a gaveta que havia ali, lá dentro, encontrei cartas antigas; vasculhando-as brevemente, entre tantas que Caspian endereçara a mim, a que Dash enviara logo que seu irmão fora embora, havia uma em especial que meu pai deixara para mim. As palavras contidas naquela carta mudariam tudo o que eu pensava sobre mim mesma, minha família e o motivo pelo qual fui prometida à Dash desde pequena.

Essa carta foi encontrada na casa de campo, mas não a princípio. Ela estava escondida, ou melhor, guardada, em uma das gavetas do escritório que meu pai mantinha naquela casa. Lugar no qual só fui dias depois de chegar.

Albert não levou-me para casa, para a minha casa, ele levou-me, a meu pedido, para a casa que Lilliandil ganhou de presente de casamento. A casa dela era tão grande quanto a minha e também ficava um pouco afastada da vila.

Havia uma movimentação nos jardins, empregados tentavam manter a neve longe da varanda e do caminho que levava a ela. Eu disse a Albert que poderia voltar a Londres, que eu estaria bem aqui e que não havia nada distante o suficiente para que eu não pudesse ir andando. Ele relutou, claro, mas acabou voltando.

Informei-me com os empregados e subi até o segundo andar, indo para o quarto que eles me indicaram. Bati na porta e logo escutei o som da mesma sendo destrancada e aberta. Lilliandil apareceu ali e me lançou um sorriso.

—Por que você está trancada? - perguntei, quando ela me puxou para dentro, fechando a porta rapidamente.

—Por que estou experimentando o vestido. - explicou.

—E qual o problema?

—Corin quase viu o vestido hoje, não posso arriscar. Pode fechar para mim?

—Hum – concordei e fechei os botões de pérolas em suas costas. Estava quase terminando quando ouvimos uma voz.

—Você está linda, Lily.

—Ah! - ela gritou puxando a colcha da cama e tentando cobrir-se.

—Corin, saia já daqui! - eu tentava empurrá-lo para fora do quarto enquanto ele fazia de tudo para entrar, morrendo de rir, e Lillian bagunçava a cama toda tentando esconder-se debaixo dos lençóis.

—Corin, o que está fazendo? Quer acabar com o seu casamento antes mesmo de ele começar?!

Aos poucos Corin foi cedendo aos meus empurrões e saiu pelo corredor, rindo. Bati a porta e tranquei para não correr esse risco de novo.

—Viu?! Viu?! Ele faz isso de propósito! - acusou Lilliandil, irritada.

—Ele só está brincando, Lilly, fiquei tranquila. - tentei acalmá-la, soltando-a dos lençóis.

—Su, como eu posso ficar calma? Ele é o noivo, não pode ver a noiva com o vestido antes do casamento! - insistiu ela, levantando-se.

—Então acho melhor não vesti-lo até o dia do casamento. - aconselhei. Lilly abriu um sorriso radiante.

—Mas ele ficou lindo, não ficou?

Sorri de volta.

—Ficou sim, muito lindo.

Então comecei a ajudá-la a retirar o vestido e vestir o vestido normal azul. Depois de nos assegurarmos de que o vestido estava são e salvo dentro do armário, nós destrancamos a porta e saímos, mas Lillian fez questão de trancar o quarto pelo lado de fora e guardar a chave no decote. Encaminhamo-nos para as escadas e descemos para o primeiro andar conversando sobre doces, quando uma voz chamou nossa atenção ao chegarmos no fim da escada.

—Ora, achei que só a veria no fim de semana! - Dash estava na sala de estar com Corin. - Como vai, Su? - ele beijou minha mão levemente, como sempre fazia em público.

—Muito bem, obrigada. - era o tipo de frase que eu já me acostumara a usar.

—E você, futura senhora Anvard? - ele beijou a mão de Lillian.

—Bem, obrigada. - ela sorriu.

—Tudo bem, agora você pode sair de perto da minha noiva. - brincou Corin. Nós rimos.

—Você me deixou surpresa, Dash, Corin me avisou que você só chegaria sexta-feira. - disse Lillian.

—Sim, mas decidi vir antes para ajudar no que for preciso, se você não se incomodar, é claro.

—De forma alguma! Acho bom que esteja aqui, assim pode manter Corin bem longe do meu vestido de noiva. - brincou ela, nos fazendo rir.

—Conte comigo, eu o mantenho na linha.

—Bom, aproveitando a presença de você e de Susana, me acompanhem até a cozinha, quero saber a opinião de vocês sobre os doces.

Ela levou-nos pela mãos em direção a cozinha falando sobre os doces que escolhera para a festa.

 

[…]

 

Dash e eu provamos inúmeros doces naquele dia, numa divertida brincadeira na cozinha de Lilliandil. Nós quatro nos divertimos muito, como eu nunca havia me divertido desde aquele domingo onde tomamos banho de chuva.

No fim da tarde, Dash se ofereceu para acompanhar-me até em casa. Eu aceitei de bom grado porque, além de Dash ter se revelado uma ótima companhia, o caminho até lá era uma estrada estreita e deserta que ia pelo meio do bosque. Nos despedimos de Lillian e Corin e fomos caminhando de braços dados; saímos da vila, pegando a estrada principal e dobrando para a esquerda na estrada de terra com a suave camada de neve, que penetrava o bosque. Teríamos que ser rápidos pois já estava escurecendo e a estrada não era totalmente iluminada, fora o fato de que ficava cada vez mais frio.

Fomos caminhando com uma conversa viva e cheia de risadas. Dash conseguia me fazer rir de um jeito que nenhum dos meus amigos conseguia, eu não posso negar que estimava muito sua companhia. Confesso que apenas seu irmão conseguira fazer-me sentir mais viva, mas Dash possuía um toque a mais. Ele, talvez, não pudesse fazer isso como seu irmão fazia, mas Dash me fazia sentir querida, especial... Ele curava a ferida de meu coração.

E eu começava a pensar que uma vida ao seu lado não seria de todo ruim. Ele estava provando que merecia uma chance.

A hora de nos despedirmos chegou assim que paramos em frente a mansão, no gramado que agora se tornara branco por causa da fina e falha camada de neve, o sol já estava se pondo e sua luz saía por trás das nuvens, as árvores estavam com poucas folhas, havia uma brisa suave e fria e o lampião em frente a casa que os empregados devem ter acendido antes de irem.

Houve um breve silêncio entre nós e eu fui atingida por aquela sensação estranha de estar sendo vigiada. Ignorei isso.

—Er... Bem, a senhorita está entregue. - ele sorriu. Sorri de volta.

—É... - eu olhei para o bosque. Não havia ninguém lá.

Voltei meu rosto para Dash, mas assim que virei nossos rostos estavam bem próximos, já que ele me daria um beijo na face. Paramos abruptamente, mas já era tarde.

Eu podia sentir sua respiração suave afagando meu rosto, sua mão tocava minha face por dentro das luvas, seus olhos olharam fundo nos meus e vi-me hipnotizada por aquela imensidão esverdeada e bela... Seus lábios tão perto... Dash se aproximou mais e eu senti a ponta de seu nariz roçar a minha antes de nossos lábios se tocarem.

Senti uma nova sensação percorrer cada pedação do meu corpo por causa daquele beijo suave, gentil e estático; senti meu coração apressar-se ainda mais, porém, tive novamente a sensação de estar sendo vigiada, dessa vez mais forte, como se alguém observasse aquela cena de não muito longe. Interrompi do beijo.

—O que foi...? - perguntou Dash, ainda próximo.

—Parece que tem alguém nos vigiando... - comentei, olhando para o bosque e Dash me imitou. Não sei se foi impressão minha, mas vi um vulto rápido esconder-se atrás de uma das árvores. Balancei a cabeça levemente. - Mas deve ser imaginação minha! - sorri, voltando a olhar para Dash, mas ele tinha o queixo trincado e os olhos fixos no bosque. - Está tudo bem? - perguntei. Seus olhos voltaram a mim e sua expressão mudou. Ele sorriu.

—Melhor impossível, um dos meus sonhos se realizou. - desconversou e eu corei mesmo assim. - Até logo, Su. - dessa vez beijou-me a face.

—Até logo. - sorri, indo em direção a porta e acenando antes de entrar. Dash acenou de volta, sorrindo largamente e eu fechei a porta. Fui até a janela mais próxima e olhei através da brecha da cortina para vê-lo ir, mas, para minha total surpresa, Dash correu para o bosque.


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Notas finais do capítulo

Suspense, suspense! hehe Bom, eu fiz uma modificação na sinopse da fic, acrescentei uns novos trechos ;)
Mais uma vez obrigada a Barw! De coração!

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