O Guardião escrita por tsubasataty


Capítulo 5
Capítulo 5




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-V-vim te presentar alguns moradores – porque essa sensação tinha que aparecer mais uma vez?! Não era à toa que queria ter ficado quieto no meu canto...

-Olá – Melissa disse, num sussurro quase inaudível.

Esperei. O que eram aquelas respirações cortadas e todo aquele silêncio atrás de mim? Será que eu não era o único que tinha aquela sensação quando a via então?!

-Olá! – Ana e Clara se fixaram ao meu lado – Nós moramos neste andar também, apartamentos 201 e 204.

-Clara e Ana? – Melissa perguntou.

-Ah,sim, sim. – Ana concordou.

Lancei um rápido olhar em volta. Aquela primeira sensação de medo já havia sumido do rosto de todos.

-Deixo com vocês agora – sussurrei para Clara.

E então, sem esperar uma resposta, eu parti. Desci as escadas ouvindo a conversa acima de mim ficar cada vez mais distante.

Eu só queria ir para casa, aproveitar o que me restava daquela quarta-feira.

Banho, janta, TV e dormir. Minha rotina diária que hoje parecia não ter sentido.

E foi sentado no sofá, procurando inutilmente por um canal que me agradasse que me peguei pensando em retornar ao 202, só para ver o que acontecia ali...

Passei um bocado de tempo raciocinando, analisando os prós e contras mesmo sem ter noção de quais eram todos eles.

Me levantei do sofá.

Caminhando até a porta, parei por um instante com a mão na maçaneta antes de finalmente sair do apartamento. Eu morava no Bloco B; Melissa no A. Bastava apenas cruzar o estacionamento e subir alguns degraus para vê-la novamente.

E foi isso que fiz, mesmo um pouco relutante.

A beleza encanta, hipnotiza. E você fica a mercê dela, como se fosse uma droga na qual não consegue mais viver sem. E foi isso que aconteceu comigo. Melissa se tornou minha nova droga. Uma droga que eu precisava apenas ver para me sentir vivo de novo.

Subi os degraus e cheguei rapidamente ao segundo andar. Alguma coisa estava errada. Não tinha mais ninguém ali, nenhuma luz ou pessoa habitava mais o corredor.

Fiquei sem saber o que fazer.

Será que já haviam se passado mais tempo do que eu tinha imaginado?! Olhei mecanicamente para o pulso, no entanto eu estava sem relógio.

E se tivesse acontecido algo com Melissa?! Pensei com horror comigo mesmo – e a culpa seria unicamente minha, por tê-la deixado sozinha com todos aqueles moradores. Não que eu desconfiasse de algum deles, mas só esse pensamento me corroeu por dentro.

Sem nem pensar direito, bati na porta de seu apartamento. Ela abriu-se quase instantaneamente.

Uma onda de alívio me atingiu quando vi que ela estava ali.

-Oi – falei sem jeito, fugindo do silêncio.

-Oi, Alex – Melissa sorriu.

-Então... – olhei em volta – Gostou dos seus vizinhos?!

-São muito interessantes. – Ela escondeu alguma coisa por trás daquelas palavras. Algo que eu não fui capaz de descobrir naquele instante.

Baixei os olhos para encará-la. Ela era tão pequena que nem sequer alcançava meu ombro. E eu nem era tão alto assim.

-Você já jantou? – ela perguntou. – Porque me deram de presente tanta comida que tenho medo disso tudo estragar e ter que jogar os presentes fora.

-Está me convidando pra jantar...? – perguntei receoso; meu cérebro se contorcendo num nó cego.

-Aham – ela assentiu num gesto infantil.

-Ok, então...  

Se eu fiquei triste ou alegre com aquele pedido? Jamais descobri a resposta.


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