Capítulo Cinco

O clima pesou, pois todos os amigos de Cameron presentes sabiam que Meredith já fora namorada de Cameron – até já a conheciam -, e os dois não terminaram muito bem. E claro, ficaram ainda mais tensos pelo fato que a expressão que exibia em meu rosto deveria ser catastrófica, qualquer coisa entre “vocação assassina” e bem..., “vocação assassina”.

Okay, eu não a odeio só porque ela já foi a ex do Cameron, eu a odeio porque quando eles namoravam ela era uma vadia comigo: implicava comigo, implicava com minhas roupas, com meu jeito de falar, com minha amizade com Cameron... Principalmente com a minha amizade com Cameron. E claro, a odeio – como qualquer namorada – porque ela fora a ex dele.

Meredith sorriu. Um sorriso falsamente genuíno, como se ela fosse a pessoa mais doce do mundo e estivesse super feliz em estar aqui.

– Hey, galera. Essas são Katherine – Meredith apontou para uma garota ao seu lado direito, de cabelos negros e olhos verdes que tinha certeza que eram lentes, que usava uma roupa muito parecida com a de Meredith – e essa é Valerie – Meredith apontou para a garota a sua esquerda, que tinha grades cachos cor de chocolate e olhos ambarinos, com uma roupa quase idêntica da outra garota.

O mesmo sorriso que Meredith exibia, as suas guarda-costas copiaram e implantaram em seu próprio rosto.

Mentalmente, revirei os olhos.

Em menos de trinta segundos Meredith sentou ao lado de Cameron – que tinha a expressão no mínimo nervosa – e tentava uma conversa amigável com ele, e as outras duas garotas que a acompanhavam já foram falar com os amigos de Cameron, trocando flertes indecentes na maior cara de pau.

Vadia!

Ah, não estou falando das duas garotas – Katherine e Valerie -, mas sim da Meredith que acabou de contornar os lábios de Cameron com o dedo indicador com a desculpa que havia algo ali.

Cerrei os punhos ao lado do corpo, segurando-me para não partir pra cima dela e lhe socar o rosto. Pois ah!, como eu queria fazer isso.

Um garçom veio nos atender e rapidamente anotou nossos pedidos, trazendo minutos depois as bebidas.

Segurei meu copo com Coca-Cola com força, tão forte que os nós dos meus dedos começaram a ficar brancos, e isso só pra não estragar o almoço de todos com a briga que queria causar.

– ...Se lembra daquela vez em que eu e você fomos pegos... –Dizia Meredith, quando simplesmente me levantei com meu copo de refrigerante intacto na mão e segui em sua direção.

Eu não precisava mais escutar ela falando de todos os momentos em que os dois passaram juntos, as coisas incríveis que ele fazia por ela, em todo aquele blá, blá, blá...

Então eu, que sou uma pessoa muito calma, só imagina o que fiz.

Parei em sua frente, com um sorriso falsamente grande e com uma ponta de sarcasmo.

– Sabe, acho que de tanto falar deve estar ficando com sede, não é Meredith? Então, como sou uma ótima pessoa, vim lhe trazer algo pra beber.

– Ah, eu não...

Então, eu simplesmente joguei todo o conteúdo que tinha dentro do copo em cima da cabeça dela, estragando completamente o que eu tinha certeza que era babyliss.

O rosto dela assumiu um tom de vermelho irreal, e com os punhos travados ao lado do corpo ela se levantou fulminando-me com o olhar.

Simplesmente dei as costas, indo em direção às portas de entrada da lanchonete. De relance vi Lucy ameaçar levantar-se e vir comigo, mas simplesmente lhe lancei um olhar que queria dizer que ela devia continuar a sua conversa com Thomaz, em seguida sorri referente ao seu apoio.

Ela deu um sorriso amarelo de volta.

Segui meu caminho rumo à Irmandade.

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– Leana, tem um pedido pra entregar na mesa sete – informou-me Natalya, a gerente do restaurante que trabalhava.

Ah é, depois que realmente decidi ir para a faculdade de artes, minha mãe até tentou convencer meu pai, mas ele é teimoso e não aceitava de jeito nenhum. E na nossa última briga ele disse que jamais me ajudaria com essa loucura, então eu como sou na maioria das vezes orgulhosa, disse algo como “Eu jamais sequer aceitaria sua ajuda!”, então bem, eles – leia-se: minha mãe – até tentaram mandar dinheiro pra mim só que eu simplesmente recusei, então tive que arrumar um trabalho. E agora cá estou eu, trabalhando em um restaurante.

Caminhei até Natalya, que me entregou a bandeja com os pratos mais caros do restaurante, dos quais eu achava os preços abusivos.

Passei pelas portas de correr da cozinha e logo me encaminhei em direção à mesa sete, o porém foi que na mesa sete estava nada mais nada menos que Meredith e algumas pessoas que eu não fazia ideia quem eram.

Estaquei por um momento, em seguida dando um suspiro e deixando a minha expressão imparcial.

Definitivamente, eu tinha a certeza que assim que ela visse que era eu, acharia um jeito de me envergonhar na frente de todo o restaurante, quem sabe até mesmo ser despedida.

Com cuidado pra que ela não visse meu rosto e me reconhecesse, entreguei os pedidos e rapidamente ia saindo quando o que eu mais desejava que não acontecesse, aconteceu.

– Leana? – Chamou-me Meredith.

Virei-me lentamente, com um sorriso sarcástico no rosto.

– Quer mais alguma coisa Meredith?

Ela deu um sorriso maldoso, pegando a garrafa de cerveja que um de seus amigos bebia e jogando-a no chão, fingindo que iria beber.

Cacos de vidro saltaram para todos os lados enquanto criava uma poça de cerveja no chão.

– Ops. Acho que agora você vai ter que limpar essa bagunça – disse ela inocentemente, com um sorriso zombeteiro nos lábios.

Controlando-me para não soltar um grito e tudo o que estava entalado em minha garganta, fui ao depósito do restaurante e peguei tudo o que precisaria para limpar aquela bagunça.

Recolhi os cacos e quando estava prestes a limpar a cerveja derramada, senti algo gelado molhar a minha cabeça e escorrer pelas minhas costas.

Vi Meredith lançar-me um sorriso maldoso.

Meu sangue ferveu e estava me segurando para não explodir.

Respirei profundamente, cerrando os punhos ao lado do corpo.

Cinco...

Quatro...

Três...

Dois...

E...