Capítulo Três

Tenho certeza que eu devo ter colado chiclete na cruz, só pode!

Em um ótimo momento estamos Cameron e eu, juntinhos, abraçados, num daqueles momentos, e então, no instante seguinte aparece do nada a última pessoa que eu queria ver na face da Terra.

Se você, nem que seja por um mísero segundo pensou que era aquela garota que o Cameron namorou quando eu descobri ser apaixonada por ele, acertou em cheio.

E agora eu penso: O que diabos essa vadia está fazendo aqui?!

Sinceramente, isso mais parece coisa de novela.

Meredith se aproximou, com seu tão frequente sorriso gentil – falsamente gentil, diga-se de passagem – e a pose elegante, exatamente como uma garota da alta sociedade deveria se portar. Apesar de que eu acho a coisa mais idiota do mundo andar salto alto toda a hora, principalmente em uma praia como ela está fazendo.

Ela é aquele típico estereótipo de garota rica: mimada no último e que todos querem ser igual, que acha que pode ter tudo o que – e quem - quiser com um estralar de dedos sem se preocupar com as consequências, que nunca vai precisar se esforçar em nada. Aquele tipo de garota que faz de tudo, machuca a quem machucar, só pra conseguir o que quer.

Aquele tipo de pessoa que eu terminantemente odeio.

– Olá Cameron. Olá... – Sua frase morreu ao pousar os olhos sobre mim, claramente duvidando que eu fosse alguma conhecida sua. Ela olhou-me de cima a baixo, avaliando-me e torceu o nariz.

Definitivamente, eu odeio-a.

Cameron deu um sorriso nervoso.

– Oi Meredith. Lembra-se da Leana?

As sobrancelhas dela se juntaram em uma expressão pensativa, em seguida seu rosto se iluminou ao se lembrar.

– Ah, aquela garota que sempre se metia em nossos momentos – comentou levianamente, dando-me um olhar venenoso.

Travei os punhos ao lado do corpo, pronta para dar um belo soco no rostinho dessa perua que faria uma linda marca roxa. O que com certeza a faria entrar em desespero.

Controlei-me, em seguida dando-a um sorriso maldoso.

– E você é aquela vadia que ele chutou.

O rosto dela ficou rubro de raiva, e seu eu pudesse ler pensamentos, teria certeza que ela me matava em sua imaginação.

– Quem você pensa que é pra falar assim comigo?! – Indagou furiosa.

– Eu? Nada de mais. Só a namorada dele. – Outro sorriso maldoso.

Por um momento a vi perder a reação e ficar somente me olhando com cara de boba, mas então no momento seguinte ela respirou fundo e deu-me um olhar arrogante.

– Andou baixando o nível hein Cameron.

Cerrei os punhos, pronta para levantar-me de onde estava e partir para a briga – o que só a faria ter um álibi para me chamar de baixo nível -, mas Cameron rapidamente segurou uma de minhas mãos e a apertou em uma mensagem silenciosa de “acalme-se”.

Respirei fundo planejando mentalmente uma resposta à altura, porém nada me vinha à mente.

– Na verdade, acho que estou muito melhor agora do que jamais estive – disse Cameron categoricamente.

Segurei-me muito para não soltar uma gargalhada ao ver a cara que Meredith fez.

Ela respirou fundo, recompondo a postura altiva.

– Foi bom reencontrá-lo Cameron. – Sorriu. - A você também Leana. – E com um último olhar dirigido a mim como quem diz “ainda não acabou”, ela saiu a passos lentos e cuidadosos pela areia até duas garotas.

Virei meu rosto em direção à Cameron que simplesmente sorriu pra mim, depositando um beijo doce em meus lábios.

Instantaneamente sorri feito uma boba apaixonada.

Definitivamente, isso não combinava com a minha imagem. E eu não estava dando à mínima.

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O carro parou.

Rapidamente passei os olhos pela fachada da Irmandade que morava a alguns dias, vendo que qualquer luz estava apagada. Virei-me para Cameron, que sorria.

Ele simplesmente colocou sua mão na minha nuca e puxou-me para perto, até poder selar seus lábios nos meus.

– Boa noite – disse contra minha boca.

– Boa noite – respondi-lhe do mesmo modo e com mais um sorriso, saí do carro.

Abri a porta da casa e entrei, mas antes de fechá-la olhei para a rua só a tempo de ver Cameron partindo. Tranquei a porta, tirando minha rasteirinha enquanto seguia em direção as escadas e as subia. Assim que abri a porta do meu quarto vi algumas malas espalhadas pelo lugar, até meu olhar pousar sobre a garota que dormia – que pela parca luz não consegui distinguir seus traços – na cama que seria para a minha colega de quarto, logo deduzindo se tratar dessa garota.

Sem fazer barulho, troquei de roupa e logo fui para de baixo das cobertas.

Peguei meu telefone, olhando o horário no visor e vendo que já se passava das duas da manhã e eu nem havia notado.

A fogueira, após a “pequena intromissão” de Meredith havia sido tranquila. Assamos marshmallows, rimos, escutamos músicas ao som do violão, como deveria ter sido desde o início. Foi divertido, apesar de que eu deveria ter olhado a hora á umas duas horas atrás e vindo pra casa, afinal amanhã eu tenho aula às sete e meia.

Soltei um suspiro, pegando meus fones de ouvido e deixando que uma música calma fluísse por eles e me acalmasse.

Fechei os olhos, já sonolenta.

Os acordes da guitarra soaram ainda mais suaves, tão leves que pensei que fossem irreais, mas então a música continuou.

Em menos de dois minutos – meu tempo recorde – adormeci.