Capítulo Um

– E agora, dêem boas-vindas aos novos alunos da nossa faculdade pessoal – disse em um microfone uma mulher que aparentava seus quarenta e cinco anos, com o cabelo ruivo cortado rente a raiz e olhos ambarinos, vestindo um terno feminino ao estilo advogada.

A multidão ao nosso redor explodiu em palmas, como se isso fosse algo incrível, porém no rosto de cada um só se via tédio.

Cameron me abraçou pelas costas com força.

Senti seus músculos tensos e soube no mesmo instante que ele estava nervoso.

– Não se preocupe. Você vai se sair bem – reconfortei-o, envolvendo meus braços nos seus.

Ele soltou um suspiro pesaroso, olhando para o lugar onde a mulher – que eu acho se tratar da diretora – estava; quase como se não quisesse que eu notasse que ele duvidava de si mesmo.

– Cadê sua autoconfiança? Não era o senhor fodástico?! – Retorqui com sarcasmo, dando um meio sorriso.

Ele estreitou os olhos em minha direção, parecendo um felino prestes a atacar.

Não consegui evitar uma risada.

– Podem se dirigir cada um para sua casa, ou no caso de alguns, Irmandade. – E com um sorriso de despedida, a mulher desceu do pequeno palco improvisado e seguiu em direção à parte fechada do campus, onde ficavam a salas, tanto de aula como a dos professores e afins.

Os alunos lentamente começaram a se dispersar.

– Tenho que ir arrumar minhas malas. Elas ainda estão completamente bagunçadas – disse sorrindo para Cameron, que estava com as feições pensativas até sorrir do nada.

– Pra que arrumar as malas? Você vai bagunçá-las de novo – gracejou.

Revirei os olhos.

– Preguiçoso – disse.

– Marrenta.

– Idiota.

– Grossa.

– Cretino – falei, separando-me de Cameron e o olhando de modo superior.

– Infantil – disse ele furiosamente, enlaçando minha cintura e me puxando para perto, selando nossos lábios antes mesmo de eu conseguir pronunciar uma palavra. – Nos vemos mais tarde? – Perguntou, com um sorriso maroto despontando seus lábios.

– Claro! Mas se acha que pode fazer isso a hora que quiser só pra me impedir de te xingar, está muito enganado – disse dando o meu melhor olhar sério a ele que nem sequer se importou.

Mais uma vez senti seus lábios pressionando suavemente os meus, soltando-me e deixando que eu finalmente voltasse para a Irmandade a qual moraria nos próximso anos.

No meio do caminho, olhei por cima do ombro e vi que ele continuava ali, olhando-me partir.

Joguei-me na cama, exausta.

Finalmente havia terminado de arrumar as minhas coisas. Agora só faltava a minha colega de quarto chegar de viajem e arrumar as suas.

Levantei a minha cabeça do travesseiro e dei uma olhada rápida no quarto, vendo as duas camas de solteiro, as mesinhas de cabeceira, os guarda-roupas e algumas prateleiras pintadas de vermelho que davam cor à parede branca estéril.

Peguei a minha toalha dentro do guarda-roupa e fui em direção ao banheiro, que estava estranhamente vazio. Aliás, a casa inteira estava estranhamente silenciosa, principalmente para o fato de que ali, moravam outras dezoito garotas.

Com um menear de cabeça, entrei no banheiro e só saí cerca de meia hora depois, completamente molhada.

Voltei para o quarto, vestindo uma calça jeans escura e uma camiseta preta do Slipknot por cima da lingerie branca, em seguida secando meu cabelo com a toalha e o penteando.

Joguei-me na cama outra vez, ativando a playlist do meu telefone e deixando que ela tocasse livremente enquanto simplesmente olhava para o teto.

Mesmo em meu estado semiconsciente, senti alguém se deitar ao meu lado em minha cama, passando os braços pela minha cintura e puxando-me para si.

Lentamente abri um dos olhos, deparando-me com Cameron com um sorriso travesso nos lábios.

– O que você já está aprontando? – Indaguei grogue, piscando freneticamente os olhos para me acostumar com a claridade.

– Nada não. Só que eu pensei que já que todos estão na fogueira à beira da praia, achei que nós também deveríamos ir.

– Cameron...

– Nem vem estraga prazeres. O que pode haver de mal nisso?!

– Cameron, a primeira aula que teremos na faculdade será amanhã de manhã. Não acredito que deixará uma boa impressão se aparecer como se estivesse de ressaca.

Ele revirou os olhos, entediado.

– Você é certinha demais, sabia? Cadê aquela garota que tinha sede de aventura e adorava quebrar regras?!

– Ela cresceu. E você também deveria. – Dei um sorriso maldoso.

Novamente, ele revirou os olhos. E quando pensei que ele fosse dizer algo, ele simplesmente mordeu o lábio inferior e me olhou como um cachorrinho abandonado.

Golpe baixo.

Desviei os olhos, mas mesmo assim ainda conseguia sentir Cameron me olhando da mesma maneira.

– Okay. Okay. Você venceu.

Ele abriu um sorriso convencido.

– Mas você vai ter que me prometer que não ficará bravo comigo por uma coisa.

– O quê? – Indagou, franzindo o cenho.

– Isso... – E sem aviso, empurrei-o da cama, fazendo com que ele caísse com um baque surdo no chão.

Ele me fuzilou com o olhar.

Ri. Não, gargalhei.