Lara viu que o homem que estava em sua frente era idêntico ao homem do templo, no escuro era difícil notar as diferenças que existiam entre os irmãos Dante e Vergil.

            - Parece que você está mais engraçadinho que no nosso último encontro, quem é você? Talvez agora você me responda... – ela usava um tom desafiador para o homem a sua frente, mas diferente do último encontro ela não se sentia pesada perto do homem que ela acreditava ser Vergil.

            - Último encontro? Deveria estar bêbado, me desculpe não me lembro de você! Pelo menos eu continuo tendo bom gosto mesmo bêbado. – Dante riu. Divertia-se de ver a mulher quase explodindo na sua frente, apesar de toda a situação, ele continuava com as armas apontadas para Lara.

            - É impossível que os dois sejam a mesma pessoa – ela sussurrou.

            - O que você disse...?

            De repente um barulho de latas caindo... Um vulto enorme e negro segurando uma foice, a única coisa visível do ser eram seus olhos vermelhos. Tanto Lara e Dante apontaram suas armas para o demônio que surgia. O demônio parecia estar se divertindo da situação, soltou uma gargalhada assustadora. Lara começou a atirar, estava obviamente perdida, mas preferiu não perder mais tempo pensando e preferiu agir, “as perguntas ficam pra depois”, pensou. Dante já estava acostumado com isso, a rotina de sempre, “obvio que esse demônio sentiu a presença da mulher”

            Tirou sua espada Rebellion das costas, pulou na parede para conseguir impulso e com um único golpe cortou o ser das trevas em dois. Lara sentiu o demônio desaparecendo e Dante caindo em pé na sua frente.

            - Ótimo golpe. – disse com frieza.

            - Por que essa cara? – sorriu.

            Dante pôde ver o rosto de sua “inimiga”, era uma humana, não havia qualquer traço de que fosse um demônio ou semi-demônio. Ele podia sentir isso.

            - Você não vai me dizer quem é? – Lara continuou a interrogar – Você... Você estava no templo atrás da mata? – e apontou para o lugar de onde havia saído, não estava mais apontando sua arma para Dante.

            O sorriso desapareceu do rosto de Dante, ele olhou para baixo pensando no que Lara havia dito. Ele sabia de quem ela estava falando, de seu irmão. Isso não era bom.

            - Vergil – sussurrou.

            - Quem? – Lara se aproximou

            - Esquece. Pelo visto está tudo terminado aqui – Dante saiu sem olhar para trás, deixando Lara com mais dúvidas.

            Nas últimas horas ela havia resistido à um ataque do deus Seth, de um desmoronamento e Werner havia perdido perdão para ela. Estava no Egito e de repente se encontrava num lugar desconhecido, com pessoas estranhas e monstros que pulavam do vazio. Era demais para ela. Precisava de respostas e iria encontrá-las agora, independente do que fosse capaz de fazer.

            - Espere um pouco, você não vai simplesmente sair, eu quero respostas... AGORA! Não me venha com desculpas, eu não te conheço, não conheço esse lugar, mas não saio daqui sem uma boa explicação! – Lara estava irritada, havia destravado suas pistolas e agora apontava para Dante.

Dante havia parado... Mas após um suspiro continuou a andar.

            Lara estava decidida, sem pensar duas vezes, acerta um tiro na perna de Dante.

            Ele tomba, mas logo em seguida levanta-se.

            - Você deveria ser mais delicada, isso doeu.

            - E você vai continuar andando? Eu te dei um tiro na perna!

            - Óbvio, como eu estava fazendo.

            Lara atira novamente, dessa vez nas costas, já havia perdido a paciência há muito tempo. Dante cai novamente, Ela se aproxima.

            - Eu não queria fazer isso, mas parece que você não me escutou.

            - Linda, eu achei que você não teria coragem.

            Lara se vira e vê que Dante estava na sua frente, em pé, como se nada tivesse acontecido. Sua cara de espanto era visível.

            - Você deveria estar morto!

            - É eu deveria... Mas adivinha? Eu não estou. Qual é a surpresa?

            - Você não é um humano... É impossível.

            - Digamos que você está no caminho certo... – Dante fala com um sorriso sarcástico.

            - Eu já vi muita coisa estranha, mas confesso que estou chocada, tudo aqui é anormal?

            Dante simplesmente ignora o comentário de Lara e continua andando.

            - Mas que diabos é você? – ela grita

            Dante suspira:

            - Que dia ótimo, peguei uma mulher com mania de perguntas... Olha, depende do seu ponto de vista... – ele nem mesmo continua a falar, vê que Lara não iria desistir tão cedo, continua andando sabendo que ela o seguiria.

            Lara continua seguindo Dante. Aquilo tudo já estava passando do limite.

            “Que sujeito mais infantil”

            - Que demora Dante! Primeira vez que... – Lady olha para trás e vê Lara que está a poucos metros de Dante – Ahh, era isso que você foi ver? – Lady aponta sua arma para Lara, que não se intimida.

            Dante suspira e simplesmente vai embora.

            - Ei!O que eu faço com ela?

            - Sei lá... Arranja um lugar pra ela ficar.

            - Isso é ridículo... – Lara suspira – E você quem é?

            - Eu ia fazer a mesma pergunta a você.

            Lady não dá muito tempo para Lara responder.

            - Seja lá quem você for não pode ficar por aí andando sozinha.

            Lara não gosto muito do jeito que aquela mulher falava com ela, parecia que estava dando conselhos a uma adolescente.

- Você é daqui?

            - Não, eu literalmente caí aqui. Não me faça muitas perguntas, porque é tudo muito confuso para mim, eu estava presa em uma pirâmide no Egito, descobri um portal que me trouxe para cá.

             Lady olhou para Lara como se esta estivesse falando outra língua – Eu não entendi muito o que você disse, mas eu acredito que posso confiar em você, senão o Dante já teria te matado a mais tempo.  Se você não tiver um lugar, eu posso te mostrar um para ficar, até tudo ficar mais claro na sua cabeça. A propósito meu nome é Lady.

            - Lara Croft, então ele se chama Dante... Ele não me disse seu nome.

            Lady sorriu pela primeira vez, era uma mulher muito bonita, com um ar quase juvenil, Lara observou que seus olhos não eram da mesma cor, o que lhe dava um ar ao mesmo tempo sensual e assustador.Suas roupas a faziam parecer uma adolescente, apesar da arma gigantesca que carregava.

            - O Dante é um sujeito legal,apesar de...esquece

            - Lara arregalou os olhos para Lady, mas não fez mais perguntas, era melhor não irritar a jovem logo agora. - Moto bonita. Adoro motos. – sorriu.

            - Obviamente você só vai olhar para a minha moto, nem sonhe em tocar nela.

            As duas subiram na moto e partiram para o local que Lady achava que Lara estaria segura.

            - Vou te levar para um lugar seguro, é uma loja, chama-se Devil May Cry, é do Dante, ele mora e trabalha lá. Tenho certeza que ele não vai se irritar.

            - Eu não quero mais problemas por hoje Lady.

            - Não se preocupe, vai dar tudo certo, eu posso lhe emprestar alguma roupa minha, você está péssima, assim você descansa e amanhã a gente vê o que pode fazer por você.

            - Obrigado Lady. Posso te perguntar uma coisa?

            - Se puder ajudar.

            - Quando eu estava tentando saber onde estava, encontrei um sujeito muito parecido com esse Dante, ele não me disse seu nome, foi um pouco grosseiro, mas apesar de tudo não me fez nada de mal, simplesmente sumiu. Quando falei ao Dante que ele era idêntico a esse sujeito, ele sussurrou um nome... Vergil... Você sabe quem é ele? – Lara estava extremamente interessada em saber detalhes desse Vergil, ela estava de certa forma fascinada com aquele homem estranho que havia encontrado, mas achou melhor omitir essa parte.

            - Infelizmente eu não posso te ajudar Lara, eu só sei que ele é irmão gêmeo do Dante e... – Lady achou melhor não falar que Vergil era perigoso, ela não conhecia muito o irmão de Dante, mas também sabia de algumas histórias relacionadas à ele – só sei disso. Acho melhor, por enquanto, você ficar dentro da loja, apesar de você parecer durona, aqui as coisas não são tão fáceis assim. Pelo menos até nós descobrirmos mais sobre tudo o que está acontecendo e saber mais sobre você também.

            A cidade era muito bonita, havia prédios belíssimos, e jardins que mesmo no escuro pareciam lindos. Lara estava encantada e assustada com tudo aquilo, mas não podia negar que a cidade era maravilhosa, muito mais bonita que diversas cidades que já havia conhecido.

            - Chegamos.

            Lady parou a moto na frente de uma loja, uma escada levava até a entrada. Uma placa vermelha estava pendurada logo acima da entrada “Devil May Cry”

            - Nome sugestivo – Lara disse apontando para a placa

            Lady apenas riu.