A morte dela ainda o perturbava tanto... Noites e mais noites deitado em sua cama, imaginando o que teria acontecido se ela não tivesse partido, se ele não tivesse dito nada, se ela não corresse atrás de Jintan...

Jintan... E se ele não existisse? E se ele não houvesse a chamado de feia e saído dali quando ela abriu aquele meigo sorriso?

Atsumu abriu um caderno, que dali para frente usaria como diário, disseram que iria ajudar registrar seus sofrimentos e pensamentos em palavras.

“Hoje estive pensando... na verdade, há muitas noites estive pensando: E se ela ainda estivesse viva? E se Jintan não existisse? E se ele tivesse morrido no lugar de Menma... digo... Meiko? Doeria menos?”

Ele fechou o caderno, suspirando “Para quê isso a final?” Deitou-se em sua cama, fechou os olhos.

                                                           ...

Acordou deitado em um gramado, o cheiro de grama molhada... Uma risada feminina e baixa vinha de trás das árvores; seguida pelo silêncio.

Logo, ele a ouviu novamente, a voz parecia-lhe tão familiar. Virou-se, boquiaberto. Era ela, era Meiko; ela estava diferente, crescida... Estava linda.

-M-M-Men... Meiko?

-Yukiatsu! – Um sorriso podia ser visto na face da garota, a qual corria até o rapaz e o abraçava como se nunca mais fosse soltar. – Onde está Anaru? Poppo? Tsuruko? –uma breve pausa foi feita antes de a garota pronunciar o último nome – Jintan?

Atsumu a fitou, não havia expressão clara em seu rosto, apenas a fitava, fingindo não estar cabisbaixo ao ouvir o último nome.

-E-eu não sei Meiko... Não sei onde estamos não sei por que está aqui sendo que...

O rapaz não agüentava mais manter seus olhos fitando os dela, abaixando sua cabeça, seu tom de voz era baixo, decepcionado:

-Morta.

-Menma veio ver os amigos... Por que apenas Yukiatsu está aqui?

Um sorriso torto surgia no rosto do rapaz, o qual a fitava agora nos olhos

-Eu não sou o suficiente? Não está bom só ver o Yukiatsu?

-É o suficiente, Menma gosta muito do Yukiatsu!

Ele não acreditava no que via muito menos no que ouvia. A voz tão doce da garota, a voz que tanto sentia falta; mas ela estava morta há tantos anos, como vê-la daquela maneira era possível?

- Meiko, como veio parar aqui?

- Eu não sei, apenas senti um desejo enorme de vê-los;

Não havia compreendido, por hora; aquilo era algo que ele viria a entender mais tarde.

O dia se passava e ambos conversavam sobre como tudo havia mudado, como todos haviam crescido e se afastado, como estavam diferentes de quando eram crianças e ele esforçava-se para não tocar em um assunto que estava preso em sua garganta, porém seu autocontrole não foi suficiente:

-Meiko, você... Ama Jintan? Realmente o ama? Por isso correu atrás dele quando ele saiu pela floresta, fugindo de nossa base?

A garota abaixava sua cabeça, fitando suas pernas... Estava quase partindo, seu tempo ali com Atsumu estava se acabando tão rápido.

-Veja Yukiatsu... Estou sumindo.

Ela se levantava, puxando-o pelos pulsos; o pôr-do-sol servia-lhe de cenário, quando desesperado o rapaz a questionava novamente:

-MENMA!!! VOCÊ AMA JINTAN?

Nada era dito, ela segurava as mãos do rapaz, as colocando delicadamente ao lado esquerdo de seu peitoral, por incrível que pareça, ele sentia o coração da garota bater forte ali, assim como seu próprio coração batia. A última coisa que sentiu naquele fim de tarde foram os lábios da garota que tanto amava tocarem os seus, delicadamente.

-Aishiteru – ela disse, com aquela voz doce, finalmente ela disse... Porém não houve tempo para nenhuma resposta; ela se foi novamente, sumiu sem deixar rastros.

-MENMAAAAA! - ele gritava o nome dela, como se ela fosse retornar ao ouvi-la, como se ela fosse o responder. – AISHITERU, MENMAAA! Onegai... Não me deixe aqui... Não de novo... Onegai...

Ele ajoelhava-se no chão, um último grito era deixado pelo ar, quando o garoto caía sobre a grama.

-ATSUMU? ACORDE ATSUMU!