Capítulo 22 : LILITIH CONKLIN .

Enzo e eu indicamos à Wendy o seu quarto e logo depois fomos para o nosso. Enzo estava estranho , e eu já sabia que isso tinha a ver com Wendy .

Ela era bonita , havia a pequena chance dele se apaixonar por ela ... Não era tão pálida quanto eu , se vestia mais adequadamente , era mais ... culta. E ser uma pessoa desse tipo , para mim , era uma chatice.

Pessoas inteligentes demais acabam se tornando idiotas , se é que me entendem. Elas começam a achar graças de coisas bem toscas que no fundo tem a ver com alguma coisa científica ou ligada à algum joguinho virtual.

Pra mim, o mundo não era dos inteligentes , mas sim, dos espertos.

Wendy ainda não sabia de muita coisa da vida , e de pós vida. E eu , bom , estava ficando muito boa em tudo isso. Meu plano havia dado certo, eu estava morta e Enzo pertencia a mim, só que agora as coisas estavam mudadas.

Enzo havia se tornado pra mim um filha da puta egoísta.

Eu havia me matado por mim e por ele , mas ele não fez o favor de me dizer que quando eu me matasse estaria correndo o risco de ser feita de escrava. Uma eterna escrava de um demônio. Tive que descobrir tudo isso sozinha .

Eu sabia que havia a chance de nem mesmo ele saber disso, as pessoas ( e pelo jeito os mortos também tem essa mania) eles aceitam a qualquer coisa , desde lei à religião sem estudarem mais a fundo. Fui tola por me matar antes de descobrir todas essas coisas , mas apesar de um pouco tarde , agora eu sabia como tudo realmente funcionava nesse novo mundo.

Depois que estava morta eu e Enzo vivemos um paraíso particular. O clima entre a gente era quente a quase todo momento. Uma pegação incessante. Até que um dia Enzo resolveu me apresentar uma amiga humana, Candice .

Candice era uma garota de 17 anos com uma estranha obsessão por todo esse universo de anjos , demônios , almas e etc . Acabou que ela se tornou minha "amiga" e ajudante . Mais ajudante do que amiga é claro , a garota era esperta e informada sobre esse tipo de coisa , mas era uma pessoa boa. Coisa que eu não era.

Fomos nos aproximando como colegas de estudos , no princípio eu só me interessava pelo que estava ligado às almas , mas depois fui ver que anjos e demônios tinham muita a ver com as almas. Foi quando uma pequena parte de mim entrou em pânico quando percebi o poder que os demônios podiam ter sobre nós , almas. E foi ai que tudo mudou.

Comecei a sair menos do que eu e Enzo chamávamos de casa ( um pequeno prédio abandonada não muito longe da casa de Wendy ) , eu estava com medo de que em algum momento algum demônio me pegasse. Mal sabia eu que isso poderia ser , na verdade , a melhor coisa que poderia acontecer.

Tudo aconteceu numa noite abafada. Eu odiava o calor que estava fazendo , e apesar de estar sempre pensando na possibilidade de algum demônio aparecer , resolvi dar uma volta. Sozinha.

Caminhei por vários lugares , e a cada lugar tocava em alguma pessoa só pelo delicioso prazer de me alimentar de sua energia. Aquilo estava começando a se tornar uma droga.

Entrei em uma boate. Estava lotada de "alimento" , mas como todo mundo sabe , a aparência do alimento também importa muito. Eu só escolhia homens , os mais gostosos ( em total duplo sentido ) que eu avistava . Chegava a ficar surpresa quando algum deles conseguiam me ver.

Fidelidade ? Que se foda toda essa baboseira, eu me alimentava e fazia um ótimo proveito de todos eles.

Até que enquanto ajeitava minha roupa para voltar para a pista de dança um cara extremamente lindo , sexy e de boa aparência sussurrou no meu ouvido enquanto me encoxava:

– Não acha que já se alimentou demais ? - a pergunta foi acompanhada de um riso.

Apesar de ter ficado muito interessada fiquei um pouco assustada. Aquele homem... não era comum. E não digo isso só pela beleza mas também porque dele saia um ar gelado, não como o que saia de mim , mas muito mais gelado. Estremeci.

E além disso , como ele poderia saber que eu estava me alimentando daquelas pessoas ?

Resolvi manter-me calma. Me virei lentamente e coloquei os meus braços em volta do seu pescoço. Com isso tentei sugar alguma energia dele, mas em vão. Era como se ele estivesse morto, sem nenhuma humanidade.

– Acho que terei de repetir a minha pergunta ... - ele olhava para mim com desejo, um desejo animal, era como se quisesse me devorar , literalmente.

Ele sabia . Sabia que eu havia tentado me alimentar dele. Mas... como ?!