De noite o ambiente ficara muito calmo… Independentemente de estar um tempo maravilhoso, quase todos os habitantes de Cila, tinham optado por ficar em casa depois do dia cansativo que, finalmente estava a terminar. Até os próprios donos dos estabelecimentos, em geral, fecharam mais cedo as suas portas… Só alguns bares permaneceram abertos. Pela primeira vez, num sábado à noite, não existia quase ninguém nas ruas. Mesmo assim, alguns adolescentes pareciam já ter esquecido tudo… Importavam-se mais com a diversão, para eles era importante aproveitarem o fim-de-semana ao máximo… Nem todos possuem as mesmas prioridades na vida.

   Um outro local que se encontrava em funcionamento era o hospital de Cila. Como era óbvio, este não contava... É sua obrigação estar de portas abertas 24 horas por dia, aconteça o que acontecer. Como não era de estranhar, havia sempre muito trabalho... E aquele dia não tinha sido excepção. Felizmente era um espaço gigante e nunca houve problemas por estar cheio. Sempre possuíra cirurgiões e médicos fabulosos e todo o hospital em si, acompanhava as novas tecnologias… Era bem sofisticado. Todos os corredores costumavam estar apilhados de gente e apenas uma zona era evitada… A morgue. Tirando o pessoal de trabalho, mais ninguém entrava lá dentro… O que era normal, também não havia muito pra ser visto e além disso, era um sítio frio e sombrio. Ou pelo menos, todos assim o achavam. No hospital, era o único sítio que, durante a noite, não tinha ninguém.

   Naquele dia, o médico que estava de serviço acabara a noite muito cansado… Catorze corpos para examinar não era propriamente, um trabalho fácil. Assim que guardou o último corpo, num dos gavetões, saiu da morgue para ir descansar. O espaço ficou vazio. O escuro reinava, no entanto, o silêncio não durou muito tempo… Um estranho som ecoava pela sala, proveniente de um dos gavetões… Misteriosamente, o corpo que se encontrava no seu interior estava a sofrer violentas convulsões… E curiosamente era aquele cujo Agramon, o demónio do medo, usara como hospedeiro.

   Por alguns segundos todo ele tremeu… Parecia que a qualquer momento ia rebentar. Ao atingir o ponto máximo, todos os membros e músculos voltaram a relaxar… Como se nada tivesse acontecido. Foi aí que aconteceu algo estranho… Um líquido preto, espesso e bastante estranho começou a sair pelos olhos, nariz, boca e orelhas do rapaz. Devagar, deslocava-se pela maca fora e ao mesmo tempo, todos os pedaços iam-se juntando num só. Com a maior das facilidades e como se tivesse vida, o líquido conseguiu esgueirar-se pelas ranhuras do gavetão. Dirigiu-se até ao chão e rapidamente foi absorvido pelo mesmo…

   O grande demónio do medo, Agramon, continuava vivo mas sem hospedeiro. Por enquanto…

Fim