A noite estava quente, nem uma brisa fresca existia para alterar aquele ar abafado, as ruas há horas se escutavam silenciosas e uma suave neblina cobria as calçadas.

Vila Cila parecia já ter marcado uma hora de recolher obrigatório, poucos se aventuravam a ficar nas ruas depois das três da manha. Nas ruas mais a norte, a luz urbana fraquejava, a névoa tornava-se mais densa e aos poucos ouvia-se uns passos distantes e trocados… Um homem seguia pela rua, tropeçando, caindo e sempre resmungando. Sempre que se levantava voltava a esquecer-se que tinha caído e começava a cantarolar, no seu estado alcoólico andar direitamente era muito complicado.

As luzes tremeluziram e um vulto passou em frente do pobre homem que, embora bêbado, mostrou-se apreensivo e perguntou - Quem está ai? - As luzes voltam a estabilizar e o homem virou o rosto para todos lados… Um pequeno som se ouviu atrás de si - Não tenho medo! Querem roubar, é? - e o homem continuou a andar e a resmungar. Nervoso, decidiu parar, puxou de um cigarro e acendeu-o com o isqueiro, este escorregou-lhe e caiu no chão - Maldito! -… Com esforço ajoelhou-se para apanhar o isqueiro e desta vez, o vulto passou a seu lado com rapidez… O homem assustado, levantou-se e tentou caminhar o mais rápido que o seu estado deixava. Uma corrente de ar fria fez-se sentir naquela rua e um feixe de luz negra e vermelha foi projectado contra o homem e este foi atirado a uns bons metros de distância. Com dificuldade, o homem tentou virar-se e as suas pernas não se mexiam, estava imobilizado, a agonia completava todo o seu rosto, pânico, dor e espanto. Uma criatura monstruosa aproximou-se, a luz que fraca tremeluzia não transparecia o animal que o tinha atacado e que agora estava a sua frente. A luz apagou-se e naquela escuridão apenas um rugido tenebroso e grito de dor se escutaram…Vila Cila iria mais uma vez acordar, com um macabro assassinato nas suas ruas!