Crimson Camellia escrita por Megurine Philip


Capítulo 2
Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Capitulo novinho em folha. Espero que gostem =3



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Passaram-se semanas após aquele estranho sonho e não conseguira esquecê-lo: Sammuel ali, bem diante de meus olhos... O meu Sam... Meu falecido Sam...

A caminho do trabalho minha cabeça vagava entre dúzias de possibilidades, quando Lucas, o irmão de Sam, me chamou do outro lado do vagão do metro:
 - Taylor!- Repetiu enquanto se aproximava - Quem bom te encontrar. Como está?
 -Bem, obrigado. - Ele ficou em pé ao meu lado e como estava sentado olhei para cima. Não me lembrava de ele ser tão alto. - Estou tentando retomar minha vida depois... - Hesitei e acabei por não conseguir terminar a frase.  
 -Eu também estou digerindo as coisas. Já faz tanto tempo, não é?- Suas feições se tornaram um tanto preocupadas porém sem perder o ar descontraído.
-Sim. É difícil quando tudo e todos me lembram ele a todo instante.- O sarcasmo em minha voz foi notável, mas não agressivo. Estava tentando não perder o controle e desabar na falta que a presença dele me fazia.  Foquei meu olhar nas feições de Lucas e era atormentadora, de certa forma, a semelhança com seu irmão. O mesmo sorriso gentil, os mesmos olhos profundos e misteriosos...
-Taylor?! Tem alguém ai dentro?- Disse dando um leve tapa em minha cabeça.
-Me desculpe. É que você lembra tanto o seu irmão... e eu acabei me perdendo em lembranças.
Ele sorriu e colocando a mão sobre minha cabeça bagunçou meu cabelo:
-Não quero te fazer sentir mal... iria descer na próxima parada de qualquer maneira. Tay... - Ele hesitou e depois descendo os dedos pelos meus cabelos disse - ... lembre que estou sempre a disposição, tudo bem? - Disse enquanto se dirigia para a porta automática e o metrô parava.Concordei com um sorriso enquanto acenava.
     Desci em minha parada e caminhei as duas quadras rotineiras para o escritório onde trabalhava. Cumprimentei o porteiro do edifício e segui para o elevador. Trabalhava como editor de uma revista adolescente e gostava muito do meu contato anônimo com as pessoas. Sentei em minha mesa e um dos estagiarios me trouxe um bolo de cartas dos leitores. Abri envelope por envelope e tentei responder cuidadosa e carinhosamente o que me era possivel. Enquanto checava meu e-mail, uma mensagem me fez parar. Senti meu coração apertar de novo no peito, aquela dor tão conhecida: era uma mensagem do Sammuel. Chequei a data do recebimento da mensagem e era desta manhã. Hesitei com a seta em cima do link, e após respirar fundo algumas vezes cliquei. Meu coração acelerou, sem me dar conta, já  estava ofegante e lágrimas correriam livremente pelas minhas bochechas. Estava escrito:

"Sinto tanto sua falta. Você continua tão belo como me lembro. Estou feliz que tenha tido a oportunidade de te ver mais uma vez. Saiba que ainda te amo demais.

Sam"

Seria uma brincadeira de mal gosto? Mas eu não tinha contado a ninguém sobre aquele sonho... Se é que foi mesmo um sonho... Já estava começando a duvidar de minha sanidade. Meu desespero e aquela sensação horrível em meu peito cresceram. Alexander, meu chefe, passava na frente do meu escritório e vi quando ele entrou fechando a porta, perguntando:
-Taylor, o que houve? - Minha visão estava um pouco turva pelas lágrimas, mas sentia a preocupação em sua voz. Tentei responder mas quando abri a boca o choro escapou e se intensificou. Sem conseguir explicar virei o notebook para ele e mostrei a mensagem.
-...não é possível... - Disse incrédulo. - ...não entendi uma coisa, como assim te ver mais uma vez? - Alexander me fitava esperando algo que o fizesse acreditar em sua sanidade, vi isso em seu olhar. Respirei fundo, e disse entre soluços:
- Acho que você não vai acreditar...mas vou tentar te contar... - Ele cruzou os braços e se sentou na borda da mesa. Ele fez um sinal com a mão para que eu continuasse. - ... essa noite, eu acordei após mais um pesadelo com o acidente e fui para a sala assistir TV para pegar no sono de novo. Ouvi um barulho e quando olhei ao redor Sammuel estava parado próximo de mim, mas quando tentei me aproximar ele fugiu para o nosso quarto. Quando cheguei lá ele havia desaparecido... e isso foi tudo.
Ele ficou pensativo por alguns instantes e disse:
-Taylor, você sabe que além de um excelente editor, te considero um maravilhoso amigo. Essa história toda é demais pra mim. Mas a única coisa que te peço é que não se iluda, talvez tenha sido só um sonho mesmo e coincidentemente algum infeliz fazendo uma brincadeira de muito mal gosto. Independente de qualquer coisa estou aqui para te ajudar. - Ele me encarou preocupado por um momento e disse: Que tal hoje eu passar a noite na sua casa? Se o Sam aparecer lá, você não estará sozinho. E se for realmente verdade investigaremos juntos essa história.

Era visível a descrença dele, mas aceitei sua proposta. Seria bom não estar sozinho se Sam aparecesse novamente e se não aparecesse seria bom ter alguém pra testemunhar que estava ficando louco, enfim sera bom não estar. Alexander tentou me obrigar a ir mais cedo pra casa mas recusei. Disse que só iria para casa quando ele fosse. Meu chefe não gostou da idéia de que eu trabalhasse em meu estado, mas também não achou boa idéia me deixar ir para casa após me recusar tão prontamente. Ele saiu e me trouxe um pouco de chá com alguns biscoitos que ele trouxera de casa. Com ar muito preocupado pediu para que eu não voltasse a checar meus e-mails e que estaria a disposição se eu me sentisse mal novamente, para me levar pra casa mais cedo. Concordei enquanto segurava a xícara de chá com as duas mãos e a levava a boca.

Horas mais tarde eu estava cochilando no puff que ganhara de Sammuel em meu ultimo aniversário, e que estava no meu escritório desde então. Fui acordado com um leve toque no ombro de Alexander me chamando para ir embora. Peguei minha bolsa, coloquei o notebook dentro com cuidado e fui para o estacionamento com Alex:
- Tay, você não se importa se eu passar em casa pra pegar umas coisas e avisar a Alecia que vou dormir na sua casa? - Fazia tanto tempo que não ouvia Alexander me chamar pelo meu apelido que foi no minimo estranho ouvir.
- Claro que não. Na verdade eu tenho que me desculpar por dar esse trabalho a você.
-Não se preocupe com isso. Eu me ofereci por que estou realmente preocupado com você. É clichê mas somos amigos e amigos são para essas coisas. - Ele sorriu para mim enquanto entravamos no carro. Eu respondi com outro sorriso.

Em alguns minutos estávamos estacionados em frente sua casa. Ele me convidou a entrar para ver Alecia. Estudávamos todos na mesma faculdade, Alecia, Alexander, Sammuel e eu, onde nós aproximamos muito e mantivemos contato mesmo depois da formatura. Depois do acidente eu me afastei um pouco dos meus outros colegas, mas continuei vendo Alex constantemente pois trabalhávamos juntos. Eu e Alecia éramos bem proximos também, e quando não estava com Sammuel, estava com ela jogando conversa fora. Ela era perfeita. De estatura média, tinha curvas bem definidas, o cabelo cor de mel liso que lhe cobria as costas era lindo,  tinha o rosto arredondado e grandes olhos verdes que lhe davam um grande ar de inocência. Ela gritou de emoção quando me viu e correndo em minha direção, lançou os braços ao redor da minha cintura e me abraçando bem apertado, chegou a me levantar do chão, o que não era muito dificil pelo meu tamanho.

Entramos e nos sentamos no sofá. Alex contou sobre a minha visão e avisou que iria dormir na minha casa hoje. Alecia não demonstrou nenhum tipo de resistência a isso, ao contrário do que esperava ela até se ofereceu para ir junto. Aceitei sem hesitar. Seria bom que ela estivesse lá caso estivesse ficando louco, ela sabia sempre o que dizer. Eles foram para o quarto arrumar as malas e me deixaram na sala a mercê de meus pensamentos. Eu tentei realmente lembrar o que tinha acontecido naquela noite. Tudo que lembrava do acidente era... nada... apenas imagens desconexas mas nada que me fizesse lembrar como aconteceu.


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