Lembre-se De Mim escrita por Tsuki Hikari


Capítulo 12
Vai ficar tudo bem


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo XD... Bem, daqui a dois dias é a páscoa, então queria desejar que vocês se divirtam muito nesse dia, comam muitos chocolates e que tenham mais sorte que eu, que vou sacrificar esse dia para estudar História e Desenho Geométrico rsrs...
Enfim, boa leitura!



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Mesmo já tendo passado uma semana que Zero havia estado naquele penhasco e encontrado a garota Tae, ele não conseguia
esquecer-se do episódio. No momento ele andava por um pequeno vilarejo de humanos, que ele supunha ser o lar de Tae, pois todos tinham cabelos e olhos claros e eram educados como ela. Desde aquele dia ele não a tinha encontrado novamente, mas de certa maneira a sentia junto dele, provavelmente por estar cercado de pessoas tão parecidas com ela.

As casas do vilarejo eram pequenas e humildes, mas os habitantes não ligavam para dinheiro, e isso podia ser afirmado com certeza porque ele nem existia por lá. Tudo era feito por escambo. As lojas serviam como locais de troca de produtos e serviços, e não eram muitas.

Por lá havia apenas uma escola, que na verdade era uma casa de madeira não muito grande, no centro do vilarejo. Crianças com roupas de fazenda azul saiam de lá naquele momento, rindo e correndo, passando por Zero tão inocentes e despreocupadas que nem repararam que o rapaz não era humano.

Ao lado da escola havia outra loja que, ao se aproximar mais, ele pôde ver a vitrine. Livros de encantamentos básicos, instrumentos que tocavam sozinhos e jogos mágicos estavam expostos, e o que realmente chamou a atenção de Zero, diversas bússolas mágicas como aquela que Tae lhe dera.

- Está fechada. – Uma voz disse atrás dele. Ele se virou e viu um garoto louro de olhos cinzentos, de aparentemente a mesma idade de Tae, vestindo uniforme azul.

Zero sabia que estava fechada, pelas luzes apagadas, a porta fechada e principalmente a plaquinha na porta escrito: “Fechado”.

- E quer saber? Não acho que vá abrir novamente. Sabe, está fechada a mais de um mês... – O garoto prosseguiu. – Desde que a filha do dono morreu, é raro ele aparecer em público.

- E como ela morreu? – Zero já sabia muito bem, mas perguntara em busca de confirmação.

- Ninguém sabe. – Ele respondeu melancolicamente – Ela gostava de sair, todo dia bem cedinho, e ir até a montanha. Por isso, tememos que ela tenha caído no precipício... – Sua voz foi morrendo conforme ele falava.

- Mas quando eu encontrei a irmã dela, ela afirmou com tanta certeza que a menina tinha caído...

- Irmã? Tae não tinha irmãos. – Ele respondeu com uma expressão confusa.

- Mas Tae é a irmã da menina... – Zero estava igualmente confuso.

- Não, foi Tae quem caiu! Que brincadeira é essa?!

-... Tae está morta?

- Há mais de um mês!

Como? Fazia apenas uma semana que ele a tinha encontrado! E ela contou que foi a irmã quem caiu... A irmã que aparentemente não existe.

Zero pegou sua bússola sem pensar duas vezes. Ela apontava para a montanha onde, de acordo com o humano, Tae morrera.

*********

Muitas horas haviam se passado desde que Rey havia acordado, mas desde então a única coisa que havia acontecido era que ela havia permanecido de olhos abertos. Não falara nada, não se mexera, de tão perdida que estava em seus pensamentos.

E seus pensamentos eram conturbados. Se em um momento ela pensava em Duel, no outro ela se esquecia completamente de quem ele era. A mesma coisa quando pensava em Dio, em seu pai, em si mesma. E quanto mais ela tentava organizar seus pensamentos, mais confusos eles ficavam. Lutar contra eles era uma guerra perdida.

E ela ficou lá, em sua batalha silenciosa até que uma aguda pontada de dor em sua cabeça a fez voltar para o mundo real com um grito.

- REY! – Peter chamou, após se sobressaltar. Ele continuava sentado em uma cadeira ao lado da cama da filha, e já estava lá a mais de quinze horas, portanto ninguém poderia culpá-lo por estar tão exausto.

- Quem é Rey? – Ela perguntou com a voz atordoada pela dor, sem pensar duas vezes.

“Eu sou Rey”, ela respondeu a si mesma em pensamento.

“... Sou?”

- Como assim “Quem é Rey”? – A voz dele estava preocupada – Amnésia é algum tipo de efeito colateral do ritual? – Ele se perguntou.

- Minha cabeça dói... - Ela fechou os olhos como se a pouca iluminação do quarto a incomodasse. - Eu quero dormir. – Ela sabia que o dispensara de maneira muito fria, principalmente por que ele só estava lá porque estava preocupado com ela, mas a última coisa que ela estava com vontade de fazer era conversar.

- Tudo bem. – Ele tirou o cabelo de Rey do rosto dela carinhosamente – Você é uma menina muito forte, filha. Eu estou muito orgulhoso de você.

Então, ele apagou as poucas velas que iluminavam o ambiente e abriu a porta para sair, e quando ele fez isso a claridade invadiu seu quarto, fazendo a cabeça dela doer tão insuportavelmente que lágrimas lhe escaparam enquanto ela se esforçava para não gritar.

Ela queria que ele fechasse a porta de uma vez, mas ele não a fechou. Ela escutou uma voz feminina dizer:

- Como ela está? – Por algum motivo que não se lembrava, Rey ficou com um ódio enorme ao ouvi-la.

“É a voz da Adellina. Ela se casou com meu pai quando eu tinha oito anos, quando minha mãe morreu”, ela se explicou.

“Mas... Porque eu a odeio, mesmo?”

Outra pontada de dor na cabeça a fez desistir de se lembrar.

- Não se lembra de quem é, mas acho que quando sua cabeça parar de doer não vai ter mais esse problema... – Peter respondeu.

- Ela não se lembra de quem é? Coitadinha! – Adellina exclamou.

“Oras, cale a boca...”.

- Mas ela vai melhorar...

- Ah, Peter, acho que não! Amnésia é algo muito grave! Pobrezinha da Rey, deve estar sofrendo tanto... Será que vale a pena viver assim? Peter, você pode ter outro filho.

- Adellina...

- Só pense nisso, combinado?

“Por isso eu a odeio.”

- Certo. Mas vamos sair daqui por que, você sabe, a Rey...

- Ah, sim. – Adellina concordou antes mesmo de ele terminar a frase, e finalmente a porta foi fechada, deixando Rey no escuro.

“Ela tem razão. De que me serve a vida agora? Eu não sei quem eu sou, porque estou aqui. Não sei onde Duel está.”

“Mas eu tenho de viver, tenho de reencontrar Dio... Agora que eu estou bem, posso reencontrá-lo, podemos nos rever.”

“Mas... quem é Dio?”

Pela milésima vez, uma pontada na cabeça a impediu de lembrar.

“No momento eu não me lembro muito bem de quem eu sou, mas eu devo ter sido muito, muito má para estar nessa situação agora...”

“Mas isso vai passar... Vai ficar tudo bem”.

*********


            Zero sequer se despediu do garoto. Simplesmente virou e começou a ir em direção à montanha.

- Preocupado com uma humana, Zero? – Grandark disse em deboche.

- Não. Só curioso.

- “Curioso” é aceitável. – Ela concluiu.

Eles levaram algum tempo para saírem do vilarejo, chegarem à montanha e começarem a subir. E conforme eles subiam, nuvens cinzentas começaram a aparecer no céu azul e o clima foi passando de quente e seco para frio e úmido. Ao chegarem ao pico, o céu já estava completamente fechado e trovões estouravam com tamanha força que faziam o chão tremer. O dia limpo e bonito se transformara em sombrio
e assustador.

- TAE! – Zero chamou, ao ver que a menina não estava próxima ao penhasco. Mas ele também exagerara na confiança de que ela estaria.

- Matou a curiosidade? – Grandark provocou. – Vamos voltar.

-... Certo. – Zero se virou com objetivo de fazer o caminho de volta quando uma voz conhecida o interrompeu:

- Estou tão feliz...

Ele se virou novamente. Lá estava Tae, parada tão na beirada do penhasco, de costas para o precipício, que um pequeno passo em falso a faria cair. Ela não estava lá no segundo anterior. Lágrimas escorriam pelas faces da garota. Não pareciam lágrimas de felicidade, apesar de seu sorriso.

- Explica.

Então o que ele temia que acontecesse aconteceu. Delicada como uma pluma, ela fechou os olhos e tombou para trás.

Se Tae ainda não estava morta, agora estava.

Perplexo, ele ficou olhando por vários segundos para o ponto onde ela estava anteriormente, mesmo depois de ela ter caído.

- Sinto muito por ter mentido para você naquele dia... – Disse a voz de Tae atrás de Zero, e ele se virou novamente, para vê-la logo atrás dele. Aquela brincadeira estava muito sem graça. - ...só achei que se eu contasse que estava morta, você poderia ficar com medo e não aceitar meu presente.   

- Eu não me assusto fácil, obrigado... – Ele respondeu – Mas se você morreu, não deveria estar na dimensão de Hades agora? Não é para lá que vão todos que morrem em Erna?

- Mas eu estou em Hades... – Ela respondeu inocentemente.

- Você está tentando me irritar?

- Desculpa. Eu quero dizer que sim, quando os habitantes de Erna morrem vão para Hades. Quando são maus, ficam presos, e quando são bons, vivem livremente por lá até a hora de reencarnarem. Mas eu tomei a decisão de não reencarnar, e sim vir aqui sempre que alguém estiver por perto.

- E por quê?

- “Por que a vida é muito curta para se dar ao luxo de se perder.” – Seu rosto se iluminou, e finalmente ela pareceu alegre de verdade. Zero reconheceu a frase. Foi exatamente o que ela lhe disse quando lhe deu a bússola. – Portanto... Nunca mais chegue perto da beirada, sim?

Então, contrariando o que tinha acabado de falar, ela correu até a beira do penhasco e se jogou novamente.

As nuvens escuras começaram a se afastar, o clima começou a ficar quente outra vez e os pássaros voltaram a cantar.

- Muito bem, muito bem. Agora basta de nos envolvermos com humanos. – Falou Grandark.

Zero estava assistindo o dia tornar-se bonito novamente quando respondeu:

- Sim, basta.


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