A Lua Cheia (HIATUS) escrita por Breh


Capítulo 16
Capítulo 16 - Sorrisos no escuro




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Seu cabelo castanho claro estava emaranhado e havia terra, grama e sangue nele. Ele parecia que acabara de sair de uma briga. O sorriso brincalhão que eu conhecia dera lugar a um sorriso sarcástico. Seus olhos, antes brilhantes, eram de um azul opaco que transmitia puro ódio. Permaneci intacta, assim como os outros. Caleb deu um passo para frente e ergueu as mãos, como se estivesse pedindo algo para Deus, então a dor aguda voltou e eu me contorci no chão de concreto com as mãos sobre os ouvidos.

Não sei quanto tempo passou enquanto sentia meu cérebro derreter. Quando a dor cessou, encontrei-me encolhida no chão em posição fetal, ofegando. Me sentia exausta, mas consegui me arrastar e ficar em pé apoiada no pilar. Olhei em volta notando pela primeira vez que meus companheiros de cárcere estavam no chão, aparentando estar tão atordoados como eu.

— Não vão conseguir se livrar das correntes, tolos. Acham que eu seria idiota de não enfeitiçá-las? — Disse Caleb, ainda parado no mesmo lugar.

— Seu nojento! — Gritei. — Como pôde fazer isso comigo? — Sentia meu peito subindo e descendo rapidamente enquanto descontava minha raiva no maldito.

— Nessie! — Ele sorrio abertamente. — Espero que não haja ressentimento entre nós, lindinha. Só fiz meu trabalho. — Ele juntou as mãos num falso pesar.

— O tempo todo eu era um trabalho? Já sabia quem eu era quando nos conhecemos? — As respostas eram óbvias, mas não podia deixar de ouvir de sua própria boca imunda.

— Foi tão fácil entrar na sua mente, lindinha. — Continuou ele, ignorando minhas perguntas. — Você estava tão vulnerável naquele parque quando te encontrei. Então foi fácil entrar na sua cabeça, fazer você me entregar seu celular e pude realizar, com muito sucesso, o feitiço em você. — As palavras saiam de sua boca como um soco no meu estômago.

— O que quer dizer com isso? — Minha voz tinha um pingo de pânico.

— Não sou a favor da violência. Então fiz um feitiço simples para confundi-la, fazê-la duvidar da sua família e dos seus amigos, então você viria correndo para mim. — Havia incredulidade na sua voz, como se estivesse orgulhoso de si mesmo.

Fechei os olhos por alguns segundos e gritei comigo mesma. Um lado meu estava aliviado por saber que eu ainda confiava na minha família e só estava enfeitiçada, outro queria morrer por ter sido tão burra. Agora o idiota estava me encarando como se eu fosse a escória da Terra, nem dando muita atenção aos outros.

Damon aproximou-se de mim num instante, posicionando-se atrás de mim, e agarrou meu pescoço com força. Queria gritar, mas só consegui sacudir as pernas e os braços. Ele era realmente forte e sorria enquanto encarava Caleb, que estava com os olhos saltados de surpresa.

— Arranco a cabeça dela antes que você pisque. Não se atreva. — Suas presas estavam à mostra e seus olhos injetados de sangue. Eu não estava conseguindo respirar e Caleb hesitou. — Ouvi dizer que a ruivinha é bem rara. Aposto que o Klaus vai ficar chateado se ela estiver em pedaços quando chegar. — Ele parecia falar consigo mesmo, mas todos nós ouvíamos.

— Você tem três segundos antes que… —

Sua frase foi interrompida quando seu corpo mole caiu com um baque no chão. Stefan apareceu onde o homem estava e quebrara seu pescoço como quem quebra um palito de dentes entre os dedos. Damon me soltou e virou-se para Tyler como se eu nem estivesse ali.

— Tente agora. — Ele apontou para as correntes.

Tyler as puxou e elas saíram do chão com facilidade, deixando um rastro de concreto e pó. Elena fez o mesmo. Pensei em fazer o mesmo, mas estava ocupada demais esfregando o pescoço onde o maníaco quase me estrangulara. Damon parecia ser bom de um jeito mau. Minhas correntes acabaram sendo quebradas por Elena, que sorrio timidamente. Ele parecia estar mais tranquila agora, como se ver alguém morrendo fosse algo bem comum, por mais que a pessoa merecesse.

— Vamos sair daqui. — Disse Stefan para o grupo. O homem segurava Sophie nos braços, ela lutava para permanecer acordada.

Percorremos corredores estreitos por minutos intermináveis sem nenhuma luz para nos guiar, não que precisássemos; Todos podíamos enxergar bem no escuro, eu nem tanto, mas o suficiente para saber onde tinha uma parede, pessoas ou obstáculos no caminho. Elena parou de repente e ficou para trás junto comigo que andava em silêncio de braços cruzados. A mulher tinha uma aparência comum; Morena, cabelos castanhos, olhos castanhos e corpo atlético, mas, mesmo assim, era linda de um jeito diferente. Parecia se importar com as pessoas, mesmo as que não conhecia, assim como seu namorado. Eles formavam um casal maravilhoso, apesar de eu notar a constante troca de olhares um pouco tensas entre ela e Damon.

— Você está bem? — Perguntou suavemente.

— Estou… Dentro das circunstâncias. — Dei de ombros.

Eu queria parecer forte, estava realmente tentando. Decidi entre o momento que Caleb entrou naquela sala e o que Damon tentou me matar (apesar de ser apenas parte de uma estratégia bolada em um momento de desespero) que eu seria forte por todos da minha família que eu magoara, principalmente Jake. Eu sobreviveria aquilo e voltaria para eles, então me desculparia com cada um deles e passaria o resto dos meus dias tentando ser uma pessoa melhor. E tinha a Emily, é claro. Eu não poderia morrer sem ser ver seu lindo bebê. Se eu morresse, morreria sabendo que lutei até o último segundo.

— Vou fazer uma pergunta indiscreta e espero que não se importe. — Disse para Elena, aproveitando o breve momento em que os meninos conversavam entre si. — Não tem que responder se não quiser. — Acrescentei.

Ela hesitou, mas assentiu.

— Tem alguma coisa entre você e o Damon? Quero dizer, além de amizade. — Perguntei enquanto continuávamos caminhando em silêncio pela caverna tortuosa. Eu a olhava pelo canto dos olhos enquanto aguardava sua resposta.

— É… Complicado. — Ela olhou para o chão e seu cabelo comprido caiu no seu rosto, me impedindo de ver sua expressão. — Stefan e Damon são irmãos e toda a situação só se complica cada vez mais, eu não sei, é uma grande bagunça nossas vidas. — Ela expirou e voltou a me olhar com um sorriso de desculpas nos lábios.

— Não precisa falar sobre isso, Elena. Só fiquei curiosa porque o Damon olha atravessado para todo mundo, exceto você. E ele não parece ser uma pessoa muito, hãn, certa. Só continue fazendo o que está fazendo, pois parece que você traz o melhor lado dele. — Expliquei.

Havia algo estranho entre aquelas pessoas, incluindo Tyler. Eles pareciam uma grande e ferrada família. Todos se conectavam de alguma maneira. Eram uma versão mais bagunçada e complicada da minha família.

— Quem é Jacob? — Perguntou Elena, de repente.

— O amor da minha vida. — Respondi com firmeza.

Ela ficou um pouco perplexa, mas sorrio. Desejei que papai estivesse ali para me dizer o que ela estava pensando.

— Você disse o nome dele algumas vezes. — Comentou.

— Disse? — Franzi o cenho.

— É, acho que estava pensando alto, não sei. —

— Oh! — Mordisquei o lábio inferior. — Quer vê-lo? — Era uma pergunta estranha, mas era a primeira vez que eu conhecia alguém, além da minha família, que era vampiro e que eu podia confiar. Queria ser amiga dela.

— Claro! Vou ficar feliz em conhecê-lo quando tudo isso acabar. —

— Oh, não. Eu quis dizer agora mesmo. — Ri.

Coloquei uma mão no seu rosto sem ouvir sua resposta e deixei a mente fluir. Sua boca de formou em um “O” e ela riu um pouco sem fôlego. Quase sempre as pessoas tinham a mesma reação quando eu usava meu dom, era engraçado. Sua risada chamou a atenção do resto do grupo que pararam e ficaram nos fitando na escuridão. Quando abaixei a mão ela notou que estávamos sendo observadas. Damon tinha uma expressão pervertida no rosto. Senti meu rosto queimar em rubor e olhei para Elena de soslaio.

— Ela me mostrou algumas imagens, como lembranças. É incrível. — Comentou entusiasmada.

Um ruído no final da caverna nos tirou brutalmente do nosso momento agradável. Apurei os sentidos e notei que eram barulhos de uma luta, então ouviu-se um grito agudo e um rosnado. Era um grito de mulher.

— CAROLINE! — Gritou Tyler, seu rosto havia perdido a cor.

Todos começamos uma corrida desajeitada. Eles eram infinitamente mais rápidos que eu, mas todas as curvas e pedras no nosso caminho dificultavam um pouco a situação. Alguns rosnavam de frustração. A falta de iluminação nos prejudicava ainda mais. Minhas presas já não estavam mais recolhidas, sinal de que eu entrara no modo de combate.

Pensamentos selvagens e horríveis inundavam minha cabeça enquanto nos aproximávamos da luta. Não pude deixar de recordar do momento em que quase toda minha família e nossos amigos foram dizimados pelos Volturi quando descobriram sobre mim através de Irina, que acabou tendo o destino que desejava para mim.

Tyler foi o primeiro de nós a chegar lá. Ele parecia monstruoso em sua forma híbrida. Os outros vampiros, que eu descobrira mais cedo que eram de uma espécie diferente da minha família, já entravam em ação. Stefan deixara Sophie em um canto afastado do caos.

Avistei um vampiro moreno de cabelos muito rebeldes cravando os dentes em um dos lobos. Meu coração quase parou quando o lobo cinza uivou de dor. Era o menor lobo dos que estavam presentes. Era Leah Clearwater.


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