Pov. Hermione Black.

...

Suspirei cansada.

– Tem certeza que é seguro? – Draco perguntou.

Assenti.

– Mas vamos esperar até anoitecer. – falei tentando acalmar minha ansiedade. – Não quero que Lily e Tiago me vejam.

Era final de tarde e Draco e eu estávamos andando pelas ruas trouxas tentando não chamar atenção para nós. Mesmo eu tentando de tudo para mudar nossa aparência aquele cabelo loiro platinado e uma garota com o mesmo cabelo que Hermione Granger juntos chamariam a atenção de comensais que estivessem na área então estava tentando me misturar.

Depois de muito insistir consegui convencer Harry que era hora de nos separarmos por um tempo que eu precisava saber o que Dumbledore havia deixado para mim e também tinha que falar com Sirius antes que ele enlouquecesse com a minha morte. Ele e Rony prometeram que iriam se cuidar e me mandariam atualizações diárias pela moeda da A.D

– Hermione tem certeza que devemos mesmo esperar até anoitecer? – Draco insistiu. – Não consigo me acalmar estando em um lugar que todos podem nos ver.

– Draco, esta ficando muito paranóico.

Eu sei que estávamos em um lugar muito aberto. Mas era o ultimo lugar que algum comensal imaginaria em passar! Então tinha que ser bem seguro. Sentei no banco da praça que ficava algumas quadras da casa de meu pai e fiquei olhando para a fonte a minha frente.

– Tudo era tão mais fácil a um tempo atrás. – comentei.

Draco sentou ao meu lado.

– Tudo era bem mais fácil quando eu te odiava.

Olhei para ele e levantei a sobrancelha.

– Se eu te odiasse eu não estaria aqui abandonando toda a minha família só para poder cuidar de você. – ele continuou enquanto olhava para frente. – Talvez não estaríamos tão fudidos assim.

Me aproximei dele e coloquei minha cabeça encostada em seu ombro.

– Talvez. – concordei. – Mas convenhamos, sua vida seria muito mais sem graça se eu não estivesse nela.

Ouvi aquela risada angelical dele e levantei o rosto que foi parar em seu pescoço. Beijei-o ali que fez Draco estremecer e virar o rosto em minha direção. Nossos olhos se encontraram e o resto do mundo pareceu sumir em questão de segundos. Malfoy se aproximou mais e logo senti aquele hálito de menta sendo seguido pelos seus lábios macios.

No começo quando ele havia me resgatado eu pensei em dar um gelo nele e fazer ele entender tudo que eu senti depois que virara contra a Ordem e fora par ao lado de Voldemort. Mas com o tempo essa idéia fora sumindo da minha cabeça. Talvez teríamos tão pouco tempo para ficarmos juntos por que eu iria gastar com besteiras.

Meu estomago se remexeu e eu hesitei no meio do beijo. Draco ao perceber minha hesitação se afastou e me olhou com aqueles lindos olhos confusos.

– O que foi?

Senti meus olhos encherem de lagrimas mas tentei segurá-las firme.

– Promete que não vai morrer? – pedi.

Ele deu um sorriso irônico típico de um Malfoy.

– Esta com medo que eu morra? Não se preocupe, não vai se livrar de mim tão facilmente.

Revirei os olhos.

– Estou falando serio Draco! – resmunguei. – Olho onde estamos! No meio de uma guerra, eu não suportaria perder você.

O semblante em seu rosto pareceu mudar.

– Hermione, eu não vou morrer okay? – ele disse. – Eu não posso prometer isso mas vou fazer o possível para não morrer enquanto você ainda estiver viva.

– Então se eu morrer você morre também? – perguntei brincando.

Esperei uma resposta sarcástica típica dele mas o que Draco respondeu me preocupou:

– Provavelmente.

Preferi não responder nada por que eu sabia como ele estava sentindo. Eu não conseguia imaginar o que seria da minha vida sem Draco. Alias eu sabia de uma coisa. Eu não teria mais uma vida.

– Eu estava pensando em uma coisa. – Malfoy disse mudando de assunto. – Temos que fazer Pansy sair do meio de tanto comensal, não acho que isso esta fazendo bem para ela.

Meu coração doeu.

Nesses últimos dias eu tentava não pensar na morena por que sentia uma saudade irracional daquela maluca. Pansy Parkinson a garota que eu achei que era uma vadia escrota acabara virando uma das minhas melhores amigas. É mesmo, o mundo da voltas.

– E se falarmos com ela?- perguntei.

– Acho que a única pessoa que vai conseguir fazer ela vir com a gente é o Blás Hermione. – Draco disse. – E a certeza de que ele ainda a ama, e pelo que eu pude perceber até agora, não parece que ele a ama.

Suspirei.

Tinha tantas coisas para pensar que nem parei para ver como Blás estava se sentindo nesses últimos tempos. Péssima amiga fui para ele e espero que me perdoe.

– Você acha que Blás não gosta mais de Pansy? – perguntei descrente.

Eu vira como o moreno ficou deprimido depois de Draco e Pansy foram com os comensais. Eu estava lá quando ele chorou por ela. E por mais que eu não ouvisse ele mencionar mais ela sabia que tinha algo no olhar dele que só se acendia quando ela estava por perto.

– Blás gosta sim de Pansy, Draco. – falei convicta. – Mas já esta na hora.

Levantei do banco e olhei para as estrelas no céu. O tempo passara rápido e já havia anoitecido. Sem um relógio e olhando muito por cima eu julgaria que é mais de onze horas.

Draco pegou minha mão e fomos andando pela calçada até onde fica a barreira invisível da Toca. Na minha bolsa que eu conseguira pegar de volta depois de tudo que aconteceu tinha o bilhete que Dumbledore escreveu para conseguir que outros vejam o Largo. Mostrei para Draco assim que chegamos onde deveria estar a casa e minutos depois a grande casa da família Black apareceu com um toque de mágica.

– Preparada? – Draco perguntou.

Neguei com a cabeça.

Malfoy riu e com todo o cuidado para ao fazermos barulho fomos até a porta e abrimos.

A porta rangeu um pouco mas nada nos surpreendeu. Toda a casa estava escura e meu coração palpitava de felicidade em entrar novamente naquele lugar que eu acabara adquirindo tantas lembranças boas no ultimo verão.

Ainda com a mão junto com Draco subimos as escadas com cuidado para não darmos de cara com alguém indesejado e vi que no segundo andar o quarto de Lily e Tiago estava fechado. Fomos para o terceiro andar onde ficava o quarto que era do meu pai.

A porta estava entreaberta olhei pelo buraco e vi uma luz saindo do banheiro.

– Espera aqui? – pedi para Draco.

Ele assentiu e eu passei para dentro do quarto sentando na beirada da cama de casal. Vi a luz do banheiro desligar e logo um Sirius saiu da porta com a cabeça baixa. Analisei meu pai e ele parecia que tinha envelhecido décadas nessas ultimas semanas, tinha olheiras debaixo de seus olhos por noites mal dormidas.

Sirius levantou o rosto e me viu sentada em sua cama. Em sua expressão passou varias emoções desde choque, felicidade, medo e incredulidade.

– Hermione?

– Sirius?

Minha voz continha toda a emoção que eu estava sentindo. Eu estava morrendo de saudades de meu pai. A mais de um ano atrás eu não fazia idéia que ele era meu pai biológico então em pouco tempo Sirius simplesmente entrou na minha vida e conseguiu fazer-me amá-lo mais que tudo no mundo.

– Eu morri? – ele perguntou e eu ri. – Você esta morta!

– Papai, eu realmente acho que você não morreu. – falei levantando da cama.

Parecendo sair do seu choque inicial um sorriso se alastrou por seu rosto e Sirius veio até mim e me puxou para um abraço apertado que eu estava grata por receber.

– É você mesmo!

Ri como sua voz parecia de uma criança.

Meu coração pareceu se aliviar um pouco mais. Eu havia reencontrado meu pai.