Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 36
Capitulo 35 - Para Sempre.


Notas iniciais do capítulo

Olá Matilha.
Bem em primeiro lugar quero agradecer a todas por estarem com a CP a tanto tempo. Valeu por quem esta aqui, comenta, recomenda, ou simplesmente lê.
Meninas eu havia dito que esse seria o ultimo capitulo, mas ando meio indecisa, se acabo logo de contar a história sem dividi-lá. A segunda fase seria curta, mas bem densa. Então achei certo e justo, perguntar a quem acompanha a CP a tempos. Vocês!!


Bem, vocês notaram que a CP não anda trazendo capas para seus capitulos. Mas muitas aqui devem saber, que nossa Loba Designer, esta aterefada cuidando, dos uivinhos do mais novo Lobinho de sua matilha, então preferi não colocar ninguém no lugar dela ok. Espero que entendam.

Bom meninas este capitulo esta gigantesco, então o dividi em dois, porque se não ia ficar basicamente uma Bíblia.
Bom espero que curtam... comentem.... façam zona hahaha.

PS: vou mandar o endereço do nosso grupo no face, caso alguém queira aparecer por lá.

MAIS UM PS: Lembrando que as músicas do capitulo, devem ser copiadas e coladas em uma guia a parte ok meninas?!



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“Os caminhos que o levam embora, serão os mesmos que o guiaram de volta.”

POR LEAH

Abri os olhos preguiçosamente.

Jacob dormia tranqüilo ao meu lado.

Fiquei observando sua respiração leve.

Olhar para ele é o que me mantém inteira neste momento.

Passei o polegar suavemente sobre a pequena linha de expressão entre os seus olhos. Linha provocada por um único sentimento. Preocupação.

Alisei meu ventre, sentindo uma dor insuportável por admitir que a minha decisão sempre foi esta. Proteger meu filho acima de qualquer coisa. Assumir que não estará ao lado de alguém que amamos, é quase tão difícil quanto realmente fazer isso. Certas decisões nos assustam mais que as atitudes que temos após elas.

A movimentação era intensa do lado de fora.

Podia ouvir Nessie cantarolando Kings of Leon, enquanto ajudava Kate com algo.

Pelo barulho suave, Nessie esta penteando Kate.

Embry, Graham e Nahuel cerram madeiras.

Os Vampiros correm caçando algo. Aqui nada de humanos, só leões, esse é o trato, caso eles queiram permanecer inteiros, claro.

Respirei fundo e levantei.

Estou me sentindo pesada.

Caminhei até a porta do quarto e observei tudo ali. Dois pequenos quartos compunham a casa, um banheiro, a cozinha e uma pequena sala.

Tudo vazio.

Tentei imaginar quanta felicidade preencheu esses cômodos simples, quando minha Mãe era apenas uma menina. Pensei imediatamente nela e toda a sua dor, pela perda do meu avô, irmão e a própria Mãe.

Me dei conta que não sabia como minha avó havia morrido.

– Bom dia. – Nessie caminhou até mim. Seu olhar era perdido.

– Bom dia. – respondi pela obrigação de dar a ela uma resposta agradável, contudo a ultima coisa que estou achando, é o dia bom.

Nessie me olhou sabendo exatamente disso.

– Venha comer alguma coisa. Ontem você não se alimentou. – ia responder algo, porém ela não permitiu. – Lembre-se... Você deve alimentar seu bebê.

Sorri com a preocupação.

Ao sair dos arcos formados pelas arvores a imagem me impressionou.

Graham, Nahuel, Aquilles e Scott haviam construído durante a noite uma espécie de casa de madeira. Não se parecia em nada com algo simples.

– Nossa. Meu sono foi basicamente um coma, pois não ouvi nada disso. – apontei em direção à casa feita ali.

– Há. É só um abrigo mais confortável, para dormir. Não gostamos muito das barracas, e achamos que mesmo saindo daqui. Será legal ter um lugar onde se proteger da chuva e frio se precisarmos voltar. E não se preocupe. Kate vai proteger com um pequeno feitiço o lugar caso tenhamos que sair daqui. – ela justificou.

– Entendi. – apenas assenti.

Nessie e eu caminhamos em silencio até a grande mesa improvisada de frente para a casa, recém construída ali.

Lembrei da reforma da minha casa na reserva. Senti uma saudade avassaladora daquele lugar, e da segurança que um dia senti ali. Em qualquer parte do mundo que eu estiver, a reserva sempre será minha casa.

– Bom dia. – Kate se aproximou e me deu um abraço.

A abracei de volta.

Kate parecia animada e feliz.

Colocou uma cesta com várias frutas sobre a mesa.

– Nossa esse lugar é lindo. Temos todos os tipos de frutas espalhadas pela mata. Verduras. Tudo parece ser feito para receber alguém aqui! – ela respirou fundo. – Me sinto mais forte aqui. Como se minha magia estivesse se fortalecendo cada dia mais.

Kate olhava as mãos.

– Que bom Kate. – Nessie levantou e abraçou a amiga. – Fico feliz que esteja conseguindo.

Empurrei um sorriso. Estava feliz por ela, contudo não conseguia ter vontade de sorrir. Não hoje.

–Parabéns Kate. Estou orgulhosa pela sua evolução. Eu sabia que iria conseguir. Sendo você uma pessoa tão maravilhosa. – fui sincera.

Kate sentou-se ao meu lado.

– Tudo ficará bem Leah. Cedo ou tarde, vamos conseguir ser felizes. – ela apertou a minha mão.

– Vou lutar por isso. – prometi.

– Bem, esta noite sonhei, com seu avô. – meu coração disparou.

– Ele estava bem? Tranqüilo? Como ele estava? – a ansiedade me dominou.

– Sim ele está. Parecia mais jovem. Sereno. Em paz. – um sorriso tranqüilizador que somente Kate sabe dar se espalhou em seu lindo rosto, ela sorri com os olhos. O que é raro de se ver.

– Olá senhoras. – Embry se aproximou. Abraçou Kate carinhosamente e selou seus lábios aos dela. – Preciso de um banho, urgentemente.

Kate sorriu.

– Vamos para o rio. – ela envolveu os braços no pescoço dele, Embry a envolveu pela cintura tirando seus pés do chão. – Meninas vamos, tomar um banho de rio?

Nessie e eu nos entreolhamos.

– Eu passo essa. – Nessie pegou uma maçã e caminhou em direção a mata, lado aposto do rio.

– Por favor, eu também. – fiz minha melhor expressão de pânico com as imagens que eu poderia presenciar neste banho.

Kate e Embry deram risada, e caminharam em direção a trilha que levava ao rio.

Caminhei para alcançar Nessie.

– Jacob estava cansado hã?! – ela chutou uma pedra que voou longe.

– Sim. Todos estão, eu acho. – olhei o perfil de Nessie. Seu semblante carregado. – Arrependida de ter ficado?

Ela se sentou em uma pedra.

– Não. Estou apenas... – Nessie parecia querer escolher as palavras.

– Não tenha medo de dizer o que esta sentindo, por estar falando comigo Nessie. Sou irmã dele, mas sou sua amiga. – ponderei.

Ela pareceu aliviada, por ter a certeza daquilo que já desconfiava. Eu não era apenas a cunhada, sou oficialmente uma amiga.

Nessie respirou fundo...:

– Eu nunca senti que o Imprinting fosse uma obrigação minha Leah. Seth teve um. Eu não. Me apaixonei por ele, e nem lembro quando. Mas confesso, sempre tive uma preocupação real com o que minha ausência poderia causar a ele. Nunca me senti presa, e sim preocupada. Às vezes.

– Agora como se sente? – deitei apoiando minha cabeça sobre as mãos.

– Estranheza foi o primeiro sentimento. Vazio de não ser mais aquilo. E agora curiosidade. – ela desceu da pedra e se deitou ao meu lado.

A grama macia poderia me abrigar durante algumas noites.

– Deve ser novo para você. – Nessie queria desabafar.

– Sabe Leah. Eu não vivi sem ser o amor da vida de Seth. Não sei o que é viver sem amá-lo. Ou viver próxima a ele. Isso me assustava antes. – ela confessou.

– Não assusta mais? – especulei.

– Sim. Muito mais. – rimos juntas da confusão de sentimentos dela.

– O que vocês conversaram afinal? – apoiei minha cabeça sobre meu braço e a encarei.

– Seth me ama, eu o amo. Então não combinamos nada Leah. Vamos viver nossas vidas, e se tivermos que ficar juntos. Vamos. Cedo ou tarde. – sorri assentindo.

– Sei bem como é. Novas experiências. Nova vida! – deitei novamente.

– Não. Novas experiências, na mesma vida. – ela deu de ombros.

– Olhar tudo isso pelo seu lado é mais difícil, não é mesmo Nessie? – ponderei, ela assentiu.

– A eternidade é muito tempo para vivermos limitadas Leah. – encarei o perfil sereno dela.

– Amar Seth, fazia de você, uma pessoa limitada Nessie? – ela respirou fundo.

– Não. Seth me fez livre Leah. Eu o amo de verdade. Mas acontece... – ela se levantou inquieta.

Fiquei observando a movimentação confusa dela.

– Acontece que você quer novas experiências, certo? – ela parou e respirou fundo.

– Seth teve uma vida toda antes de me amar Leah. Eu não. – seu tom não deixava duvidas, isso é uma confissão.

Assenti. Entendia a confusão dela, e mesmo sabendo que Seth é o amor na eternidade de Reneesme, não posso impedir sua decisão de querer ter uma certeza maior disso.

– Você esta me odiando não é? – Nessie sentou ao meu lado.

– Por quê? – apoiei o queixo no meu joelho.

– Seth é seu irmão. – ela deu de ombros. – Esta sofrendo.

– Nessie, você também esta. Vou te dizer uma coisa. – respirei fundo. – Quando Jacob partiu, eu o odiei. Por ele ir embora e me deixar ali, com todo aquele amor e sozinha. Contudo, hoje eu o agradeço. Eu tive uma vida sem ele. Posso dizer que fui feliz, e amava viver daquela forma, mas que jamais vai se comparar com a vida que Jacob e eu temos agora. Você será feliz Nessie. Pois terá experiências, e você precisa delas. Mas um dia verá que o seu lugar é onde seu coração esta, não a mente. Até lá, seja feliz, pois completa, acredito de coração que você será somente quando voltar para os braços do meu irmão.

Nessie enxugou a lágrima no canto do olho.

– Obrigada por me entender. – ela agradeceu sincera, assenti e levantei.

– De nada Reneesme. De nada.

Sem dizer nenhuma palavra, caminhei sozinha, dei alguns passos na direção do rio.

– Sinto muito Leah. – a voz dela saiu embargada. – Estarei ao seu lado, mesmo quando isso não fizer a menor diferença.

Não olhei para trás.

– Isso sempre fará toda a diferença. – respondi fitando o chão, que era onde eu parecia estar desde a noite de ontem.

Caminhei de volta para o pequeno espaço seguro que a casa, onde minha Mãe viveu representa neste momento, deixando Nessie com as suas dúvidas na mata.

Sentia paz aqui. Mesmo com o coração partido.

Saber que partir, é a melhor decisão para ele, me faz ser invadida por isso.

Ao me aproximar senti uma vertigem. Quase cai. Minha respiração se tornou acelerada.

– Droga. – resmunguei.

Dei mais alguns passos me recompondo antes de chegar ao meu pequeno porto seguro. Notei ao me aproximar que Jacob não estava mais dormindo. Muito menos dentro da casa.

Olhei ao redor tentando escutar seus batimentos, ou sentir o aroma de sua pele... Em vão.

Caminhei até a parte na mata onde meus amigos estão levantando a casa.

Não havia ninguém lá.

Minha respiração acelerou.

Estava completamente sozinha.

– Nessie. – gritei e corri em sua direção.

Ela também não estava mais ali. Ou qualquer vestígio de que isso tenha acontecido hoje.

Meu alerta de perigo parecia querer me dominar.

Olhei minhas mãos e ao redor, e para a minha surpresa sabia exatamente o que estava acontecendo neste momento. Minha alma não estava presa ao meu corpo. Estava solta se misturando com o vento.

– Olá Leah. – a voz masculina que vinha de alguns poucos metros de distancia, quase fez meu corpo derrubar todas as arvores. Apertei meus olhos com força antes de me virar e encará-lo.

– O que esta fazendo aqui Gregory? – me virei para encará-lo.

A ventania era cada segundo mais forte.

Ele sorriu desafiador.

– Uma visita de cortesia. – ele estava com os braços cruzados.

– Dispenso. – dei um passo adiante.

Gregory não se moveu.

– Quero um acordo. Para não matar essa criança, que esta crescendo em seu ventre, assim que ela nascer, ou até antes disso. – ele ameaçou.

Sorri desafiadora.

– Posso oferecer um único tipo de acordo. Aquele onde não vou arrancar a sua cabeça, simplesmente para não ouvir sua voz, ou o outro, onde vou arrancar simplesmente para não ter mais que ver seu rosto novamente. Sua escolha. – ele sorriu.

– Não sou seu inimigo. Alias posso não ser. E posso te garantir. Para a sua sobrevivência e a dessa criança, você deve me aceitar na lista de amigos. – a ironia cravava seu tom de voz a cada letra que ele pronunciava. Entretanto, uma dose de insegurança estava ali também.

– Pode garantir? – sorri.

– Eu não matarei seu filho, ou filha, caso o entregue a mim. Quero erradicar os vampiros do mundo, e tenho certeza que ele será uma ferramenta fundamental para isso Leah. Caso contrário, eu o caçarei, e o matarei assim como farei com os demais que atravessarem meu caminho. – sentia meu corpo se misturar a mata, cada vez mais forte.

– Eu vou matar você. Isso não é uma ameaça. Não é uma promessa. É um fato. Vou arrancar seu coração do peito e observar você cair. – o olhar dele era impenetrável.

– Não se pode dizer que não tentei. – ele sorriu.

– Você é um fraco. Um bruxo que se transformou em algo que odeia. Foi manipulado a vida toda, e não sabe pelo que lutar. Covarde e sem propósito. O meu filho, mesmo antes de nascer, é mais poderoso do que você jamais será, por toda a eternidade. – o olhar dele se transformou. Um ódio quase palpável.

– Você me deu um propósito Leah. Matar essa criança. E você. Vou me fortalecer e terei o maior prazer em fazer isso. – sua expressão era severa.

– Vou observar suas tentativas. E retribuir cada uma delas, com uma vida te caçando. Você não vai dormir em paz, nem viver, muito menos ser realizado. Serei uma sombra na sua vida, e tenha certeza você não será isso na minha, e muito menos na dele. – avancei na direção do maldito bruxo.

– Nos encontraremos em breve. Temos a eternidade para isso Leah. – Gregory desapareceu na ventania.

Podia sentir uma força brutal crescendo dentro de mim.

Tentei controlar a ventania que eu mesma estava causando. Entretanto as palavras do maldito bruxo se enroscaram nos meus ouvidos, me deixando ainda mais furiosa. Maldito Gregory. Tentava a todo custo me acalmar, sem sucesso.

Em meio a muitos ruídos, um sussurro cantou nos meus ouvidos. Uma voz conhecida. Consegui me enxergar em uma forma humana, e então o vi. Jacob segurando meu corpo.

Chamando por mim, de forma firme. Concentrado.

Por um instante ele pareceu me enxergar ali. Um sorriso se espalhou por seus lábios.

Involuntariamente o sorriso ganhou os meus também.

Me concentrei no olhar dele, que parecia fornecer uma direção que antes a raiva não estava me permitindo encontrar.

Consegui enxergar claramente o caminho de volta, para o meu corpo, para Jacob.

Abri os olhos, e o alivio nos olhos negros do moreno eram nítidos, reluziam de forma intensa.

– Leah! – ele me apertou em seus braços, na tentativa de deixar claro, que somos uma pessoa única, vivendo em corpos separados – Você esta bem? – apenas assenti, passando os dedos pela linha de preocupação formada mais uma vez, em sua testa.

– O que aconteceu? – Nessie perguntou, olhando ao redor, na tentativa de detectar algum perigo.

Sacudi a cabeça ainda zonza.

– Gregory. Ele esteve aqui... –minha respiração ainda esta acelerada e minha boca seca.

– Graham, Aquilles. Vão. – Jacob pediu.

– Não adianta. Ele não esta por perto. Agora ele pode viajar como espírito. É um ser humano novamente. – levantei tirando a terra da minha roupa.

– O que ele queria? – Nessie se aproximou.

Jacob trincou os dentes. Ele sabia mesmo antes que eu pudesse dizer o que Gregory queria.

– Meu filho. – olhei para ele e, por um instante, meu pavor se refletiu nos olhos deles.

– Isso ele não terá. Jamais. – Jacob prometeu ao meu envolver em seus braços.

– Como ele sabe onde estamos? – Nessie tinha uma expressão carregada, de preocupação.

– Ele não sabe. Por isso não fez nada. – Ayra respondeu. – Mas ele sabe como puxar um espírito. Esta com todas as energias que um bruxo deve ter, toda energia restaurada. É humano novamente.

– Ou seja, ele pode me encontrar com um pouco de esforço. – admiti pela primeira vez.

Jacob olhou para baixo. Um sim silencioso.

– Ele não conseguirá fazer agora. – Billy se aproximou. – Seu filho não vai permitir que você ou ele sejam machucados, antes do nascimento.

– Por isso eu consegui me desconectar do corpo antes de saber o que realmente estava fazendo? – perguntei com uma dúvida sincera.

– O bebê ainda esta desconectado do corpo até o próprio nascimento Leah. – Billy explicou.

Meu coração disparou frenético.

– Você quer dizer que ele pode nos ver neste exato momento? – instintivamente minhas mãos estavam no meu peito. Como se eu pudesse segurar meu coração.

Billy sorriu.

Olhei para Jacob, e seu olhar era quase um espelho do meu. Esperança, de que isso fosse realmente possível.

– Não sei onde ele pode estar Leah. Mas é possível que veja algumas coisas. Só não sei em que freqüência, ou tempo ele consegue ficar neste plano. – Billy explicou.

Me sentei sobre a pedra que ficava ali, Jacob sentou-se ao meu lado.

Entrelaçamos nossos dedos.

Nossas respirações ofegantes.

Como é possível ele ter tantas habilidades mesmo antes de nascer?

Olhamos ao redor e todos nos olhavam com admiração.

– Ele vai entender um dia Leah. Tudo que estamos, e vamos fazer por ele. Essa será nossa maior recompensa. – Jacob levou minha mão aos lábios.

Apenas assenti.

Billy se aproximou e estendeu uma mão para Jacob, e a outra para mim.

– Vamos. O filho de vocês é um reflexo do que vê, a cada dia nos pais. Ele vê força, coragem, amor. Então ele é forte, amoroso e corajoso. Um dia, ele vai se lembrar de tudo. E quando o fizer, verá como uma decisão pode ser difícil, mesmo sendo para o bem. Mostrem a ele que mesmo assim vocês continuaram de pé. Por ele. – as palavras de Billy me deram um novo animo.

Segurei firme a mão dele e levantei. Jacob respirou fundo, e o fez também!

– Por ele sempre. – Jacob sentenciou.

....

Os dias andavam estranhamente calmos.

Jacob e os meninos saiam para fazer uma vigília.

Eu e o restante das mulheres ficávamos aqui.

Kate estava aprendendo com Reneesme algumas práticas de defesa pessoal. Embora eu tenha a certeza que ela jamais precisará.

Nas horas vagas entre as aulas de defesa, e a organização das casas por aqui, Kate pratica magia.

Ayra a ajudou com algumas coisas. Mas seu olhar intrigado, que anda chamando minha atenção. Ela olha Kate com um mistério absurdo nos olhos. Como se soubesse de algo que ninguém mais alem dela pode ver.

Sondei com Jacob, ele apenas diz que Ayra pode ver além, essa é sua maior habilidade.

O problema é que jamais consigo ficar sozinha com ela. Sem alarmar outra pessoa, ou até mesmo Kate. Então Nessie e eu armamos uma pequena brincadeira. Apenas para aprimorar a magia de Kate.

– Leah e eu tivemos uma idéia Kate. Para ver como você reage sob ameaça, e sem seu marido. – Nessie começou a explicar.

– Eu e Nessie, vamos te orientar. – Ayra acalmou Kate. – Você vai me achar, e proteger de Reneesme, pois isso não é difícil para uma Bruxa. Não estarei em nenhum escudo. Você me coloca no seu, e se protege de Reneesme. Certo?! – Ayra sorriu para Kate que apenas assentiu.

Jacob e os meninos estavam cientes que não estávamos correndo riscos, era apenas uma forma de passarmos o tempo.

Na mata nos dividimos em três grupos. Kate, Nessie e Merida. Eu e Ayra.

Nessie dava as coordenadas enquanto Ayra desaparecia. Sem rastros como eu imaginava que faria.

Ayra lançou uma pequena magia. Aos olhos de Kate Reneesme era um Lobo, e caçava Ayra.

Kate se concentrou e achou Ayra rapidamente. A segui.

Sem abrir os olhos e ainda se protegendo de Nessie, Kate lançou um feitiço.

Quando ela o lançou me lancei junto e consegui ficar protegida junto com Ayra que levou um susto.

–Leah! – ela disse ofegante.

– Ninguém pode nos escutar aqui certo?! – o ar de surpresa com a minha presença deu lugar a expressão desconfiada.

– O que esta havendo? Ou melhor. Tudo isso era só para ficar sozinha comigo, não é?! – Ayra cruzou os braços.

– Temos preocupações demais, não posso lançar mais uma. Então nada melhor que você estar em um escudo, e ninguém nos ouvir. – ponderei. – O que você anda vendo? – fui direta.

– Do que esta falando? – a expressão de surpresa novamente.

– Não minta. Você olha Kate de uma forma diferente agora. O que esta vendo? E não tente me enganar dizendo que não esta. Me olhava, da mesma forma intrigada, quando sabia que eu estava grávida, e nem eu sabia! Ela esta grávida é isso? – fui taxativa, não havia tempo para ser gentil.

– Esta. – ela confessou.

Um tapa, rápido e certeiro, essa foi a sensação que a resposta dela me causou.

Era apenas um chute, para ela dizer o que estava acontecendo, não desconfiava, que isso fosse verdade.

Senti uma emoção imensa, e imediatamente, meus olhos se encheram de lágrimas.

Meu coração disparou. Tantas coisas vieram á minha mente.

– Porque você não conta? O bebe é como o meu? – a euforia ameaça me dominar!

– Não Leah. Mas a filha dela é diferente. – o tom era de cautela.

– Como assim? – senti um balde de água gelada ser derramado sobre a minha alegria.

– Não sei ao certo. – Ayra respirou fundo. – Mas é um tipo de linhagem que eu achei não ser possível nascer novamente. De espécies extintas de Bruxas há muitos séculos. – ela gaguejou.

– Fará mal a Kate? – meu medo era maior que a lógica.

– Não. Eu acredito que não. – ela sentou ao meu lado. – É muito poderosa Leah. Não é somente uma bruxa como Kate. É uma espécie diferente. Mais poderosa que qualquer outra bruxa.

Sorri sem animo.

– Será que nenhuma de nós pode ter um filho comum? Que seja simplesmente um humano sem pretensões maiores do que crescer e escolher uma profissão aos dezesseis anos, ou esperar para fazer aos dezoito. Sair escondido pela janela, para se divertir com os amigos, pois o deixamos de castigo por algum motivo bobo. Será que nenhuma de nós conseguirá ser uma Mãe que cuida simplesmente do filho, e não de todos os outros seres do planeta que querem matá-lo?! – desabafei.

– Leah eu sinto muito. Mas vocês são extraordinárias. Nunca foram e jamais serão seres comuns. Como querer que os filhos sejam? Kate vai conseguir lidar com isso no tempo certo. Quando perceber o que a filha é. Assim como você esta sabendo lidar com o seu. – Ayra sorriu. Tentando me dar forças.

– Obrigada Ayra. – levantei e estendi a mão para ela.

Kate se aproximava sorrindo com Nessie.

– Leah? – ela olhou surpresa.

– Quis fazer uma surpresa. – menti.

Kate gargalhou.

– E conseguiu. Nossa conseguiu. – ela me deu um abraço.

– Como se saiu? – perguntei tentando conter as lágrimas.

– Eu acabei com a Cullen. – ela cruzou os braços, vitoriosa.

– Eu não facilitei. – Nessie completou. – Kate você é incrível.

Nessie abraçou Kate. E me lançou um olhar preocupado.

Mesmo sem falar muita coisa, Nessie já sabia que havia algo acontecendo.

– Concordo. – abracei as duas.

Caminhamos de volta para nossas casas.

Kate falava animada Ayra mais a frente.

Olhei para Nessie, sem poder carregar mais essa preocupação sozinha.

Estendi o braço e Reneesme o segurou. Viu tudo que Ayra e eu falamos.

Ouvi, ela engolir a seco.

“Ela é forte. Mais do que pensamos.” – Nessie disse sem soltar uma palavra.

“Eu sei. Ela só é tão humana. Não quero vê-la sofrendo.” – desabafei.

“ E não verá Leah. Você sofre por ter um filho extraordinário em seu ventre?” – Nessie ergueu a sobrancelha.

“Claro que não. Sofro por ter que me separar dele” – fui firme.

“Justamente. A preocupação dela será essa. Como a filha vai viver bem, sendo tão poderosa? Contudo o amor dela será maior, tenho certeza.” – Nessie pensou na Mãe. Em como foi amada antes de nascer. Como foi protegida.

“ Eu sei de tudo Nessie. Kate será um ótima Mãe. Só quero que ela tenha o prazer e privilégio de poder viver ao lado da filha. Nada mais.” – confessei.

Nessie apenas assentiu, se calou, e apertou minha mão.

Ficamos em silencio ouvindo Kate questionar Ayra sobre alguns truques que ela estava descobrindo sozinha.

Antes de chegarmos a trilha dos arcos, próximo as nossas casas, já podia sentir o aroma amadeirado na pele de Jacob dominar tudo ao meu redor.

Sorri e soltei o braço de Nessie.

Jacob estava rindo de alguma piada que Billy contou. Há dias não escutava aquele som tão alto.

Sorri junto.

Corri e o abracei. Envolvi minhas mãos em sua cintura e encostei minha cabeça em suas costas. O coração dele batendo de forma tão calma.

Ele envolveu um dos braços em minha cintura, e me puxou para frente.

– Então. Como foi? – ele segurou meu rosto entre as mãos e deu um beijo suave nos meus lábios.

– Foi... foi, simplesmente demais. – respirei fundo, e respondi com um sorriso nos lábios.

– Parece que foi. – ele passou o nariz pela lateral do meu rosto.

O abracei mais firme.

– Sabe estive pensando. Talvez eu e você possamos passar uma tarde a sós. Somente nós. Sem brigas e problemas, ou Bruxos nos caçando. – passei a mão pelas costas dele.

– Claro, claro. – Jacob selou nossos lábios.

Há dias estávamos distantes. Nossa decisão é tão pesada que acabamos deixando de lado, tudo de bom em nossa relação, em alguns momentos. Talvez pela dor ser tão forte que nos oprimiu.

– Então esta me convidando para um encontro? – Jacob tinha um sorriso malicioso nos lábios.

– Nada disso Black. – Estou te avisando que vamos sair. Hoje. Mais tarde. – envolvi minhas mãos em sua nuca.

Jacob fechou os olhos. Coração acelerado.

– Estarei lá Clearwater. – ele envolveu os braços na minha cintura e tirou meus pés do chão.

Amo quando ele faz isso.

– Te espero então. Até mais tarde Jake. – dei um beijo no queixo dele.

Antes de me soltar dos seus braços, Jacob passou os lábios pela lateral do meu pescoço.

– Eu te amo Leah. Para Sempre. – senti meu corpo amolecer nos braços dele. Sempre foi assim, e sempre será.

Jacob me colocou no chão.

– Você sempre jogando sujo Black insuportável. – ele gargalhou.

– Nunca disse que jogo limpo, minha Clearwater. – Jacob ajeitou minha camiseta.

– Agora vou cuidar do nosso jantar, assim sairemos mais cedo possível. – Jacob tinha um brilho de animação nos olhos.

– Vou ajudar as garotas. – olhei para as minhas roupas.

Jacob estendeu as mãos sem perceber que estava incomodada. Ele se uniu aos demais homens e foi caçar.

Entrei para ajudar com o jantar.

Conversamos e rimos umas com as outras.

Parecia tudo estranhamente normal.

Parecia. Por alguns minutos apenas.

Ouvi os passos apressados de Nahuel, sua respiração tensa, e contida. Ele voltava de uma ronda com os Cullens. A expressão carregada.

Larguei as folhas na bacia, e sai da casa.

Meus olhos grudados nos dele.

Nessie se aproximou antes, seguida por mim.

– O que aconteceu? – ela perguntou preocupada.

– Encontraram alguma coisa? – meu coração acelerou.

– Nâo. – ele coçou a cabeça. – Bem os Cullens acham que não é nada. Eu só fiquei cismado. Nada mais. – ele tentou ir para a casa onde mora, Nessie colocou o corpo à frente impedindo a passagem.

– Cismado com o que Nahuel? Diga. – ela cruzou os braços.

– Um animal morto. O sangue parecia ter fugido das veias dele. Mas não tinha marca de mordidas. Nem dentes. Ou algum rastro de Vampiros. – o olhar dele estava perdido.

– Ele pode ter morrido há tempos Nahuel. Pode ser isso. – Nessie parecia não ter preocupações.

– Pode ser. – Nahuel passou por Nessie, e por mim.

Segurei seu braço.

– Pode ser. Mas você ficou incomodado. Por quê? Diga de uma vez. – pedi.

– Nada de mais. Ou confirmado, ou que eu já tenha visto. Mas os antigos diziam que os animais são os olhos da natureza. Sempre são sacrificados quando um sobrenatural quer algo importante. Esse escudo por exemplo. Vemos alguns animais passando por ele sem notar o que estão fazendo. Eles são puros. Não tem o véu da maldade. – ele olhava diretamente para mim.

– Você acha que alguém pode ter tomado o corpo do animal é isso? – meu coração acelerou novamente.

– Não acho nada. Mas também não descarto. O fato é, que aquele animal não tinha uma gota de sangue no corpo. Se ele estava ali a tanto tempo, a pele não estaria em tão bom estado. – soltei o braço de Nahuel.

– Meus Pais estão onde? – Nessie me olhava preocupada agora.

– Com os demais Vampiros, caçando algo, vigiando os caminhos. Procurando por alguma pista que alguém esteve por aqui.

Olhei nos olhos de Nahuel. Eles eram negros como a noite. E sua preocupação era tão nítida neles como cristal.

– O que você faria? – perguntei com um receio sincero de quem não estava mais se sentindo segura em estar naquele lugar.

– Sairia daqui. Aquele animal esta nos dizendo que alguém sabe onde estamos mesmo sem vida ele nos diz isso. – Nahuel olhava para frente.

Senti meu estomago revirar.

– Droga.

A irritação me dominava.

– O que foi? – Nessie se aproximou.

– Meu encontro esta, oficialmente cancelado. – bufei irritada.

....

Jacob e os demais discutiam a probabilidade de Gregory saber onde estamos.

Kate tem certeza que isso é impossível.

Billy deu razão a desconfiança de Nahuel. Mas não acha que Gregory já tenha força para esse tipo de encantamento que requer um controle absoluto da própria magia, o que ele acredita ser impossível Gregory ter recuperado tão rapidamente.

Graham e Eike acham que estamos nos preocupando a toa.

Embry e Nessie, acreditam que eu teria sentido algo, já que o bebe pode ser um filtro para isso.

Jacob simplesmente não formou nenhuma opinião.

Eu fiquei ali, diante de todos os meus amigos... E até mesmo meus inimigos naturais, mas que ali estavam para tentar ajudar. Ouvindo como se assistisse a um filme de terror. Onde eu simplesmente era apenas uma expectadora da minha própria vida!

Então algumas imagens invadiram minha mente.

Enquanto eles tentavam decidir nosso caminho, ou nossa permanecia ali.

As imagens de um dia na praia. Seth, eu e meu Pai.

“ – Leah você prometeu que me deixaria pescar o primeiro. – Seth resmungou chateado.

Gargalhei com o seu protesto.

– Pirralho, eu não fiz nada além de jogar o anzol na água! – respondi ainda sorrindo.

– Pai, a Leah não me deixa pegar o peixe antes. – ele contou indignado.

Meu pai escondeu o sorriso que também cobria seus lábios.

– Filho, nem sempre conseguimos pegar o primeiro peixe, mas olhe a imensidão desse rio. Quem disse que o primeiro é o mais importante? Todos vão nos alimentar, e o que vale, é que estamos juntos fazendo isso! – meu pai ponderou. – Você gostaria de estar em outro lugar agora meu filho?

– Não Pai. Eu gosto de pescar com você, e a chata intrometida da Leah. – Seth mostrou a língua para mim e voltou a se concentrar na pesca.

Meu pai deu uma piscadela por cima da cabeça do pirralho.

Passamos o restante do dia pescando, e nadando no rio de águas mornas que meu Pai nos levava. Foi um dia simplesmente gostoso e especial.

– Vamos voltar a LaPush. – sentenciei

– O QUE? – Jacob quase saltou.

Todas as vozes misturadas tentando falar ao mesmo tempo.

– Isso mesmo. Vamos nos organizar e voltar à reserva. – meu tom de voz era decidido.

– Leah isso pode ser arriscado. – Kate ponderou.

– Os Romenos estão em guerra agora Kate. Alice veria se eles tentassem se aproximar. Assim como você e Reneesme conseguiriam ver isso também. E já que estamos a mercê de sobrenaturais em qualquer lugar, quero ficar próxima a minha Mãe, enquanto eu estiver com meu filho no ventre. Serão meus últimos meses para isso até conseguir matar cada ser que tente se aproximar dele. – todos se calaram. – Tenho uma história feliz na reserva. Meu filho vai nascer lá, onde existe amor em cada pedaço daquele solo.

– Não acho seguro. – Embry andava inquieto de um lado para o outro.

– Aqui também não parece ser. Adoro estar cercada deste lugar, mas já que posso ser encontrada por qualquer um, estarei na reserva com a minha força máxima ao redor. Toda minha família esta lá. Vamos voltar!

Olhei para o lado e Jacob estava simplesmente mudo.

– Vamos esperar mais uma ou duas noites Leah. – Scott pediu.

– Podemos não ter tempo para sair daqui em uma ou duas noites Scott. – respondi.

– Teremos toda a viagem de volta para avaliar se estaremos em perigo na reserva. Caso isso possa acontecer, vamos ver. – Nessie se aproximou.

Sorri em sua direção. Ela me apoiaria. Mesmo que possivelmente não esteja totalmente certa, que a minha decisão é a mais segura.

– Cassandra e Keira, podem nos ajudar com isso. Mapear a reserva e nossa segurança. – Ayra se levantou, seu tom de voz solidário em apoio a minha decisão.

– Vamos esperar esta noite. Temos diversas formas de nos certificar se voltar para a reserva é, a nossa melhor decisão. – Billy se aproximou de Jacob, e segurou seu ombro. – Vamos deixar Jacob e Leah a sós para que possam conversar melhor sobre isso.

Nessie passou por mim, e sorriu. Um sorriso sarcástico, de quem avisa, o tamanho da encrenca que me aguarda.

Jacob fechou os olhos e cantou algo em quileute, ao abrir seus olhos continham uma repreensão.

– Não fique bravo. Só preciso estar perto das pessoas que amamos Jacob. Não tente negar, que você quer estar na reserva tanto quanto eu.

– Não estou bravo. Estou surpreso. Você não pode decidir esse tipo de coisa, e não me deixar espaço para contestar Leah. Você já pensou, que se estivesse em perigo, nosso filho te avisaria? Já parou para pensar que existem várias formas, dele ser capaz de fazer isso? Eu amo estar na reserva Leah, mas para voltar a viver lá, mesmo que seja um período curto de tempo, preciso ter certeza que aquele lugar vai ser um porto seguro, do contrario ele será apenas um lugar que representa perigo, para você e meu filho. Nada mais. Ninguém lá corre perigo se estivermos longe. – seu tom de voz era contido, e firme.

– Desculpe Jacob, mas me dei ao luxo de sonhar que posso ter alguns momentos felizes, antes de ter a minha vida vazia, sem meu filho. – senti um aperto massacrar meu peito.

Infelizmente a gravidez me faz ter atitudes impensadas, Emoções sem controle, e a necessidade de criar boas memórias para suprir o espaço que meu filho vai deixar.

– Não Leah. Você não fará isso. O filho é nosso. As lembranças boas e necessárias para ele e para nos manter em pé também são nossas. – Jacob estava visivelmente magoado, ótimo. – Mas tomar uma decisão dessas, e não pisar em solo seguro, é destruir tudo de maravilhoso que a reserva pode nos dar, com lembranças negras, causadas por imprudência nossa.

A dor nos olhos dele me deu o segundo tapa bem dado, no meio das fuças, do dia.

Me lancei a diante e o abracei.

– Me desculpe Jacob. – afundei meu rosto em seu pescoço. – Eu só quero estar lá, mais uma vez. Quero nosso filho naquele lugar, mesmo que apenas horas.

Jacob entrelaçou seus braços ao redor da minha cintura.

Passou uma das mãos nos meus cabelos.

– E você vai estar. Mas quando soubermos que isso é realmente possível e seguro. – a promessa em seu tom de voz me tranqüilizou. – Olhe para todos ao seu redor Leah. Estão aqui por amor a você, e ao nosso filho. Aprenda a tomar decisões ouvindo todos os lados, sem precipitações. – sua expressão era carregada ao dizer isso.

– Tudo bem Jacob. – respirei fundo, me sentindo mais como uma criança rebelde, do que uma Mãe zelosa.

– Vamos fazer contato com a reserva hoje mesmo, saber com Cassandra e Keira, como estão as coisas. – apenas assenti.

Jacob respirou fundo e sentou-se sobre o tronco, ali na pequena clareira aberta na mata.

Sentei ao lado dele.

Jacob tinha os olhos negros focados nos próprios pés.

– Não será fácil conviver comigo hã?! – admiti.

Ele olhou diretamente em meus olhos. Retirou uma mecha de cabelo grudada em meu rosto.

– Difícil seria, não estar perto de você Leah. Seria impossível. – o abracei com força.

– Juntos em toda decisão, certo? – Jacob colou a testa na minha.

– Sempre! – ele prometeu!

.........

Não consegui comer, e agora não conseguia dormir.

Jacob estava na mata com Eike, Aquilles e Nahuel.

E me pediu para ficar, e descansar, pensar no bem estar do nosso pequeno.

Parei na posta da casinha e olhei para o céu.

Mesmo encoberto pelos arcos, é possível olhar as estrelas pelos feixes de luz que transpassam os galhos e folhas das arvores.

Fiquei ali, imaginando quando voltarei a este lugar novamente? Será que estarei feliz com a minha vida, ou com meu filho nos braços?

Será que tomei a decisão certa? O que será melhor para ele? Como vou saber se ele não vai me odiar? Como saber se um dia ele vai se lembrar de mim? Como conseguir viver sem ele?

Senti uma leve cutucada no ventre. Passei minha mão por ele. Quero guardar estes momentos ao lado do meu pequeno.

– Vamos tentar mais uma vez, hã?! Nada mais que uma vez. – sorri ao sentir mais uma leve cutucada.

Deitei novamente e senti uma paz imensa me invadir.

Dormi em segundos, ou minutos. Não sei.

“ O lugar onde despertei era totalmente iluminado por um sol das cinco da tarde. Uma brisa fresca sacudia meus cabelos. Levantei e notei que estava sobre uma manta em uma grama fresca. Olhei ao redor. Me levantei.

Olhei para baixo e estava com um vestido longo e branco. Os pés no chão. Sorri com a beleza do lugar, a paz e a tranqüilidade emanando de todos os cantos.

Respirei fundo. E então senti meu corpo todo ser invadido por uma presença conhecida.

Meus olhos se encheram de lágrimas, porque mesmo antes de me virara eu sabia quem estava atrás de mim.

https://www.youtube.com/watch?v=-BAU9mKJjdU

“Não tenha medo. Estou aqui Mãe.” – sua voz era tão gostosa de ouvir.

Virei-me e um sorriso largo preencheu meus lábios. O mesmo que estava preenchendo os dele.

Diante de mim, uma criança de pouco menos de dez anos. Sua pele Morena, e seus olhos negros iluminavam a mata ao nosso redor.

“É assim que você será?” – minha voz saiu como um sussurro.

“Provavelmente” – ele olhou para as pequenas mãos.

“ Você consegue se enxergar?” – caminhava em sua direção lentamente, um medo insuportável de despertar ao tocá-lo.

“ Não, só consigo estar aqui. E somente em alguns momentos. Após meu nascimento, não me lembrarei de nada, até o momento que minhas habilidades estiverem restauradas.” – ele deu de ombros. Pude ver Jacob ali, naquele pequeno movimento de corpo.

Ele sorriu para mim novamente.

“ Pode se sentar aqui, eu não vou sumir, até você acordar.” – tentava conter a emoção de estar ali.

“Será que eu preciso ficar longe?” – toquei os cabelos lisos e negros dele.

“ Qualquer coisa que você decida fazer, não vai mudar meu destino Mãe.” – as pequenas mãos dele pousaram no meu joelho, e então eu o apertei contra meu corpo. Segurando em um abraço firme.

“ Tenho medo de não conseguir te proteger até você estar pronto meu filho.” – beijei o topo da cabeça dele.

“ Você vai. Eu te ajudo agora, para manter sua força enquanto precisar dela. Enquanto estivermos separados. Vou deixar com você uma forma de me buscar, onde quer que esteja. Prometo” – ele passou os dedinhos nas minhas lágrimas.

“ Meu amor. Eu jamais me afastarei, mesmo quando você estiver longe, eu serei a presença atrás de todo desejo seu. Farei tudo que for preciso, prometo. Eu e seu Pai.”

Ele sorriu e segurou meu rosto entre as pequenas mãos.

“Eu sei. – ele sussurrou. – “ Você esta fazendo a coisa certa, sempre que a fizer de coração.”

O abracei novamente.

“ Eu não quero sair deste sonho.” – o abracei novamente.

“ Seria legal. Pena que não podemos fazer isso.” – ele deu de ombros mais uma vez. – “ Venha”

O pequeno se levantou e estendeu a mãozinha, na minha direção.

Entrelacei meus dedos aos dele.

Caminhamos juntos, enquanto ele pegava algumas flores no caminho.

Fazendo um pequeno buquê, com flores tão lindas, que pareciam ser exatamente o que eram. Irreais.

“Mãe, não existe perigo nenhum aqui. Apenas protetores. Nada mais.” – ele amarrou as flores cuidadosamente com um laço branco.

“ Protetores?” – passei a mão pelo cabelo liso e sedoso dele.

“ Você vai saber, ao acordar, por isso, acho que esta na hora.” – ele correu um pouco a diante e sentou-se de perninhas cruzadas. As flores no meio das pernas.

Lindo. Tranquilo. E com uma expressão feliz.

“ Você será feliz? Pode saber isso?” – me aproximei e passei a mão pelo seu lindo rosto.

“ Eu serei. Não sei como, mas sabendo como sou amado agora. Vou caminhar para a minha vida, nascer, com o coração iluminado Mãe. Então serei feliz. E vou esperar, por vocês, da forma certa. Com paciência.” – ele levantou e me deu um beijo no rosto. – “ Até logo Mãe, eu te amo.”

“ Eu também” – respondi depositando um beijo suave na testa dele.”

Abri os olhos e o quarto estava mais claro. O dia começava a despontar, e a luz entrando pela porta era diferente, mesmo sendo mais escura.

Olhei para o lado e Jacob não estava ali.

Caminhei até a cozinha, e peguei o jarro com água.

Sequei cada gota de água nele, sem me importar em pegar um copo.

Podia sentir uma aproximação.

Caminhei até a porta, e vi uma pantera.

Negra como a noite. Os olhos azuis como um céu em dia de sol intenso.

O receio me colocou em posição de ataque. Contudo não me sentia em perigo.

O Olhar de cautela do animal, foi substituído por confiança e tranquilidade, lentamente ela foi se aproximando, então no meio do caminho, surgiu diante de mim uma mulher. Cabelos negros como a noite, até os joelhos, a pele era alva, como neve, e os olhos desafiadores.

– Prazer Leah. Sou Kaia. Estou aqui para honrar a aliança com seu avô Connor. – ela parou alguns metros de distancia. – Podemos conversar?

Não conseguia soltar um único som.

Mas podia sentir a aproximação de Jacob em alta velocidade.

– Acho que preciso me vestir. – ela enrolou o cabelo no corpo nu, e então ele envolveu cada parte do corpo dela. Cobrindo os seis, a cintura, e os todas suas partes intimas.

– Como você conseguiu nos encontrar? – perguntei sem conseguir assimilar muito bem o que estava acontecendo.

– Connor nos ajudou. Sabíamos onde poderiam estar. Então viemos, e tentamos localizar onde um feitiço de invisibilidade ou ocultação pudesse estar sendo realizado. – ela olhou para o ponto onde Jacob estava aparecendo. Todos ao redor pareciam ter consciência da presença dela somente agora.

– Sabíamos? – perguntei sem desviar meu olhar do rosto dela.

– Sim, eu e meu Clã, ou Matilha, família, alguns nos chamam de bando. Certo Billy?! – ela olhou na direção onde Billy saia da mata, com um sorriso nos lábios.

Jacob entrelaçou as mãos na minha cintura.

– E onde eles estão? – Jacob parecia irritado.

– Esperando a bruxa desfazer o campo, ou apenas permitir que nos vejam, sem gastar toda a nossa energia fazendo isso. – ela respondeu olhando diretamente para Ayra.

Nos entreolhamos com receio.

– Eu os conheço Leah. Eles atendem pelo nome de Lobos do Norte. – Billy parou ao meu lado.

– O que é absurdo, já que temos apenas um lobo nesta família. – ela rebateu irritada.

– Ok, vamos deixá-los entrar. – olhei para Jacob, que assentiu silenciosamente concordando com a minha decisão.

.....

Duas horas olhando, e mesmo assim não acredito que eles são Híbridos.

Kaia. Muriel. Yullie, Greyson.

Uma pantera, Um tigre, Um gavião, e um Lobo.

Kaia é a única mulher.

Enquanto ela tentava explicar como conheceu minha família há séculos atrás eu tentava assimilar a idéia, que não era a única mulher hibrida do planeta.

Um certo alivio egoísta me dominou.

– Você não esta realmente me ouvindo certo? – Kaia sorriu ao dizer isso.

– Leah, podemos fazer isso mais tarde. – Jacob sussurrou no meu ouvido.

– Não, estou bem. – afirmei.

– Então podemos rever tudo, em uma explicação rápida- Nessie sentou ao meu lado, sua voz não continha humor algum.

– Claro. Caço a espécie dos seus Pais. Ou melhor, caçava, até conhecer alguns Vampiros que lutam contra a própria espécie para salvar humanos. Estranho hã?! – o tom de voz dela continha um ar de deboche, com a irritação de Reneesme, ela olhou diretamente nos meus olhos novamente. – Conhecemos Connor, Mira, Rudá e a pequena Sue, há muito tempo atrás. Ajudamos a proteger. Contudo nossa própria espécie nos traiu, e Os Romenos conseguiram dizimar gerações de Lobos, Panters, Gavions, Tigers, simplesmente para proteger o pote de ouro que ele viu em linhagens de filhos da luz. Somos remanescentes doçura. Connor nos contatou há poucos meses, quando ele descobriu a gravidez da neta. Esta na hora do nosso levante. – me remexi inquieta.

– Como assim? – Jacob entrelaçou os dedos nos meus.

– Vocês não esperam entrar em uma guerra como essas sem ajuda, não é mesmo? – ela sorriu sarcástica.

– O que sabemos até agora Kaia? – Billy sentou ao lado dela.

– Sabemos que a coisa esta feia. Os Romenos e os Volturi em guerra. Vladmir e Stefan são ardilosos, e Aro também. Mas por enquanto estão ocupados tentando manter seus próprios núcleos fortalecidos, para se enfrentarem. – ela levantou e ajeitou uma mecha do cabelo.

– E os nossos? – Billy questionou.

Todos ouviam com atenção.

– Vamos ter que buscá-los. Fazer alianças. Construir o nosso exercito lentamente, e a nossa oportunidade é essa. Claro que Vladmir tem aquelas malditas Bruxas, mas podemos ter calma e paciência, e contar com o ódio de Clã para Clã. Ou mais especificamente, de Romenos para os Volturi. – o andar dela era categórico, e sedutor. Podia ver como Graham, Eike, Aquilles, Scott e Nahuel olhavam para ela.

– Como faremos isso? – perguntei tentando não sentir ciúmes ao enxergar o mesmo olhar nos olhos de Jacob.

– Já começamos Leah. Entretanto, isso não é uma coisa, feita em meses. Serão alguns anos. E tenha certeza, a guerra entre eles está apenas no começo, por enquanto eles estão ilhados em seus territórios, mas estão conquistando tudo ao redor. Pois eles são estrategistas. Faremos o mesmo. Com a diferença, que vamos usar uns contra os outros no momento certo. – ela parecia se divertir com tudo isso.

– O animal, sem sangue, foram vocês? – Nahuel parecia estar sendo atraído para perto de Kaia.

– Sim, Meu amigo aqui. – ela apontou Greyson. – precisávamos de olhos puros para encontrar o escudo. Um cervo é puro de alma e coração. Descolamos a alma do corpo. E conseguimos passear pela mata toda.

Nahuel apenas assentiu. Parecia encantado.

– Então qualquer um pode quebrar isso? – perguntei.

– Não apenas animais, e são muito poucos os Anciões que sabem praticar esse tipo de magia. Aprendemos isso com Connor e Mira. – meu coração acelerou.

– Então vocês sabem, que... – minha voz falhou ao tentar pronunciar o que aconteceu a ele.

– Sim Leah, já sabemos. Yullie viu. – ela olhou para o homem a sua frente. Yullie é japonês, e tem cabelos presos em um coque, de estatura mediana, e coberto por uma enorme parca marrom, é o homem águia. Ou gavião. – ele consegue ver algumas coisas, pois fizemos uma corrente.

– Como? – Jacob pareceu surpreso.

– Você ouviu Alpha. Assim como você fez uma corrente com a sua matilha, nós fizemos uma há muitos anos atrás. – ela olhou diretamente nos meus olhos. – Seu avô era um homem sábio Leah. Via adiante, e se cercou de proteções infinitas para proteger a filha, e a família que ela construiu enquanto tinha uma vida comum na reserva. Fez o mesmo que você fará. Protegeu acima de tudo a vida mais preciosa para ele.

Levantei, me sentindo estranhamente descansada.

– Acho que terei algum tempo para fazer perguntas. Então... – caminhei lentamente tentando sair um pouco daquele espaço.

Quero manter a paz que o sonho com meu filho trouxe.

– O caminho até lá é seguro. A estadia também. – uma voz masculina fez com que eu cravasse meus pés no lugar.

Me virei e o tal Muriel, o homem tigre, se aproximava de Jacob e de mim.

– Durante os sete meses antes, do seu filho nascer, a reserva estará fora do alcance de Vampiros. Vladmir, pensa que estão na Amazônia agora. Seu avô lançou o ultimo feitiço de fantasia possível. Viemos aqui para te avisar. Conhecer, e firmar a nossa aliança. – ele passou por Jacob como se pedisse uma permissão silenciosa para se aproximar de mim.

As palavras dele estavam girando soltas na minha mente, espalhando-se pelo ar.

– Leah. Vá para a sua casa na reserva. Aproveite esses meses em paz. Porque após o nascimento do seu filho, e mesmo não tendo consciência do poder que ressurgi, e de onde ele virá, nossos inimigos vão temê-lo. E se quisermos manter a salvo O Filho da Luz, temos que formar alianças, criar um novo mundo, para esperar que seu Filho, tome posse do próprio poder. – sua voz firme preencheu cada mente naquele local.

Passei a mão secando as lágrimas que caíram sem permissão.

Muriel caminhou para longe.

Não tinha palavras para descrever a sensação de alivio, e dor absoluta.

Alivio, pois, estar na reserva tem sido o meu maior desejo, desde o momento em que resgatei Jacob, no Castelo dos Romenos.

E uma dor absoluta, pois agora, eu sabia quanto tempo tinha com meu filho.

Sete meses.

Senti a paz causada pelo sonho com ele se esvair. Era como se um grande contador de minutos tivesse sido colocado diante dos meus olhos.

Me senti enjoada. Minha respiração se tornou ofegante.

– Leah. – Jacob me segurou, pois, eu não notei que meu corpo estava cambaleante.

Senti meus pés saírem do chão.

Jacob me carregou para a pequena casinha, que nos abrigava.

Sentou-se comigo nos braços em nossa cama.

Ficamos calados durante algum tempo. Ambos absorvendo aquela informação.

Sete Meses.

– É muito pouco Jake. – me agarrei a sua camisa, afundando meu rosto em seu pescoço.

– Não podemos pensar assim Leah. – ele me obrigou a olhar seu rosto. – São sete meses. Onde seremos as pessoas mais felizes por ter o pequeno em nossas vidas. Temos que agradecer e aproveitar isso Leah. Temos que fazer desse tempo o suficiente, para nos manter fortes, enquanto estivermos longe dele. – os olhos negros dele estavam marejados.

Assenti. Fechei os olhos e lembrei a expressão sapeca, e tranqüila dele no meu sonho.

– Quem trouxe as flores? – Jacob olhava para frente, na pequena mesinha que ficava no quarto.

Meus olhos se abriram rapidamente e dei um salto.

– O que houve? – Jacob se levantou assustado.

As lagrimas, banhando meu rosto, e levando minha agonia para longe.

– Nosso filho deixou as flores Jacob. – ele me olhou espantado. – Como eu sei? Eu estive com ele esta noite enquanto dormia, e o vi recolher cada uma destas flores.

Jacob sorriu e me envolveu em um abraço.

Um paz me invadiu novamente.

E uma decisão se formou.

Vou me esforçar para não me desesperar com o pouco tempo adiante, lutarei para agradecer por tê-lo em minha vida, mesmo que esteja sendo obrigada a me separar por um tempo, ainda não determinado.

....

Organizamos tudo em três rápidos dias.

Os Lobos Do Norte, com apenas um Lobo, como Kaia, dizia a todo o momento, seguiram para o núcleo de algumas pequenas batalhas entre híbridos, que a Guerra entre os Vampiros na Itália estava causando.

Batalhas para defender lados. Os que apoiariam os Volturi, e os que lutariam com os Romenos.

Prometi que essas serão preocupações que vou ter, após o nascimento do meu pequeno.

Agora só queria estar na reserva. Com a minha família, em casa. Onde antes me sentia protegida. No único lugar do mundo que um dia levei uma vida comum.

A viagem estava sendo longa e, cansativa, porque estávamos em outro continente.

O caminho por terra era mais tranqüilo, já o caminho feito de avião não foi agradável, assim como esta ultima etapa da viagem, não esta sendo. Barcos. E alto mar não são exatamente as combinações mais atraentes para uma mulher grávida!

Depois de algumas horas incontáveis de viagem resolvi descansar. Tentar aliviar a ansiedade que ameaça me dominar.

Deitei com a cabeça nas pernas de Jacob.

Fiquei ali relembrando meu sonho, olhando para o pequeno buque de flores dado, pelo meu filho, e tendo certeza que foi uma maneira dele me trazer um pouco de paz.

E eu estava tranqüila por isso.

Continuava deitada com meus olhos fechados, sentindo as mãos de Jacob alisando suavemente meus cabelos, enquanto meus dedos percorriam toda a extensão do meu ventre. Minha gravidez ainda é pouco perceptível.

– Temos que escolher um nome para ele. – Jacob arrancou-me de meus devaneios.

Sorri com a proposta.

Sentei de frente para ele.

– Eu tenho algo em mente. Na verdade venho pensando nisso há dias. – dei de ombros.

Jacob sorriu e me puxou para perto seu peito.

– Por favor, me diga que não quer homenagear seu ex marido. – o tom brincalhão na voz dele me fez sorrir, dei um beliscão em sua perna.

– Não, mas gostaria de homenagear uma pessoa. Homenagear não seria a palavra. – me expliquei. – Quero que o nosso filho tenha a mesma força dele.

– Seu Pai? – ele beijou o topo da minha cabeça.

– Não, embora ele mereça ser homenageado da mesma maneira. Meu Pai foi um guerreiro Jacob. Mas meu avô. Ele abriu mão dela, se sacrificou. E foi forte, guerreiro, e protetor, e mesmo antes de morrer nos protegeu. – Jacob alisava meu ventre.

– Então o pequeno já tem um nome. Connor Clearwater Black.

Ouvir o nome do meu filho, em voz alta sendo dito pelo Pai, me deixou emocionada de uma forma indescritível.

– Sim, ele já tem um lindo nome. – afirmei com um sorriso no rosto.

Me aninhei nos braços de Jacob, e adormeci.

....

Quatro dias intermináveis em alto mar.

Estou sentindo a exaustão me alcançar, como nunca senti antes.

E ficaria sem comer peixe, por um bom tempo, sem nenhuma dificuldade.

– Estamos nos aproximando. – Nessie avisou.

Subi apressadamente as pequenas escadas que me levavam ao convés.

A luz do dia em La Push era a mais linda do mundo.

Sorri ao avistar aquele lugar tão conhecido.

Meus olhos encheram-se de lagrimas.

– Em casa. – Billy suspirou.

– Sim. Em casa. – Jacob respondeu.

Respirei fundo. Dei alguns passos para trás. Olhei para Nessie desafiadora. Corri e saltei. Um mergulho perfeito.

Ao tocar meu corpo, as águas deste lugar pareciam me limpar como há tempos não sentia.

Nadei sem pressa.

Envolvi meu corpo em um abraço gostoso, sendo agraciada por estas águas novamente.

Tinha noção que todos híbridos estavam no mar. Contudo esse era meu momento.

Onde me sentia realizada. Inteira. Em paz.

Cheguei à margem e podia ouvir a movimentação dos meninos na mata.

Saudades imensas de cada um deles.

Inalei aquele ar novamente. Passei a mão pelas areias macias e claras desta praia.

E então corri, na minha melhor velocidade. Senti que estava sendo acompanhada, por Quill, Collin e Sam na mata, iria abraçá-los em breve, entretanto agora precisava dela. Minha Mãe.

Corri até alcançar o espaço desejado.

https://www.youtube.com/watch?v=S9p_mgd6VKo&list=RDS9p_mgd6VKo#t=12

Parei diante da minha casa.

Minha respiração acelerada, acompanhando o ritmo do coração.

Levei minhas mãos ao peito. Tentando de alguma forma conter as lagrimas e a emoção.

Fechei os olhos, um sorriso preenchendo meus lábios, ao ouvir minha Mãe cantarolando na cozinha enquanto descascava algo.

Era um canto leve, porem, triste.

As batidas cadenciadas do coração dela, foram me acalmando.

Passo por passo.

Respirei fundo.

A casa estava dominada pelo aroma delicioso das comidas que ela preparava.

Olhei tudo ao meu redor.

O sorriso não saia dos meus lábios.

Minha Mãe estava de costas.

– Seth, espero que tome banho antes de ousar tocar nas minhas panelas. – ela advertiu.

Dei dois passos a frente.

Sem conseguir conter as lágrimas. Muito menos a emoção.

– Bom eu tomei um banho de mar, se isso contar. – minha voz saiu embargada.

Ela ficou paralisada, ao ouvir minha voz. O coração disparou frenético.

Antes de se virar, dona Sue, já estava aos prantos assim como eu.

– Leah! – ela abriu os braços, e eu corri para me acolher ali. Me aninhei, como fazia quando era apenas uma garotinha, e não sentia o peso do mundo nas costas. Quando tinha apenas sonhos comuns, e uma vida inteira para realizá-los e ser feliz.

Sentamos as duas no chão. E ficamos ali.

Ouvi a corrida desesperada de Seth alcançar a proximidade do nosso lar.

Meu irmão irrompeu a porta, e simplesmente nos abraçou. Os três apenas. Ninguém mais.

Ficamos um bom tempo assim.

POR JACOB.

Estar na reserva novamente era completamente tranqüilizador. Saber que teríamos meses de relativa calma.

Dias contados de paz. Contudo, essa é a nossa chance. Não sabemos quando teremos novamente.

– Jacob! – Sam usou um tom mais firme, arrancando-me de meus devaneios.

– Desculpe. Eu só estou cansado. – uma desculpa qualquer serve.

Afinal estávamos há duas horas em La Push, e eu estou de fato cansado e faminto.

E já estamos atualizados sobre toda a proteção que esta sendo usada na reserva e em Forks.

– Sam obrigado por tudo que fez por nós, e pela reserva. – meu Pai o abraçou, e Sam estava evidentemente emocionado em vê-lo de pé.

– Vocês são minha família, esse é o nosso lar. – ele respondeu emocionado.

– Obrigado. – agradeci sincero. – Agora preciso muito descansar. – confessei.

Estava realmente cansado. Sentindo um desconforto e uma desconfiança imensa.

Herança daquele castelo dos horrores. Às vezes sinto um ar de perigo. E estando aqui, com escudo de proteção, acredito que isso é impossível.

– A idade acontece. – Quill zombou.

– E ela atingi há todos uma hora. – Embry emendou.

– Vamos deixar o Alpha dormir, pois, aparentemente ele precisa. – Paul me empurrou.

– Ok, vou ignorar todos, ou usar um certo tom alfa, e fazê-los dançar de saias durante umas boas horas. – Sam gargalhou.

– O Jacob mais novo, era bem mais divertido. – Jared usou sua melhor expressão de falsa ofensa.

Eu gargalhei.

– O Jacob novo era um pé no saco, isso sim. Mais tarde colocamos o assunto em dia Moças. Agora preciso ir. Não chorem, estarei com vocês mais tarde. – enviei um beijo e uma piscadela para eles.

Os protestos foram gerais.

Caminhei com meu Pai, seguindo a trilha que nos levava a nossa casa.

Ao avistar a casa, sorri como um idiota.

Meu Pai apenas me observava. Calado.

– Alguma pergunta Velhote? – brinquei, ele sorriu com a brincadeira.

– Não. Apenas uma observação. – ele parou na minha frente de braços cruzados.

– Claro, claro. – imitei o gesto dele.

– Ver o brilho de alegria do “novo” Jacob, neste aqui parado diante dos meus olhos, é muito gratificante. – ele abriu um largo sorriso.

Apenas assenti. Estava realmente sentindo um imenso alivio em estar ali. E isso transparecia na postura e no meu olhar!

– Vamos Pai, preciso de um banho e dormir algumas horas seria uma ótima idéia. – segurei firme o ombro dele, e continuamos caminhando tranquilamente pela trilha.

Ao nos aproximar da casa, avistamos Tiffany. Ela andava ansiosa, andava de um lado para o outro.

O coração estava acelerado. O rosto banhado em lágrimas.

Senti a ansiedade emanar do meu Pai.

– Hora da verdade, Velho Billy. – o encorajei. – Para a sua sorte, ela não parece ter a mesma força que a Leah, então suas explicações, no mínimo são mais seguras que as minhas foram. Contudo. Olhando essas pernas e a ausência de uma cadeira, meu velho, você terá de usar toda sua sedução e seu melhor olhar de amante Lupino. Isso pode te garantir alguma vantagem. Ofereça as melhores vantagens a ela. – brinquei, fazendo um joinha com o polegar.

Meu Pai sorriu nervoso.

– Obrigado pelo apoio filho ingrato. – ele não parecia nada calmo.

Ao nos avistar, Tiffany ficou paralisada. Como se não acreditasse no que via.

Às vezes acredito que ainda o olho desta mesma forma.

Dei dois passos e fui impedido por meu Pai de continuar. Ele segurou meu braço.

– O-onde você pensa que vai Jacob? – ele olhava a diante nervoso, e ansioso.

– Fugir, claro. Mulheres sejam totalmente humanas, ou Lobas são sempre perigosas. Até mesmo de mãos vazias e olhar apaixonado. Boa sorte Meu Velho. – puxei o braço discretamente para ela não perceber o tamanho do nervosismo nele.

Passei por Tiffany, sem ser notado.

Lancei um olhar encorajador para meu Pai.

Entrei em casa para dar privacidade a eles.

Tudo estava limpo, e organizado.

– Rachel. – sorri, pois, sabia que isso era um talento dela.

Fico em paz sempre, por saber o quão feliz ela é.

Parei diante da porta do meu quarto.

O peso e dor vividos aqui um dia, ficaram perdidos em um passado distante.

Caminhei até a cômoda, e peguei uma toalha limpa.

Agradeci mentalmente por ter uma irmã maravilhosa.

Tomei um longo e demorado banho. Há dias não sentia água morna tocar minha pele.

Sai do banho e não consegui sequer colocar uma roupa. Deixei meu corpo exauto cair sobre a cama.

Rachel pegou todas as roupas, na casa onde minha matilha esta alojada, a pedido meu. Quero passar mais tempo com meu Pai, e evitar problemas com Leah, por conta da presença de Moira.

Deitado aqui tenho a noção de como estou cansado.

Fechei os olhos e a certeza que Leah esta bem, me fez dormir como há meses não fazia.

....

– Jacob. – parecia um sussurro. – Jake.

Senti as mãos macias, e quentes da minha irmã nos meus ombros.

Abri os olhos com dificuldades.

Olhei para cima, e lá estava ela. Os olhos cheios de lágrimas.

– Rachel. – sentei e a abracei.

Rachel chorou emocionada.

– Tive tanto medo Jake. Tanto. De nunca mais vê-lo. De não ter tempo para dizer o quanto eu o amo. – ela apertou o abraço.

– Eu também tive. Mas estou aqui agora. E não vou perder a chance de dizer a você o quanto eu te amo, e o quanto você é uma das melhores pessoas, que conheço. – declarei.

– Eu também te amo irmão. Demais. – ela depositou um beijo na minha bochecha.

Ficamos abraçados por alguns minutos.

Até o aroma delicioso de comida invadir meu quarto.

Meu estomago protestou, me fazendo lembrar o quão faminto estou.

Rachel gargalhou com o barulho.

– Céus Jacob, você precisa comer. – ela se levantou e estendeu a mão em minha direção.

Segurei e me levantei.

Fiquei olhando Tiffanny e Rachel conversando, enquanto preparavam uma salada.

Pensei como teria sido ver minha Mãe nesta cozinha.

Sorri com o pensamento.

Me sentindo feliz, por ter essa cena para levar gravada na memória quando estiver longe de casa.

Peguei o telefone e liguei para Leah.

É a primeira vez em algum tempo que não estamos juntos.

Me sentia estranhamente vazio. Desprovido de algo essencial.

Leah atendeu. Seu tom de voz era um espelho de como ela com certeza esta se sentindo neste momento. Tranquila.

– Olá Black adormecido. Achei que não ia acordar tão cedo. – ela brincou.

– Dormi apenas algumas horas. Preciso de alguns dias. – confessei.

– Precisamos amor. – meu coração disparou com o apelido.

Sorri satisfeito com isso.

– Como esta tudo por ai? Sue esta bem? Seth? – meu Pai gesticulava avisando que a comida estava á mesa.

– Sim, todos inteiros. – seu tom de voz era leve, como há muito não ouvia. – Senti sua falta no jantar, e estou sentindo ainda, Black insuportável.

Meu coração disparou.

– Eu sei que sentiu. Sou irresistível. – brinquei. – Eu também senti. Mas teremos muito tempo juntos. Achei importante você ficar no colo da sua Mãe. Reunir forças, é sempre necessário. – ponderei.

– Claro, claro. – ela sorriu ao me imitar. Mesmo sem estar ao lado dela, é como se eu pudesse ver, a expressão sarcástica, o sorriso em seus lábios grossos. – Bem, pelos ruídos que posso escutar daqui, vocês vão jantar agora. Ligo mais tarde antes de dormir, Ok?

– Claro, claro. – respondi, e pude ouvir o sorriso novamente. – Eu te amo Leah.

– Claro que ama. Sou irresistível. – ela respondeu antes de desligar o telefone.

O jantar foi tranqüilo.

Paul, Jared e Quill vieram. Ficamos na varanda conversando sobre os últimos acontecimentos, e suas conseqüências. Para todos.

Jared me contava sobre o fortalecimento dos Cullens. Eles tiveram que se reunir com outros frios, para evitar serem massacrados após as atitudes de Nessie para defender Leah em Volterra.

Os Volturi não massacraram Carlisle, pois, ele esta cercado de todo Vampiro que esteve aqui há anos atrás. Todos resolveram aproveitar a guerra na Europa, para articular e se fortalecer.

Carlisle vai proteger a família, custe o que custar.

Os Cullens não estão mais em Forks, o que me deu um alivio imenso, já que isso impede que o gene dos Lobos se manifeste durante um tempo.

Quill e Paul falaram bastante sobre as Bruxas, amigas de Leah que estão morando em La Push.

Ambas não falam muito, passam, o dia quase todo nos penhascos, como se estivessem meditando, de olhos fechados.

Evan e Brody e, nos últimos dois dias Collin, cuidam para que elas fiquem bem durante o dia. Embora Jared se referisse a Cassandra como “vespa”, acredito que eles gostem da segurança conquistada por elas a reserva.

Todos eles procuraram não falar muito sobre o que houve, e o que está por vir. Estamos tentando absorver em grupo, as mudanças que Connor trará a todas as vidas nesta varanda, mesmo que isso demore algum tempo.

Conversamos durante algumas horas. Até a chegada da madrugada.

Como fazíamos há tempos atrás, quando éramos garotos.

Entrei após a uma da manhã. A normalidade da situação me assustava um pouco.

Liguei para Leah, entretanto ela já estava dormindo.

Quando entrei meu Pai, também já dormia no andar de cima com Tiffanny. Rachel foi dormir com Paul.

Tomei mais um banho, e me deitei.

Fechei os olhos, rolei pela cama. Abri a janela, sentindo a brisa trazida pelo mar.

Uma leveza imensa me dominando.

Então as lembranças do inicio da minha relação com Leah, invadiram minha mente.

Calcei meu tênis e pulei a janela do meu quarto, como nos velhos tempos.

Corri para alcançar a casa dela.

Tudo apagado. Todos dormindo.

Andei pela lateral da casa.

Contudo antes de saltar e entrar no quarto de Leah, fui surpreendido.

– Velhos hábitos? – os olhos inquisidores da mulher de estatura mediana me surpreenderam.

– Merda. – xinguei, Cassandra se divertiu com o susto que me deu. – Porque usa o escudo o tempo todo, mesmo estando perto de pessoas que não vão machucar você? – tentei controlar meu tom de voz.

– É natural. Não controlo isso. Jamais controlei. – ela não se intimidou com a minha postura nada amigável.

– O que você quer? – cruzei os braços.

– Avisar que como escudo, você precisa aprender a proteger seu filho, assim que ele nascer. – o tom de voz calmo e controlado dela me fez trincar os dentes. – Não é só decidindo afastar-se somente. – ela arqueou a sobrancelha.

– Como sabe de tudo isso? – dei um passo a frente.

– Sua Mãe. – meu coração disparou frenético. Uma resposta simples, objetiva e paralisante.

– C-Como? – fiquei com a mente vazia durante intermináveis trinta segundos.

– Ela me pediu para ajudar você. O bebe deve ser protegido até saber fazer isso sozinho novamente Jacob. Até desenvolver todas as habilidades necessárias, a localização dele deve seguir desconhecida. – ela sentenciou.

Assenti meio aturdido com as informações.

– Ele tem quanto tempo? – uma agonia dilacerante rasgou meu peito. Saber qual o tempo ele teria para ser normal, manter uma vida comum é doloroso, mas nem sempre as perguntas difíceis devem ser ignoradas.

– Em dezesseis anos se ele não souber usar o dom que tem, pode ter problemas em controlar. Contudo, quando ele assumir o dom, o fará naturalmente, pois esta nele. Não precisa de professores, só das próprias lembranças de volta. – Cassandra tinha uma expressão tranquila.

– Ele pode negar o próprio dom? Como Sue fez? – senti um nó na garganta, por medo de saber sobre o futuro de alguém tão importante como meu filho.

– Não. Seu filho não pode fazer o que a avó fez Jacob. – ela foi direta.

– Porque?

– Ele é mais poderoso, pois, não é somente humano, traz toda a linha no DNA – meu coração disparou frenético.

– Toda a linhagem? – sacudi a cabeça confuso.

Ela sorriu.

– Você não é um Alfa, por ter somente Lobos em sua família Jacob. Seu Pai desconhece as próprias raízes. Mas a ignorância sobre saber mais da própria história, pode ser negada ao conhecimento geral. Nas histórias sobre infância, sobre família. Porem, não pode ser negado no DNA. – sua calma, a expressão de completa segurança e certeza do que dizia eram completamente irritantes.

– Bruxo. Mago. Feiticeiro. Mas que droga. Você esta dizendo com toda a calma do mundo que meu filho é bem mais que um filho da luz? – minha calma e tranqüilidade se foram.

– Não. Vou dizer com toda calma do mundo, que: Ele é Um Filho da Luz, com genes de Lobo, e o Sangue de Bruxos, mas continua sendo um filho da Luz. – ela deu de ombros, um sorriso vencedor nos lábios.

Sentei no chão. Derrotado. Muitas informações e pouca estrutura emocional para suportá-las.

– O que posso fazer para ajudar, ainda mais? – minha voz não saiu mais alta que um estúpido sussurro.

– Você melhor do que ninguém sabe qual é o primeiro passo. Decidiu por afastá-lo dessa realidade, para ele saber como é viver normalmente. Defina simplesmente quem o levará para esta vida. Você é a única pessoa apta a fazer essa escolha Jacob. É o escudo dele, mas saiba de uma coisa. A pessoa escolhida precisa saber, do que deve abrir mão para fazer o seu sacrifício valer à pena. – ela estendeu a mão. – Agora vamos. Seja forte. Tudo vai começar com a primeira escolha. – segurei a mão dela e levantei.

Apenas assenti.

– Boa Noite Jacob. – Cassandra se virou e caminhou tranquilamente pela trilha que levava as demais casas na reserva.

Fiquei ali, tentando assimilar tudo.

Olhei para o céu e sua imensidão negra.

Fiquei ali, e a sensação de essa decisão sempre foi minha me dominou.

Uma paz preencheu o ar. E todo peso da conversa de alguns minutos atrás se foi.

Eu saberei quando chegar a hora, quando estiver diante de tomar a decisão. Essa é minha única certeza agora.

Olhei em direção a janela de Leah, e sorri com a tranqüilidade do ressonar dela.

Respirei fundo, para deixar aqui toda a preocupação e amargura que essa conversa trouxe.

Saltei e sem um único ruído entrei pela janela.

Sorri com a familiaridade da situação.

Há anos fiz isto pela primeira vez, e o frio no estomago se mantém firme, mesmo após dez anos.

Leah dormia tranqüila. Linda.

Seth não estava em casa, e Sue dormia tranqüila com Charlie no quarto ao lado.

Tirei o tênis e deitei ao lado dela, me encaixando em seu corpo quente. Senti a pele macia do pescoço bronzeado de Leah, tocar a pele da minha bochecha.

Uma sensação de preenchimento absoluto me domina sempre que estou ao lado dela.

Leah se encaixou no meu corpo.

– Achei que nos veríamos amanhã? – seu tom de voz sonolento, era quase manhoso.

– Em momento algum disse isso. – ela sorriu sem abrir os olhos. – Não consegui pegar no sono, pois, preciso dormir com você em meus braços. – admiti.

– Sou realmente irresistível. – sua voz era um sussurro. – Eu te amo Jake. Boa noite.

– Eu também amo Leah. – depositei um beijo em sua bochecha.

Dormi com a respiração leve e cadenciada dela, em alguns minutos.

.....

“ Abri os olhos e um vento gelado arrepiou os pelos do meu braço.

Olhei ao redor e, reconheci de imediatamente duas coisas. Estava sonhando, e o local onde acordei é a clareira nos limites da reserva.

Caminhei alguns metros tentando entender o que estava fazendo aqui.

Olhei para frente e Kate estava ali. Surgiu de repente.

Contudo ela parecia não me ver.

Olhei na mesma direção onde o olhar dela estava fixo.

Quatro talvez cinco híbridos pareciam farejar, algo, impacientes.

Observei atento. Eles estavam aguardando alguém.

Senti uma mão gelada tocar meu braço.

Olhei para traz e o espanto me derrubou... Collin estava pálido, sem cor, os lábios num tom mórbido de azul. Como alguém que morreu afogado.

“Me ajude Jacob.” – seu olhar agoniado causou um arrepio congelante na espinha.

Levantei com um desespero arrebatador no peito.

Tentei tocá-lo, contudo simplesmente não conseguia.

O céu escureceu o breu da noite o fez desaparecer diante dos meus olhos.

“Droga” – levei as mãos à cabeça, em desespero. Para onde ele foi?

Corri pela clareira, mas saia no mesmo lugar.

Então o vi novamente.

“Sinto muito por isso Jacob. Mas o pequeno corre perigo. Liberte-me.” – os olhos dele continham a mesma agonia de segundos atrás.

“O que aconteceu?” – tentava me aproximar, mas ele ia desaparecendo conforme me aproximava.

“Domadores” – o olhar de agonia foi substituído por um pânico aterrorizante.

Em segundos ele estava próximo e ao mesmo tempo quase transparente.

“Me ajude” – o toque de suas mãos quase me congelou.

Abri os olhos sem fôlego.

A respiração acelerada.

Olhei para o lado e Leah não estava deitada.

Levantei um pouco desorientado.

Caminhei até a janela, e o tempo estava nublado.

– Olá. – a voz de Leah me sobressaltou, virei ofegante para fitá-la. – Jacob o que aconteceu?

Leah correu e me abraçou.

Os olhos de agonia e pavor de Collin me causaram um frio no peito.

– Você esta suando frio. – ela me apertou em um abraço gostoso.

– Foi um pesadelo. Forte. Muito forte. – a impressão do toque gelado de Collin permanecia no meu braço. – Preciso ir. – depositei um beijo na testa dela.

Peguei a camiseta e o tênis. E saltei pela janela.

– Volto logo. Eu te amo Leah. – antes de ganhar espaço na mata sentia Leah atrás de mim.

Não poderia dar a ela essa preocupação, caso fosse simplesmente um sonho.

– Vamos me conte o que você viu Jacob? – parei tentando decidir o que faria para ela não ir atrás.

Minha decisão certamente me causaria problemas.

– Você não deve se preocupar. Foi um sonho apenas isso. Volte para casa. – pedi.

– Uma ova Jacob. Meu sonho é tão real, que as flores colhidas nele ainda estão no meu quarto, vivas como se estivessem enraizadas no solo. O que aconteceu no seu sonho. – seu tom de voz deixava claro, ela não ia ficar aqui.

– Seus sonhos e os meus não são iguais Leah. E nem todo sonho que temos é um pressagio, ou um contato com nosso filho. Agora volte. Só vou verificar a minha matilha. – ponderei, tomando a decisão que me colocaria em péssimos lençóis com a Loba.

– Jacob, diga logo qual foi o sonho. Pare de tentar me poupar, não sou feita de açúcar. Você acordou suando frio, com um olhar de preocupação. Diga de uma vez. – o coração dela acelerou, assim como a respiração.

Não podia contar, não até ter certeza que Collin esta bem. Pode ser apenas um sonho.

Respirei fundo.

Fechei os olhos, e deixei o Alfa dominar.

Ao abrir os olhos e encarar Leah a Raiva brilhou nos olhos dela.

– Jacob, não ouse. – ela esbravejou.

– Pare aqui, e não queira me seguir Leah. Eu não quero você atrás de mim agora. Acalme-se, confie em mim. E volte. – sentia uma energia imensa ao pronunciar cada palavra. – Agora vou, e você vai ficar. Eu te amo.

Dei as costas a ela.

– Jacob. – ela gritou enquanto a deixava pára trás, paralisada no mesmo lugar.

....

Corri até a casa onde minha Matilha esta vivendo.

Merida correu ao me avistar e me deu um abraço.

Moira e Ayra ficaram na varanda.

– Jacob, fico feliz em te ver novamente. – Moira me deu um abraço.

Seu olhar era completamente tranqüilo, e sem uma sombra de dor, como era antes.

– Você parece preocupado. – Ayra analisou.

– Sim o que esta acontecendo? – Moira investigou.

– Preciso saber onde está Keira e Cassandra, em primeiro lugar. – podia sentir a ausência delas.

– Nos Penhascos. Elas lançam o escudo de proteção ao menos uma vez ao dia. Para não ficarem fracas, lançando uma proteção continua. Essa hora elas estão por lá.

Aquilles e Scott se aproximavam.

– Aquilles Scott, vão para os penhascos, e não deixem Keira e Cassandra sozinhas com Collin de forma alguma. – ambos se entreolharam.

– O que está havendo? – Scott questionou.

– Não sei ao certo, mas até ter certeza a segurança delas é vital. – Scott e Aquilles ganharam a mata.

– Merida, avise aos demais para reforçarem a segurança na clareira. Estou indo para lá em alguns minutos. – Merida assentiu e entrou para se comunicar com os demais como Espírito.

– O que esta acontecendo? – Moira cruzou os braços.

– Um sonho. Collin me pedia ajuda. Estava sem cor. Como se estivesse morto. Senti o toque gelado das mãos dele nos meus braços. Ele disse algo sobre dominadores. – ouvi o copo de vidro, que estava nas mãos de Ayra estourar no chão e se transformarem em milhões de pedaços.

– O que? – Ayra e Moira disseram em uníssono.

– Ele disse isso... – o pânico no olhar delas me deu a certeza, Leah estava certa. Não era somente um sonho.

– Jacob, ele disse o que sobre eles? – Ayra se aproximou, com uma expressão de pânico estampando cada pedaço do seu rosto.

– Ele parecia fraco. Foi uma resposta, quando perguntei o que o deixou daquela forma. – Ayra e Moira se entreolharam.

– Então tem um Domador infiltrado na reserva. – Moira olhou para Ayra. – Vá, avise Merida. E tente proteger Cassandra e Keira daqui.

– O que diabos é um domador? – um zunido tilintava em meus ouvidos.

– É um dominador de corpos Jacob. Eles descolam a alma de um ser puro de coração, e domam o corpo deles. Não sei como Collin conseguiu te avisar, mas geralmente quando a alma da pessoa domada se dá conta, o Domador já apodreceu a matéria, e não há como voltar. A alma vaga perdida, até se tornar um espectro, esquecendo-se de cada pedaço de sua vida aqui, perdendo todo que já viveu. – senti o calafrio cortar minha espinha. – Inicialmente a dor parece física, até o dono do corpo desistir de brigar com o domador. Uma alma sem matéria se enfraquece se não encontra seu caminho de volta, ou para a luz.

– Droga. Collin. – a dor nos olhos dele me fez perder o fôlego. – Como podemos ajudar? – Moira fitou os pés. – Moira, como vamos ajudar Collin? – pronunciei pausadamente.

– Não sei ao certo Jacob. O domador quer algo. – ela parecia indecisa se me contava tudo ou não. – Ele pode sugar a energia do corpo que esta usando, somente para voltar ao seu. O domador não devolve a alma para o corpo que ele usou, e geralmente a pessoa usada não consegue mais achar o caminho.

Uma raiva imensa me dominou.

– Você esta querendo dizer que Collin, jamais vai achar o próprio corpo? Que ele esta preso em agonia para sempre? – o silencio dela fez meu coração se comprimir dolorosamente.

Moira assentiu.

– Mas antes de abandonar o corpo de Collin, ele precisa cumprir alguma meta.

Preciso achar uma maneira de não perder o garoto.

– Vamos ver o que esse maldito domador quer fazer, e depois trazer Collin de volta. Vigiem Keira e Cassandra, que não devem fazer idéia dos riscos que estão correndo. Vou buscar ajuda.

Fui à casa de Sam.

Ele havia acabado de chegar de uma ronda.

Preciso traçar um plano rapidamente, sem levantar suspeitas.

Preciso proteger o corpo de Collin.

– Jacob. – ele sorriu assim que me viu, contudo, o sorriso deu lugar a preocupação, assim que notou minha expressão. – Aconteceu alguma coisa?

– Espero que não. Vamos conversar? – fechei os olhos e murmurei as palavras levantando o escudo. Ninguém nos ouviria agora.

– O que esta havendo? – Sam cruzou os braços preocupados.

– É sobre Collin. Temos um problema. – contei a ele tudo que estava acontecendo.

Sam sentou na pedra e não conteve as lágrimas.

Perguntei sobre os últimos dias, e Sam me contou que Collin foi sozinho a Port Angels levar Emily ao médico. Já que o médico da reserva e também de Forks estavam com agendas lotadas.

Sam estava sentindo-se culpado.

– Me diga o que preciso fazer. E farei Jacob. Qualquer coisa, para tentar salvar a vida do garoto. – apertei o ombro dele e prometi.

– Vamos conseguir.

Podia ouvir ela esbravejando a quilômetros de distancia.

– Não se aproxime Jacob. – Leah advertiu, mesmo eu estando a quase um quilômetro de distancia. – Eu pedi para você nunca mais fazer aquilo. Eu avisei. Não posso olhar você agora. – cada som, de cada letra, era carregado de uma raiva imensa.

– Me perdoe Leah, eu só... – ela não me deixou continuar.

– Não ouse dizer que estava tentando me proteger. Sei fazer isso muito bem sozinha. E nem tente falar sobre arrependimento, pois você não esta nenhum um pouco arrependido Black. Não sou nenhuma idiota.

Coloquei os pés na varanda da casa dela.

Leah abriu a porta como um Tufão, prestes a derrubar a tudo a sua volta.

– Você sabe, mas não esta pronta para se defender de tudo. – justifiquei.

Ela analisava meu olhar.

– Você não aceita, não é mesmo? Não consegue admitir que sou forte o bastante para no mínimo tentar. O medo é seu Jacob. Para de jogar a responsabilidade em mim. De deduzir tudo. Me conte de uma vez o que esta acontecendo. – ela ordenou.

Assenti derrotado.

Sentei na varanda, e pedi para ela sentar ao meu lado.

Leah sentou mantendo uma distancia segura entre nós, propositalmente.

Suspirei pesadamente.

– Eu não acho você incapaz. E admiro sua força Leah. Eu a admiro inclusive. Só preciso deixar claro, que simplesmente não quero ver tanta dor agora. Não, quando já teremos muita daqui há alguns meses. E sim vou errar tentando te poupar. E você vai me odiar por isso inúmeras vezes. E eu não vou me arrepender mesmo assim, pois as farei quantas vezes eu achar que devo. Mesmo sendo errado, prefiro errar por amar demais, a tentar ser perfeito. – o coração dela acelerou.

– Eu não o odeio. Só não gosto quando eu sei que existe algo errado, e mesmo assim você não me fala. Fica parecendo falta de confiança, na capacidade, e força que você diz enxergar! – ela encurtou a distancia, e depositou um beijo na minha bochecha. – Tente confiar em mim, como eu confio em você!

Segurei o rosto dela em minhas mãos e a beijei.

Leah é a mulher mais incrível que já conheci.

Eu a amo, muito alem dessa vida.

– Temos um problema Leah. Não consigo enxergar a solução dele agora, mas precisamos agir depressa.

Contei a ela sobre o sonho.

Sobre a descoberta do que é um Domador.

Leah parecia anestesiada. Pois não derramou uma única lágrima.

Senti o vento sacudir algumas arvores enquanto contava a ela sobre a possível impossibilidade de trazer Collin de volta. Sabia neste momento que algo estava prestes a acontecer. Leah acompanhou meu olhar.

– Vamos trazer Collin de volta. Tenho certeza. – a tranqüilidade no tom de voz dela, me espantou. – Você viu algo além do local, alguma pista de como podemos ajudar? Se sonhou com isso Jacob, se Collin conseguiu falar justamente com você, isso tem a ver com o nosso filho. E sei que ele sempre tem uma solução. – ela me olhou confiante.

– Espera. – um detalhe, esquecido o dia todo, pois o olhar aterrorizado de Collin me distraiu. – Kate. Eu a vi, ao abrir os olhos no meu sonho. Ela olhava na direção onde os híbridos farejavam uma entrada. Como se esperassem a porta ser aberta.

– Vamos até Kate. – Leah estendeu sua mão em minha direção, e corremos pela mata, até alcançar a casa de Embry.

Ele não estava, contudo, Kate estava.

Antes que alcançássemos a porta ela abriu.

– Então o sonho já esta acontecendo? – o olhar dela continha uma dor imensa.

– Você o viu? – Leah a abraçou.

Kate olhou em minha direção.

– Não. Eu vi Jacob, e ele dizia o nome de Collin. – Kate fitava os próprios pés. Leah a analisou.

– Se você viu Jacob. Nos ajude a tentar trazer Collin. – o olhar desconfiado de Leah, me deixou da mesma forma.

– Vamos, esta na hora. O domador no corpo de Collin já esta com Cassandra. – Kate avisou.

– O que? – meu tom de voz subiu algumas oitavas.

– Ele já estava com ela, quando os outros chegaram. Mas pedi a Embry, para avisar os meninos que não se aproximem para ele não prejudicar o corpo de Collin. – entramos na trilha que nos levaria a clareira, e pudemos ouvir a aproximação de Nessie, Seth, Nahuel e Quill.

Olhei para Leah que nos seguia, e Kate desviou o olhar.

Parei impedindo Leah de avançar.

– Leah. Você não pode ir até a clareira. – ela me encarou incrédula.

– Jacob, não faça isso novamente. – ela deu um passo á frente, segurei seu braço.

– Eles querem exatamente isso. Você, nosso filho. Não dê a eles a certeza da existência de Connor. Pense por favor. Não quero obrigar você a ficar. Apenas ouça seu instinto de Mãe, ele com certeza é maior que, o da Loba neste momento.

Leah olhou nos meus olhos.

Sua infelicidade estampada em cada mínimo canto de seu rosto.

– Eu fico aqui. – Nessie declarou.

– Obrigado. – depositei um beijo na bochecha de Leah. Entretanto antes de conseguir avançar Leah, segurou meu braço.

– Vou ficar por aqui. Pois da mesma forma, que escutei meu instinto de Mãe, estou escutando outro, e ele me diz para permanecer aqui, pois você vai precisar de mim. – Leah selou nossos lábios.

Sorri satisfeito, e parti para a clareira.

Meu Pai estava lá. Protegido por um escudo de proteção, que não sei como pude enxergar.

Collin caminhava com Cassandra, eles pareciam flertar.

– Concentre-se Jacob, os demais estão de aproximando. – meu Pai estava com os olhos fechados.

Kate se aproximou com Keira, que tinha a expressão tensa.

– Ela nunca deixa a guarda baixa entendem? Mas esta apaixonada por ele. Se Collin não puder voltar, não sei o que será dela. – senti meu coração apertar, enquanto focava na aproximação dos híbridos.

– Vamos trazer Collin de volta Keira. Daremos um jeito. – prometi.

Respirei fundo, olhei para o meu Pai.

Ele assentiu.

Caminhei até o ponto onde Collin estava com Cassandra, e peguei ambos de surpresa.

Estava exatamente no lugar que vi em meu sonho.

– Jacob! – Cassandra olhou assustada, Collin parecia surpreso. – Nossa apareceu como um fantasma.

– Pelos céus Jake, quase nos matou do coração! – ele brincou.

– Porque diabos esta usando um feitiço aqui? Pois obviamente esta usando. – Cassandra me analisou desconfiada.

– Por eles. – apontei no exato ponto onde os híbridos saiam.

Cassandra olhou espantada.

– Como eles acharam a reserva? – Cassandra procurava ao seu redor.

O olhar de Collin se endureceu.

– Vamos descobrir.

Saltei ágil, envolvi minhas mãos nos cintura de Cassandra e a arremessei. Graham a segurou no ar e correu pela mata, enquanto, Seth, Embry, Quill, Jared, Sam e Brady passavam pelo escudo e atacaram os cinco híbridos.

– Não. – o domador gritou.

Segurei-o pelo pescoço e o quebrei, antes de dar a ele, a chance de reagir.

– Scott, Eike, Aquiles, o corpo esta perto. Ele não pode alcançá-lo ou vai jogar Collin em um buraco negro.

Não podia vê-los, mas sabia que estavam ali.

– Kate! – tirei uma vela do meu bolso. – Ilumine meu caminho de volta.

Ela assentiu com uma dor contida nos olhos.

Deitei, fechei os olhos e em segundos estava descolado do meu corpo. A sensação de poder e liberdade são muito intensas.

Lá estava o espírito Domador. Preso em um campo de luz, criado por Merida, Ayra e Moira, sendo fortalecidas por Scott, Aquilles, e Eike.

“Como chegou aqui?” – o espírito estava enfraquecido, podia vê-lo quase em uma forma humana. Sua energia era negra.

“Não faz a menor diferença. Sabemos que o Filho da Luz já esta a caminho. Muitos sabem.” – ele parecia ter um sorriso nos lábios, e por mais que sua forma humana não fosse nítida, podia ver isso claramente.

“Veremos se não faz!” – logo a diante podia ver a luz branca. Vi Eike e Aquilles trazendo o corpo do Domador.

Me aproximei.

“Traga Collin de volta” – ordenei.

Ele sorriu novamente.

“Seu idiota, seu amigo já era.” – um sorriso vitorioso ficou mais claro que o sol.

“É o que você pensa.” – o segurei entre minhas mãos, fazendo-o sentir o toque como se fosse físico. – “Nominus Vet” – duas palavras de ordem. E o devolvi ao próprio corpo.

Pude ver as luzes acesas, nos guiando de volta, e decidimos voltar.

Abri os olhos e Cassandra chorava ao lado do corpo. Sentada, com as pernas apertadas contra o peito e as mãos segurando firmes, parecendo uma tentativa de não desmoronar.

– Como o trazemos de volta? Leah pode ajudar com o bebê? – perguntei a Keira.

– Não. O corpo dele tem vida Jacob, a alma esta simplesmente perdida. – ela disse de uma vez.

Caminhei furioso até o Domador. Ele estava fraco. Merida lançou um feitiço para impedir sua tentativa de domar outro corpo, ou tentar fugir do próprio.

– Como eu acho o espírito dele? – envolvi minha mão em seu pescoço e o levantei. – Diga! – a raiva ameaçava me dominar.

– Não sei. – ele se debatia, tentando desesperadamente respirar. – O espírito dele não fica na mesma dimensão, não sei para onde o mandamos, nunca quis saber. – seu olhar era de agonia.

Soltei seu pescoço.

– Keira, do que ele esta falando.? – minha respiração ofegante atrapalhava meus pensamentos.

Antes de Keira, conseguir responder, outra voz chegou aos meus ouvidos.

– É uma espécie de buraco negro. – meu pai olhava o corpo de Collin. – Muito longe daqui Jacob. Nunca vi mãos alcançarem este lugar. – meu Pai olhava ao redor com pesar.

– Ele não vai voltar? – Quill sentou ao lado do corpo, seu olhar desolado.

Olhei ao redor, cada rosto dos garotos. Todos inconformados.

– Não! Não. Eu prometi a eles. Eu não vou desistir. – afirmei.

– Jacob nem sempre conseguimos. – Sam apertou meu ombro.

– Deve existir alguma coisa. Algo. Não é possível. E se o matarmos? Leah pode curar. – novamente aquele maldito zunido.

– Não filho. Se o matarmos agora, nada poderá ser pior. A alma dele esta perdida. – meu Pai se aproximou.

Aquele olhar agoniado de Collin, no sonho fez um frio percorrer minha espinha.

– Havia uma linhagem de Bruxas. Que certa vez realizou um feitiço para trazer de volta um espírito perdido do noivo, por um domador. Esse espírito não poderia voltar para o mesmo corpo, pois, o domador o jogou em umj buraco negro. A bruxa fez o Domador pagar com o próprio sangue. Pois ela sabia que esse é o ponto fraco dos Domadores, eles, não se manter nos corpos domados, por serem fracos. A Bruxa descobriu que o domador lança a alma em um buraco negro, para o espírito não conseguir pedir ajuda de Irmãos Guerreiros. Entretanto ela descobriu com um antigo Xamã, a possibilidade de buscar o amado. Não era simples, e muito menos seguro. – a voz de Kate prendeu a atenção de todos, cada frase solta, gereva esperança e ansiedade em todos ao redor – Ela teria que sacrificar própria vida para guiar o Espírito do amado de volta ao seu corpo, e tudo deveria ser feito rápido, ou ela corria o risco de ficar presa ao lado dele. A Bruxa tinha genes Lupinos. Era um Espírito Guerreiro, então sem pensar duas vezes, ela tirou a própria vida com um ritual, e mergulhou no Limbo. A Bruxa conseguiu trazer o amado, contudo estava morta. Em troca Ele, dedicou cada segundo de sua vida a encontrar uma maneira de trazê-la de volta. E o fez. Trouxe-a de volta, quando encontrou a ultima Filha da Luz viva. A jovem Sue. – meu coração acelerou.

Olhei para Leah esperançoso.

– Sue pode nos ajudar, a saber, onde achamos essa linhagem? – olhei para o meu pai, e os olhos dele estavam fixos em Kate. Ele a olhava com admiração.

– Um conhecimento desses é passado de linhagem a linhagem Jacob. – ele tinha um sorriso esperançoso nos lábios.

Demorei alguns segundos para admitir, que já sabia exatamente onde poderia encontrar a Linhagem de Bruxas.

– Essa é a minha Linhagem Jacob. – Kate anunciou. – Eu sei o caminho. Só não sei exatamente como dizer á você como chegar.

– Diga diretamente. É a melhor maneira – Leah surgiu por de trás das arvores, com Nessie e Mike.

Kate olhou para Leah, como se pedisse desculpas, e se voltou em minha direção novamente, fitando os pés antes de levantar o olhar. Respirou fundo.

– Um feitiço. Posso te enviar para lá... – algumas palavras de agradecimento eram soltas, por alguns dos meninos ali.

– Então faça isso Kate, vamos te ajudar. Sei o quanto você é capaz. Não tenha medo, nós... – Leah encorajava, impedindo Kate de finalizar.

Contudo o olhar dela estava fixo no meu.

Frio, sem emoção qualquer.

E então mais uma vez eu soube. Antes dela pronunciar as palavras eu soube, exatamente o que Kate ia dizer.

– Jacob deve estar morto para que eu consiga isso Leah. – o silencio foi tão mortal quanto veneno de vampiro nas veias de um Lobo, e tão afiado quanto milhões de facas reunidas.

Eu sabia.

Leah ficou paralisada. Assim como os demais ali naquela clareira.

– Ele corre algum perigo? Existe alguma possibilidade de Jacob não voltar? – meu Pai ficou a centímetros de Kate.

– Sim, existe. – Kate foi taxativa.

– Não. De maneira alguma. Mande-me no lugar dele. Eu tenho certeza que saberei conduzir Collin, e se tudo der errado, já tive uma vida de alegrias, e... – Kate o impediu de continuar.

– Jacob é o Alfa por direito, e um escudo também. Ele possivelmente tem mais tempo. – Kate tirou do meu pai qualquer esperança dele em me substituir.

– Jacob. – Leah mal conseguia falar. – Por favor. Não. – ela me abraçou.

– Escuta. Eu posso fazer isso. Não posso deixá-lo lá Leah. – depositei um beijo em sua bochecha.

– Você já se decidiu. O que aconteceu com a história de ser uma decisão dos dois, hã? – Leah me empurrou com força, me deu alguns tapas, nos braços, e no peito. – Vamos responda? – meu olhar não deixou duvidas sobre a decisão. – Desgraçado.

Segurei as mãos dela. A agarrei junto ao meu peito.

– Quem eu serei, caso eu não tente? Olhe bem nos meus olhos. Você faria o mesmo, caso não estivesse carregando nosso filho. – meu tom de voz parecia causar um pequeno vendaval. – Agora não tente me dizer o contrário. Quem eu serei daqui para frente, sabendo que Collin tinha uma chance, uma única chance, e eu neguei isso por medo? Olhe para mim Leah, e responda sinceramente. No meu lugar você não tentaria? Não faria qualquer coisa, pela mínima chance de trazer Collin de volta, sabendo da agonia e dor, e medo ao qual ele esta sendo infringido, neste exato momento? – Leah relaxou as mãos sobre meu peito.

– Me prometa. – ela segurou meu rosto entre as mãos. – prometa agora, que vai voltar. Você não quebra suas promessas Jake. Então prometa. – o desespero dela era quase palpável.

– Eu prometo Leah. – selei minhas palavras com um beijo.

.....

Moira e Ayra iluminaram grande parte da clareira com velas. Cada uma delas em uma ponta.

Mike caminhou tímido em minha direção.

– Um imã gigante, e peludo para confusão hã?! – ele brincou. – Quero dizer peludo quando esta transformado, não agora, e nem que eu esteja reparando. – gargalhei. – Você entendeu, certo?

– Claro, claro. – ironizei.

Olhei enquanto Leah conversava com Kate e o velho Quill Ateara.

– Mike. Eu não tenho direito, mas mesmo assim sinto em você um amigo real. – Mike me encarou.

– Não que eu curta isso. – foi a vez dele ironizar. – Mas existem coisas as quais não conseguimos comandar.

Assenti.

– Ela foi realmente feliz ao seu lado. E caso aconteça algo esta noite. Acredito realmente, que o único capaz de deixá-la em pé, é você. – Mike ia protestar, contudo o impedi. – Sei do seu namoro com Merida, e não digo para ajudá-la no aspecto romântico. – esclareci.

– Escute. Eu estarei lá por ela. Mas não peça esse tipo de coisas Jacob. Tenha certeza agora do seu retorno, ou simplesmente não vá. Posso tê-la feito feliz, e somos amigos, nos amamos. Contudo eu jamais fui o bastante. E nunca serei. Esteja aqui para quando ela precisar de você seja o porto seguro dela. Pois, quando o filho de vocês nascer, ninguém exceto você será o suficiente para fazê-la ficar em pé. Por isso, não seja só mais uma perda. – assenti, sem poder explicar a ele, todas as coisas que me fazem seguir. Sem poder explicar quem me tornarei caso deixe Collin em agonia, por ter a vida reduzida a um simples hospedeiro, por alguém que só queria nos destruir.

Jamais conseguiria olhar meu filho, não pelas falhas, pois isso eu não me envergonho, só luto diariamente para não falhar novamente. Não conseguiria encarar e ensinar a ele, sobre lutar, caso eu me acovardar agora.

Connor já me ensina tanto sobre ser forte, e isso me dá forças.

Quero passar a ele sobre determinação, e fé naquilo que não podemos ver.

– Hey. – Leah passou a mão no meu rosto.

– Hey. – envolvi minhas mãos na cintura dela. – Eu te amo.

O coração dela acelerou.

– Não. – Leah se afastou. – Não ouse se despedir Jake. Por favor. – ela entrelaçou as mãos no meu pescoço.

A abracei com vontade.

– Não vou. Só quero deixar claro, o quanto Eu te amo. Então lute por mim, como eu lutarei sempre por você. – segurei o rosto dela entre as mãos. – Não desista de mim. – selei nossos lábios.

.......

Kate explicou a todos com todos os detalhes possíveis.

Era um feitiço complicado, que ela jamais fez. Mas estava na mente dela fazer, essa era a herança de uma linhagem inteira de sua família.

Kate só conseguiria parar meu coração de uma maneira. Eu ia permitir isso. Do contrário ela jamais conseguiria. Sou um escudo natural, minha proteção é um instinto mesmo quando não estou conectado ao meu corpo.

Meu pai, e o Velho Ateara, me ajudaram a abrir um brecha nessa proteção. Alguns segundos apenas, que são o bastante para Kate entrar.

Leah, estava alguns metros de distancia apenas. Contudo o coração batia tão acelerado que se podia ouvir a quilômetros de distancia. Não conseguia desconectar meus olhos dos dela.

– Jacob. – Kate chamou minha atenção, e olhei para ela. – Você precisa ser rápido. Collin, pode achar que esta sendo perseguido. – assenti. – Jacob se por um segundo você se sentir perdido. Volte. Por favor. – assenti.

– Por favor, Jacob. Não dê um susto no meu velho coração. – meu Pai pediu ao me abraçar.

– Não vou. – prometi

– Lembre-se de algo. O medo pode ser a única coisa que o impede de não se encontrar. A escuridão em todos nós Jacob. Assim como existe a luz. Muitas vezes se jogar na escuridão é muito menos difícil, do que o simples caminhar até a luz.

“Eu te amo” – Leah sussurrou distante.

– Está pronto, Garoto? – o velho Ateara perguntou sorrindo e estendeu a mão em minha direção, e na mesma direção de Kate.

Assenti.

O Velho Quill cantou uma antiga música feita para os Espíritos Guerreiros.

Respirei fundo, e cantei a mesma.

Um único segundo, e senti todo meu corpo mais leve, como se estivesse no corpo de um simples humano.

– Agora. – a voz do meu Pai foi um lança.

Ao abrir meus olhos senti a força voltar ao meu corpo, contudo uma pontada aguda parecia destroçar meu peito.

Tentei segurar a dor. Mas um grito rasgou minha garganta.

Sentia cada pedaço do meu corpo congelar.

– Jacob. – Leah estava ao meu lado. – Faça parar agora Kate. Já – ela gritou. – Jacob, não!

Não conseguia mais alcançar seus olhos negros.

Afundei na escuridão.

Por um instante um medo ameaçou me dominar.

O lugar era negro, e o frio parecia tão real, que senti congelar meu corpo todo.

Segurei minha garganta, pois, a falta de ar estava me sufocando.

Respirei fundo, tentando assimilar meu estado real.

Não estava no meu corpo físico.

Não sentia frio, ou calor, e muito menos falta de ar.

Tudo desapareceu. O medo, a dor no peito, a falta de ar, e o frio.

Olhei ao redor. E notei algo importante.

Estava em uma versão da reserva, sombria e sem vida. Contudo era a reserva.

Onde diabos alguém com medo se esconderia, quando esta perdendo tudo?

Desci a clareira, e andei pelas matas geladas e sem vida daquele lugar.

Todas as casas que existiam na Vila, e faziam a reserva ter um ar aconchegante, aqui não passavam de destroços. Amontoados de madeira.

Andei mais alguns metros, tentando evocar o espírito de Collin, uma tentativa Inútil.

Andava pela trilha, e levei um susto, ao avistar minha garagem exatamente como ela é.

Inteira. Sem estar destroçada. Até a cor é igual.

Entrei, e lá estava ele.

Negro como um espectro. Encolhido no canto da parede, murmurando coisas desconexas.

– Collin. – tentei me aproximar, contudo fui lançado longe.

– Me deixe em paz! – ele se escondeu sob uma bancada de madeira que meu Pai coloca as ferramentas. – Me deixe em paz.

Olhei ao redor e a garagem estava escurecendo, assim como os demais lugares por onde passei.

Sentei há uma distancia, calculada e segura dele.

– Não vou machucá-lo. Você pediu minha ajuda. Não podia negar. – ele parecia não me ouvir.

– Collin sou eu Jacob. Vim tirar você daqui. – tentei me aproximar, contudo ele se encolheu.

– Eu matei o bebe deles. Matei, matei, matei. Jacob vai me matar, não perdoa. Não existe perdão para isso. – ele se levantou.

– Collin. – tentei dizer.

– Quem é Collin? Quem é você? Afaste-se. – senti meu corpo flutuar no ar.

Ele me arremessou longe.

– Eu matei o bebe deles. Matei, matei, matei. Jacob vai me matar, não perdoa. Não existe perdão para isso. – Collin voltou a se encolher, e a garagem perder as cores. A vida.

Então a voz de Moira ecoou como um sussurro na minha mente.

“A alma vaga perdida, até se tornar um espectro, esquecendo-se de cada pedaço de sua vida aqui, perdendo tudo que já viveu.”

Ele estava perdido.

Sentei por um momento.

Um frio cortante deixando meus pensamentos nublados. Turvos.

Não podia mais ficar.

O desespero dominou meu peito por vê-lo ali diante dos meus olhos. Perdido.

Ele não sabia mais quem era. E pela cor, e força, já se tornará um espectro.

Senti minhas pernas tremerem. E a dor causada no meu peito na hora de minha morte, já podia ser sentida agora.

– Collin. – tentei me aproximar novamente.

Mais uma vez fui arremessado.

Senti minhas costas tocarem o chão gelado.

Fiquei algum tempo ali.

Era tão doloroso levantar.

Por um segundo me encolhi.

O vento cantava uma melodia tão aconchegante aqui.

Olhei para frente e vi um vulto negro encolhido no canto de uma parede.

Um homem talvez? Estava sendo perseguido?

O medo dominou meu corpo e tentei fugir. Arrastei-me sorrateiramente para fora daquele espaço.

Sabia que conhecia aquele lugar, mas não sabia exatamente de onde.

Uma maldita dor no peito. Tentei segurar meu coração, não consegui.

Sou um vampiro. Tenho certeza.

Deitei tentando lembrar como vim parar aqui.

“ Jacob.” – o vento cantava um nome.

Meu nome.

Levantei a cabeça. Não vi nada ao redor.

Um segundo.

Os olhos negros da Morena. Eu a conhecia de algum lugar.

“ Essa sensação, de ser totalmente sua, e você meu, não quero e não vou mais reprimir. Eu te amo Jacob.”

– Leah! – gritei.

Olhei ao redor e sabia exatamente o que estava acontecendo.

Eu estava sendo sugado, como Collin foi.

Collin.

O desespero causado, pela culpa dele. A transformação. A dor.

Como posso deixá-lo aqui?

Avancei para dentro da garagem.

– Vamos! – tentei me aproximar.

Fui lançado para fora.

Bati em uma arvore.

A dor dominou meu corpo, como um manto cobre seu filho.

– Eu sinto muito.

Me encolhi, e agarrei meus joelhos na tentativa de aquecer meu corpo.

– Leah! – um sussurro ou um grito? Não sei mais.

Essa atitude, me permitiu por um segundo, ver algo.

Um sonho talvez. Ou algo vivido por alguém.

Leah gritava um nome. Jacob. E dilacerava o peito dele colocando suas mãos no coração sem forças.

Não havia batimentos, contudo, e estranhamente o coração parecia ter vida.

Por um segundo quis levantar, entretanto, não tenho mais forças.

Fechei os olhos. Preciso descansar apenas por um instante.

....

Senti uma mão quente pousar sobre meu rosto.

Abri os olhos e o breu parecia ter ficado estranhamente desfocado. Não consegui reunir forças o bastante para manter meus olhos abertos.

– Você precisa levantar. – uma voz infantil. – Não estou gostando daqui papai. – o toque quente de pequenas mãos sobre as minhas.

Senti cada memória voltar ao seu local de origem.

Abri os olhos desesperado. E o vi ali. Um pequeno garoto. Cabelos lisos e negros. Os olhos parecidos com os meus, e com os de Leah. Porem, foi o sorriso que me fez ter certeza.

– Connor! – o segurei em meus braços.

Ele passou a pequena mão em meu rosto, e sorriu novamente.

– Pai. Você precisa sair daqui. – assenti sem desgrudar meus olhos dos dele.

Levantei com meu filho nos braços.

Ele sorria satisfeito.

– Vamos Pai, eu sei correr. – ele se soltou do meu aperto e ficou em pé diante de mim. Entrelaçamos nossas mãos.

Dei apenas um passo, e lembrei de Collin, perdido dentro daquela garagem.

Connor me olhava divertido.

– O que foi? Pais também sentem medo garoto. – justifiquei.

– Você não. – ele apontou seu pequeno dedo indicador, e com ele pediu, para que eu me ajoelhasse, passou as mãozinhas no meu rosto. – Só você pode tirá-lo de lá.

– Não posso, eu tentei. – ele fez que não com a cabeça.

– Memórias felizes colocam pessoas fracas em pé Papai. – sua voz infantil, é tão gostosa de ouvir. – Lance-o para a luz Pai. Você é mais forte que qualquer outro. Mas saiba que o medo o faz corajoso.

– Claro, claro. – ele sorriu com as minhas palavras mais uma vez.

O abracei forte.

– Vamos lá buscar o Moço, papai? – senti uma emoção sem tamanho.

O Observei, querendo guardar cada traço de seu rosto para sempre.

– Eu vou. Você deve ficar em segurança. Ok? – ele assentiu.

O abracei mais uma vez.

– Até logo papai. – ele me deu um beijo na bochecha.

Caminhei de volta para a garagem olhando a expressão serena do meu filho.

Ele acenou com seu familiar sorriso nos lábios.

Me senti aquecido com a presença dele.

Olhei para frente, Collin repetia as mesmas palavras.

– Se afaste de mim. – a fúria em seus olhos negros, não me enfraqueceu dessa vez.

Me aproximei e consegui segurá-lo.

“ Cada memória feliz preencha cada espaço, e mande longe cada pensamento escuro. Morrer é mais fácil, viva Collin. Vamos!”

Em um segundo senti nosso corpo flutuar. E ser arremessado no mar.

Inicialmente tudo negro.

“ Lute” – podia ouvir minha voz ecoar na mente dele. – “Olhe a Luz agora.”

As águas ficaram mais claras e acima de nós podia ver o sol reluzir.

Entre minhas mãos, não era mais o espectro do jovem semimorto, de alguns segundos atrás.

Era o Garoto Quileute ali.

Emergimos do fundo do mar.

– Jacob. – Collin me abraçou.

Fiquei simplesmente mais leve por tê-lo ali.

Segundos depois, estávamos na clareira.

Podia sentir a energia das arvores, o vento, o ar fazendo parte de mim novamente.

Então segurei o braço de Collin e o enviei ao próprio corpo.

Sorri ao ver as cores naquele lugar.

Um a um meus batimentos foram voltando.

“ Leah” – sorri pois sabia. Ela esteve com o meu coração em suas mãos.

....

Abri os olhos e a luz do dia raiava na clareira.

Sentei desorientado.

Olhei ao redor, e alguns olhos pareciam inchados.

– Maldito Black. – Leah bateu forte no meu rosto. As mãos molhadas.

– Eu também Te Amo Leah. – passei as mãos onde ela havia batido, e ao olhar meus dedos vi sangue.

– Dois dias seu maldito. E você pensou em desistir não é? – levantei meio tonto, Leah me amparou. – Droga Jacob. Você esta bem?

– Me sinto fraco. – menti.

Senti meu Pai me amparar.

– Ele precisa descansar Leah. – ele avisou.

– Desculpe, desculpe. – Leah selou nossos lábios.

Caminhamos lentamente ate a casa do meu Pai.

Antes de entrar senti a aproximação familiar.

– Jake. – Collin tinha um sorriso imenso no rosto, caminhou em minha direção, e me deu um forte abraço, retribui com a mesma força. – Obrigado Jake. Obrigado.

Collin se afastou feliz. Sorri acompanhando sua partida com os demais garotos.

– Fraco, hã?! – Leah cruzou os braços.

Senti naquele momento, que estava seriamente encrencado!

.....

Tomei um banho demorado. Escutava o andar impaciente de Leah no meu quarto.

Sem chance de correr Jacob, hora de encarar a fera.

Coloquei uma camisa e um shorts. E caminhei em direção ao quarto.

Meu Pai saiu com Rachel, e os demais. Ele já sabia o que me aguardava, eu também.

Parei na porta do quarto.

– Você quebrou uma promessa Jacob. – Leah estava com os olhos mortalmente magoados.

– Leah, eu... – tentei dizer algo, contudo ela não permitiu.

– Como você se atreve a desistir de tudo assim? Eu senti seu coração batendo em um ritmo letárgico, quase mortal. Você ia deixar tudo para trás? Como se atreve a fazer isso? Acha que eu sobreviveria sem você? – os olhos dela reluziram com uma raiva, misturada a magoa.

– Eu simplesmente não tive forças lá. Me perdi de alguma forma. – tentava explicar a ela, mesmo sem saber como.

Ela enxugou a única lágrima que caiu de seus olhos.

– Hoje eu quero ficar longe de você Jacob. Não quero sentir raiva por ter você aqui ao meu lado. Eu te amo demais, contudo, hoje vou me dar ao luxo de te odiar! – Leah passou por mim sem olhar nos meus olhos.

Segurei seu braço.

– Eu te amo. Mais do que tudo! – encostei minha testa na dela.

Leah fechou os olhos, inalando o sopro da minha respiração que batia em seu rosto.

– Boa noite Jacob. – ela partiu. Sem responder ou me dar um beijo.

Senti um peso imenso com essa atitude.

Magoar quem amamos nunca é fácil. E hoje eu a magoei.

Caminhei pela mata seguindo os passos dela, até sua casa.

– Boa noite meu amor. – disse próximo a janela dela.

Mesmo sem responder ela esta ali. Pode ouvir.

Caminhei pela mata. Inquieto.

A uma boa distancia pude ouvir o som da risada leve de Mike e Merida.

– Tudo certo Jacob? – Graham se aproximou.

– Tudo normal. Perseguições, eu quase morri, deixei minha namorada mais furiosa do que o comum, não matei nenhum vampiro, só mais um péssimo dia na vida de um Lobo. – ironizei.

Graham gargalhou.

– Você trouxe Collin de volta, prendemos um Domador, matamos outros. Agradeça.

Assenti.

– Eu sei. Só estava desabafando. – Graham apertou meu ombro.

– Ela só esta nervosa Jacob. Seu coração batia no mesmo ritmo lento de Collin. Leah se desesperou. – meu coração se comprimiu dolorosamente, pois, eu sei exatamente como é desesperador sentir que está perdendo o amor da sua vida!

– Não sei como fazê-la me desculpar. – admiti. – Trazer Collin de volta foi maravilhoso, mas por um minuto eu me esqueci quem eu era, entretanto, não esqueci ela. Estranho não é? – sorri sem humor algum.

– Diga isso a ela. – Graham sorriu, e se afastou.

Fiquei ali, sozinho alguns minutos, pensando nas palavras dela na porta do meu quarto, entendo perfeitamente sua magoa.

– Há alguns meses atrás faria uma piada, sobre Lobos maus na mata, mas hoje, preciso simplesmente agradecer. Obrigado Jacob, por trazer Collin de volta. – Mike se aproximou me parabenizando e arrancando-me dos meus devaneios.

Sorri com a leveza e a descontração de suas palavras.

– Prefiro a piada sobre os Lobos Maus. Se não se importa. – admiti.

– Não quer o titulo de herói? Ia até sugerir uma capa... Embora a falta de utilização de uma roupa, o deixaria meio estranho com ela. – Mike sorriu com a própria piada, e sorri junto, pois pela primeira vez em dias, estava me imaginando da forma que ele colocou, não sofrendo, ou perdendo meu filho.

– Não sou herói Mike. Jamais serei. Trouxe Collin de volta, pois estava dentro das minhas possibilidades trazer. Entretanto se não fosse meu filho, estaria preso naquele lugar, seriam duas perdas, não uma. Leah tem razão, fui um imbecil hoje.

Mike me olhou confuso, por um momento.

– Seu filho. Nossa. – ele sacudiu a cabeça, possivelmente espantando algum pensamento sobre Connor. – Quanto a Leah, sabe, ela não o acha um imbecil, acredito que, esteja magoada e com raiva, pela sua desistência naquele lugar.

– Claro, claro.

– Jacob, todos nós sabemos o quanto você é capaz de fazer esse tipo de coisas, procurar pela vida onde estão todos certos que só existe morte. Tenho certeza que Leah se irrita, quando você insiste em desistir disso, por qualquer motivo. – Mike sentou-se há alguns metros de distancia.

Ele estava certo.

– Não sei o motivo de fraquejar lá. Mas tenho certeza que ela me traria de volta. – ponderei.

– Sim. Você parece querer de alguma forma desviar o foco. Se Leah estiver ocupada te odiando, pela desistência não terá tempo de sofrer pelo bebê. – Mike me encarava sério.

Suspirei pesadamente.

– Talvez seja isso. – sentei na pedra mais próxima aos penhascos.

– Nós sabemos como ela é forte Jacob. E você acima de qualquer pessoa sabe o quanto nada vai desviar o foco dela, no que esta por vir. Poupe sua energia causando magoas desnecessárias, reverta a situação e viva momentos felizes. Vocês vão precisar deles no futuro. – as palavras dele penetraram na minha mente, fazendo-me refletir em tudo que passamos até aqui.

– Você se tornou um grande amigo Mike. – agradeci sinceramente.

– Quem diria hã?! Se você me dissesse tudo isso ano passado, ia rir. Perder meu pai, me separar de Leah, e me apaixonar por uma Bruxa. Ia gargalhar na verdade. – Mike se levantou.

– Também achava isso aos dezesseis. Que eram absurdas as lendas Quileutes do meu povo. As histórias contadas de geração em geração. Agora não me imagino vivendo de outra forma. – levantei para acompanhar Mike.

– Não sei ao certo o que imaginar neste momento. Por enquanto quero as mesmas coisas de antes. – ele deu de ombros.

Mike saltou da pedra, e imitei seu movimento. Acredito que ia até o próprio carro.

– Isso é bom. Não mudar os próprios sonhos, mesmo quando tudo é simplesmente um caos. – minhas palavras refletiam meus próprios sonhos guardados, pensei neste momento como sou apegado a eles, e por mais distantes e difíceis que eles possam parecer, eu jamais os abandonei, e sempre luto pela realização de cada um deles.

– Eu espero que seja. Me apego a eles para ter normalidade na vida. – Mike parecia perdido nos próprios pensamentos.

– Quais são seus sonhos Mike? – perguntei sem pensar exatamente o motivo.

– Desejos de um homem comum Jacob. Ser feliz, amado, ter uma família por quem lutar. – Chegamos até o carro de Mike.

O dia estava ameaçando nascer.

– São ótimos sonhos para se lutar Newton. – ele sorriu.

– São sim Black. Por isso, orgulhe-se, você está fazendo isso muito bem. Bom dia Jacob. – Mike entrou no carro e partiu.

Fiquei ali perdido no som da movimentação na mata.

Pensando em como meus sonhos passados se entrelaçam com a minha realidade.

Meus sonhos passados, eram parecidos com os de Mike Newton. Sonhos de um garoto. Ser amar, ser amado, casar, ter filhos. Quando me transformei em um Lobo, meu maior pesadelo era achar que realizar meus antigos desejos, não estava mais ao alcance de minhas mãos.

Tudo o que eu temia, venci.

Amo Leah, como nunca, achei ser possível amar. Sou amado da mesma forma, tenho certeza. Seremos pais. Tenho uma família por quem lutar.

– Minha família. – sorri com o pensamento óbvio que dominou minha mente.

Somos uma família. E não importa se estaremos um tempo separados, somos unidos por laços eternos de um amor profundo.

Caminhei pela trilha calmamente, de volta para a minha casa.

Sabia exatamente o que fazer para me desculpar com Leah.

....

Senti um toque leve em meu braço, me despertando parcialmente do sono.

Mesmo sem abrir os olhos sabia quem estava ali.

O aroma da pele de Leah é inconfundível.

Ela se encaixou no meu corpo, e puxou o lençol para nos cobrir.

– Não consegui dormir direito. – ela suspirou profundamente, parecendo derrotada.

Afundei meu nariz em sua nuca, seus cabelos cobrindo meu rosto.

– Desculpe por tudo. A noite de sono perdida, quase ter ficado lá. – minha voz falhou ao dizer as ultimas palavras.

Leah girou o corpo ficando de frente para mim.

– Você não pode desistir assim Jacob. Nunca mais. – a envolvi em meus braços, e apertei contra o meu corpo.

– Não vou. – disse olhando em seus olhos negros. – enrosquei minhas mãos em seus cabelos lisos, encostando minha testa na dela, roçando meus lábios nos seus.

Leah pressionou o corpo contra o meu, como se pudéssemos nos fundir ali.

Senti meu corpo inteiro vibrar.

Inalei o perfume da pele morena de Leah. Um aroma simplesmente perfeito.

Leah segurou meu rosto entre as mãos. Sentia o corpo dela, esquentar junto ao meu.

Minha respiração acelerou assim como a dela.

A segurei em meus braços, e deslizei seu corpo sobre o meu para o centro da cama.

Leah apertou minhas costas com uma mão, e a outra puxou minha camiseta, me puxando para si.

Deslizei meu nariz pela curvatura de seu pescoço, passando pelo queixo, o lindo formato do colo de seus seios, passei minha mão por baixo de sua blusa, traçando um caminho lento até seus seios, explorando cada mínimo pedaço de sua cintura.

Senti seu corpo reagir sob minhas mãos. Sua respiração acompanhando os batimentos acelerados do coração dançavam no mesmo ritmo.

– Jacob, pare com isso, seu Pai esta na sala. – ela sussurrou ofegante.

Com a boca baixei a blusinha, deixando um de seus seios á mostra, ela apertou com força minhas costas. Passei os lábios suavemente.

– Ninguém pode nos ouvir aqui amor. – olhei para ela malicioso. – Estamos protegidos.

O sorriso de desejo dominou os lábios grossos dela.

Leah me puxou e sua boca encontrou a minha, com a mesma necessidade, em um beijo ardente.

Ela puxou minha blusa, percorrendo as mãos pelo meu peitoral.

Fechei os olhos. Absorvendo cada sentido aguçado no meu corpo com esse gesto dela.

Abri os olhos e tirei sua blusa, passando minhas mãos por toda extensão de seus braços.

Minha pele em contato com a dela o tempo todo.

Passei minhas mãos por seu pescoço, entrelaçando meus dedos suavemente em seus cabelos, beijando a curvatura perfeita de seu pescoço, e juntando mais uma vez nossos lábios.

Leah apertou meus braços.

– Que saudades de sentir seu corpo assim Jake. – ela sussurrou no meu ouvido.

Senti uma onde de fogo percorrer meu corpo todo.

Passei meus lábios por seus seios, Leah soltou um gemido alto, me deixando ainda mais excitado. Meus lábios percorreram a curvatura de sua cintura, abaixo do seu umbigo.

Fiquei de joelhos na cama.

Podia sentir o cheiro de sua excitação, e isso me enlouquecia ainda mais.

Nossos olhares eram fixos, um no outro.

Puxei sua calcinha olhando diretamente para ela. Arremessei a peça longe.

Minhas mãos percorriam o caminho desde seus pés, até as coxas.

Depositei um beijo em suas coxas, e as separei, Leah arqueou as costas.

Minha boca deslizou por entre suas pernas.

Leah enroscou as mãos nos meus cabelos. E seu gemido, caso pudesse ser ouvido, acordaria os moradores de Forks.

Senti o corpo dela estremecer, e seu prazer explodir em meus lábios.

Não conseguia pensar com clareza, só preciso estar dentro dela.

Meu desejo é quase um instinto de Lobo.

Levantei a perna esquerda de Leah até meu ombro, e beijei sua panturrilha.

– Olha o quanto eu sou teu. – minha voz saiu ofegante.

Deslizei meu corpo, minha excitação, e todo meu desejo para dentro dela.

– Jacob. – Leah arqueou o corpo, e enquanto me movimentava dentro dela, passei a mão por suas costas, e a coloquei em meu colo.

Os movimentos dela eram quase tão acelerados quantos os meus.

Os gemidos dela me deixavam ainda mais excitado.

Leah me empurrou fazendo meu corpo cair sobre o colchão. Ela apoiou a mão no meu peito, segurei seu quadril sentindo o movimento de seu corpo sobre a minha excitação, em minhas mãos.

A pele dele estava molhada, assim como a minha.

Os movimentos dela se intensificando a cada minuto.

Minha mão esquerda segurou a curvatura perfeita da cintura dela. O movimento dela nas minhas mãos era delicioso. Com a mão direita passei meus dedos por seus lábios. Leah colocou um dos meus dedos em sua boca.

O olhar que ela me lançou, foi enlouquecedor. Senti uma corrente elétrica ser descarregada sobre meu corpo. Sem sair de dentro dela, segurei suas pernas e a deitei sobre o colchão. Encaixei suas pernas, entre meus quadris, e empurrei minha excitação com todo o desejo que o gesto dela causou no meu corpo.

– Você me enlouquece. – sussurrei.

Leah gemeu o meu nome alto mais uma vez.

– Não consigo mais segurar. – senti cada parte do meu corpo ameaçando explodir.

– Nem eu. – Leah enrolou as pernas nos meus quadris, fazendo com que eu me movimentasse com mais força.

E o gemido alto foi o que bastou.

Explodimos juntos, em uma onda de prazer.

Senti o corpo de Leah imitar o tremor que percorria o meu também.

Deixei meu corpo relaxar sobre o dela.

Me acomodei ao lado. Ofegante.

Leah passou a mão no meu rosto, agora encharcado de suor.

Nossos corações descompassados.

Leah me encarou, seu olhar malicioso.

– Quero mais Black. – ela passou a perna por mim e sentou no meu colo.

Mesmo ofegante, do que acabará de acontecer, meu corpo respondeu imediatamente.

– Então agüente o quanto puder Clearwater. – me encaixei dentro dela, provocando um gemido enlouquecedor.

Temos fome um do outro, e o tempo que agüentarmos para saciar essa necessidade. Pela primeira vez em meses, temos tranqüilidade para isso.

Mesmo que essa paz, tivesse data para terminar.

....

Abri os olhos e o dia parecia estar nascendo, ou a noite caindo. Não sabia ao certo.

Leah dormia tranqüila em meus braços.

Sorri com a imagem.

A mulher perfeita, com traços de tranqüilidade que há muito não via em seu rosto bronzeado.

Ouvia alguns sons do lado de fora.

Risadas suaves no andar de cima.

Meu pai e Tiffany riam de algum programa na TV.

Meu estômago roncou de fome.

Olhei para o relógio na minha parede.

Seis e trinta e oito.

Sorri com a confirmação, que ficamos trancados aqui longas horas.

Precisávamos disso.

Eu poderia viver nessa tranqüilidade para sempre. Caso o mundo não fosse um lugar, mesquinho, onde as pessoas precisam de poder, a qualquer custo.

Levantei com cuidado para não acordar Leah.

Levantei o escudo, para ela não despertar.

Fui até a cozinha, e meu Pai ouvindo meus movimentos desceu até lá.

– Estava ficando seriamente preocupado com vocês. – ele desceu as escadas sorrindo.

– Estamos bem. Vivos e famintos. Quer dizer, eu estou por enquanto Leah esta dormindo. – abri a geladeira tentando escolher o que ia devorar primeiro.

– O fogão, esta preparado para isso. – ele apontou para o forno.

Abri o forno e lá havia um grande carneiro assado. Em cima comida o bastante para me ajudar a matar a minha fome e a de Leah.

– Obrigado Pai. – agradeci.

Ascendi o forno, para deixar tudo preparado, e só assim acordar Leah. Seu descanso era tão bom, deixaria sonhar um pouco mais.

Sentei no banco e apoiei meus braços sobre a bancada.

– Tudo poderia ser assim. Constantemente calmo, e feliz. – conclui.

– Um dia será. – meu Pai sentou-se no banco ao lado do meu.

– Vou lutar por isso. – sorri sem humor.

– Vamos lutar Jacob. Juntos. – meu Pai apertou meu ombro.

Assenti.

– Quero que ela seja feliz aqui Pai. Esses meses serão os últimos, desta Leah que conhecemos. Preciso de toda lembrança feliz para ela. Mesmo não sendo o bastante, será o suficiente para mantê-la em pé, quando toda a esperança falhar, em algum momento. – desabafei, tentando conter as lágrimas.

– Leah, é mais forte do que você pode supor Jacob. Ela vai lutar, e mesmo sofrendo, esperança ela sempre terá. – as palavras dele trouxeram um pouco mais de alento ao meu coração. – Contudo, construam algo aqui para ecoar por toda a eternidade. Esses meses aqui constituem um capitulo importante nas vidas de vocês, mas não é o capitulo final.

Assenti.

– Faça aqui, tudo aquilo que sonharam juntos. – meu Pai continuou. – Como se nada fosse abalar esse pequeno espaço de vocês, e após esses meses, tenham em mente, mesmo em meio toda a dor, e caos ainda por vir, que a vida de vocês será essa. Felizes e juntos.

As palavras dele me trouxeram um calor. Uma emoção. E um desejo.

Há anos atrás, antes de nutrir sentimentos por Bella, ou amar Leah, eu não queria saber de garotas. Meu Pai achava aquilo engraçado.

Então me contou a história de como se apaixonou pelo sorriso da minha Mãe. Na época essa história era engraçada. Pois não fazia idéia como era se apaixonar por sorrisos. Via o amor de uma forma completamente diferente.

Meu pai contou que trabalhou meses como ferreiro em algumas aldeias, onde viviam para comprar um anel. Uma pequena jóia, com um significado imenso para ele. A pedra era mística, e há muito perdida em batalhas, que ele mesmo lutou. Passando pela cidade próxima, a esta aldeia, meu pai reconheceu. A pedra foi achada em uma escavação a procura de riquezas pelos franceses em território dos Índios séculos antes. Nenhum Frances conseguiu lapidá-la, foi necessário magia para dividir a pedra, e só era possível lapidar um pedaço por vez, durante a Lua dos Lobos. Ou a Lua cheia. Ela foi batizada de “ Pierre Pleine Lune”, ou a Pedra Lua Cheia. Meu pai conheceu minha Mãe em uma batalha para proteger essa pedra. Perdida algum tempo depois em uma batalha.

Ele pediu Sara Black em casamento, sobre a luz da Luz cheia, com a pedra que os uniu. Sempre que o ouvia contar, desejava aquele tipo de determinação. Um dia no auge do meu desespero por Bella, perguntei a ele, sobre a pedra. Sobre como precisava fazê-la desistir de morrer. Então ele me olhou e perguntou o que eu sentia quando ela sorria. Estava tão apegado a dor dela, que sentia como se fosse minha. Não soube responder, mas a tranqüilidade dela me acalmava. Então ele me perguntou: “ Se for realmente ela, leve o anel, peça para ela ficar, e prometa. Leve a pedra, e ela vai saber o quanto a ama, o quanto pode dar a ela, se ela for a mulher certa, então você saberá, que esta na hora.”, Meu pai colocou a o anel sobre o balcão, na noite da festa de formatura de Isabella Swan. Não consegui tocar no anel. No fundo e mesmo demorando anos para admitir, eu sabia que Bella não era nada mais que uma paixão adolescente.

– Jacob. Esta tudo bem? – meu Pai apertou meu ombro mais uma vez.

Sorri.

– Sim. – meus olhos instintivamente encheram-se de lágrimas.

– Você estava longe. – o olhar do sábio Billy era especulativo.

– Sim, estava sentado aqui com você, na antiga varanda desta casa, ouvindo uma história. Sobre um jovem apaixonado, que soube a hora certa de pedir a amada em casamento. – o coração do meu Pai acelerou frenético.

Ele começou a chorar.

– Esta na hora pai. Leah é a mulher certa, para ter aquele anel no dedo. Nunca houve nenhuma antes, jamais terá outra. Esta na hora.

Meu pai e eu ficamos em pé e nos abraçamos. Os olhos dele continham um orgulho imenso. Ele sabia o significado disso, tanto quanto eu.

.....

Dois dias, ansiosos e dolorosamente lentos, desde o momento que meu Pai colocou o anel em minhas mãos.

Nos últimos dias temos cuidado da segurança na reserva e imediações, junto com Kate, e as demais bruxas agora residentes na aqui. Temos ficado algumas horas juntos apenas para assegurar que todo o esforço feito está dando certo.

Novos feitiços de isolamento, e pistas forjadas para Vladmir, Stefan e os Volturi, sobre nosso paradeiro.

Sabemos neste momento, que os Romenos e muito menos os Volturi, podem deixar seus frontes de batalhas, isso seria arriscado para ambos os lados, qualquer movimento errado significa perda iminente de um continente todo.

Os Frios andam fortalecendo as alianças, com outros clãs para proteger Reneesme, estão longe daqui. Contudo Alice, fica de olho nas decisões de ambos os lados tanto Volturi, como dos Romenos, assim como Kate tentava acompanhar também.

Keira e Cassandra, unidas a Merida, Ayra e Moira reforçaram o escudo de proteção.

A reserva é o lugar mais seguro do planeta neste momento. E isso me da uma tranqüilidade sem explicações.

Tranqüilidade essa, que não acaba com a expectativa e ansiedade causadas, pelo anel no meu bolso há dois dias.

Fico procurando o momento perfeito, mas nenhum momento parece estar certo. Ser a altura. E me sinto um adolescente, inseguro, sem saber como convidar a garota amada, para o cinema.

Leah me observa em silêncio, e me esquivo das perguntas investigativas dela.

– O que acha Jacob? – Kate me perguntou divertida.

Não fazia a menor idéia, sobre o quê, se tratava a pergunta. Mas meu Pai me deu um conselho, há algum tempo atrás: Sempre concordar com a mulher em certos casos.

– Claro, claro. – respondi automaticamente.

Embry gargalhou.

– Jake você não me parece o tipo, para dançar hula-hula de saia. – ele disse com dificuldade, pois, estava tentando falar e não gargalhar mais.

– O que? – sacudi a cabeça, empurrando meus devaneios para longe.

Leah cruzou os braços.

– Kate sugeriu aos meninos, incluindo você, dançarem hula-hula, com uma saia, esta noite na fogueira. Você aceitou. – o tom de voz dela era irritado, com uma ponta de desconforto e desconfiança. – Acredito que você seja um ótimo dançarino, pois, aceitou sem objeção!

Leah trincou os dentes. E não é pelo sim a sugestão de Kate, é por ela saber, que eu estava distante ao ponto de sequer notar a conversa diante dos meus olhos.

– Me desculpem. – todos me olhavam intrigados. – Vou para casa, só estou um pouco cansado.

– Cansado? – Leah investigava cada expressão minha.

– Sim, acontece uma vez a cada ano. – me aproximei dela, e beijei o topo de sua cabeça. – Vou dormir um pouco e vir ajudar com a festa mais tarde.

Caminhei para fora da casa de Kate e Embry, e notei o desconforto geral com a expressão nada brincalhona de Leah.

Menos de dois passos para fora da casa e lá estava ela.

– O que está acontecendo Jacob? Porque está assim? Anda vendo algo e não tem coragem de contar? Ou Kate viu? Alguma das meninas Bruxas? Diga logo, e não ouse dizer que não esta acontecendo nada, pois eu não sou nenhuma imbecil! – o tom de voz subiu duas oitavas.

Sorri, coloquei a mão no bolso e segurei o anel.

Mas, Leah merece mais que isso. Ela vai se lembrar desse dia para sempre, e não posso dar a ela uma lembrança ruim, ou simplesmente uma desculpa. Pois ela vai achar que se trata de uma desculpa o pedido, se o fizer agora.

Respirei fundo.

– Eu não tive nenhum sonho, e nenhuma das meninas viu nada. – me aproximei e circulei os braços em sua cintura tirando os pés dela do chão. – Olhe nos meus olhos, e veja se a distração trás alguma preocupação junto? Você sabe me analisar melhor quando faz isso.

Leah investigou, mais uma vez.

– O que foi Jake? Conte-me, talvez eu ajude. – ela pediu roçando o nariz no meu.

– Vou contar. Só me deixe arrumar uma maneira certa. Por favor. – a coloquei no chão, e segurei seu rosto entre as mãos. – Confia em mim, você sabe que não minto para você.

Ela forçou um sorriso.

– Claro, claro. – Leah mudou o tom de voz, tentando me imitar.

Selei nossos lábios.

– Vou andar um pouco. Te pego na sua casa as sete para a fogueira. Certo?! – encostei minha testa na dela.

O vento estava fresco, realçando o aroma dela.

– Combinado. – Leah me deu um selinho e entrou na casa de Kate e Embry.

Fiquei observando seus passos, e sua respiração irregular. Ela não estava nem um pouco satisfeita. Mas ia ficar. Pois acabei de ter uma idéia.

.....

– Que lindo!!! – minha irmã gritou pela enésima vez.

– Por favor, Rachel, Leah vai acabar escutando da casa de Kate, se você continuar berrando desta forma.

– Desculpe. – ela tapou a boca teatralmente.

– Vai me ajudar ou não? – perguntei irritado.

Ela gargalhou.

– Nossa você está ansioso mesmo, hã?! – ergui a sobrancelha, respondendo a pergunta dela sem emitir um som. – Claro que vou ajudar! Vamos buscar as rosas na loja, e podemos montar a tenda e dizer que é para a fogueira. Chamo Paul para ajudar. E você só precisará fazer o pedido.

Meu coração acelerou frenético.

– Não se preocupe com ajuda. No caminho para cá já pedi isso a Graham e Aquilles. Eles estão esperando suas coordenadas.

Ela sorriu novamente.

– Imagino que sim. Mãos á obra então. Noivinho. – Rachel me deu um abraço. – Seja feliz meu irmão. Mesmo quando tudo parecer difícil, o final vai compensar.

– Eu sei. – dei um beijo no topo da cabeça dela. – Mãos a obra pequena.

– Hey, não sou pequena. Vocês é que são exageradamente imensos. – minha irmã protestou.

– Claro, claro. – abri a porta e estendi a mão pára ela. – Vamos.

......

Rachel organizou tudo em tempo recorde.

Graham e Aquiles, sob a supervisão da minha irmã, montaram uma pequena tenda branca, com buques de rosas vermelhas por todos os quatro cantos dela. Rachel ia jogar algumas pétalas na manta estendida no chão da tenda.

Queria que Leah se lembrasse da festa na aldeia, quando passamos nossa primeira noite juntos. O que aquilo significava.

As meninas perguntaram a Rachel, o motivo da tenda estar ali. Para todos os efeitos, minha irmã queria tirar o máximo de fotos possíveis, e queria que todos nós tivéssemos sentados ali. Reunidos não só para comer, e sim para celebrar a nossa amizade.

Fui para casa, assim que ela terminou. O sol estava estrelado, mas o ar abafado. Em algumas horas a chuva chegaria à reserva. Preciso fazer isso antes.

Demorei no banho. Estava tentando relaxar. Ensaiando um discurso.

Porcaria, como vou pedir isso a ela, sem parecer um idiota? Sou péssimo com palavras.

Me distração é tamanha que não notei a aproximação do meu pai.

– Nervoso? – a voz dela me sobressaltou.

– Não. – ele me encarou divertido. – Quase nada. – sentei á cama, derrotado. – Não acho as palavras Pai. Não sei como tornar o momento perfeito, pois, sou imperfeito. E ela já foi pedida em casamento. Tenho certeza que Mike soube usar as palavras. – joguei a camisa na cama.

– Jacob... – meu Pai entrou no quarto e sentou ao meu lado. – Leah, não vai se importar com palavras perfeitas. Ela te ama, e sabe o quanto o amor não está perto de ser perfeito.

Assenti.

– Espero que ela me ame o bastante para não tentar me matar, caso eu diga alguma idiotice. – brinquei.

– Agora vá buscar o amor da sua vida. Olhe para ela, e pense na vida que você deseja ter ao lado dessa mulher. Pense em como quer vê-la feliz. – fechei os olhos enquanto ele falava, e um milhão de imagens preencheu minha mente.

Abri os olhos com um sorriso no rosto.

– Obrigado Pai. – o abracei forte. – Vou buscar Leah.

Meu Pai sorriu. Passei por ele e respirei fundo ao cruzar a porta.

Já podia sentir o cheiro da carne sendo assada na fogueira. As risadas ao redor.

Pensei em como quero ter essa vida com Leah. Em como um dia terei.

Caminhei calmamente até a casa de Sue.

Seth e Reneesme estavam na varanda, e Kate na entrada. Os olhos dela encheram de lágrimas ao me ver.

Seu sorriso não deixou dúvidas. Kate já sabia sobre o pedido.

– Vai dar tudo certo? – perguntei sem graça.

Ela apenas assentiu emocionada.

Sorri, um pouco mais confiante.

– Bem, nos encontramos lá então? – Seth disse impaciente. – estou morrendo de fome.

– Sim, eu espero Leah. – sentei na varanda, tentando me acalmar antes que Leah, notasse mais uma vez minha ansiedade.

Seth, puxou Reneesme pela cintura, e Kate pela mão.

Os três desapareceram pela trilha.

Fiquei ali, sentado á velha cadeira de balanço do pai de Leah, escutando o martelar tranqüilo do coração da Morena. Esse som sempre me acalma. Assim como o aroma da pele e o olhar dela.

– Vamos? – ela está simplesmente linda.

Um vestido tomara que caia azul claro, na altura do joelho. Os cabelos soltos, com um arco branco.

Linda!

– Uau. Você esta linda. – me aproximei e dei um beijo nos lábios grossos dela.

– Obrigada, você está aproveitável Black. – ela sorriu envolvendo os braços no meu pescoço.

– Valeu amor. Aproveite o quanto quiser.

Leah gargalhou, e se afastou alguns centímetros.

– Vou usar. – seu olhar percorreu toda a extensão do meu corpo. – Você esta, lindo Jake.

Senti uma onde de calor percorrer meu corpo inteiro.

– Vamos embora, ou não chegaremos a fogueira nenhuma. – Leah sorriu, e segurou minha mão.

– Então é melhor nos apressarmos, pois, estou faminta. Eu e aparentemente o meu filho também. – sorri e antes de continuar nossa caminhada, me ajoelhei diante dela e beijei sua barriga.

– Vamos rápido então. – caminhamos pela trilha que levava a praia.

Ao avistar a tenda Leah sorriu.

– Sua irmã realmente é criativa. Ficou lindo. – Leah olhou para o lado, onde Paul, Sam, Aquiles e Graham improvisaram uma grande tenda de madeira, na praia para comermos em paz caso a chuva chegasse. – Agora esta tenda, com certeza, ela sequer sabia da existência.

– Provavelmente não sabia mesmo. – concordei.

– Vamos comer. Estou faminta. – assenti mais uma vez.

Caminhamos até a fogueira.

Todos riam animadamente.

Meu pai estava ali, me observando, enquanto aguardo Leah comer e conversar, com Reneesme e Cassandra.

Olhei para Kate, e ela estava sorrindo. Seu olhar era tão confiante, que me encorajou.

Respirei fundo, e caminhei até onde Leah estava sentada.

– Não está com fome Jake? Notei que não comeu ainda. – Leah me olhou com carinho enquanto falava.

– Preciso falar com você, e talvez depois eu coma, mas agora, não consigo, pois, se não falar, não vou conseguir engolir nada. – ela me encarou seria.

– Certo. – Leah se levantou e entrelaçou os dedos nos meus. – Vamos conversar.

Respirei fundo e beijei os nós dos nossos dedos entrelaçados.

Não conseguia pensar corretamente.

Contudo meu olfato funcionou perfeitamente. Só me traiu um pouco, ou meu nervosismo é tanto que não notei, pois do nada, e com uma força impressionante, a chuva desabou dos céus.

– Não! Merda. – quase uivei.

Todos ao meu redor se calaram no mesmo segundo.

Corri até a tenda, tentando inutilmente salvá-la da destruição. Entretanto, diferente da barraca improvisada dos garotos, feita de madeira. Essa é de tecido.

– Droga! – tentava fixar novamente no chão, contudo o tecido molhado não a deixava firme, de forma alguma.

– Jake, deixe isso ai, sua irmã não vai ligar de tirar fotos na tenda. O que importa são as pessoas, e não a estética. – Leah parou ao meu lado, encharcada.

– Você não entende. Não era para ser assim. – tentava impedir que a ventania levasse todos os buques.

– Jacob nós fazemos isso amanhã, vamos sair da chuva. – ela segurou meu braço.

– Volte para a tenda de madeira, você está encharcada. – ela gargalhou.

– Muito tarde para isso, Black. – ela deu um tapa nas pétalas destruídas do buquê em minhas mãos, rindo. – E para salvar essas rosas também?

Então o vento finalmente fez a tenda voar pelos ares.

– Não!- olhei para o tecido, enquanto ele voava em direção ao mar.

Leah deu de ombros.

– Vamos. Deixa isso pra lá. – ela segurou minhas mãos.

https://www.youtube.com/watch?v=5_6imqgeDdk

– Eu pedi a Kate a tenda. – a confusão estampou o rosto dela. – pedi, pois, queria criar o momento perfeito para você. Venho tentando encontrar esse momento há dias. Mas toda vez que imagino, ou tento. Nunca encontro, e agora eu sei o motivo.

– Jake... – não permiti que ela continuasse.

– Eu ensaiei dias, a noite toda. Mas hoje sei que, nenhum momento será perfeito. Nada. Você sempre vai merecer mais. Então vou tentar ao menos fazer da forma mais sincera possível e torcer para ser o bastante. – me ajoelhei com o coração basicamente tentando escapar do meu peito.

– Meu Deus... – ela cobriu a boca.

– Eu não imagino a minha vida sem você. – respirei fundo, tentando conter a minha emoção. – Esqueci quem eu era, mas não quem você é. Não posso prometer que vamos ser felizes o tempo todo, nem que você vai me querer por perto sempre. Tenho certeza, que vamos discordar inúmeras vezes, pois quando se tratar de proteger um ao outro não medimos esforços, então, não posso prometer perfeição, pois, sou simplesmente imperfeito. Entretanto, posso te prometer amor Leah, enquanto eu viver. Prometer agüentar tudo que estamos prestes a passar sem lamentar nada, um único segundo. Eu não quero apenas me casar com você. Quero te entregar a eternidade dos meus dias, e quero a eternidade dos seus. Seja minha esposa, minha namorada, minha amiga, meu porto seguro. Estamos prontos Leah, para as dificuldades, posso sentir isso em cada parte do meu coração. Case-se comigo. Seja minha para sempre. Eu te amo, e jamais vou amar outra. – tirei a aliança do bolso, segurei a mão dela e coloquei o anel em seu dedo.

Leah olhou o anel em sua mão e se ajoelhou, segurou meu rosto entre as mãos, e mesmo sob uma tempestade, senti os lábios quentes dela, encontrarem os meus com paixão.

O martelar frenético no meu peito, era um reflexo do dela.

Me senti leve novamente.

Levantei com ela em meus braços.

O sorriso de alegria poderia rasgar minhas bochechas agora.

– Vamos sair dessa chuva. – puxei- a pela mão, mas ela travou os pés e não se moveu.

– Eu aceito Jacob. Aceito cada dia difícil, cada noite em claro, cada briga. Quero toda imperfeição que você puder me dar. Toda promessa, toda sinceridade. A eternidade dos meus dias já é sua há tanto tempo, e sinceramente nunca deixou de ser. Mas isso não importa. Eu já sou sua. Então – ela respirou fundo. – Sim Jacob Black. Mil vezes Sim. Mil vezes sim. – envolvi minha mão nos cabelos encharcados dela, e a puxei para os meus lábios.

Mais uma vez nos beijamos. E tudo ao meu redor desapareceu.

Sempre foi ela.

Jamais seria outra.

Separamos nossos lábios e ficamos abraçados enquanto a chuva diminuía um pouco.

– Temos um casamento para organizar Senhora Clearwater... Black. – ela sorriu de uma forma nova, tão sincera e leve.

– Sim temos. – Leah respondeu, e me puxou para a tenda de madeira, onde todos nos observavam.

Agora é oficial. Leah e eu estamos noivos.


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Notas finais do capítulo

Leiam... Absorvam.
E semana que vem tem o restante ok?!
Já esta basicamente pronto, só preciso editar, o que leva tempo tbm!

Obrigada Lobas Minhas.

PS: Link do grupo no face......
https://www.facebook.com/groups/1402628353303038/?fref=ts



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