Ps I Love You escrita por lucas esteves


Capítulo 1
Promise


Notas iniciais do capítulo

Logo pode ver uma garotinha, pouco menor que ele, chorar abraçada aos joelhos, sentada no mato.
Ele se aproximou ainda mais e sentou-se ao seu lado.



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Promessa

 1986 – Rio de Janeiro, BRASIL.

 

- Mas eu não quero ir, mamãe – dizia o garotinho, parado com seus pais em frente a mais famosa loja de grife do Rio de Janeiro.

A mulher olhou para o marido, preocupada, e este apenas consentiu.

- Bom, querido, nesse caso nos espere naquela pracinha, all right?

O pequeno aceitou a proposta e correu para o outro lado da rua, em direção a pracinha.

De cabelos castanhos bem claros e olhos azuis, o garotinho andava por entre praça florida.

Aquela viagem era presente de seus pais, pelo aniversário de 5 anos. O aniversário, contudo, fora a quase um mês atrás, dia 5 de junho.

Ele estava se divertindo bastante. O Rio de Janeiro era a sexta cidade brasileira que visitavam e, a maior conclusão tirada daquela viagem era que, de fato, o Brasil era um país lindíssimo, cheio de vida. Ali, a natureza parecia cada vez mais viva e as pessoas pareciam interagir muito bem entre si... Eles tinham um... Um calor humano, talvez... Enfim, era fato que perto dos brasileiros, norte-americanos chegavam a parecer frios, ou pelo menos aos olhos do menino.

O garoto fez menção de se virar para sair, esperando que seus pais já tivessem comprado o que queriam, mas se deteve ao ouvir alguma coisa vinda de trás dos arbustos floridos à sua direita. O barulho parecia ser choro de criança.

Sendo o que fosse, chamou a atenção do garoto, que se aproximou.

Logo pode ver uma garotinha, pouco menor que ele, chorar abraçada aos joelhos, sentada no mato.

Ele se aproximou ainda mais e sentou-se ao seu lado.

- Fo... Focê... Esta, esta bem? – o garoto perguntou em um péssimo português. Aprendera apenas algumas palavras e sentenças populares com os pais, estes dominavam a língua com fluência.

A menina levantou os olhos vermelhos, deixando seu resto angelical a vista.

- Me machuquei – ela respondeu docemente.

Ele não fazia idéia do que ela tinha dito, não conseguia entender, mas entendeu o recado ao ver o joelho dela ralado e sujo de um pouco de sangue.

Como não sabia como dizer para que ela ficasse calma e não queria deixá-la sozinha, ele rasgou um pedaço da sua camisa e usou o mesmo para enfaixar o joelho da garota.

Ela lhe abriu um sorriso, deixando-o reparar o quanto era linda. Seus cabelos castanhos claros eram cheios de lindos cachos, exceto pela sua franja lisa.

A pele era macia e branquinha, levemente rosada.

- Melhar... Vai melharar! – ele tentou dizer.

- Vai melhorar. – ela corrigiu, achando graça da confusão do menino.

Ele ficou sem graça, mas acabou retribuindo um sorriso.

Um silêncio momentâneo se estabeleceu entre os dois, mas a menina fez questão de quebrá-lo.

- O que você gosta de fazer?

- Va-facer? Eo gosto de... play guitar.

- Guitarra? Eu já vi meu tio com uma, mas guitarra não se pleia, se toca... Bem, minha mãe sempre diz que eu preciso sonhar, então, se você sonha com isso, vai conseguir... Vai ser um guitarrador muito famoso – disse inocente.

O garoto sorriu otimista, desejando saber mais português.

- I-ê focê?

- Quero ser como as moças da TV, sabe, aquela palavra que os adultos falam? A-atriz.

- Oh, Actress. Focê vai ser... – disse otimista.

Os dois trocaram risadas infantis.

Ele podia se dizer encantado com aquele sorriso doce que a moreninha lhe dirigia.

Ela, de repente, estendeu a mão oferecendo-lhe o dedinho; gesto que ele não entendeu. Vendo que ele estava confuso, a menina pegou sua mão e enlaçou seu mindinho ao dele.

- Promete que vai alcançar seu sonho e me encontrar de novo?

- Promise?

- É – ela sorriu. - Você fala estranho, mas é isso mesmo.

- Promise focê também. – ele pediu.

Ela sorriu, fazendo a sua promessa enquanto ele fazia a dele, sem que ela entendesse sequer uma palavra do que ele dizia; de alguma maneira, sabia que podia confiar nele.

As vezes uma ou outra palavra saia de maneira aportuguesada, mas em geral, a única coisa que ambos entenderam, era que tinham se gostado muito e que tinha trocado um promessa. Ainda que não soubessem, a mais importante de suas vidas.

Ela seria atriz e ele seguiria o ramo musical para depois se encontrarem.

- Filho! Filho, cadê você, querido? – a voz de sua mãe se fez audível pela praça.

O garotinho se levantou, apressado.

- Eo... Eo vou em-emb...

- Embora?

- Yes, embora

A menina sorriu e, levemente, encostou seus lábios aos do menino em um doce selinho.

- Tchau. – ela disse carinhosamente.

O garoto estava completamente envergonhado. Seu rosto vermelho como um pimentão.

- Tchau.

Depois de sorrir para ela, o pequeno se pôs a correr a procura da mãe.

- Querido – disse a mulher, pegando-o no colo. – Onde estava?

- Na pracinha, mãe. – ele respondeu feliz.

O pai lhe bagunçou os cabelos, voltando para dentro do táxi.

- Aonde vamos agora?

- Voltar para Montreal. – sua mãe lhe respondeu, apagando-lhe o sorriso do rosto.

Com a mais nova amiga nos pensamentos, o garoto dormiu recostado no peito da mãe.


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