Annabeth acordou bem cedo naquele dia. Ela iria buscar a amiga no hospital junto com Percy e Nico, mesmo com o ultimo transtornado.

Fazia uma semana e dois dias que Thalia sofrera o acidente e ela continuava sem memória e, graças à isso, sentia-se completamente frustrada. Ela sabia que estava fazendo várias pessoas sofrerem ao não se lembrar, mas não era sua culpa propriamente dita. Na realidade, não era sua culpa.

Os três saíram para o carro de Nico. Não estavam muito animados até por causa da hora que acordaram, mas era um mal necessário. Ainda tinham esperanças de que fosse apenas uma brincadeira de mau gosto e que chegariam ao hospital e que Thalia estaria rindo e brincando. Como sempre.

Nico suspirou ao parar o carro no estacionamento do hospital. Annabeth foi a única a descer já que não precisava de muita gente para guiar Thalia até o carro. Percy olhou para o amigo, e colocou a mão no ombro do mesmo.

- É difícil, não é? Eu sei. Mas vai passar. É nesse momento que ela precisa da sua ajuda. Da minha. Da nossa. Apoia-a, Nico. Não desiste não. Não vale a pena. Isso vai passar.

- É complicado. É. Mas eu tenho que ficar forte, não? Isso não dói só em mim. – Percy assentiu.

A porta do carro foi aberta depois de minutos, revelando duas meninas. Uma loira e uma morena. Annabeth e Thalia. A primeira tinha um sorriso doce no rosto e a ultima tinha uma expressão confusa.

- Eu já estive aqui, não?

- Mais do que gostaria. – Nico disse, rindo. Lembrou-se de uma vez que haviam combinado de sair com Annabeth e Percy, mas os dois acabaram fazendo um programa de dois, deixando os dois para trás, fazendo a menina voltar com ele. Naquela época, Thalia e Nico viviam brigando diariamente o que os fizeram brigar e Thalia sair do carro em movimento, mas no acostamento. Aquele dia foi o primeiro beijo dos dois.

- Eu não me lembro, mas eu tenho uma lembrança... Não, melhor. Uma sensação muito boa aqui. – A menina comentou.

- Certo, certo. O médico disse que você vai passar toda semana com um médico especializado e que seria recomendado lhe mostrarmos fotos sobre momentos bons. Vai te ajudar a lembrar-se mais rápido. Enfim...   Tem um bar, aqui perto, que sempre frequentávamos. Você ficava bêbada, direto. Certo, isso não é uma lembrança boa.

- Não. Não mesmo. – Comentou. – Mas vem cá... Eu bebia mesmo?

- Pra valer! Acredite se quiser, você chegava em casa bêbada. Em casa não, né. Na minha casa já que se você aparecesse em casa bêbada seu pai te expulsava.

- Eu não acredito! De verdade? – Annabeth assentiu e riu com a surpresa de Thalia. Aquela não parecia a Thalia Grace que ela conheceu.

- Você está muito diferente da Thalia que conhecemos! – Percy comentou.

- Por quê? O que eu tô fazendo de errado?

- A Thalia que conhecemos é rebelde. Sério. Agora ela já estaria pedindo pra parar no bar ou falando palavrões sobre o que aconteceu.

- Ah Percy! Está brincando? Eu não me sinto assim! Eu sinto que eu era uma alma caridosa, que nunca falou um só palavrão ou ingeriu álcool. Eu também sinto que eu tinha um hamster chamado Lolly.

- Lolly? Você está louca? Hamster é... Fofo demais para você.

- HEY! Percy! Essa aqui não é a Thalia sua prima! Ok, é. Mas teoricamente não é a Thalia que conhecíamos. É uma nova Thalia.

- Que seja!

- Eu tenho um primo? Que mais que eu tenho? Eu tenho irmão? Namorado?

- Tem irmão e um...

- Não, Lia. Você não tem namorado. – Nico cortou Annabeth, que olhou para ele com o maior ponto de interrogação no rosto, fazendo o menino apenas dar de ombros.

- Ah é? Eu não tenho namorado? Então eu posso... Pegar geral? – Disse, fazendo todos rirem.

- Pegar geral é exagero, né.

- Lógico, cabeçudo. Eu não sairia por ai pegando geral. Acho isso coisa de babaca. Eu acho que acho... Não acho, Annabeth? – Thalia fez confusão, fazendo Annabeth rir e assentir. - Então pronto! JÁ TÁ CHEGANDO?

- Já chegamos. – Nico parou o carro na frente da casa onde os quatro moravam e todos desceram.

Os quatro desceram do carro, mas Thalia parou ao olhar para a casa. Ela fez várias caretas e olhou para o gramado malcuidado do lado da casa. Estava absorta em pensamentos e não estava escutando ninguém chamando-a.

- Thalia? Thalia? Thalia Grace? Hey?

- O quê? Como? Onde? Ah... O que foi?

- Nós perguntamos o que foi. Você parou, olhando para a porta, com os olhos arregalados! Ficamos preocupados.

- Não precisam. Foi porque eu me lembrei de uma coisa... Sei que é muito cedo, mas lembrei.

- E lembrou-se de quê?

- Dessa casa. Digo, que vivemos juntos aqui. Nós quatro. Percy, Annabeth, Nico e eu. – Sentiu um aperto no coração ao dizer o nome de Nico, mas ignorou. Não parecia ser nada sério.

- Mas isso é muito bom! Quer dizer, pode ser que não seja lá grande coisa, mas já é um bom começo!

- Sim, verdade! Enfim... Vamos entrar? – Os outros três assentiram e entraram.  

- Seu quarto é lá em cima, Thalia. A porta dois, do lado da porta um.

- Jura? Achei que era do lado da porta quatro! – Thalia respondeu à Percy, que apenas revirou os olhos. O menino segurou Annabeth pela cintura e subiram juntos as escadas. Nico ia logo atrás, mas sua mão foi puxada pela a da menina.

- O que foi, Thalia? Precisa de mais alguma coisa?

- Eu sei que você mentiu. Posso não me lembrar de nada, mas eu sei que você mentiu aquela hora que disse que eu não tinha namorado. Eu vi a careta de Annabeth. Quem é meu namorado, Nico?

- Você não tinha namorado mesmo, Thalia. Bem, não que eu me lembre disso.

- Você tem certeza disso? – A menina arqueou as sobrancelhas.

- Absoluta.

- Então tá. – Nico assentiu e voltou a andar, mas foi puxado novamente, e em seguida sentiu o perfume da menina penetrando em suas narinas. – Obrigada por me ajudar. – Sussurrou, no abraço.

- Amigos são para isso.