LA, Califórnia. 1995

Mandy's POV

Não conseguia acreditar que eu estava mesmo indo pegar minha irmã da clínica. Sophie passara 2 anos nela e tanto eu quanto ela não víamos a hora de sair dali. E finalmente aquele dia chegou. Saí de casa e entrei no carro de David. Ele estava tão ansioso quanto eu, e Josh estava logo ali no banco de trás com um sorriso no rosto. Ahhhh Josh! Tinha quase 2 anos que namorava com ele e sempre me pegava flertando com ele. Ele tinha o poder de fazer você se apaixonar por ele todo dia!

– Pronta? - perguntou David.

– Estou pronta há meses! Acelera!

Ele riu e fomos em direção à clínica. Ele nos perguntou sobre a banda que havíamos montado. Na verdade ainda não se podia chamar de banda porque as coisas ainda estavam meio desorganizadas e era mais uns adolescentes tocando a mesma música em um mesmo lugar do que uma banda. Josh – sempre tímido – disse que ainda estávamos progredindo. Ele sempre falava “nós” ao invés de “eu”. Não só nas conversas que falavam sobre a banda mas nas conversas que falavam sobre a gente. E ele nem tinha o direito de falar isso já que eu nem participava da banda direito. Eu ajudava com uns versos ali, uns acordes aqui.. Nada grande no qual se devia colocar créditos. Mas Josh insistia em me dizer que daquilo tudo eu fazia parte já que era a inspiração dele.

Chegamos na clínica e ficou combinado de fazermos uma surpresa. Só eu iria sair do carro. Fui lá e quando abri a porta do quarto, avistei minha irmã fitando a vista da janela. Aquela clínica, se não fosse o fato dela ser uma clínica para dependência química, ela seria um paraíso! Ela era meio isolada da movimentação de LA, mas ainda era LA e bônus: Era perto de uma praia e em muitas janelas dava para ver o oceano.. Acho que aquilo tranquilizava os pacientes e era mais um empurrãozinho para eles se recuperarem.

– Sophie!! Chegou a hora! Tá pronta para voltar a vida agitada de Hollywood?

– Ahahah, claro que eu estou baby! O show deve continuar, certo?

Adorava quando ela fingia que era famosa! Aliás, Sophie estava linda! Ela não havia ficado somente limpa mas havia recuperado a sua beleza natural. Seus cabelos estavam um pouco mais acima da cintura e eram escuros e um pouco ondulados. Seus olhos eram de um azul inconfundível e sua pele era mais branca do que a da Branca de Neve. Ela não tinha nada a ver comigo, era doido quem nos dizia que éramos irmãs mas felizmente eu era, de pai e mãe. Tinha orgulho dela.

Disse a ela que teríamos que ir de táxi já que David não podia nos buscar. Ela fez uma carinha meio triste mas aceitou. Logo quando saímos da clínica e descemos alguns degraus indo em direção ao carro, Sophie correu enquanto David saia dele. Eles se abraçaram por um bom tempo, sorrindo. Josh também saiu do carro na tentativa de dar um abraço de boas-vindas em Sophie mas ela parecia não largar o David tão cedo. Cheguei perto de Josh e ele passou as suas mãos envolta dos meus ombros e ficamos ali abraçados observando a cena. Minha irmã não parava de falar enquanto David não parava de sorrir. Já tinha 2 anos que eles estavam naquele enrola-enrola e ainda não tinha saído um beijinho. Até eu já tinha evoluído com Josh!

– Ah! Mandy, você me enganou direitinho! Nem imaginei... - ela olhou Josh e fez uma carinha imitando a expressão fofura dele – E você, meu cunhado? Larga ele um pouco Mandy, deixa eu dar um abraço nele!

Ri e soltei as mãos dele do meu ombro. Ele abraçou Sophie e disse algo sobre estar muito feliz por ela ter saído dali. Sem mais de longas, entramos no carro e fomos direto ao um restaurante italiano. Hora de comemorar!

Conversávamos, ríamos mas eu queria mesmo era ficar com Josh... Já estava chegando outubro e começava aquela correria de fim de ano e com a escola, eu mal conseguia tempo para ficar sozinha com ele! Dáva para perceber que ele também sentia falta dos nossos momentos.

Sophie, “subitamente”, resolveu ir para casa de David então nos deixou uns dois quarteirões antes da minha casa com a justificativa de que se passasse dali não seria mais caminho para eles mas eu sabia muito bem o que eles queriam fazer.. Melhor assim, eu andava um pouquinho com Josh. Ele me pegou pelos ombros do mesmo jeito que tinha feito antes e me deu um beijo na testa.

– Você está radiante hoje, sabia?

– Como eu não poderia estar? Hoje é um dos melhores dias da minha vida! - apoei minha cabeça em seu ombro - Tá tudo dando certo!

Andamos mais um pouquinho e passamos por uma banca de revistas. Vi uma revista com letras bem grandes onde se dizia RED HOT CHILI PEPPERS. Parei incoscientemente, assim como Josh. Ele olhou para o que eu olhava e falou:

– Olha! Até que enfim eles arranjaram um guitarrista!

Cheguei mais perto e pude ver escrito: Conheça o novo guitarrista do Red Hot Chili Peppers. E olhei para o cara da capa. Ele tinha um cabelo bem preto e umas sobrancelhas naturalmente um pouco arqueadas. Tinha um visual bem doido, um pouco assustador.. Não parecia combinar com os peppers.

– Esse cara.. - apontei para o bendito da foto – Ele.. tem um olhar estranho, não? Ele encara as pessoas apesar de isso ser uma foto..

– Hmm, ele é … diferente.

Folheamos a revista e foi aí que soubemos do novo álbum deles. Se chamava One Hot Minute e iria ser lançado semana que vem. Soubemos que já estava progamado alguns shows locais..

– É estranho ver a banda sem o John – minha cara ficou um pouco triste.

– É, o cara tocava pra caralho e tinha conexão com os caras.. - falou Josh – mas não podemos julgar esse cara pela capa de uma revista, vai que ele também seja um bom guitarrista.

– Não, com certeza ele é. Digo, para os peppers aceitarem ele na banda, ele tem que tocar muito bem mas não sei se ele tem aquela energia que John tinha..

Josh concordou com a cabeça. Deixamos a revista aonde havíamos encontrado e fomos andando. Percebi o vendedor da banca pronunciar algumas palavras e ficar com raiva por termos folheado a revista inteira e não termos comprado. Saímos rindo como se fossemos crianças que tinham sido pegas comendo chocolate escondido.

Mal chegamos em casa e Josh já estava me beijando. Não que eu iria fazer alguma coisa a mais que isso quando chegasse em casa mas normalmente a gente chegava, se acomodava no sofá e começava com a sessão de beijos.

Enquanto eu abria a porta da casa, ele beijava meu pescoço e cheirava minha nuca. Não sabia se ria, se virava para dar uns selinhos nele ou se resolvia abrir logo aquela porta. Já estava toda desconcertada que não conseguia girar a chave direito na porta. Ele pegou nas minhas mãos e disse:

– Deixa que eu te ajudo – ele apoiou sua cabeça no meu ombro, chegou bem pertinho da minha boca e abriu a porta.

– Pronto – ele acrescentou.

Agora ele fitava minha boca. Não resisti àquela tentação e beijei ele com toda vontade que tinha. Entramos na casa com ele me agarrando. Fechei a porta e o guiei para o sofá. Josh podia ser o garoto mais tímido da face da Terra mas seus beijos não tinham nada a ver com isso. Eles eram estimulantes e incessáveis.

Ele parou de me beijar e tirou uma mecha do meu cabelo do meu rosto. Acariciou meu rosto com seus dedos e disse:

– Como é que eu vivia antes de te conhecer?

– Você se ocupava com truques de ioiô – disse rindo.

– Ah é! - ele riu junto – Eu te seduzi com aquele ioiô brilhante não foi?

– Ahahahahah! Fiquei encantada pô – ri mais uma vez e ele me beijou.