14 de Junho de 2007

Déco narrando:

Cheguei em casa com o carro que meu avô havia me dado, estacionei atrás do carro do meu pai.

Pareia cena de novela, eu fiquei tão perplexo com tudo o que tinha acontecido, já tinha anoitecido e eu acabara de chegar da casa de Julian. O rádio estava ligado na minha estação preferida, quando tocou minha música preferida, dei um pulo que até buzinei.

Link da música:

http://www.youtube.com/watch?v=ReJ5p458DoY

Comecei a cantar o refrão: " Call it What you Want, Call It What You Want, ooooh!". Meu irmão apareceu de surpresa enquanto eu cantava, e levei um susto que quase cai gritei.

– Caraca Todi. Quer dar susto nos outros vai ser fantasma do filme de terror! - Gritei.

– Assustou né? - Ele zombou me olhando.

– Claro.

– Tá bom, eu não queria te assustar - Ele colocou a mão pra dentro do carro, e abaixou o volume do rádio - Só que tem um noticiário na Tv de um acidente, e apareceu uma foto de um menino que estuda no mesmo colégio que você! - Fiquei sério.

– Como é o nome dele?

– Falaram em Alex, Alexandre! - O Alê, pensei comigo mesmo. Mas o que teria acontecido com ele, um acidente de carro, assim, tão de repente?

Daiana narrando:

Julian entrou rapidamente, percebendo que ia chuver. A olhei rapidamente, e percebi sua curiosidade.

Ela não queria saber de tudo só pra poder fofocar, eu sei disso, ela é mesmo minha amiga. Mas eu tinha um certo medo de contar tudo isso pra ela, é meio chato, e bem ruim pra ambas as partes, afinal, estamos todos nessa.

– Eu nem sei como começar essa conversa! - Eu disse abaixando a cabeça.

– Daiana, é tão sério assim? - Ela perguntou, levantando minha cabeça.

– Mais do que você pensa! - Ela fez uma cara estranha, e eu fiquei com medo de contar.

–Você já sabe, não importa o que seja, pode contar comigo!

– A Bia tem uma pasta, com segredos de todos nós. E ela tá me ameaçando pra ela não contar esses segredos, pra não acabar com a vida de vocês! - Ela ficou mais séria ainda, e permaneceu calada.

– Como assim? Segredos? - Ela perguntou nervosa.

– Julian, não importa agora. O bom é que você sabe disso. Só preciso da sua ajuda, por que tem segredos que podem acabar com vidas. E eu não sei nenhum segredo.

– E o seu?

– Nem o meu! - Respondi, aflita.

15 de Junho de 2007

Déco narrando:

Julian havia me ligado, pedindo para ir na casa dela, urgente. Mas precisava ir no aeroporto me despedir do meu irmão, já que ele irira pra Santa Catarina, e eu ia continuar sofrendo nas mãos do meu pai, que parecia me odiar mais a cada minuto.

Fui com meu carro, pois sabia que depois tinha que ir pra casa de Julian, antes que ela enlouquecesse.

Todi foi comigo, ao meu lado, com uma feição bem triste, como quem não quer sair dali, mas está sendo quase que expulso. E era quase isso, ele estava sendo expulso de sua própria casa. Seus próprios pais estavam mandando ele pra um lugar distante, sem pensar no que ele podia querer, ou se ele estava gostando daquilo, eles apenas queriam se livrar dele, antes que ele decidisse ficar para sempre lá.

Eu entendia meus pais, mas não concordava com essa atitude. Era horrível ter que me despedir de Todi, saber que não ia vê-lo por um ano, ou talvez mais. Saber que eu era o próximo a ser mandado embora de casa. Pois quando eu completasse 18 anos, seria mandado sem passagem de volta pra São Paulo, e ficaria lá por mais uns 10, ou talvez 15 anos. E se meus pais decidirem, talvez pra sempre.

O pior, é que o ano já estava na metade, e que o tempo ia passar muito rápido, que eu podia não me despedir de quem eu queria, que Guto e Daiana não estavam mais presentes no meu dia-a-dia. Era pior ainda saber que meus pais estavam me expulsando, e que eu não ia ter com quem conversar dali pra frente, era eu, e o mundo!

Por mais que eu tentasse entender tudo aquilo, apenas dei um forte e demorado abraço em Todi, quase chorando de emoção, o que me deixava com bastante vergonha. Todi não disse nada, apenas pegou suas malas, e saiu, entrando naquele imenso saguão, acenando um tchau. E eu, mesmo o odiando, senti que agora, eu não tinha mas nada perto de mim. Senti que meu mundo tinha acabado ali, e que nada ia fazer aquilo melhorar, que aquela era a pior sensação que alguém pode sentir. Pior que saber que alguém que você gosta está morto, é saber que essa pessoa está viva, mas não está perto de você, e você sente que ela está morta. Morta, para o seu coração!

Depois que Todi foi embora, sai do aeroporto antes que meus pais, e fui pra casa de Julian.

Quando cheguei no portão, vi ela saindo, e veio em direção do carro.

- O que é tão urgente? - Perguntei

- A Daiana me contou tudo sobre o que aconteceu, e sobre o que pode acontecer.

- Como assim?

- A Bia tem uma pasta com segredos de todos nós, segredos que nem nós podemos saber! - Fiquei sério, e perplexo.

- Ual, isso é bem pior que ver meu irmão ir embora, mas o que tem a ver com a Daiana?

- Que ela que está sendo chantageada, e segurando essa barra por nós! - O que Julian falou me fez sorrir. Daiana voltou á minha mente, e aquilo me fez pensar nela de novo, pensar na nossa amizade, e eu descobri que não importava o que acontecesse, ela estaria no meu caminho pra me ajudar.

- Nossa... tõ surpreso!

- Para Déco! - Ela percebeu que eu estva sendo irônico, e riu.

- E agora nós vamos fazer o que?

- Nós vamos nos reunir em algum lugar, todos nós, inclusive o Guto e a Alana, pra tomr uma atitude!

- Iiih, falou em Guto, vai ter problema. - Fiquei meio sério novamente.

- Déco, sem brigas. Ele acha que voc~e explodiu a Kombi dele, mas isso vai ter que se resolver!

- Então... Vamos nessa. - Eu disse, e ela logo entrou no carro. Liguei o som bem alto, e tocou uma música que me lembrava uma apresentação de dança da Daiana.

Link da música:http://www.youtube.com/watch?v=iVbQxC2c3-8

Apenas acelerei, e as imagens da pessoa que esteve presente nos melhores momentos da minha vida veio á minha mente. Ela era simplesmente tudo pra mim. Eu amava aquela garota, e decidi que estava na hora de contar tudo isso pra ela!