Never Let You Go - Bring me to Life escrita por lovemhatem_


Capítulo 16
Reverendo Breslyn [part 1]


Notas iniciais do capítulo

Perto do fim



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- O que você vê, rapaz? - o homem alto e calvo sentado a minha frente perguntou.

- Você, mamãe, papai, sua esposa, a mesa, as cadeiras, a cozinha. Tudo que você vê também - respondi, olhando para a mesa.

- Responda olhando-me nos olhos. - ele exigiu educadamente.

Permaneci em silêncio.  Mamãe suspirou.

- Quando começaram as visões? - ele voltou a perguntar.

- Acho que eu consigo ver desde que nasci. - dei os ombros.

- Jesse - papai ralhou.

- Sim? - me fiz de desentendido.

- Comporte-se.

Voltei a olhar para a mesa. O Reverendo Robbie permaneceu em silêncio também. A esposa dele, Carmen, sussurrou algumas coisas sobre observar os meus irmãos. Mamãe já havia falado sobre o incidente de hoje, sobre o medo de Jason, Jonah e Agatha, e da indiferença de Kendra. Sobre as minhas conversas, meus ataques, meus problemas escolares, meus amigos... Enfim, destruiu minha imagem o quanto pôde.

- O que o demônio diz a você?

- Respeite Loui! - deixei escapar, sem querer e um pouco alterado, a primeira informação desde que ele havia chegado. Há duas horas.

- Ele se identifica como Loui? - Carmen perguntou.

Fiquei em silêncio.

- Como é sua aparência? Ele o induz a fazer o mal? - ela voltou a perguntar.

Bocejei.

- Ele já proferiu algum palavrão? - Robbie perguntou.

Cantarolei o refrão de Wish You Were Here, da Avril, que eu havia escutado hoje mais cedo graças à Agatha. Teria que agradecer a ela depois, porque o pastor e sua mulher arfaram ao me ouvir proferir a palavra droga três vezes. Isso era idiotice, quem nunca falou 'droga!' na vida? Talvez eles... Ou talvez não.

Algo gelado tocou minha mão.  Tremi e virei-me para o lado. Era Loui.

Ela moveu a boca num: "Fale, por favor".

-Por quê? - sussurrei.

Todos da mesa se remexeram.

Loui apenas repetiu o que havia dito antes e sumiu. Eu poderia não dizer nada, porém ela estava pedindo. Ela estava magoada comigo e provavelmente ficaria mais ainda se eu não atendesse seu pedido.

- Não - murmurei.

- Não o quê? - papai perguntou.

- Ela nunca falou nenhum palavrão. Suas palavras sempre foram doces demais. Eu a vejo desde o dia que cheguei nessa casa. Eu comentei com mamãe, ela poderá os informar disso. Seu nome é Louissean. Ela nunca me induziu a fazer nada errado, pelo contrário. Ela tem os olhos azuis, os cabelos castanhos claros e é um pouco mais baixa que eu. Usa um vestido preto e branco. Disse que mora aqui. Ela sempre me fala coisas bonitas e legais, levanta minha autoestima. E não quero que ela vá embora. Ela é minha única companhia.

- Ótimo. - papai suspirou. - E agora?

- Agora, iremos observar a casa. Depois iremos ver quem já morou aqui antes. E só então poderemos dizer alguma coisa. - Carmen explicou e se levantou da cadeira.

- Mas antes, eu queria conversar com vocês. - Robbie olhou para papai e mamãe e se levantou.

Eles foram juntos até a porta e eu permaneci sentado na cadeira. Tudo iria por água a baixo, eu não devia ter falado nada. Droga, droga, droga!

Mas pelo ao menos, assim que eles saíram, Loui apareceu.

- Lou!

- Obrigada. Desculpa. - ela suspirou.

- Por quê?

- Porque obrigado ou porque desculpa? - sua expressão variou um pouco.

- Os dois - dei os ombros.

- Obrigada por fazer o que pedi, desculpa por eu ter aparecido para seu irmão. Não devia...

- Não, tudo bem - a interrompi. - Mas, porque quis que eu contasse? Agora eles vão querer tirar você daqui. Vão fazer de tudo.

- Vai ser bom... - ela disse aquilo com uma voz tão baixa e uma cara tão triste que eu duvidei de todas as palavras. Teria duvidado de todo jeito, não queria acreditar que seria bom ela ir embora em hipótese alguma. - Eu vou me ver livre e você vai ter sua vida de volta.

- Não quero minha vida de volta. Você é livre.

- Você estava se divertindo hoje mais cedo com seus irmãos, Jesse. Dava para ver. E quanto a eu ser livre... Viver presa por décadas numa casa não é lá uma liberdade assim tão boa.

- Eu estava fingindo... Para mamãe esquecer o assunto de chamar esse Reverendo não sei de quê.

Ela olhou para a sala e depois para mim.

- Você vai se acostumar a viver sem mim. 

Ela estava decidida. Eu conhecia o seu tom de decisão.

Você vai se acostumar a viver sem mim?  - olhei em seus olhos.

Ela desviou o olhar novamente e respondeu.

- Já vivi décadas sem você... Não custaria nada ficar o resto da eternidade.

- Não vou deixar - sussurrei.

Ela ficou em silêncio. Ainda olhava para a direção que os adultos haviam ido. Eu já estava me virando para olhar também quando ela falou de repente.

- Não vá ao porão.

- Porque não devo ir ao porão?

- Não vá.

- Se não quer que eu vá, porque está me falando? - perguntei. Mas ela continuava olhando para a sala e para disparadamente e não respondeu.

Eu me virei. E quase me matei ali mesmo de arrependimento. Eu já devia ter imaginado, e Loui sabia perfeitamente daquilo. Esse era o plano. Eu já devia saber que esse Reverendo não sei de quê não iria embora assim tão fácil. E ele realmente não foi. Estava na porta da cozinha, junto com meus pais, sua mulher e Agatha. Agatha? Não sei de onde ela surgiu, mas estava lá.

- Vocês não vão ao porão! - falei alto.

- Você é que vai, Jesse. Vai nos levar até lá - o Reverendo disse, sorrindo.

- Nunca - sibilei.

- Vai, sim. Sem perceber... - a mulher dele continuou.

Olhei para Loui. Ela olhou para mim, porém agora não mantinha mais aquele seu olhar triste de sempre, parecia ter agora um pouco de esperança.

- Porque está feliz? - perguntei alto, não me importando mais com o fato dos outros estarem ali. - Por quê? Você vai ser levada embora daqui, vai embora pra sempre. Eu não vou ter mais com quem conversar, não vou ter mais você comigo. Isso não é justo. E posso estar sendo egoísta em pensar assim, mas é desse jeito que eu vejo você. Como a única pessoa na qual eu realmente posso confiar, a pessoa que eu quero do meu lado sempre, mas do que a todos. Porque está fazendo isso comigo? Eu nunca vou deixar você ir, nunca! - me levantei da cadeira e empurrei os que estavam na porta da cozinha bruscamente.

Eu nunca havia entrado no porão, era um lugar frio e sujo da qual eu sempre havia mantido distancia desde pequeno. Mas eu não deixaria aqueles intrusos levarem a minha Loui embora. Não podia.


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