The Black Knight escrita por EstherBSS


Capítulo 4
A viagem para a cidade Real




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Não adianta, não sei explicar. As palavras traem o que a gente sente.
Caio Fernando Abreu



Capítulo 4 – A Viagem para a Cidade Real


Cidade Real, 23 de março de 1621

Gai andava de um lado para outro esperando a carta de seu amando pupilo Lee. Sua afilhada, Tenten, fora buscar a carta enviada por Lee do Castelo Haruno. O jovem havia sido enviado para lá no final de dezembro e ainda não retornara. Até quando aquele maldito Kakashi manteria seu querido discípulo longe?

    - Tadaima (dito quando se chega em casa)! – Tenten gritou ao entrar. Gai nem esperou ela entrar para tomar a carta das mãos dela. – Não precisa correr sensei. As palavras não vão sair do papel.

    - Lee! Lerei agora suas maravilhosas palavras! – Ele cantarolava enquanto abria o envelope. Tenten suspirou e revirou os olhos. Gai começou a passar os olhos pela carta e foi se desanimando a medida que o fazia. Tenten se preocupou.

    - Nanda? O que diz a carta, sensei?

    - Não adianta. – Gai deixou os ombros caírem.

    - Nani!

    - Estou emocionado demais para ler! Meus olhos se enchem de água frente a letra de meu adorado aluno!

Tenten deu um olhar de descrença para aquele homem crescido que cuidara dela desde pequena. Gai era uma pessoa extremamente boa, mas igualmente emotiva. E ele encontrava em Lee o mesmo tipo de reação, o que só piorava as coisas. Ele criara os dois, Lee e Tenten, tentando ser pai, mãe, professor, amigo, etc. Tenten o amava do fundo do coração, mas esses rompantes eram irritantes.

    - Vamos, deixe me ler. – Ela estendeu as mãos para pegar a carta. Gai a olhou desconfiado. Ela suspirou e disse – Você não prefere que as “maravilhosas palavras” do seu “adorado pupilo” Lee sejam lidas pela maravilhosa voz da sua adorada pupila Tenten?

Aquilo pareceu funcionar. Gai, ainda mais emocionado, entregou o papel para a moça quase com uma reverência. Ela suspirou e começou a ler em voz alta:

Akanea, 7 de Janeiro

Gaisensei,
Gostaria de me desculpar por não ter escrito antes. As terras dos Harunos ficam bem longe da Cidade Real. Apesar de partir em dezembro, só chegamos aqui na madrugada do dia 5 de janeiro. E isso porque corremos muito já que fomos informados que o castelo já havia sido cercado. Aliás, quando chegamos o castelo estava quase sendo tomado já. Os portões já haviam cedido e, lamento informar, Haruno Liana, a mulher de Lorde Heiki, já havia sido morta. Lutamos ferozmente para reaver a posse do lugar. Os inimigos morreram de medo das minhas técnicas de combate corporal. Você teria ficado orgulhoso, sensei. Quando a luta já estava quase acabada, soubemos que a filha do casal, Haruno Sakura, havia sido levada por inimigos. Nosso senso apurado de justiça não nos permitiu ficar parados. Infelizmente, não pude participar do grupo de busca que organizamos imediatamente. Sasuke san, Naruto kun e outros foram procurá-la e a trouxeram em segurança, graças a Kami. Aliás, sensei, espero que não tenha dado essa carta a Tenten, pois tenho algo sério a lhe contar e temo que minha amada irmã de criação tenha dificuldade em lidar com o assunto. Gaisensei, acredito que tenha sido, como muitos poetas falam, acertado pela flecha mágica do cupido. Sakura san é a criatura mais doce, mais linda, mais delicada, mais perfeita, mais inteligente, mais encantadora que existe na face da Terra. Sua pele é alva como a flor de lótus, seus olhos são verdes como as folhas das mais belas árvores e seu cabelo é rosa como as flores de cerejeira. Tudo nela me encanta, sensei. O modo como anda, como fala, como come, tudo! Acredita que semana passada, ela se desequilibrou e caiu sobre algumas folhas secas e até isso foi adorável. Ela ignora meus olhares e minhas ternurinhas. Sensei, o senhor se lembra do que me disse aquela vez? Que as mulheres gostavam de parecer difíceis, mas que depois do casamento eram tão dóceis como os mais delicados pássaros? Tenho quase certeza de que é disso que se trata. Afinal, Sakura san é uma dama nobre e quer conseguir também o meu respeito, claro! Passaremos um pouco mais de um mês aqui e, embora tenham se passado apenas dois dias, sinto como se não pudesse me separar dela jamais. Não sabe a minha alegria quando nosso comandante anunciou que voltaríamos e que levaríamos Sakura san conosco. Acredito que ela estará mais segura conosco aí do que aqui com esses bárbaros. Partiremos no final de março e acredito que levaremos um mês, mais ou menos, para retornarmos. Minha carta demorará ainda mais, por isso ela deverá chegar quase junto comigo. Por fim, Gaisensei, aqui entre nós, creio que Naruto kun procura roubar-me a garota. Vejo os olhares que ele lhe manda e, imagine só, até perguntou a ela se Sakura san queria que ele pegasse frutas para ela. Sakura san declinou com a cortesia de uma dama e o deixou sozinho. Aquilo me deixou feliz apesar de ser amigo de Naruto kun. Sensei, não deixarei que o Uzumaki me vença. Vou conquistar a Sakura san primeiro! Espero que esteja orgulhoso de seu aluno. Voltarei em breve.

Seu precioso aluno,
Rock Lee

Tenten terminou de ler a carta não sabendo se ria ou se chorava da atitude de Lee. E que história era aquela de que ela não saberia lidar com o assunto? Ela olhou para o Gai e não acreditou no que viu. Gai parecia prestes a começar a chorar. E lá vamos nós, pensou Tenten.

    - Gaisensei... – Ela começou e Gai fungou e com o punho levantado gritou:

    - Isso Lee! Não acredito que o meu adorado aluno já está se tornando um homem! Estou orgulhoso Lee!

Tenten suspirou e resolveu sair para a rua. Apostava que seu sensei abraçaria a carta e rodopiaria com ela no ar. Suspirou de novo.


***

Corte,Cidade Real, 26 de março de 1621

Ino parou em frente ao grande espelho no corredor. Era um vício que tinha. Sempre que passava em frente a qualquer superfície refletora, ela tinha que ver como estava. Ela andava na ala Leste do enorme castelo Real. Aquele castelo era o maior que existia no Reino e por ser a morada dos Reis, recebia o nome de Corte. Lá viviam a família real e várias outras famílias, todos sob o mesmo teto. Era por isso que o lugar era tão grande.

Ela estava indo em direção ao quarto da nova convidada do castelo: Haruno Sakura. A própria Godaime tinha incumbido a Yamanaka de recepcionar a outra. Aliás, Ino estava curiosa por saber o que Sasuke kun e os outros que partiram teriam dito quando souberam da nova rainha. Ela andava quando esbarrou em Sai.

    - Ohayo, Sai kun! – Ela o cumprimentou e ele a segurou pelo braço.

    - Você se acha muito esperta, não? – Ele perguntou e ela percebeu que ele estava com o orgulho ferido.

    - Tenho motivos para pensar assim, não é mesmo?

    - Acha mesmo que Sasuke quer você? Qual a diferença entre você e as outras moças que vivem correndo atrás dele?

Sai estava zangado, pois Ino havia declinado as cantadas dele. Assim como a maioria das moças do reino, ela era apaixonada pelo Uchiha. Mas o rapaz era insistente e Ino teve que aprontar “algo”. Ela o enganou para que ele fosse enviado para Akanea, só que ela não esperava que enviassem Sasuke também. Ela queria ter alguns momentos com o Uchiha sem que Sai estivesse por perto.

    - Acho que você pode enumerar as diferenças entre eu e elas melhor do que ninguém. Agora com licença porque eu tenho que cuidar da Haruno. São ordens da Godaime. – Ela saiu andando rápido.

    - Ei, Ino! Volte aqui agora mesmo!

Ino andou rápido como nunca e usou os vários corredores do lugar para fugir dele. Homem chato, pensou ela. Caminhou até o quarto onde a Haruno deveria estar. Bateu na porta e esperou. Quando veio a liberação, entrou.

Sakura estava sentada em uma das janelas. Estava com os cabelos soltos e olhava para fora sem, no entanto, reparar em nada. Usava um vestido simples, mas de um tecido muito bonito. Era rosa claro e combinava com o cabelo dela. Sakura percebendo que a outra entrara e não dissera nada, se virou para ver quem era. Ino saiu daquele estado de observação e se apresentou:

    - Hajimemashite (prazer em conhecê-la)! Eu me chamo YamanakaIno e fui enviada pela Rainha Tsunade para lhe mostrar o castelo. Serei sua anfitriã. – Ino disse sorridente.

Sakura também a cumprimentou com um sorriso, mas Ino podia perceber uma tristeza no fundo dos olhos da outra. A loira ofereceu levá-la em um tour pelo lugar. Sakura levantou-se e se preparou para sair. Ino ficou sem graça. Não sabia como dizer.

    - Doush’tano (qual o problema)? – Sakura perguntou confusa.

    - Anou, não quer que eu prenda o seu cabelo antes. Para que você fique mais a vontade? – Ino tentou dizer por esse lado. Se a garota fosse esperta, entenderia. A loira não ligava se Sakura andava daquele jeito em casa, mas na Corte, as pessoas ririam dela. A outra pareceu entender.

    - Sou ka. (Entendo) – Sakura respondeu e se sentou na penteadeira. Ino postou-se atrás dela e começou a penteá-la. Sakura permaneceu em silêncio todo o tempo. Quando ela terminou, a Haruno observou o elegante coque em sua cabeça. Não pôde deixar de se surpreender.

    - Yukata (que bom)! Você gostou! – Ino disse sorrindo.

    - Arigatou, Inosan, você é muito habilidosa com as mãos.

    - Agora sou eu que agradeço. Mas vamos fazer um trato? Eu te chamo só de Sakura e você só me chama de Ino? É bem melhor.

Elas concordaram e riram. Depois, Ino foi mostrar o lugar a outra. Apesar de se vestir de maneira simples, Sakura era muito bonita e as pessoas por quem elas passavam reparavam nisso. Embora a garota fosse boa, Ino não pôde deixar de se incomodar com isso. Afinal, era ela que sempre recebia atenção por onde passava.

    - Anou, Ino. – Sakura chamou – O que aconteceu com a rainha Kushina? Eu me lembro dela. – Ino a olhou como se uma segunda cabeça tivesse nascido em Sakura.

    - Desculpe o que vou dizer, mas Akanea deve ser muito longe mesmo! Você nem sabe o que aconteceu. Aposto que também não sabe de nenhuma das fofocas da Corte.

    - Realmente, as noticias demoram muito para chegar onde eu morava.

    - Bem... – Ino começou - ...isso aconteceu depois da tragédia dos Uchihas. – Sakura se assustou com o que ouviu, mas Ino prosseguiu em sua narrativa – O YondaimeMinato foi junto da Rainha Kushina para o Reino da Pedra. Creio que buscavam melhorar as relações entre os dois reinos. Acontece que o rei e a rainha, além de toda comitiva real, desapareceram no caminho sem nunca chegar ao outro reino. Apesar das inúmeras buscas, eles nunca foram encontrados.

    - Naruto... – Sakura se preocupou com o rapaz que ela considerava como amigo.

    - Ah, Naruto sobreviveu, pois estava em treinamento com o padrinho dele, o sannin Jiraya. Mas ele ficou sozinho depois disso. – Sakura se entristeceu pelo Uzumaki e pelos pais dele. Ela tinha boas lembranças tanto de Minato quanto de Kushina – Bom, como o reino não podia ficar sem rei, o SandaimeSarutobi reassumiu o trono. Você ouviu falar do ataque de Outubro?

    - Sim, ouvi algo sobre um ataque ao reino. Não faz tanto tempo. Alguns meses depois, Akanea foi cercada.

    - Exato, nesse ataque, um comandante exilado do Reino, Orochimaru, tentou tomar a cidade Real. O Sandaime foi gravemente ferido em batalha. Ele faleceu há pouco tempo. Depois que ele morreu, meu pai falou que os outros reinos aproveitariam para nos atacar, pois estávamos sem um rei que nos comandasse. Os conselheiros reais assumiram em caráter provisório e foram eles que enviaram as tropas para cuidar da invasão ao seu castelo. – Ino comentou.

    - Demo, e a Godaime? – Sakura perguntou.

    - A menos de um mês atrás, o conselho elegeu a neta do Primeiro Rei como sendo a nossa Godaime Rainha. Os soldados que voltaram com você não sabiam dela ainda. Eles só descobriram quando chegaram.

    - Ino. – Sakura chamou. Elas estavam agora no jardim do castelo. Sentadas debaixo de uma cerejeira por sugestão da Yamanaka – Você falou algo sobre a tragédia dos Uchihas. O que foi?

    - Ah, isso. – Ino ficou seria e pensativa.

    - Se você não puder falar, tudo bem.

    - Não. Não é isso. É que ninguém gosta muito de tocar no assunto. Antes mesmo do Rei Minato desaparecer com a rainha, houve uma tentativa de golpe. Os Uchihas liderados por Fugaku, pai de Sasuke, tentaram tomar o trono. Eu era bem nova, mas lembro que a Cidade Real se tornou um caos. Pessoas correndo nas ruas, mulheres gritando, incêndios, etc. Os simpatizantes dos Uchihas lutavam contra os simpatizantes de Minato. Os clãs disputavam o trono e o povo disputava a cidade. Foi Horrível. As forças aliadas ao rei venceram e todos os Uchihas foram presos. E a pena foi – Ino deu uma pausa - a morte a todos.

    - A todos?! – Sakura se assustou. O assunto a deixava nervosa e ela não sabia explicar o porquê.

    - Somente três Uchihas foram perdoados. Uchiha Madara e Uchiha Itachi, tio e irmão de Sasuke, por traírem a família e ajudar o reino, foram perdoados. Eles entregaram os planos da rebelião e assim o Rei pôde derrotar os revoltosos.

    - E Sasuke? – Sakura perguntou nervosa. Era óbvio que ele não fora condenado, mas que tipo de castigo teria sido reservado a ele?

    - Parece que Fugaku implorou pela vida do filho. Acho que Naruto pediu aos pais que perdoassem-no também. Demo, ele só foi perdoado com uma condição. – Ino respirou fundo e olhou se ninguém as ouvia – O que eu vou lhe contar agora é uma coisa que poucas pessoas simples sabem. Somente os nobres tem conhecimento desse fato. Sasuke recebeu uma missão de espião. Ele devia “aparentemente” fugir do reino e ir treinar com Orochimaru.

    - Nani?

    - Sim, Sasuke devia ganhar a confiança de Orochimaru e então matá-lo.

    - E ele... – Sakura não quis terminar a frase.

    - Ele está no Reino agora como você bem sabe.

    - Então...

    - Sim. Sasuke cumpriu a missão. – Ino perdeu um pouco do ar sério que trazia até agora e deixou-se corar um pouco – Sabe, ele sempre foi incrível e forte, mas agora ele tem esse ar de frieza que o deixa com uma cara de rapaz mal, não é! Ele está ainda mais fascinante.

Sakura percebeu com um aperto no coração que Ino também gostava de Sasuke. Ela pareceu notar o quão simples se vestia. Começou a reparar nas outras moças do castelo. Ela era tão simplesinha. Todas usavam vestidos maravilhosos, mas ela só tinha modelos simples.Sempre usara o cabelo solto ou trançado, achando que aquilo era algo trabalhado. Mas ela nunca tinha visto penteados tão chiques como os que ela vira desde que entrara na cidade. Além disso, todas tinham joias e empregados e sapatos finos e muitas outras coisas que ela não tinha.

Olhou para Ino. A loira sim parecia uma princesa. Usava joias caras, vestidos lindos e era tão desinibida. Sabia conversar qualquer assunto e era muito simpática. Reparou que as unhas dela estavam maravilhosas. Olhou para as próprias mãos com unhas curtas e sem esmalte. De repente, ela se sentiu profundamente envergonhada por estar naquele lugar tão diferente do qual ela estava acostumada. Se levantou bruscamente.

    - Sakura? – Ino parou de contar o que quer estivesse contando sobre o quão maravilhoso era Sasuke e olhou surpresa para a Haruno.

    - Sinto muito, Ino. Eu preciso voltar para o meu quarto agora.

    - Eu te acompanho.

    - Lie. Eu prefiro ir sozinha se não se importa.

    - Tudo bem... então. – Ino foi praticamente deixada falando sozinha. Ela suspirou e balançou a cabeça. Sakura tinha muito que aprender sobre a vida na Corte.

***

Sakura andava o mais rápido que podia pelos corredores do castelo. Algumas pessoas, que passavam por ela, a olhavam curiosos, mas não falavam nada. Cada quadro chique, cada vestido bordado, cada cortina de veludo, apenas faziam com que ela se sentisse pior.

    - Onde fica esse maldito quarto? – Ela resmungou baixinho.

Ela cruzou inúmeros corredores que pareciam todos iguais para ela. E o quarto nunca chegava. Ela lembrava que o quarto dela ficava no final de um corredor e perto de uma janela e de um coqueiro. Não deveriam haver tantos quartos dessa maneira, não é mesmo? Andou, andou, até que por fim, encontrou a porta que procurava. Suspirou aliviada. Tinha perdido tanto tempo nisso que já estava até anoitecendo. Como não tinha trancado a porta, ela girou a maçaneta e entrou. Fechou a pesada porta e tocou a madeira com a testa. Sentia uma vontade imensa de voltar para casa e se aninhar em sua cama. Ouviu uma voz surpresa atrás de si.

    - Sakura?

Ela se virou apenas para dar de cara com Uchiha Sasuke.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam dos meus reviews.



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